O Segredo do Hétero. Cap 5

Um conto erótico de Fahel
Categoria: Gay
Contém 1139 palavras
Data: 23/05/2025 14:47:22
Assuntos: Gay, Hétero, inveja, segredo, Amor

Cheguei o mais rápido que pude à empresa. Corri para o elevador, apertei o botão do andar da senhora Mirella e logo já estava em sua sala.

— Ah, graças a Deus! Kevin, já era tempo — disse ela, enquanto ajeitava alguns papéis sobre a mesa.

Entreguei a bolsa para ela, que logo a abriu, tirou de dentro os documentos e os verificou entre as mãos. Estavam todos lá.

Me veio à mente toda a situação que ocorreu em sua casa. Decidi contar para ela o ocorrido, começando pelo vaso que quebrei:

— Pode descontar do meu salário, senhora. Só parcela em 24 vezes, por favor — disse, desviando o olhar para o canto da parede.

— Ah, bobagem, né, Kevin? — disse ela, dando uma leve risada. — Descontar do seu salário? Se fosse outro funcionário, talvez. Mas você tem se mostrado muito competente e prestativo nesses últimos meses em que passou a trabalhar diretamente comigo.

Além do mais, lembra que eu disse que pediria outro favor assim que você chegasse? Pois bem… esse vai tomar um pouco do seu tempo. Aliás, de alguns dias.

Fiquei imaginando o que tomaria tanto tempo assim. Provavelmente algum ofício da empresa, certamente. Afinal, ela viajaria e me deixaria à frente de algumas de suas atribuições — como já fez outras vezes.

Antes que Mirella dissesse o que queria, tentei retomar o assunto relacionado ao que havia acontecido em sua casa:

— Senhora, aconteceu um fato inusitado em sua cas…

— Eu quero que você fique na minha casa durante os dias em que estarei viajando — disse ela, interrompendo antes que eu pudesse concluir a frase.

— Sei que isso não faz parte do seu trabalho. Mas não confio no meu filho — e você sabe os motivos. Provavelmente o conheceu quando foi lá buscar minha bolsa. Marlon é muito festeiro e arruaceiro. Na última vez em que viajei, meu telefone não parou de tocar. Era o porteiro do condomínio reclamando que os vizinhos não estavam gostando nadinha do barulho e ameaçaram até chamar a polícia.

Mirella falava andando de um lado para o outro. Mas, sinceramente, eu só prestei atenção na primeira frase: ela me pedira para ficar na casa dela.

— Senhora, tem certeza dessa ideia? Seu filho não vai gostar nem um pouco de saber que a senhora colocou alguém para vigiá-lo — indaguei, tentando processar tudo aquilo. Já imaginava a cena: só eu e Marlon no mesmo ambiente. O que poderia dar certo?

— Eu sei, parece ridículo esse pedido. Mas não consegui pensar em outra solução o dia todo. Ele já é bem grandinho e deveria ser um homem responsável — disse, andando de um lado para o outro. — Mas eu não o culpo, Kevin. Marlon passou a agir assim depois do acidente. Durante a recuperação, algo mudou dentro dele, principalmente no comportamento.

Apesar de trabalhar para Mirella e ser seu braço direito na empresa, eu não sabia quase nada sobre sua vida pessoal ou sobre o filho — só informações básicas, como qualquer outro funcionário. Sabia que ela foi mãe solteira muito cedo, batalhou muito para chegar onde está, e que esse tal de Marlon sempre deu dor de cabeça, agindo como um rebelde inconsequente: baladas, bebida e troca de mulheres como quem troca de camisa (clichê de hétero tentando provar que é o pegador do rolê).

— Pode ficar tranquilo, Kevin! Eu vou te pagar bem pelos dias em que você se ausentar daqui para ficar em minha casa. E qualquer problema — seja ele qual for — me ligue imediatamente.

Ela falava tentando me deixar mais tranquilo. Não funcionou muito. Rsrs.

A ideia de ficar integralmente na casa da minha chefe, fazendo papel de "babá de marmanjo", não me agradava nem um pouco. Ainda mais se tratando do filho dela, que tive o desprazer de conhecer. O que ele tinha de beleza — e que beleza! — tinha de arrogância. Odeio gente com jeito autoritário e mandão.

— Tudo bem, senhora. Eu aceito a proposta. — Era mais pelo dinheiro do que pelo interesse em participar da "operação vigiar macho".

— Bom, como você me trouxe os documentos e já conhece a casa, acho que não preciso te mostrar nada. Escolha o quarto que quiser e achar mais confortável. E lembrando: nesses dias em que eu estiver fora, você tem autorização para fazer o que achar necessário.

— Agora estou de saída, senão vou perder o voo — disse, apressada, pegando alguns papéis, colocando-os na bolsa e saindo porta afora.

Cruzei os braços e repousei uma das mãos na testa, pensando em como isso tudo ia terminar. Me veio um misto de ansiedade e inquietação.

Mais tarde, na casa de Ravel

— Amigo, eu tô pasme! Sua patroa pediu pra você cuidar do bebezão dela? Haha! — Ravel debochava enquanto adoçava um suco de laranja na cozinha.

— Não é exatamente “cuidar”, é só ficar uns dias na casa dela para evitar confusão, garantir que ela tenha uma viagem tranquila. Da última vez chamaram até a polícia por perturbação do sossego — disse, recebendo o suco.

— Passada que o boy toca o terror! Mas amigo, se eu fosse você, já aproveitava pra cair de boca no pau dele.

Ravel tinha o dom de me deixar envergonhado. Apesar de nunca ter feito sexo, eu não era nenhum inocente. Mas a forma escrachada como ele tratava o assunto deixava qualquer um desconcertado.

— Ravel, você sabe que eu jamais faria isso, ainda mais me conhecendo. Eu nem queria ir, só vou por causa do dinheiro que a Mirella vai pagar. E além disso, ele tem cara de ser bem preconceituoso, o que me deixa ainda mais receoso — desabafei, dando um gole no suco.

— Ah, para com isso, Kevin! Não existe homem homofóbico, existe homem mal resolvido. Nada que uma boa sentada não cure.

— Pra você, sexo resolve tudo, né? Mas não é assim. Bom, tô indo. Só vim fazer uma visita rápida. Ainda preciso passar em casa, arrumar uma pequena mala e ir. — Disse, levantando-se e indo em direção à porta.

Cheguei em casa e fui direto ao quarto. Separei algumas roupas leves, itens de higiene e meu perfume favorito: Malbec Noir.

Tomei um banho longo e revigorante, vesti jeans e uma regata preta, passei o perfume e desci com a mala até o estacionamento.

Melissa não estava. Deixei uma mensagem dizendo que passaria uns dias fora, na casa da Mirella.

— Vai dar tudo certo. É só por uns dias — pensei, ao ligar o carro.

Já eram sete e meia da noite quando estacionei em frente à casa dela. Três casas antes, já dava pra ouvir o som alto vindo de lá. Desci do carro e fui em direção a casa. Caminhando a passos miúdos, cada vez mais perto da porta, o som do ambiente já estourava até o talo. Girei a maçaneta e não bati. Seria inútil com todo aquele barulho. Peguei a chave e abri a porta.

E, quando entrei, não acreditei na cena que vi.

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