O SABOR DE UMA DOCE VINGANÇA ! Cap.8 Segunda Temporada

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2230 palavras
Data: 22/05/2025 21:00:05

Acordei antes do sol.

Nem eram cinco da manhã ainda, e meu corpo já estava pronto. Ou melhor: inquieto demais pra ficar parado. Joguei água no rosto, vesti meu short de corrida, amarrei o tênis e saí porta afora.

O ar ainda estava frio. As ruas quase desertas. A cidade parecia dormir, mas meu coração… não.

Comecei a correr no ritmo de sempre, focando na respiração, na passada firme. Um passo de cada vez. Tentar esquecer tudo.

Mas quando cheguei naquele trecho do parque, o mais alto, onde dava pra ver parte das casas ainda apagadas lá embaixo, parei.

Respirei fundo, colocando as mãos nos quadris. O coração acelerado, o suor já começando a brotar.

Foi aí que o celular vibrou no bolso da bermuda.

Era o advogado.

— E aí, doutor? — atendi, ainda com a voz ofegante.

— Bom dia. Tenho novidades. A gente já pode dar andamento naquela ação contra o Arthur. A que vai acabar com a carreira dele. As provas estão prontas e os contatos também. É só você autorizar que eu executo hoje mesmo.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, olhando pro céu que começava a clarear de leve. Um filete dourado cortava o azul escuro do fim da madrugada.

— Não, ainda não — respondi, firme. — Engaveta isso por enquanto.

— Tem certeza? Essa é a chance, Pedro.

— Tenho. Eu… mudei de ideia. Por enquanto. Não tô dizendo que vou esquecer o que ele fez. Mas quero entender algumas coisas antes. Deixa isso pronto, mas parado.

O advogado suspirou do outro lado, como quem discorda, mas aceita.

— Como quiser. Ah, e outra coisa: consegui tirar os dois capangas. Serão soltos amanhã!

— Ótimo — respondi, engolindo seco. — Vou mandar um dinheiro pra sua conta hoje mesmo. Quero que você providencie um apartamento provisório pra eles. Nada luxuoso, mas digno. Também manda uma quantia pra eles se manterem por enquanto.

— Entendido. Assim que cair o valor na conta, cuido disso.

— Valeu, doutor.

Desliguei.

Fiquei ali parado mais um tempo, sentindo o peito pesar de novo.

Talvez eu estivesse enlouquecendo. Eu era o mesmo cara que chorou como um menino no carro na noite anterior, berrando uma música como se fosse um grito de socorro. E agora… eu tava adiando a vingança que eu planejei por anos?

Mas algo dentro de mim ainda estava tentando entender. Sentir. Decidir com mais clareza.

Não era hora de agir no calor. Era hora de observar.

E se eu aprendi uma coisa nessa vida… é que, às vezes, o silêncio destrói mais que qualquer grito.

A Resolvi que não dava pra ir pra casa tomar banho e voltar — a sorveteria precisava abrir e eu precisava estar lá, e também não estava com disposição pra voltar pro apartamento mesmo!

Então, fui direto para os fundos da sorveteria, onde tenho um pequeno banheiro. Tomei um banho rápido, gelado, pra espantar o sono grudado na pele, e troquei de roupa ali mesmo, sem frescura.

Quando estava terminando, ouvi o sino da porta tocando.

— Pedro! — ouvi a voz de Flávio na entrada.

— Flávio! — respondi, já sorrindo. — O que você tá fazendo aqui tão cedo?

Ele entrou, olhando ao redor.

— Por que não apareceu ontem no jantar? A gente te esperou.

Dei um sorriso envergonhado.

— Apaguei de sono e cansaço. Foi um plantão pesado na sorveteria e ainda aquele papo na academia. Acabei dormindo cedo.

Ele riu, balançando a cabeça.

— Já tô vendo que você não sabe o que é descanso.

Enquanto conversávamos, Mateus apareceu por perto, ajeitando umas caixas.

— Pedro, Wellington tá com febre, não vem hoje.

Olhei para ele e assenti, já prevendo o problema.

— É, faz parte. A gente se vira.

Mateus sorriu malicioso.

— Posso trabalhar no lugar dele hoje? Quero pegar um extra, sabe como é.

Dei uma risada e concordei.

— Beleza, pode ficar com o turno dele.

Mateus fez aquele sorriso de quem estava ganhando no jogo.

Depois, me virei para Flávio.

— Ah, e eu tô pensando em me mudar logo pra casa que você me indicou.

Ele bateu no ombro de forma amigável.

— Pode contar comigo pra ajudar na mudança, Pedro. Vamos deixar tudo pronto rapidinho.

— Valeu, Flávio. Isso vai fazer muita diferença.

A rotina já começava a tomar forma, e eu estava pronto para enfrentar o que viesse.

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DOIS DIAS DEPOIS

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Depois da corrida matinal, eu voltei para a sorveteria com a sensação de que aquele dia não seria como os outros. O ar ainda estava fresco, e o sol começava a dar um brilho tímido no céu. Entrei pelo portão lateral e, de repente, um cheiro forte de fumaça me atingiu.

— Não pode ser… — murmurei, o coração acelerando.

A fumaça ficava cada vez mais densa, invadindo as narinas e irritando os olhos. Peguei o celular do bolso e, com as mãos tremendo, disquei o número de Arthur.

— Alô, Arthur? Parece que alguém colocou fogo na sorveteria! Tá fedendo a queimado aqui, e eu tô vendo fumaça saindo do fundo do prédio! Por favor me ajuda!

Do outro lado da linha, ele respondeu com a voz tensa:

— Já tô saindo pra aí, Pedro. Fica calmo e sai se ficar perigoso!

Respirei fundo e fui pela lateral, tentando chegar até o fundo do estabelecimento, onde o cheiro era mais forte.

Foi quando vi as primeiras chamas dançando nas paredes internas.

— Merda… — pensei.

Sem pensar duas vezes, corri para dentro, pegando um extintor que tinha perto do estoque, e comecei a jogar o pó branco sobre o fogo.

De repente, uma voz fria e sarcástica me fez congelar.

— Curioso, não? — disse Wellington, emergindo das sombras, com um sorriso cruel nos lábios.

Fiquei paralisado, o extintor quase caindo da minha mão.

— Wellington?! O que você está fazendo aqui?

Ele deu uma risada baixa, olhando fixamente para mim.

— Eu sei que você tava se pegando com meu namorado, Mateus.

Meu sangue congelou.

— Isso é mentira! Eu jamais faria isso! — neguei, a voz tremendo, tentando não demonstrar medo.

— Ah, mas eu tenho provas — ele disse, tirando o celular do bolso e mostrando a tela para mim, com várias fotos e vídeos minhas tomando banho. — Essas porcarias estão no celular do Mateus. E eu já peguei ele se masturbando vendo essas coisas também ! Ele até tentou disfarçar, mas eu não sou idiota.

Eu tentei processar tudo aquilo. Meu peito apertou, o mundo girou.

— Eu pensei que você fosse meu amigo — Wellington continuou, a voz cheia de desprezo. — Mas você é só um talarica, sedento por rola.

— Eu jamais pegaria o Mateus, Wellington — falei, tentando manter a calma. — Ele é só meu funcionário, nada além disso.

Wellington me olhou como se eu tivesse contado a pior mentira do mundo.

— Você acha que eu sou idiota, é isso? — ele explodiu. — O Mateus começou até a me bater em casa, Pedro!

Meu corpo enrijeceu.

— O quê?

— É isso mesmo que você ouviu! — ele gritou, os olhos vermelhos. — Ele não tava feliz… nada deixava ele satisfeito. Eu abri o nosso relacionamento, me humilhei, fiz tudo pra tentar salvar o que a gente tinha.

Ele passou as mãos pelo rosto, nervoso, transtornado.

— Mas não adiantou! Sabe por quê? Porque ele tem um caso com você! — apontou o dedo na minha direção. — É isso! E vocês acham que eu sou burro demais pra perceber?

Fiquei em silêncio. Por um instante, me faltou ar. Eu não sabia o que era pior: a acusação ou a dor escancarada no rosto dele.

— Por isso tô queimando essa sorveteria, pra acabar com a sua graça, seu filho da puta.

De repente, ele puxou uma arma do bolso, apontando direto para mim.

— Agora você vai pagar.

Antes que eu pudesse reagir, a porta da sorveteria foi arrombada.

— Droga! Que inferno é esse? — Arthur entrou gritando, a voz cheia de raiva e desespero, o olhar perdido entre a fumaça e as labaredas.

Wellington então com a arma apontada e os olhos frios como gelo, riu e antes que Arthur pudesse reagir,disparou.

O som parecia congelar o tempo.

Eu fiquei paralisado, o coração disparado, e encarei Arthur caindo no chão, imóvel.

Um silêncio mortal se instalou dentro daquele caos.

Meu peito apertou. Será que ele estava morto?

— Não… — sussurrei para mim mesmo, o desespero apertando a garganta.

O fogo começava a crescer ainda mais, o cheiro de queimado invadindo tudo,minha vida, aquela sorveteria, tudo estava virando cinzas diante dos meus olhos.

O impacto da bala ainda ecoava na minha cabeça enquanto Arthur estava imóvel caído no chão. Wellington não tirava os olhos de mim, arma em punho, pronto para terminar o serviço. A adrenalina explodiu dentro de mim. Eu não ia deixar ele me matar ali.

Avancei com tudo, esquivando do disparo que ainda ecoava, e a luta corpo a corpo começou. Socos, empurrões, luta por controle da arma — tudo em segundos que pareceram uma eternidade. Finalmente consegui agarrar o revólver. O som do tiro cortou o ar mais uma vez.

Wellington caiu no chão, imóvel. Eu sabia que ele não levantaria.

Respirei fundo, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. A fumaça já estava tomando conta do ambiente, o fogo começava a alastrar pelas paredes.

Peguei o celular e discou para a polícia e uma ambulância, minha voz trêmula, mas firme.

Eu havia arrastado os corpos de Arthur e Wellington para fora da sorveteria enquanto o socorro não vinha! O cheiro forte de fumaça misturado ao sangue ainda queimava minhas narinas. O calor do fogo atrás de mim parecia uma ameaça constante, mas o silêncio daquele momento me congelou.

Foi quando ouvi um som fraco — uma tosse rouca vindo do corpo de Arthur.

Meu coração disparou. Ele não estava morto.

Ajoelhei ao lado dele e vi o sangue escorrendo da cabeça, uma mancha escura contrastando com a pele pálida.

— Você bateu a cabeça… — pensei, concluindo que ele havia desmaiado, não pelo tiro, mas sim pela queda.

Arthur pressionava o abdômen, gemendo de dor, o rosto contorcido.

Ele virou a cabeça devagar, segurou minha mão com a que estava livre, com uma força surpreendente, e sussurrou:

— Não quero morrer… Por favor… Cuida de mim…

Aquela súplica cortou meu peito.

— Você não vai morrer, Arthur — disse, firme, apertando a mão dele com força. — Eu não vou deixar você morrer aqui, não assim.

Arthur se contorceu de dor, respirando com dificuldade, a expressão marcada por um misto de medo e arrependimento.

— Pedro... — ele começou, a voz quase um sussurro, trêmula — eu... eu nunca te assumi, eu sei... Eu fui covarde. Sinto muito, de verdade. Não queria te magoar... nunca quis.

Ele engoliu em seco, lutando contra a dor, os olhos buscando os meus, cheios de sinceridade.

— Eu não quero morrer sem ter tido a chance... de ter você ao meu lado, firme e forte... como eu sempre quis.

O aperto no meu peito aumentou, a raiva e a dor dando lugar a algo mais vulnerável — uma vontade desesperada de proteger aquele homem que, apesar de tudo, ainda precisava de mim.

— Eu tô aqui, Arthur — respondi, segurando a mão dele com mais força ainda — e vou ficar aqui com você. A gente vai sair dessa juntos.

Foi então que notei algo estranho: na nuvem densa de fumaça que saía do prédio, uma sombra se mexia lá dentro.

— Não pode ser… — murmurei.

Voltei para dentro, tossindo, engolindo fumaça, e avistei uma figura se movendo rápido. Era Thales.

— Thales! — gritei, correndo atrás.

- Eu não tenho medo de fogo! Ele não tem poder nenhum sobre mim!

Ele então desapareceu correndo pela rua e, mesmo com toda minha vontade, não consegui alcançá-lo.

Voltei cambaleando, completamente melado de sangue — meu, de Arthur, de Wellington — e só então percebi o caos que se formava do lado de fora.

Policiais cercavam a sorveteria, repórteres se aproximavam, e a sirene da ambulância cortava o ar.

Eu mal conseguia respirar direito, mas precisei explicar tudo o que tinha acontecido.

Os policiais se aproximaram, olhos arregalados ao ver Arthur baleado, e ouviram minha versão dos fatos.

— Vou precisar tomar um banho antes de ir à delegacia — disse, tentando manter a voz firme.

Eles me olharam, surpresos, atônitos, com Arthur seu chefe caido no chão,mas não tentaram me impedir.

— Está bem — um deles respondeu, ainda sem acreditar.

Aproveitei que eles estavam catatônicos e saí!

Eu não tinha escolha. Estava todo sujo de sangue — o meu, o do Arthur, o do Wellington. Ficar andando pela rua assim não era apenas nojento, era perigoso. Precisava me limpar, me recompor, antes de qualquer coisa.

Pensei no apartamento que o advogado tinha arranjado para os dois capangas — era mais perto dali do que o meu. Seria perfeito para dar um banho rápido, me trocar e só depois enfrentar a delegacia e os policiais.

Dei uma última olhada para a sorveteria que agora era um amontoado de fumaça, cinzas e lembranças, e segui para o endereço!

No caminho, o celular tocou. Era o advogado.

— Pedro, os capangas estão no apartamento — disse ele, preocupado. — Estão lá há quase dois dias. Tentei ligar para avisar, mas não consegui contato.

Minha cabeça girou. Dois dias? E eu pensando que estava vazio!

Cheguei ao prédio, coração acelerado, respirei fundo e bati na porta com força umas três vezes!

Depois de alguns segundos, a porta se abriu lentamente e um rapaz de uns vinte e poucos anos apareceu na minha frente.

Ele me olhou, desconfiado, mas seus olhos revelavam um misto de alívio e medo.

— Eu… — minha voz falhou. — Eu fiz algo terrível.

Continua...

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