PARTE 3 – Debaixo da Pele

Um conto erótico de MalevoloMagnus
Categoria: Heterossexual
Contém 1550 palavras
Data: 16/04/2025 19:24:09

PARTE 3 – Debaixo da Pele

Desejar é uma coisa. Consumir é outra.

Eu passei anos convivendo com essa diferença — acreditando que manter o desejo contido era uma espécie de virtude. Que aquilo que não se vive, não deixa marca. Mas aprendi, tarde demais, que o desejo não vivido se instala em lugares mais profundos. Ele se aloja no corpo como febre. E quanto mais você tenta ignorar, mais ele queima.

Com Rodrigo, o desejo tinha raízes longas. Cresceu em silêncio, à sombra da moral, escondido entre gestos cotidianos e conversas banais. Mas naquele fim de tarde, quando a chuva escorria pelas janelas da sala, eu soube que a linha tênue entre o querer e o fazer havia sido rompida.

Não por palavras. Nem por gestos explícitos.

Mas por um olhar.

Um daqueles que dizem tudo — sem aviso, sem pudor.

Amanda tinha viajado novamente. Um congresso fora do estado. Linara também passaria o final de semana fora, na casa de uma amiga. Andrey estava distante. Literal e emocionalmente.

Eu estava sozinha com Rodrigo.

Sozinha com tudo aquilo que eu já não conseguia esconder.

Ele preparava café na cozinha, como sempre fazia. De costas, com a camiseta cinza colada ao corpo, delineando os ombros largos, a cintura firme. As mãos dele se moviam com familiaridade entre xícaras, açúcar e o vapor da água quente. Era uma cena comum. Mas, para mim, parecia íntima. Íntima demais.

Eu desci de camisola. Nada proposital — pelo menos era isso que eu dizia a mim mesma. O tecido era fino, leve, sem sutiã. Cada passo que dava, sentia o tecido roçar minha pele e o desejo crescer no espaço entre nós.

"Você vai me matar desse jeito", ele disse sem olhar, enquanto colocava o café na xícara.

Fiquei em silêncio por um segundo, surpresa com a franqueza dele.

"Desse jeito como?", perguntei, com a voz baixa.

Ele se virou, os olhos caindo por um segundo no meu colo. Depois subiram, lentamente, até encontrarem os meus.

"Assim... tão perto. Tão linda. Tão impossível."

Minha respiração travou.

"Eu não sou impossível, Rodrigo."

A xícara parou na mesa. Ele se aproximou, devagar, como quem mede cada passo, como quem respeita o abismo.

"Você sabe o que está dizendo?"

"Sei. Finalmente sei."

Ele parou a poucos centímetros de mim. O calor do corpo dele irradiava. Senti meu coração batendo entre as coxas. A tensão elétrica entre nós era insuportável.

"Você tem certeza?", ele murmurou.

"Faz tempo que não tenho dúvidas."

E então aconteceu.

Rodrigo me beijou.

Não foi um beijo calmo. Foi um beijo de urgência, de fome guardada, de desejo acumulado por anos. A boca dele encaixou na minha como se já soubesse o caminho. As mãos fortes envolveram minha cintura, e o corpo dele colou no meu. Eu tremi. Inteira.

Respondi ao beijo com igual intensidade, minhas mãos agarrando os cabelos na nuca dele, sentindo o calor, o cheiro, o gosto de tudo que eu sempre quis e nunca tive coragem de pegar.

Nos separamos por um segundo, ofegantes.

"Nós não podemos mais voltar", ele disse.

"Eu não quero voltar."

Rodrigo deslizou os dedos pela minha cintura com uma lentidão quase cruel. Como se quisesse memorizar cada centímetro da minha pele. Como se aquele momento fosse feito para durar, não apenas acontecer. Seu toque não era apressado. Era reverente. Como se dissesse, sem palavras, que eu era mais do que um corpo desejado — eu era uma espera longa prestes a se tornar real.

O beijo se aprofundou, mais molhado, mais urgente. Sua língua dançava com a minha numa harmonia que fazia meu corpo se curvar por dentro. Suas mãos, agora mais ousadas, subiram pelas minhas costas, descendo depois pela curva dos quadris até segurar minhas coxas. Ele me ergueu com facilidade, me apoiando sobre a bancada da cozinha. Minhas pernas se entrelaçaram nas costas dele como se fosse o lugar onde sempre pertenceram.

O tecido da minha camisola subiu com o movimento. O ar entre nós se tornava rarefeito.

Nossos corpos se reconheciam com uma naturalidade quase absurda.

"Eu sonhei com isso tantas vezes", ele disse, com a voz rouca contra o meu pescoço.

"Eu também", confessei, sentindo os pelos da nuca se arrepiarem com o calor da respiração dele.

Rodrigo passou os lábios pela minha clavícula, pelo contorno dos seios que agora escapavam pela lateral do tecido. Ele os observou com desejo e respeito, como quem admira uma arte. Como quem contempla algo sagrado antes de tocar.

Quando suas mãos finalmente tomaram meus seios, eu arqueei o corpo, um gemido escapando involuntariamente dos meus lábios. Seus dedos massageavam com precisão, alternando leveza e firmeza. Seu polegar tocou o mamilo com delicadeza, fazendo-o enrijecer instantaneamente. A sensação viajou como um raio até o centro do meu ventre, onde o calor já era quase insuportável.

"Você é linda demais", ele disse, como se fosse um segredo.

A camisola deslizou por meus ombros, e ele a puxou com cuidado, me deixando nua diante dele. Não me senti exposta. Me senti vista. Desejada. Acolhida.

Rodrigo se afastou um pouco, observando meu corpo com olhos que queimavam. Tirou a própria camisa devagar, revelando o peito firme, a pele morena levemente suada, a tensão nos músculos. Meu olhar desceu por seu abdômen até a cintura. Havia um volume evidente por trás do tecido da calça. O desejo dele por mim era visível. E me fazia pulsar por dentro.

"Vem", sussurrei.

Ele tirou a calça e a cueca em um único gesto. O membro dele estava ereto, forte, lindo. Um misto de nervosismo e excitação percorreu meu corpo como uma onda elétrica. O calor entre minhas pernas agora era latejante. Eu o queria. Inteiro. Dentro de mim. Fazendo parte de tudo que eu sempre contive.

Ele se aproximou e me beijou novamente, com mais intensidade. Suas mãos desceram até entre minhas coxas, e ele abriu espaço com os dedos. Meu corpo se abriu para ele com naturalidade, instinto puro.

Quando seu dedo encontrou meu centro, gemi baixinho, encostando a testa no ombro dele. O toque era suave, circular. Ele me conhecia sem nunca ter me tocado. Como se meu corpo tivesse sido feito para se encaixar no dele.

"Você está tão molhada", ele murmurou, entre fascínio e provocação.

"É você."

Ele continuou os movimentos, explorando cada sensação que me atravessava. Meus quadris se moviam involuntariamente. Os músculos das minhas coxas contraíam em espasmos pequenos. Eu me sentia prestes a explodir.

Então ele se abaixou, ajoelhando-se entre minhas pernas abertas, e me olhou com um desejo quase devocional. A língua dele encontrou meu sexo quente, pulsante, e a sensação me fez soltar um gemido alto, abafado pela mão.

Ele me lambeu com precisão, com paciência, com prazer. Como se estivesse aprendendo e saboreando ao mesmo tempo. Seus lábios sugavam com ritmo, a língua explorava os contornos como se cada milímetro fosse indispensável. Eu não conseguia pensar, apenas sentir.

Meu corpo começou a tremer, uma onda me atravessando de dentro pra fora.

"Rodrigo... eu vou... eu..."

Mas ele continuou. Intensificou. E então veio. O primeiro orgasmo. Forte, incontrolável, fazendo meu corpo arquear, minhas mãos apertarem os ombros dele, meu peito subir e descer como se o ar tivesse voltado só naquele momento.

Ele levantou, me olhando com orgulho. Como quem sabe exatamente o que acabou de fazer.

"Eu quero você dentro de mim", disse, com a voz ainda trêmula.

Ele me tomou nos braços e me levou para o quarto. O dele. Pela primeira vez, aquele espaço que eu evitava olhar se tornava o cenário da minha entrega. Me deitou na cama com cuidado, beijando meu ventre, meu quadril, minhas coxas. Subiu até encontrar meus olhos. Ali, ficou.

"Você tem certeza?"

"Sim. Eu quero você. Agora."

Ele me penetrou com um movimento firme, mas lento. Meu corpo o recebeu como se já o conhecesse. Um suspiro escapou de nós dois ao mesmo tempo. Era mais do que prazer físico. Era uma necessidade satisfeita. Era um grito abafado sendo finalmente solto.

Rodrigo se movia com precisão e ritmo. Seus olhos nos meus, as mãos segurando minhas coxas, sua boca mordendo meu pescoço entre os movimentos. A cada investida, eu sentia o mundo se desfazer em volta. Só restava ele. Nós. Aquela cama. Aquele instante.

"Você é tudo o que eu nunca soube que queria", ele disse, com a voz falha, acelerada.

"Você é tudo o que eu desejei sem poder dizer."

Os corpos colavam, suavam, deslizavam um no outro. O som dos nossos gemidos preenchia o quarto. Não havia mais moral. Não havia mais culpa. Havia apenas o agora.

A cada estocada mais profunda, eu sentia um novo prazer surgir. Como se ele tocasse lugares que nunca tinham sido tocados. Como se algo em mim estivesse sendo despertado. Meus dedos arranhavam suas costas, minhas pernas se fechavam em torno da cintura dele, puxando-o mais pra dentro, mais fundo, mais meu.

O orgasmo veio de novo. Mais forte. Mais intenso. Um grito abafado no ombro dele, minhas costas se arqueando, minhas unhas cravadas em sua pele. Ele também chegou logo depois, gemendo contra meu ouvido, dizendo meu nome como se fosse uma prece.

Ficamos ali, colados. Corpos ainda trêmulos, respirações descompassadas. A realidade voltando aos poucos, mas sem peso. Sem arrependimento.

Apenas a certeza de que tudo, absolutamente tudo, tinha nos levado àquele momento.

malevolomagnus@gmail.com - o Rodrigo

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