O prédio envidraçado da empresa em Lisboa brilhava sob o sol do meio-dia, mas dentro, o ar era frio, carregado de silêncios que cortavam mais fundo que qualquer palavra. Meu primeiro dia no setor de logística foi um borrão de instruções secas do chefe, Miguel, e olhares curiosos dos colegas, mas nada disso importava. Minha cabeça estava em Sofia que depois do barzinho não mais falou comigo e me evitou no trabalho.
Depois de tudo isso eu sabia que era um peso na sua vida que ela não me queria por perto. Tomei a decisão de ir embora.
Eu recolhia minhas coisas, a mochila aberta no sofá-cama da sala, as roupas dobradas com pressa, o coração apertado como se alguém o espremesse. Cada item — a camisa cinza do trabalho, o caderno onde rabiscara ideias pro futuro — era um lembrete do que tentei construir aqui, do que achei que poderia recuperar com Sofia. O apartamento, com suas paredes brancas e o perfume de jasmim dela, parecia zombar de mim, um espaço que prometia proximidade, mas só entregava distância.
Sofia entrou na sala, o tailleur azul ainda impecável, os cabelos negros presos no coque, mas os olhos âmbar cansados, marcados pelo trabalho. “Davi, o que você tá fazendo?”, perguntou, a voz baixa, parando na porta, os dedos apertando a bolsa como se precisasse de algo pra se segurar.
Eu não parei, jogando uma camiseta na mochila, a voz firme, mas cheia de uma dor que não escondia. “Tô indo embora, Sofia.” As palavras saíram pesadas, cada uma um corte, e eu mantive os olhos nas roupas, porque olhar pra ela doía demais.
Ela deu um passo à frente, a bolsa caindo no chão com um baque suave. “Por quê?”, perguntou, a voz tremendo, os olhos arregalados, como se minha decisão fosse um golpe que ela não esperava.
Eu parei, finalmente encarando-a, o peito apertado, a mágoa de quatro anos misturada à dor daquele dia. “Você sabe muito bem por que, Sofia. Você quer continuar me mantendo a distância, só não quer falar isso em voz alta. Eu vi ontem. E hoje no carro, da empresa até aqui, você nem abriu a boca. Na empresa, cruzei com você duas vezes, e você nem me cumprimentou, nem olhou pra mim. Tá claro o que você quer, e não sou eu.” Minha voz falhou na última frase, e eu desviei o olhar, a mochila meio cheia na minha frente, o vazio dentro de mim maior que nunca.
Sofia ficou parada, o rosto pálido, os lábios entreabertos como se quisesse dizer algo, mas as palavras não viessem. “Davi…”, murmurou, a voz tão frágil que parecia quebrar, os olhos brilhando com lágrimas que ela segurava. “Não é isso. Não é o que você pensa.”
Eu ri, um som amargo que ecoou no apartamento. “Não é? Então me diz, Sofia. Porque tudo que vejo é você me empurrando pra longe, mesmo quando tô bem aqui, tentando te alcançar.” Minha mão apertou a alça da mochila, os olhos fixos nos dela, implorando por algo que eu nem sabia nomear.
Ela deu outro passo, as mãos tremendo, o tailleur destacando o corpo que parecia menor, mais frágil sob o peso das minhas palavras. “Davi, por favor…”, sussurrou, uma lágrima finalmente caindo, brilhando na bochecha. “Eu não quero te afastar. Eu só… eu não sei como fazer isso direito. Não sei como ser o que você precisa depois de tudo que fiz, depois de te deixar.” Ela cobriu o rosto, os soluços abafados, e eu senti meu peito rasgar, a raiva lutando com a vontade de abraçá-la.
Eu larguei a mochila, o som dela caindo no chão ecoando no silêncio. “Então tenta, Sofia”, disse, a voz baixa, cheia de uma súplica que eu não queria admitir. “Tenta me dizer o que você quer, tenta ser honesta. Porque eu não aguento mais essa distância, esse vazio que você deixa toda vez que foge de mim.” Meus olhos estavam nos dela, e por um instante, vi o mesmo amor que ela confessara no bar, misturado com um medo que a prendia.
Sofia respirou fundo, enxugando as lágrimas, os olhos âmbar brilhando com uma determinação que parecia frágil, mas real. “Davi…”, começou, a voz tremendo, mas firme, dando um passo à frente, tão perto que eu senti o calor dela, o perfume de jasmim me envolvendo. “Eu quero você na minha vida. Não como um estranho, não a distância. Mas eu tenho medo de te machucar mais, de não ser suficiente pra apagar o que fiz, de não saber como te amar do jeito que você merece.” Ela hesitou, os dedos roçando a manga da minha camisa, um toque leve que queimou. “Mas eu não quero que você vá. Fica. Por favor. Vamos… vamos tentar. Um dia de cada vez.”
Eu fiquei parado, o coração disparado, as palavras dela como uma ponte que finalmente se formava, mesmo que tremesse. “Você tá falando sério?”, perguntei, a voz rouca, meus olhos presos nos dela, procurando a verdade.
Ela assentiu, uma lágrima caindo, mas um sorriso tímido curvando os lábios. “Tô. Mas vai ser difícil, Davi. Não vou mentir. Só… me dá tempo, tá? Não desiste de mim.” O toque na minha manga ficou mais firme, os dedos dela quentes, e eu senti algo em mim ceder, não a raiva, mas o peso de ir embora.
“Tá bem”, murmurei, a voz quase um sussurro, cobrindo a mão dela com a minha, o calor da pele dela uma promessa que eu queria acreditar. “Um dia de cada vez.” O silêncio que caiu não era leve, mas era diferente, como se, pela primeira vez, estivéssemos do mesmo lado do abismo.
Deixei a mochila no chão, as roupas esquecidas, e nos sentamos no sofá, o café frio na mesa, falando pouco, mas com uma calma que não existia antes. Sofia prometeu tentar, e eu prometi esperar, mesmo sabendo que a dor dos quatro anos não sumiria fácil. Naquela noite, dormi no sofá-cama, o perfume de jasmim dela ainda no ar, e pela primeira vez, senti uma faísca de esperança, frágil, mas real.
No dia seguinte, voltamos à empresa, o prédio envidraçado brilhando sob o sol de Lisboa. Miguel me jogou numa pilha de tarefas, e eu mergulhei no trabalho, o suor na testa, mas a mente ainda nela. Cruzei com Sofia no corredor, o tailleur azul destacando o corpo, e dessa vez, ela sorriu, um sorriso pequeno, hesitante, mas que aqueceu algo em mim. “Boa sorte hoje”, murmurou, os olhos âmbar encontrando os meus, e eu assenti, sentindo que, talvez, estivéssemos começando a construir algo novo.
A noite caiu sobre Lisboa como um véu, as luzes do Chiado piscando lá fora, o Tejo refletindo a cidade em tons de ouro e sombra. O apartamento de Sofia era um refúgio de silêncios e promessas frágeis, o perfume de jasmim dela impregnado nas paredes brancas, misturando-se ao aroma de café que ainda pairava da manhã. O dia na empresa foi um teste — Miguel jogando tarefas, colegas me medindo, e Sofia, sempre ao longe, o tailleur azul destacando o corpo, mas o sorriso tímido no corredor, “Boa sorte hoje”, acendendo uma faísca de esperança.
Agora, de volta ao apartamento, o peso do dia se dissolvia, mas a emoção ainda me apertava. Sofia estava na cozinha, movendo-se com uma graça que parecia dançar com a luz suave das velas de baunilha que acendera. Ela abriu uma garrafa de vinho tinto, o líquido vermelho brilhando nos copos, e preparava aperitivos — azeitonas, queijo manchego, fatias de presunto cru — com uma concentração que escondia o nervosismo. Eu sentei no sofá, a camisa cinza desabotoada no primeiro botão, o calor de Lisboa me fazendo suar, e observei-a, o robe de seda trocado por um vestido preto simples, que abraçava as curvas e deixava os ombros à mostra, os cabelos negros soltos caindo como uma cascata.
“Davi, vem cá”, chamou ela, a voz suave, mas com um tremor, colocando os aperitivos na mesinha de centro. “Vamos conversar. Vamos tentar nos entender. Ela sentou ao meu lado, os olhos âmbar hesitantes, mas quentes, e eu senti meu peito apertar, a mágoa dos quatro anos lutando com a vontade de alcançá-la.
Peguei o copo de vinho, o gosto rico na língua, e encarei-a, a luz das velas dançando no rosto dela. “Tá bem”, murmurei, a voz rouca, a emoção subindo. “Mas como a gente faz isso, Sofia? Como a gente tenta ser algo depois de tudo? Eu te olho e vejo a mãe que eu amava, a mulher que segurava o mundo, mas também vejo a dor, a saudade que ainda carrego. Não sei onde começar.”
Ela respirou fundo, o peito subindo sob o vestido, os dedos brincando com o copo. “Eu também não sei, Davi”, confessou, a voz trêmula, os olhos brilhando com lágrimas que não caíam. “Eu quero te dar o que perdi, quero apagar a culpa, mas cada vez que te olho, sinto ele — o que fiz, o que te custou. E tenho medo de não ser suficiente, de te machucar mais.” Uma lágrima escapou, e eu quis enxugá-la, mas me segurei, o coração disparado.
“Sofia…”, comecei, a voz falhando, inclinando-me, o espaço entre nós encolhendo. “Você é suficiente. Sempre foi. Mesmo na dor, eu nunca deixei de te admirar, de te querer por perto.” Fiz uma pausa, os olhos presos nos dela, a emoção dando lugar a algo mais quente, mais vivo. “Desde que te vi no aeroporto, quando cheguei em Lisboa, fiquei encantado. Você é uma mulher espetacular, Sofia — forte, linda, com essa luz que não explica. E eu… eu te amo, não só como minha mãe, mas como a pessoa que você é, que sempre me fez querer ser mais.”
As palavras saíram como um rio, e eu vi os olhos dela arregalarem, o rubor subindo pelo pescoço, o copo quase escorregando da mão. “Davi…”, sussurrou, a voz quebrando, mas ela não desviou o olhar, e havia algo novo ali, uma chama que não era só culpa. “Você não sabe o que tá dizendo. Isso… isso é o que eu tinha medo.” Ela engoliu em seco, os ombros tremendo, mas então se inclinou, tão perto que eu senti o hálito quente dela, com traços de vinho. “Eu sinto o mesmo, Davi. Desde que te vi, tão homem, tão… você, eu sinto algo que não deveria, e é isso que me apavora. Não quero te perder, mas também não sei como te ter.”
O mundo parou. Minha mão encontrou o rosto dela, os dedos traçando a bochecha, limpando a lágrima, e ela não recuou, os olhos âmbar brilhando com desejo e medo. “Então não me perca”, murmurei, e nossos lábios se encontraram, um beijo que começou suave, quase hesitante, mas logo virou fome, línguas dançando, dentes roçando, um incêndio que apagava o mundo. O gosto de vinho, de lágrimas, de Sofia, era tudo, e eu a puxei pra mim, as mãos na cintura, sentindo o calor do corpo dela sob o vestido.
O beijo foi uma faísca que incendiou tudo, o sofá pequeno demais pra conter o que sentíamos. Sofia gemeu contra minha boca, um som baixo que vibrou no meu peito, e suas mãos subiram pro meu pescoço, os dedos enredando-se nos meus cabelos, puxando com uma urgência que me fazia perder o ar. Eu a levantei, as pernas dela envolvendo minha cintura, e tropeçamos até o quarto, as velas do corredor tremendo como se soubessem do que estava por vir. O vestido preto caiu com um sussurro, revelando a lingerie preta que abraçava as curvas, a pele pálida brilhando sob a luz suave do abajur, salpicada de sardas que pareciam estrelas.
Eu arranquei a camisa, os botões voando, e a pressionei contra a parede, meus lábios descendo pelo pescoço dela, mordendo de leve a clavícula, saboreando o sal e o jasmim que eram a essência dela. “Davi…”, ela suspirou, as unhas cravando nos meus ombros, o corpo arqueando contra o meu, e eu desci, beijando os seios, libertando-os com um puxão, a língua traçando círculos nos mamilos endurecidos, cada gemido dela uma música que me guiava. Ela puxou minha cabeça, os olhos âmbar em chamas, e me beijou novamente, feroz, como se quisesse se fundir em mim.
Caímos na cama, o colchão rangendo, e minhas mãos exploraram cada centímetro dela, descendo pela cintura, arrancando a calcinha, expondo o calor úmido que me chamava. Eu desci, a língua encontrando-a, lambendo com precisão, os dedos entrando, curvando-se no ritmo que a fazia tremer. Sofia arqueou, os quadris subindo, os gemidos enchendo o quarto, o prazer subindo como uma onda, cada toque meu levando-a ao limite. “Por favor…”, murmurou, e eu intensifiquei, a língua circulando o ponto mais sensível, os dedos dançando, até que ela gozou com um grito, o corpo convulsionando, as pernas apertando minha cabeça, o sabor dela me intoxicando.
Ela me puxou pra cima, beijando-me com o gosto dela nos meus lábios, as mãos desfazendo minha calça, envolvendo-me com firmeza, os dedos quentes me guiando. “Quero você”, sussurrou, deitando-se, as pernas abertas, os olhos âmbar me desafiando. Eu a penetrei com um movimento lento, o calor apertado me envolvendo, cada centímetro uma promessa. O ritmo começou suave, nossos corpos se movendo em sincronia, os gemidos dela se misturando aos meus, o prazer subindo como uma corrente elétrica. “Mais forte”, ela pediu, a voz rouca, e eu a virei, debruçando-a contra a cabeceira, entrando por trás, as mãos agarrando os quadris, cada estocada profunda, o impacto arrancando gritos que ecoavam no quarto.
Mudamos pro chão, ela por cima, cavalgando, os seios balançando, os olhos fixos nos meus, o controle intensificando o êxtase, o clitóris roçando contra mim, o prazer a consumindo em cada movimento. Eu segurei a cintura dela, guiando o ritmo, e uma mão deslizou pra baixo, esfregando-a em círculos, levando-a a outro orgasmo, o corpo tremendo, os gemidos virando um grito primal. Eu a segui, o prazer me rasgando, gozando com um grunhido, colapsando contra ela, nossos corpos suados e entrelaçados, o quarto cheio do som das nossas respirações.
Ficamos ali, ofegantes, eu ainda dentro dela, beijando o ombro dela, as mãos traçando a pele macia. “Foi…”, ela murmurou, a voz rouca, um sorriso tímido nos lábios, “o melhor da minha vida.” Eu ri baixo, beijando-a, lento, profundo, o gosto dela ainda nos meus lábios, e soube que era verdade — nunca senti nada tão intenso, tão completo.
Mas então, ela virou o rosto, uma sombra cruzando os olhos âmbar. “Davi… o que somos agora?”, perguntou, a voz frágil, a culpa voltando como uma onda. Eu segurei o rosto dela, forçando-a a me olhar.
“Somos nós”, respondi, a voz firme, beijando-a novamente. “E vamos descobrir juntos.”