Meu nome é Juliana, sou uma mulher trans. O que irei narrar nos próximos contos é uma mistura de fatos reais e ficção. Eu sou branca, 33 anos, tenho quase 1,80m, um pouco alta, né? E... olhos verdes, cabelos loiros, descendência alemã. Sempre gostei do universo feminino, desde pequeno. Sempre adorei maquiagem, salto alto e sapatos, lingeries, a delicadeza e toda a questão de sedução e feminilidade que uma mulher impõe, fora toda sorte de roupas e acessórios. Eu acho isso fantástico.
Porém, quando rapaz ainda, quando ainda era o Juliano, nunca consegui expor todo esse meu sentimento e essa admiração por aquilo que eu sentia, por aquilo que eu queria ser. Eu venho de uma família que é um pouco retrógrada, tradicional, que não aceita grandes mudanças e isso dificultava um pouco a forma como eu queria agir, como eu deveria pensar, como eu deveria ser. Foi difícil o tempo de adolescência e o começo da idade adulta. Eu me sentia diferente, em um corpo que não era meu, de maneira que eu olhava mulheres na rua e não sentia atração ou desejo por elas. Eu sentia a vontade de ser elas, de querer estar como elas. E isso, de certa forma, me machucava e incomodava muito.
Quando comecei a trabalhar, aos pouquinhos, fui comprando aquelas coisas que eu sempre desejei desde a adolescência. Calcinhas, maquiagem, um batom aqui, uma sombra ali, um sapato lá. Tudo aquilo que eu sempre gostei, curti e queria ter pra mim. E usava-as de forma discreta para mim, em momentos que estava sozinho, em momentos de diversão, em momentos de excitação e prazer próprio. E assim eu seguia. Por fora, um homem que gostava de futebol, cerveja, tentava parecer másculo, as vezes machista, tentava chamar a atenção de algumas meninas, embora não fosse realmente a minha vontade. Tudo para disfarçar aquela quem eu queria ser de verdade. Por dentro, uma moça, uma menina, querendo se libertar, querendo se soltar. Não foram poucas às vezes em que fui trabalhar, fui para a faculdade, usando uma calcinha, usando meia calça, usando até mesmo sutiã por baixo das roupas, de forma discreta, lógico, né? Eu já tinha alguns saltos também, porém não tinha a coragem necessária para sair com eles. Até porque isso ainda era um segredo bem íntimo, que ninguém sabia ainda. Eu ainda morava com meus pais, e eles nunca aceitariam (pelo menos na minha cabeça) aquilo que eu queria ser. Na minha adolescência nunca tive relacionamentos. O meu conflito interno nunca me deixou avançar nesse sentido. Tive obviamente alguns lances com mulheres, mas que não me apeteceram. Tive lances com homens, que foram lances de uma, as vezes duas noites, que não consegui engatar um relacionamento, mas que foram ótimos para me dizer o que eu queria.
E então, tudo começou a mudar de repente. Eu trabalhava, fazia faculdade de direito e já estava morando sozinho, Tinha mais liberdade para ser aquela que eu queria ser, na segurança e sigilo da minha casa, lógico. Mas mesmo assim, ainda era introspectivo, tímido e talvez até receoso. Muito pelo medo da opinião dos outros, pelo preconceito das pessoas e pela minha covardia. Confesso isso também me dificultava bastante para sentir aquilo que eu gostava de ser. Aquela quem eu queria ser. E assim fui levando até o fim da faculdade.
Agora vou falar um pouco sobre um dos pivôs da série de histórias da minha vida. Eu conheci o Leonardo no último semestre da faculdade de Direito. Leonardo é negro, na mesma faixa de idade que eu, um metro e noventa e quatro, tem um porte atlético e sempre usa um perfume maravilhoso. Nossa! Confesso que ele é uma queda e tanto.
Eu lembro como se fosse hoje. Eu sempre estudei no turno da noite, porque eu trabalhava durante o dia. E o Leonardo, ele fazia as aulas no turno da manhã. Nunca fomos colegas. Sequer se conhecíamos. Mas naquele último semestre, sei lá eu porque, até hoje eu não sei, ele fez no turno da noite. Eu lembro que estava no intervalo de uma aula, na rua, fumando um cigarro. Eu vestia uma calça jeans, tênis, uma camiseta do Grêmio (até hoje amo futebol). Lembro também que estava usando uma calcinha preta. E o Leonardo veio me pedir um cigarro. Alcancei o cigarro e brinquei com ele. Olha, fumar faz mal, hein? Ele me olhou, deu um sorriso e não falou nada. Na verdade, até cochichou. Bah, nosso time tá meio ruim a coisa, né? Pois é né, fazer o quê? Mas a gente ama, e aquilo que a gente ama a gente não larga, respondi. E ele, dando risada: é verdade. Quando ele foi me devolver o isqueiro, o isqueiro caiu no chão. Quando eu me abaixei pra pegar, mostrou o cós da minha calça, e apareceu a calcinha. E eu pude perceber que ele notou. Nem preciso dizer que fiquei vermelho, extremamente envergonhado. Eu vi que ele disfarçou, mas também não falou nada. Eu fiquei na dúvida. Será que viu? Será que não viu? Fiquei com isso me consumindo.
Algumas semanas depois, teve um trabalho em dupla na cadeira que estávamos fazendo. Ele me chamou para ser a dupla dele. Normalmente, eu gostava de fazer os trabalhos sozinho. Mas, naquele dia, eu não sei porque (na verdade sabia sim, kkk), aceitei e fui fazer o trabalho com ele. Talvez por medo, por receio, sei lá. Mas, enfim... Fechamos a dupla. Apresentamos o trabalho e fomos excelentes. Uma das maiores notas da sala. Após todas as apresentações, ele sentou ao meu lado e falou:
- Olha, essa nota merece ser comemorada. Que tal a gente tomar uma cervejinha agora na saída e conversar um pouco? Eu não vi problema e resolvi aceitar o convite. Quando chegamos ao bar próximo da faculdade, pedimos a cerveja, umas batatas fritas e ficamos conversando besteiras sobre futebol, as aulas, a formatura e tudo mais. Até que ele de repente me pergunta, qual é a cor que está usando hoje?
Eu fiquei atônito, quase em pânico, fingindo não saber do que ele estava falando, tentando desconversar. Ele falou: não precisa se preocupar, eu sei o que eu vi aquele dia, e fique tranquilo, eu adoro isso, eu amo de verdade, isso me chama muita atenção, é uma coisa diferente, é uma coisa que eu gosto, pode ficar bem relaxado, teu segredo, se é que é um segredo, está guardado comigo. Fiquei sem chão naquele instante. Até que ponto era verdade? Até que ponto era mentira? A gente mal se falava até a apresentação do trabalho. Mas resolvi entrar no jogo. Falei pra ele, é preta, inclusive é a mesma que estava usando naquele dia. Ele arregalou os olhos, me olhou com certa atenção e falou: adoro o contraste que o preto faz no branco. Eu senti um arrepio. Foi interessante e diferente o sentimento e a sensação que senti naquele momento. Logo, ele me olhou nos olhos e perguntou:
- Posso fazer uma coisa?
Eu respondi: O que?
- Ele: Isso! E me beijou. Um beijo que me tirou o ar. Um beijo daqueles que faz a gente perder a noção do tempo, perder a noção do que se passa ao nosso redor. Após o beijo, eu fiquei surpreso, e emocionado. Foi uma explosão de emoções. Mas parou por ali. Terminei a minha cerveja e disse que tinha que ir para casa, até por que já estava tarde. Ele se ofereceu para me dar carona e eu aceitei. No caminho para casa, fomos como se nada tivesse acontecido. Continuamos conversando nossas besteiras, ouvindo o rádio que falava qualquer coisa em um programa esportivo, e ambos sem sequer mencionar qualquer coisa sobre aquilo que aconteceu há instantes atrás.
Quando ele me largou em casa, ele pediu meu telefone e me despedi cumprimentando ele apenas estendendo a mão. E ele se foi.
Quando acordei de manhã, tinha algumas mensagens no WhatsApp. Era o Leonardo. Me parabenizando pela nota que conquistamos e dizendo que tinha adorado a noite, principalmente o desfecho naquele bar. Perguntou se poderíamos sair novamente. Eu disse que a gente teria que conversar mais, que poderíamos ver, que poderia haver essa opção. E assim foi. Saímos algumas vezes, ficamos outras mais, até que chegou umas das últimas aulas que faríamos juntos. A turma se organizou para comemorar o fim do semestre. Leonardo e eu estávamos no último período. Após isso, era a nossa formatura. Até então, eu nunca tinha saído junto com a turma, nunca fui de comemorar. Como eu disse antes, eu era muito introspectivo, não me misturava tanto. Ficava mais quieto, na minha, sem procurar chamar muita atenção. Mas dessa vez foi diferente. Aceitei e partimos juntos para um pub. Leonardo me confessou no Pub que, após a formatura, ele iria se mudar. Iria para outra cidade, para fazer uma pós-graduação e trabalhar em um escritório. Eu já estava um pouco alto devido a bebida e pensei comigo, hoje eu tenho que fazer uma despedida dele. Então, no meio da madrugada, o chamei para sair, para irmos para um lugar mais discreto. Chamamos um Uber e levei ele até minha casa. Coisa que eu não era do meu feito fazer. Não gostava de levar ninguém para minha casa. Mas daquela vez foi diferente.
Naquele momento, o Leonardo já sabia quem eu era, o que eu era, o que eu queria ser. Eu havia confessado para ele tudo que eu gostava e sentia. E ele sempre me deu força, me deu apoio. Foi muito importante pra mim até então. Quando chegamos na minha casa, convidei ele para entrar. Ele me disse que queria conhecer a minha outra versão, só que completa. Aceitei. Era a primeira vez que eu estaria montada para um homem. Confesso que o álcool me ajudou muito nesse ponto kkkk.
Entrei na frente dele, deixando a porta aberta, convidativa. Caminhei até o quarto sem dizer uma palavra, apenas com um olhar que dizia tudo. Era a primeira vez que eu me mostraria inteira para um homem. Que eu me permitiria existir como eu sou. A Juliana. Já havia transado com alguns homens, mas nunca completamente vestida, montada. No quarto, minhas mãos tremiam — mas de excitação. Escolhi com cuidado. Uma lingerie preta rendada, daquelas que valorizam cada curva, cada traço que eu amava em mim. Vesti minha meia arrastão, que abraçava minhas pernas longas e deixava tudo ainda mais provocante. Prendi o cabelo num rabo alto, apliquei minha maquiagem com firmeza — o batom vermelho era obrigatório. Ele me fazia sentir poderosa. Por fim, calcei meu par de saltos altos. Pretos. Elegantes. Sexuais. Me olhei no espelho. E sorri. Era eu ali. Inteira. Linda.. Quando voltei para a sala, caminhei devagar, deixando meus saltos anunciarem minha presença. Leonardo estava no sofá, e quando ele me viu, arregalou os olhos. Ficou sem palavras. Seus olhos percorreram meu corpo como se me devorassem. Ele mordeu os lábios. Eu me aproximei, subindo lentamente no colo dele, sentindo seu corpo quente, seu cheiro bom, o volume crescendo por dentro da calça. — Então… é essa a versão que você queria conhecer? — sussurrei no ouvido dele, deslizando o batom vermelho bem perto da pele. — Meu Deus, Ju… você é inacreditável. Ele segurou minha cintura com força, me puxou e me beijou com desejo, com fome. Suas mãos passavam pelas minhas coxas, pela cintura, pelas costas, explorando minha pele coberta por renda e desejo. Quando sua boca desceu pelo meu pescoço, eu gemi baixinho, completamente entregue. Eu deslizei pelo corpo dele até ajoelhar no chão. Abri o zíper da calça com calma, provocante, sentindo a tensão no ar. Quando o pau dele saltou livre, (e que pau...gigante, monstruoso, lindo) já duro, pulsando, eu o encarei com aquele olhar de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Comecei a chupar devagar, com prazer, com tesão. Sentia ele se contorcer, gemer baixo, dizendo meu nome rouco. Minha boca deslizando molhada, profunda, enquanto minha mão firme massageava o restante. A sensação era libertadora. Eu me sentia no controle. Eu era a mulher que eu sempre quis ser — e ele estava enlouquecido por mim. Ele me puxou de volta para o colo, me beijando com força, lambendo meu batom borrado, segurando meu rosto com as duas mãos como se eu fosse o maior tesouro da noite. Me virou de costas no sofá, com as mãos fortes em minha cintura. — Tem certeza que quer isso, Juliana? — ele provocou no meu ouvido. — Quero ser toda tua, Leonardo. Me fode. Me faz tua. E ele entrou em mim com força, me preenchendo inteira. Meu corpo arrepiou. Gemeu alto. O tesão explodiu. Os movimentos dele eram intensos, ritmados, dominadores. Cada estocada me fazia gritar de prazer. Me segurava com força pelos quadris, batendo contra meu corpo, me fazendo perder o fôlego. Eu gemia o nome dele, me sentia viva, livre, liberta. Era mais que sexo. Era afirmação. Era conquista. Era desejo puro. Ele gozou no meu cuzinho gemendo alto, apertando meu corpo como se nunca quisesse soltar. E eu me desmanchei nos braços dele. Suada. Borrada. Feliz. A noite caiu em silêncio depois disso, e eu, pela primeira vez, adormeci montada, abraçada com alguém que via a minha verdade — e queria exatamente isso.