Embates e surpresas - Cap 4

Um conto erótico de Ju
Categoria: Trans
Contém 1973 palavras
Data: 23/05/2025 22:23:01
Assuntos: Trans

O dia começou como qualquer outro — terno bem ajustado no Léo, salto alto em mim, maquiagem impecável, pastas prontas com o processo na mão e aquele friozinho leve no estômago que só as grandes audiências nos causam. Era um caso importante, com repercussão no meio jurídico da cidade. E estávamos confiantes.

Quando entramos na sala de audiência, vi o nome do advogado da parte contrária no processo. Gelei. Era ele. O tal do Gustavo. Fiz faculdade com esse sujeito. Nunca houve uma briga, nunca houve uma discussão… mas a verdade é que ele nunca me desceu. Sei lá por que, mas eu tinha ranço dele. Desde quando eu era o tímido e introspectivo Juliano. E, no fundo, eu sabia que o sentimento era mútuo. Durante o curso, ele nunca foi abertamente ofensivo, mas o olhar dele falava. Era aquele tipo de cara que torcia o nariz, cochichava nos corredores, ria no canto da boca. Sempre me tratou com indiferença ou ironia. Hoje, anos depois, ali estávamos, frente a frente — só que agora como advogados. E eu, sócia de um dos escritórios mais respeitados da cidade.

A audiência começou. Eu estava impecável. Olhar firme, argumentos afiados, domínio total do processo. O juiz já demonstrava simpatia pela nossa tese desde as primeiras falas. Leonardo também sustentava com segurança, pontuando com precisão. E Gustavo… bom, ele se enrolava, gaguejava, fazia objeções vazias. Era quase triste de ver. Na réplica final, olhei diretamente pra ele e desconstruí ponto por ponto, argumento por argumento, com frieza e elegância. A sentença foi lida ali mesmo, como de praxe, e ganhamos. Vitória total.

Quando saímos da sala, ainda nos corredores do fórum, Gustavo se aproximou com o rosto vermelho, visivelmente alterado.

— Parabéns, traveco de toga… ganhou porque o juiz deve ter ficado com pena dessa tua cara de boneca de plástico.

Eu congelei. Fiquei muda por um segundo, que pareceu uma eternidade. Leonardo se virou na hora, mas antes que ele dissesse ou fizesse qualquer coisa, Gustavo continuou:

— Tá se achando, né? Toda montada, cheia de pose. Tu não é mulher, tu é uma piada. E tu, Leonardo? Tá com esse traveco agora? Ta dando pra essa coisa?

Leonardo incredulo com o que havia escutado, fechou os punhos e quis ir para cima dele. Eu dei um passo à frente, o olhar direto no dele.

— Sabe o que me diferencia de ti, Gustavo? — falei, com a voz calma, mas firme.

— É que eu nunca precisei diminuir ninguém pra me sentir alguém. Você pode me chamar do que quiser, gritar, espernear… mas isso não muda o fato de que eu sou melhor do que você. E não é só aqui no fórum — é na vida.

Ele riu, mas era um riso falso, de quem já tinha perdido. Leonardo, então, se aproximou, me pegou pela cintura e disse alto, com orgulho:

— A mulher com quem eu estou, a advogada incrível que ela é… destruiu você. A piada aqui é você, seu mala.

Gustavo se afastou resmungando, e seguimos para o carro. Eu entrei em silêncio. O que ele disse me machucou, claro. Não dá pra fingir que não. Mas ali, sentada ao lado do homem que me ama, com a vitória nas mãos e a cabeça erguida, eu sabia quem eu era. E isso ninguém poderia tirar de mim. Leonardo segurou minha mão e disse com carinho: — Você é maravilhosa, Ju. E hoje eu te admirei mais ainda. Tu brilhou. E eu tenho o maior orgulho do mundo de estar contigo. Meus olhos encheram de lágrimas. Não de dor. Mas de orgulho. De amor. De força.

Depois da audiência, Leonardo e eu estávamos exaustos. E não só fisicamente. Era aquele cansaço que vai até os ossos. O tipo que vem depois de aguentar o mundo nas costas com salto alto, postura ereta e um coração em chamas. Ele sugeriu um jantar, algo leve. “Pra esfriar a cabeça”, ele disse. Eu só balancei a cabeça e deixei que me conduzisse. Fomos num lugar aconchegante, com uma varanda charmosa e luz amarelada. Pedi um gim tônica. Ele, uma cerveja. O silêncio entre nós não era desconfortável, mas era de reflexão. Era carregado. Mas de um jeito íntimo, como se nossas mentes estivessem se curando juntas. Tirei os saltos debaixo da mesa. Cruzei as pernas. Senti o calor do ambiente me invadir como um abraço. Quando a comida chegou, Léo olhou pra mim por alguns segundos, e quando o garçom se afastou, ele segurou minha mão sobre a mesa. A palma dele estava quente, firme.e disse, do nada:

— Ju, por que a gente não mora junto?

Eu travei com o garfo a meio caminho da boca. Pisquei umas duas vezes.

— Como é? — perguntei, rindo de nervosa.

Ele deu um sorriso tímido, envergonhado até. Bebeu mais um gole da cerveja e falou com aquele tom leve, meio impulsivo, meio sério:

— É que… eu fico pensando nisso, sabe? Acordar do teu lado todo dia. Cozinhar junto. Ver séries abraçado. Dormir agarrado. Viver com você. Eu respirei fundo. O coração deu aquela balançada. Porque sim, eu queria tudo isso. Mas era muita coisa. E muito rápido. E ainda em um dia que foi muito desgastante.

— Léo… — comecei, colocando meu copo na mesa.

— Eu tô amando esse momento que a gente vive. De verdade. Mas morar junto é um passo enorme. Não quero que a gente queime etapa só porque tudo parece estar indo bem.

Ele assentiu, respeitoso. Mas não tentou disfarçar a leve frustração nos olhos. Eu toquei a mão dele por cima da mesa.

— Isso não é um “não”. É só um “ainda não”.

Eu quero continuar vivendo tudo isso contigo, dia após dia. Mas no nosso tempo. Um tempo que seja bom pros dois. Ele sorriu de volta, com aquele olhar que me desarma. Apertou minha mão com carinho.

— Justo, doutora. Mas só pra constar… se você mudar de ideia, já tem até um cantinho do armário te esperando. E eu ainda vou casar contigo.

Eu ri. Me inclinei, dei um selinho nele, daqueles que dizem “fica comigo mais um pouco”. E a gente ficou. Mais uma noite. Mais uma taça. Mais uma troca de olhares cúmplices. Sem pressa. Mas com muito amor.

A semana seguinte começou como tantas outras — com nossa rotina de casal apaixonado e advogados dedicados. Léo e eu dividíamos não só a vida, mas também as audiências, os prazos, os debates estratégicos… e, claro, os cafés roubados no meio da tarde e os bilhetinhos deixados sobre minha mesa:

*"Doutora Ju, a mais linda do tribunal. Te amo."*

No meio daquela segunda-feira movimentada, recebi uma notificação do RH:

*Processo seletivo para novo estagiário aprovado. Primeira entrevista marcada para quarta-feira às 10h.*

Como sócia, a decisão final passava por mim — e Léo insistiu para que fizéssemos juntos, para mantermos o padrão da equipe. Topei, embora minha agenda estivesse apertada. Na quarta, às 10h em ponto, a porta foi aberta e entrou ele. Devia ter seus vinte e poucos anos, com um olhar doce, mas um jeito travado, encolhido. A camisa social parecia grande demais no corpo magro, e a pasta apertada contra o peito era quase um escudo. Ele falou com voz baixa, mas firme.

— Bom dia. Eu sou o Matheus.

Assim que ele se sentou, notei: os olhos dele fugiam do contato direto, mas observavam tudo. E eu, que já fui exatamente assim, percebi pequenos sinais: a forma como cruzava as pernas, a pulseira delicada escondida sob a manga, a maneira como encolhia os ombros ao falar de si mesmo... Eu me vi nele.

Durante a entrevista, Léo foi mais direto nas perguntas técnicas, enquanto eu puxei mais sobre ele. Sobre a trajetória, as motivações.

— Matheus, por que Direito?

Ele hesitou.

— Acho que... porque é uma forma de tentar mudar o mundo. Nem que seja um pedacinho. Sorri.

— Essa é uma boa resposta.

Quando ele saiu, Léo me olhou com aquele ar de quem já entendeu tudo.

— Você se viu nele, né?

— Me vi inteirinha, Léo... Acho que ele também carrega um mundo dentro dele, esperando pra sair. Igual eu carregava.

— Então vamos dar um empurrãozinho pra esse mundo nascer. E assim, decidimos contratá-lo. Mas algo em mim dizia que essa história ainda traria mais do que apenas um novo nome no quadro de estagiários. Mas isso veriamos nas próximas semanas.

A cada dia que passava, mais bilhetinhos apaixonados surgiam no meu fichário, no meu notebook, até no espelho do banheiro do escritório. “Ansioso pelo teu dia”, “Contando as horas pra te ver sorrindo”, “A mulher mais linda desse mundo merece tudo”. Cada mensagem do Léo me fazia suspirar, e a expectativa do meu aniversário só aumentava. Na sexta-feira, véspera do meu dia, ele me avisou que no sábado à noite o presente viria. Não deu muitos detalhes, só disse com aquele sorriso malandro:

— Só veste uma lingerie especial, um salto, e te prepara pra uma experiência inesquecível, doutora.

Chegado o sábado, passei o dia entre o salão e a ansiedade. Cabelo impecável, unhas feitas, pele cheirosa... e por baixo do vestido longo e justo, uma lingerie preta rendada, ousada, combinando com uma cinta-liga e meus saltos favoritos. No espelho, antes de sair, eu me olhei e disse em voz baixa:

— Parabéns, Juliana. Tu chegou até aqui.

A noite chegou como quem sabe que carrega algo especial. Quando cheguei na casa do Léo, ele me esperava com vinho e velas espalhadas. A luz baixa dava ao ambiente uma aura íntima e misteriosa. Estava lindo, só de camisa social aberta e calça escura. Ao me ver, ele soltou um assobio baixo e disse:

— Deusa Absoluta. Feliz aniversário, minha doutora. Tomamos uma taça juntos, mas não demorou para ele me conduzir até o quarto. Léo estava um sorriso no rosto e uma faísca nos olhos. Me entregou flores — vermelhas, lindas — e me puxou pela cintura. Antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa, ele me sussurrou ao pé do ouvido:

— Minha doutora. Hoje... o presente é todo seu. Quero me entregar pra você.

Foi como se o mundo parasse por um segundo. Nunca tínhamos falado sobre isso com clareza, mas ele sabia. Sabia o quanto, lá no fundo, eu também desejava sentir esse poder, essa entrega do outro lado. E ele me olhava com entrega, confiança, desejo. Como homem que ama e deseja profundamente sua mulher.

Já no quarto, fiz ele se deitar. Tirei sua roupa com calma, com autoridade, com olhos firmes e voz mansa. Beijei cada pedaço dele com reverência e posse. Léo se deixava guiar, completamente entregue. Me adorava com os olhos, com os lábios, com o corpo todo. Me chupou com tesão, com fome. Foi delicioso, intenso, cheio de entrega e carinho. E depois, com ele completamente à mercê de mim, eu o penetrei devagar, segurando suas mãos, olhando em seus olhos. Seus gemidos vinham entre beijos e suspiros. O prazer pulsava entre nós, bruto e doce, selvagem e cúmplice. Ele gemia meu nome como se fosse uma oração. Meu corpo inteiro vibrava. O controle, a conexão, a força da cena... era como se, naquele momento, tudo que fomos, tudo que vivemos, estivesse culminando ali. No fim, gozei em sua boca, olhando em seus olhos, vendo o amor dele se misturar ao prazer.

E quando tudo amansou e o silêncio nos envolveu, ele ainda deitado com a cabeça no meu colo, acariciei seus cabelos e sussurrei:

— Amor... Eu aceito.

Ele me olhou, sem entender de primeira.

— Aceita...?

— Aceito morar com você.

O sorriso que ele deu foi de tirar o fôlego. Me abraçou com força, com ternura. E ali, entre nossos corpos suados, nossos corações acelerados e nossas almas completamente entrelaçadas, ele apenas respondeu:

— Eu te amo, Juliana. Minha mulher. Minha vida.

E eu disse de volta. Sem hesitar. Sem medo.

— Eu te amo, Leonardo.

O aniversario era meu, mas o presente era nosso. E continuamos nossa noite com muitas emoções.

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