O quarto, antes denso de tensão e dominação, agora parecia um espaço vazio. O cheiro do incenso ainda pairava no ar, mas já não tinha o mesmo efeito. A luz do dia entrava com mais força pelas janelas, afastando as sombras e iluminando um espaço que, até então, parecia ser o centro de um jogo profundo e visceral.
Você estava ali, no mesmo lugar onde tantas decisões haviam sido feitas, tantas promessas não ditas tinham sido cumpridas — ou quebradas. Mas agora, tudo parecia diferente. A intensa e esmagadora presença de ambas as mulheres, suas palavras, seus olhares, suas imposições… tudo parecia ter perdido o poder sobre você.
A sua mente estava um turbilhão de pensamentos. Cada sensação, cada toque, cada comando que você havia seguido, agora parecia tão distante — como se fosse uma vida que não fosse a sua. Você não conseguia mais discernir o que havia sido real, o que havia sido manipulação e o que era apenas uma fantasia imposta por alguém mais forte, mais dominante.
Você sentia um nó no peito, uma confusão. Por um momento, parecia que tudo o que você havia se tornado, tudo o que havia permitido ser feito com você, estava tirando de você o que restava da sua identidade.
O seu olhar vagueia pela sala, e é quando você a vê. A mulher que o dominava, que lhe falava com voz firme e segura, com palavras que pareciam determinar seu destino. Ela ainda estava ali, observando-o. Mas desta vez, o olhar dela não era mais a chave para o seu mundo. Era apenas um reflexo de algo que você começava a reconhecer em si mesmo.
"Você não parece mais ser o mesmo," ela diz, sua voz suave, quase como uma constatação. Mas para você, aquelas palavras foram como um grito. "Você mudou. Você não é mais aquele homem que me obedecia com prazer. O que aconteceu?"
Você a encara, e é nesse momento que uma verdade começa a se formar em sua mente. Uma verdade difícil de admitir, mas inegável. Aquela era uma vida que não mais fazia sentido. O prazer que você experimentara, as trocas de poder, a submissão… tudo isso agora parecia um jogo onde você estava perdendo de si mesmo. Um jogo em que, por mais prazer que houvesse, o preço era alto demais.
Você sente uma pressão crescente em seu peito, e finalmente, a voz sai, baixa, mas firme.
"Eu não sou mais isso. Eu não posso ser mais isso."
A mulher a sua frente observa, e algo em seu olhar muda — talvez uma compreensão tardia. Mas é tarde demais.
"Você está me deixando?" Ela pergunta, a voz agora mais suave, mas carregada de uma melancolia que você não havia visto antes.
Você apenas balança a cabeça, incapaz de esconder a dor em sua expressão. "Eu preciso ir. Eu preciso encontrar quem eu realmente sou."
A outra mulher, que até então estava observando em silêncio, agora se aproxima. Mas seu gesto não é de mais dominação. Ela coloca uma mão sobre seu ombro com gentileza, algo inusitado, quase maternal. "Você não precisa se perder para encontrar quem você é. Mas não é mais comigo que você vai encontrar respostas."
As palavras dela, ao invés de causar mais dor, parecem abrir um espaço de reflexão. Era verdade — você precisava sair dessa prisão invisível que havia criado ao redor de si mesmo.
O Caminho da Redenção
Você começa a caminhar para a porta, sem olhar para trás. Cada passo é um desafio contra o que você acreditava ser. Você tinha se perdido, mas, finalmente, estava buscando a saída. Não era apenas o fim de um relacionamento. Era o fim de uma versão de você mesmo, uma versão que havia sido moldada por expectativas externas, por jogos de poder, por uma dominação que se tornou mais do que uma fantasia: tornou-se uma prisão.
À medida que você abre a porta e sente o ar fresco do mundo lá fora, uma sensação de alívio começa a tomar conta de seu corpo. O sol, agora mais forte, parece tocar sua pele de uma maneira nova. Você respira fundo, deixando o peso do ambiente para trás, e, ao dar o primeiro passo para fora, você sente a liberdade que há muito não conhecia.
Mas, ao mesmo tempo, a sensação de perda não desaparece. Você sabia que não seria fácil. Recuperar-se de tudo o que aconteceu, redescobrir-se em um mundo onde as dinâmicas de poder já não estavam mais presentes, isso seria um desafio. Mas agora, você estava pronto para enfrentá-lo.
Você não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa era certa: você precisava encontrar quem realmente era, longe de todas as expectativas, longe das máscaras que haviam sido colocadas sobre seu rosto. Hoje, você escolhia ser livre.
Quer saber mais Veja no blog toqueescarlate.blogspot.com, até o próximo capítulo.