Quem está me pintando nua? Parte 2

Um conto erótico de July indo de mal a pior
Categoria: Heterossexual
Contém 1450 palavras
Data: 21/05/2025 18:05:27
Última revisão: 22/05/2025 00:45:11

A Manhã Depois

Acordei com o sol batendo no rosto, o corpo totalmente dolorido do dia anterior e um braço firme envolvendo minha cintura. Virei-me e encontrei Daniel já acordado, observando-me com uma expressão que era metade admiração, metade nervosismo.

— Bom dia — ele murmurou, os dedos traçando levemente minha clavícula.

Franzi a testa, as memórias da noite anterior voltando em flashes: o poema, o bar, a Sala B14, as mãos dele no meu corpo...

— Como a gente foi parar aqui?

Daniel sorriu, um sorriso genuíno, quase tímido.

— Você estava bêbada demais para ir para o seu apartamento sozinha. Eu não queria te deixar com ninguém... então te trouxe aqui.

O que esqueci de contar antes é que, para ter coragem de encarar e encontrar meu stalker, bebi uma garrafa de vinho inteira enquanto o esperava no escuro da sala B14.

Olhei em volta. O quarto era simples, mas cheio de quadros, esboços e livros de arte. E, em um cavalete no canto, um retrato meu — não nu, não sensual, apenas eu, de perfil, lendo um livro na biblioteca.

— Isso... é você.

Daniel corou.

— Sim. Eu... te vi pela janela na sua aula de História da Poesia no semestre passado. Você estava lendo Epopeia de Gilgamesh e sorriu em um trecho. Eu nunca consegui esquecer.

Olhei mais ao redor do quarto e vi o caderno preto, peguei-o e abri.

Era cheio de desenhos meus, mas nada invasivo, nada perturbador.

* Eu rindo com as amigas.

* Eu concentrada, escrevendo no caderno.

* Eu dormindo na biblioteca, com um livro aberto no colo.

— Eu nunca me senti confortável em tirar fotos — Daniel explicou, os olhos baixos. — Então eu desenhava. Para lembrar.

— Mas depois da poesia, vi outro lado seu, o lado que te queria com toda a força do mundo. Além da admiração por sua pessoa, eu te via como mulher, quando você recitou naquele bar...

E então, uma memória me levou ao passado, ao dia do bar, à poesia que fiz em segredo, mas que minha amiga Laura me desafiou a recitar na frente do bar lotado de alunos.

Subi no palco com um vestido preto justo, com um leve decote. Eu estava completamente nervosa, trêmula. Peguei o microfone e recitei "Mão Errada".

Mão Errada

Seus dedos não batem,

invadem —

acham meu botão mais rápido

que eu consigo gemer ‘não’.

(Se é que eu gemeria.)

Sei que você viu:

minha saia é curta de propósito,

minha blusa transparenta o suor,

meu pescoço arqueja

antes mesmo do seu ‘sim’.

Eu anseio por homenagens toscas:

que você me empurre contra a parede

e diga ‘abre’ como ordem,

não pedido.

Que use minha boca

como cinzeiro de luxo,

que me puxe pelo cabelo

até eu engasgar de tanto você.

Eu não quero flores.

Quero seu suor escorrendo

nas minhas costas marcadas,

quero sua voz rouca

me chamando de ‘puta’

enquanto eu nego

(e me contorço pra provar que minto).

Me devora.

Mas não me beija depois.

— Porque o que a gente faz no escuro

não merece luz.

Conforme fui recitando, comecei a ficar mais confiante e menos tímida. O bar estava totalmente silencioso; só dava para sentir cheiro de vinho barato e cerveja, e sentia todos os olhares em mim.

Alguns instantes depois dessa lembrança, consegui sair do transe com Daniel falando:

— ...mas aí eu comecei a te ver como uma mulher e não como uma garotinha. Você queria um homem e eu queria ser seu homem. Meus desejos começaram a correr minha mente e, desde então, tenho diversas fantasias eróticas com você.

A Confissão de Daniel

Daniel pegou o caderno de July e virou uma página específica — um esboço dela no palco do bar, com o vestido preto colado ao corpo e os olhos cheios de fogo.

— Eu te desenhei assim antes mesmo de você começar a recitar — ele disse, a voz mais rouca que o normal. — Mas quando você disse 'me empurre contra a parede', eu... parei de desenhar.

July arquejou quando seus dedos desceram pelo seu braço.

— Por quê?

Ele encostou a testa na dela, o calor entre eles quase palpável.

— Porque minhas mãos começaram a tremer. Porque pela primeira vez, te capturar só no papel não seria suficiente. Eu precisava te ter na vida real.

E então Daniel me contou tudo e eu consegui imaginar cada palavra pela visão dele.

O Flashback do Bar (Ponto de vista de Daniel)

No palco:

Você terminou o poema com o último verso saindo como um suspiro rouco. O silêncio no bar foi absoluto por três segundos eternos — até que alguém derrubou uma garrafa e os aplausos explodiram.

No canto escuro:

Eu esmaguei o lápis na mão sem perceber. Meu caderno estava aberto na página errada, o desenho inacabado. Tudo o que eu conseguia ver era:

* A luz do spot refletindo no suor entre seus seios.

* A marca dos seus dentes no lábio inferior depois do verso "cinzeiro de luxo".

* Seus dedos apertando o microfone como se fosse um pescoço.

Laura apareceu ao meu lado, sorrindo como uma gata satisfeita:

— Então, primo... Ainda acha que ela é só 'fofinha'?

Eu não consegui responder nada. Estava muito ocupado imaginando como seria arrancar aquele vestido preto com os dentes.

O Presente (Narração de July)

Ouvi tudo isso me sentindo uma telespectadora da cena, parecia que estava ouvindo até a Laura dizer isso para ele. Mas enfim, as coisas começaram a tomar forma, a Laura o conhece.

Sentei sobre Daniel na cama, o caderno de esboços aberto entre eles.

— Me mostra — eu ordenei, passando os dedos pela página em branco. — Todas essas fantasias que você não teve coragem de expor no mural, os desenhos mais secretos e também as que você nem teve coragem de desenhar.

Daniel prendeu sua mão contra o papel, os olhos escuros prometendo coisas proibidas.

— Você quer mesmo ver?

Eu respondi puxando ele pelo cabelo e mordendo sua orelha.

O Caderno Secreto

Daniel soltou um arfar rouco quando o mordi na orelha. Seus dedos tremeram ao abrir a gaveta da mesa de cabeceira, retirando um segundo caderno — este com capa de couro preto e um elástico de segurança.

— Você tem certeza? — sua voz soou arrastada, enquanto eu deslizava os dedos pela lombada.

Em resposta, arranquei o elástico com os dentes.

A primeira página a revelar-se foi um estudo detalhado de suas mãos — cada curva, cada veia, cada unha pintada de vermelho escuro. — Você desenhou até as minhas cutículas — murmurei, impressionada.

Página 5

Eu de costas, as mãos pressionadas contra o espelho do banheiro da faculdade, o vestido preto arrebentado na cintura. Refletido no vidro: os olhos de Daniel queimando enquanto suas mãos seguram meus quadris, sua boca mordiscando minha nuca.

A Realidade:

— Você nunca me viu no banheiro feminino — respirei, sentando-me em seu colo.

Daniel riu, baixo:

— Não. Mas passei noites imaginando como seria te pegar ali, com o risco de alguém entrar.

Página 12: "Sobre o Cavalete"

O Desenho:

July nua, deitada sobre um cavalete de madeira, as pernas abertas e amarradas com fitas de pintor às pernas do móvel. Daniel, vestido, pinta seu corpo com tinta vermelha diretamente da boca.

A Realidade:

— Isso é... específico demais — ri, mas meus dedos tremiam ao tocar o papel.

Daniel pegou um pincel molhado em vinho sobre a mesa:

— Posso demonstrar. A tinta é lavável.

Página 20: "Na Chuva"

O Desenho:

Eles no telhado da faculdade, July encurralada contra a caixa d'água, o vestido transparente pela água, os lábios dela mordendo o cordão do crucifixo que ele usava no pescoço.

A Realidade:

Levantei a cabeça, intrigada:

— Você nem usa crucifixo.

Daniel puxou algo do bolso — o cordão prateado com um pingente.

— Comprei ontem. Sabia que você ia perguntar.

Página 23: "O Poema Vivo"

O Desenho:

July de joelhos na biblioteca, recitando um poema escrito à mão na pele nua dela — as palavras "sua boca" sobre seus seios, "minhas mãos" descendo até sua coxa.

A Realidade:

— Isso nem é posição, é... arte performática — protestei, mas já procurava uma caneta na mesa.

Daniel parou minha mão:

— Espere. Tem uma página final.

Última Página (Sem Número): "O Que Nunca Foi Desenhado"

Em Branco.

Olhei para ele, confusa. Daniel fechou o caderno e colocou-o de lado:

— Essa página só existe quando a gente fizer algo que eu nunca imaginei.

— E se for algo que eu imaginar? — desafiei, subindo em seu colo.

Daniel sorriu, finalmente surpreendido:

— Então você vira a artista, e eu... a tela.

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Por favor comentem e curtam, seus comentários são importantes para mim, bom como agora sabem também sou uma autora amadora, mas quem sabe um dia escrevo um livro?

Caso queiram me perguntar algo nos comentários irei responder todos de bom grado, obrigada pela atenção e espero que tenham gostado do meu relato, fiquem com beijos e estrelas

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Comentários

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Novamente fantástico!!! Gostei de toda a história. Não tem como não se apaixonar pelos personagens. Amei a poesia de July... e amo o fato de Daniel registrar o que vê, e o que imagina, em desenhos e pinturas. Eu amo fotografia (mas não sei fotografar só amo ver trabalhos bem feitos nessa área) e a pintura vai muito mais além.

Fico intrigado em quanto tempo vc trabalhou mentalmente nesse conceito. Nos detalhes dessa história... o quanto de Daniel e de July tem de vc nessa história... afinal um conto também é uma arte, que pode fictícia, ser baseada em algo real ou em algo que poderia ter sido real.

Sua obra está fantástica... e obrigado por ter respondido ao meu comentário no outro conto... para o fã é uma grande honra ser visto pelo ídolo!!!

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Delicia ser uma musa inspiradora para um artista tão focado em você, te imaginando nas suas poses mais eróticas possíveis, tentando criar a imagem perfeita de você,as agora ele te tem para poder criar e recriar todas as fantasias dele e as suas também. Serão obras de arte com todo o amor possível impregnado nas telas, corpos, peles. Inestimáveis e únicas e que podem ser reproduzidas sempre que desejarem ...

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❤Qual­­­quer mulher aqui pode ser despida e vista sem rou­pas) Por favor, ava­­lie ➤ Ilink.im/nudos

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