Se você chegou aqui primeiro, aconselho e ler desde o primeiro da série
Depois daquela noite, nunca mais fomos os mesmos.
Eu tentava seguir a rotina como se nada tivesse mudado, mas cada canto da casa carregava um eco do que vivemos. A bancada da cozinha, onde ele me ergueu com as mãos firmes. O corredor do andar de cima, onde ele me encostou contra a parede e mordeu minha clavícula com a urgência de quem não aguenta esperar. Até o sofá da sala — onde, certa noite, com a casa escura e a TV ligada apenas como disfarce, ele me tocou por baixo da manta enquanto mamãe falava ao telefone no andar de cima.
Era como viver um vício a céu aberto, mas sempre escondido.
Os olhares que trocávamos agora carregavam um código. Uma linguagem secreta que só nós entendíamos. Bastava um toque nos dedos ao passar o café. Um beijo na bochecha demorado demais. Ou aquela frase inocente dita com entonação carregada de desejo. Tudo tinha duplo sentido agora. Tudo era um convite silencioso.
Rodrigo se tornou minha obsessão diária. E, eu, a dele.
As escapadas começaram a acontecer com frequência. Rápidas. Intensamente planejadas. Às vezes na garagem, quando ele dizia que ia organizar ferramentas. Me chamava com o pretexto de ajudá-lo e, quando a porta se fechava atrás de mim, ele me virava de costas, abaixava meu short, e me tomava com brutalidade silenciosa. O barulho do motor do carro disfarçava os gemidos que eu tentava conter mordendo o próprio punho.
Outra vez, durante um churrasco de família, me puxou para o lavabo, trancou a porta e me beijou com pressa. Abaixou minha calcinha, me sentou sobre a pia e me devorou com a boca, me fazendo gozar rápido, em silêncio, apenas com os olhos nos dele e a mão na boca para não gritar. Quando voltei para a mesa, ainda trêmula, mamãe comentou como meu rosto estava corado. "É o vinho", eu disse. Mas era o vício.
À noite, quando dormíamos em quartos separados, ele passava por mim no corredor, apenas de cueca, e deixava um bilhete sob meu travesseiro:
Hoje. Duas da manhã. Escritório. Sem calcinha.
E eu ia.
Às vezes, ele me esperava nu na poltrona. Outras, me pegava no colo assim que eu entrava, me jogava sobre a mesa de madeira e me comia ali mesmo — com a luz do monitor refletindo em nossas peles, com o som abafado da madeira rangendo sob nossos corpos.
Era insano.
Era errado.
Era delicioso.
Mas o desejo tem um preço. E a tensão começou a crescer.
Mamãe passou a desconfiar do meu comportamento. Andrey reclamava da minha distância. Linara às vezes me olhava de um jeito estranho, como se soubesse de algo, mas não soubesse como dizer.
E mesmo assim, eu não conseguia parar.
Rodrigo era o meu segredo mais perigoso. Mas também o mais prazeroso.
A cada nova transa, o medo aumentava. Mas o prazer também. Porque não era mais só o corpo. Era o afeto escondido, a cumplicidade, o amor disfarçado de luxúria.
Ele me chamava de minha menina quando gozei em sua boca no banheiro da suíte dele, trancada por dentro enquanto Amanda tomava banho no quarto ao lado.
Eu o chamei de meu homem quando me penetrou de lado, em silêncio, na lavanderia escura, com as mãos tampando minha boca para que ninguém ouvisse a respiração falhada.
Hoje, vivemos esse amor proibido em fragmentos.
No roçar de pernas sob a mesa.
No sussurro ao pé do ouvido na hora do “boa noite”.
No cheiro da pele que não sai das roupas.
Na saudade que dói mesmo quando ele está na mesma casa.
E eu sei que isso não vai durar para sempre. Que, em algum momento, tudo pode desmoronar.
Mas até lá…
...nos entregamos como dois ladrões de prazer.
Nos tocamos como se cada vez fosse a última.
E amamos como se o mundo inteiro estivesse dormindo — menos nós.
Brinde: Lembrança de Ontem
Narrado por Larissa
Acordei com o corpo ainda quente do que aconteceu ontem.
O lençol grudava na pele como uma extensão dele. Do toque dele. Da língua dele. Do jeito como me olhou antes de me despir inteira, sem dizer uma palavra. Como se não houvesse mais espaço para perguntas.
Foi logo depois do jantar. Linara tinha saído. Mamãe estava trancada no quarto, brigando com algum cliente ao telefone. E eu, com o coração batendo nos ouvidos, subi lentamente a escada até o andar de cima, onde Rodrigo me esperava no banheiro da suíte, com a porta apenas encostada.
Estava escuro. Só a luz do abajur do quarto refletia na penumbra do espelho. Quando entrei, ele já estava nu da cintura pra cima. A calça de moletom caída nos quadris, o olhar denso, o peito subindo devagar.
Não falamos nada.
Ele me virou de costas com cuidado, como quem desembrulha um presente. Enfiou a mão sob minha camiseta, puxando-a por cima da cabeça, e jogou no chão. Beijou minha nuca, lambeu o contorno da minha coluna até o cós da minha calcinha. Me arrepiou inteira.
"Você veio sem sutiã", ele murmurou, entre provocação e adoração.
"Do jeito que você gosta", respondi, sorrindo contra o frio da cerâmica.
Ele ajoelhou atrás de mim e puxou a calcinha com os dentes. Lentamente. Deliberadamente. Senti o elástico roçar minhas coxas, e o ar frio da noite invadiu meu sexo molhado.
Rodrigo me abriu com as mãos, espalhou os lábios inferiores com os polegares e começou a me lamber devagar. Como se tivesse todo o tempo do mundo. E eu perdi qualquer noção de tempo ali.
A língua dele circulava o meu clitóris com precisão, alternando movimentos suaves e toques diretos. Eu arqueava o corpo sem conseguir me controlar. Apoiava as mãos na pia, tentando não gemer alto demais.
"Mais forte…", sussurrei, com a voz falhada.
E ele atendeu.
Sugou com vontade, lambendo com ritmo, pressionando com a língua enquanto enfiava dois dedos em mim. Meu corpo reagiu com violência — os joelhos quase cederam, a pele formigava. O gozo veio rápido, forte, líquido. Eu tremi tanto que precisei me segurar na parede.
Mas ele não parou.
Me virou de frente, me ergueu no colo, me sentou sobre a pia gelada. A boca dele procurou meus seios com fome. Sugou os mamilos duros, mordeu de leve, acariciou com a palma quente.
"Você tá me deixando louco, Larissa", ele disse, com a respiração quente contra minha barriga.
"Então me fode como um louco."
E ele obedeceu.
Puxou a calça pra baixo até os joelhos, o membro ereto e latejante. Me penetrou com um gemido surdo, fundo, profundo. As mãos seguravam minha cintura com força, o quadril se movia em estocadas curtas, intensas. O barulho do sexo — pele contra pele, gemido abafado, respiração pesada — se misturava ao som da pia rangendo.
"Você é minha", ele dizia, entre dentes. "Minha. Só minha."
E eu era.
Gozei de novo, com o corpo inteiro contraído, os olhos revirando, a boca aberta sem som. Ele veio logo depois, dentro de mim, com um gemido grave e o corpo todo se enrijecendo.
Ficamos assim, colados. Sem forças. Ofegantes.
E ontem… foi só mais uma noite entre tantas.
Mas hoje…
Hoje eu ainda sinto ele dentro de mim.
No jeito como ando. No calor entre as pernas.
No cheiro que ainda está grudado na minha pele.
E, se fechar os olhos, eu quase ouço ele dizendo de novo:
“Duas da manhã. Escritório. Sem calcinha.”