Entre Linhas e Silêncios

Um conto erótico de MalevoloMagnus
Categoria: Heterossexual
Contém 872 palavras
Data: 16/04/2025 19:18:53

Entre Linhas e Silêncios

Narrado por Rodrigo

Tem gente que entra na sua vida como um sopro. Outros, como um furacão. Amanda foi um início de vento bom. Larissa… Larissa chegou como brisa. Cresceu devagar. Se fez presença sem barulho.

Nunca planejei estar onde estou. Não nesse tipo de história. Muito menos com ela.

Eu era um homem casado, com a vida profissional em ordem, rotinas que me protegiam dos vazios que, vez ou outra, assombravam meu quarto. Amanda e eu fomos felizes — no início. Nossa união teve beleza, teve parceria. Mas foi murchando com o tempo, como tudo que não se rega com atenção.

Nos últimos anos, o casamento virou empresa. Agenda, reuniões, compromissos. Dormíamos sob o mesmo teto, mas não compartilhávamos mais o calor.

Foi nesse vácuo que Larissa começou a ocupar mais espaço. E não falo da casa. Falo de mim.

Sempre vi nela inteligência, presença. Uma menina que cresceu sabendo mais do mundo do que a idade deixava supor. Mas o tempo passou. E a mulher diante de mim hoje... essa mulher me desarma.

Os traços que sempre admirei foram ganhando novas formas, curvas, intensidade. Larissa se tornou o tipo de presença que silencia o ambiente ao entrar. Ela não precisa tentar. Ela apenas é.

Comecei a notar os olhares longos. Os sorrisos demorados. Os pedidos despretensiosos — uma toalha, uma opinião sobre o vestido, um “faz massagem pra mim?” no fim da noite. Pequenas coisas. Coisas demais.

Tentei não ver.

Juro por tudo que tentei.

Mas ela sabia. Sabia o que fazia comigo. Sabia o que provocava em mim.

Naquela noite, ela desceu com aquela camisola curta. Fininha. Peito solto sob o tecido, o contorno visível mesmo na penumbra. Veio até a cozinha como se fosse buscar água, mas os olhos… os olhos pediam outra coisa.

"Não consegue dormir?", perguntei, já sabendo a resposta.

"Você também não", ela respondeu, e sorriu de canto.

Sentei à mesa e tentei manter o controle. Falar de trivialidades. Fazer de conta. Mas Larissa estava sentada com uma das pernas cruzadas, deixando à mostra a coxa firme, e vez ou outra a camisola cedia demais. Um pedaço de pele. Uma curva da virilha. Um desafio.

"Você sente falta dela?", ela me perguntou, com a naturalidade de quem fala sobre o tempo.

Respondi com um olhar demorado.

"Acho que ela sente mais falta do que eu já fui. E eu… eu só me acostumei a estar."

Ela assentiu. Silêncio.

"Você é muito mais do que isso", disse, com a voz baixa.

E foi aí que entendi. Ela não estava só dizendo. Estava me autorizando.

A linha entre o que era errado e o que era inevitável desfez-se como fumaça.

A primeira vez que toquei Larissa com desejo assumido foi no escritório. Eu a esperei ali, depois da meia-noite, com a porta entreaberta e o peito em alerta. Ela entrou sem dizer uma palavra, os olhos acesos, o corpo tenso.

Fechei a porta atrás dela. O som da maçaneta ecoou como um pacto.

Ela estava de camisola. Sem calcinha, como havia escrito no bilhete que deixei no travesseiro dela. Um jogo que comecei sem saber onde terminaria.

Toquei-a com as pontas dos dedos. Primeiro no rosto. Depois no pescoço. E então, nos seios, que estavam à mostra, duros, esperando por mim. A boca dela buscou a minha como fome. E ali eu soube: não havia volta.

Levantei-a com firmeza e a deitei sobre a mesa. A boca percorreu seu ventre, a mão firmou suas pernas abertas, e minha língua a explorou como quem decifra um mistério. Ela gemia baixo, tremia por inteiro, segurava meus cabelos como se eu fosse parte do corpo dela.

O gosto dela ficou na minha boca por horas.

Quando a penetrei, já ofegante, já perdido, foi como atravessar uma fronteira da qual nunca mais voltei. O corpo dela se moldava ao meu com naturalidade animalesca. O som da pele, o calor, os olhos cravados nos meus — aquilo era mais do que sexo. Era posse. Era entrega.

Gozei dentro dela com o peito contra o dela, as mãos entrelaçadas, a alma esvaziada de contenção.

Desde então, tudo mudou.

Nosso dia a dia virou um teatro perigoso. A rotina, um código de sinais. Beijos roubados, toques sob a mesa de jantar, encontros silenciosos no banheiro da suíte, no carro estacionado ao lado de casa, atrás das cortinas da sala enquanto Amanda subia as escadas.

O que era desejo virou necessidade.

Ela me provoca com o olhar. Cruza a perna sabendo que estou assistindo. Deixa a porta entreaberta do quarto quando sai do banho. Passa por mim de toalha molhada e cabelos presos como se fosse a coisa mais inocente do mundo.

Mas não é. E eu também não sou.

Somos cúmplices de algo que não deveria existir. Mas existe. E cresce.

E quanto mais proibido, mais real.

Hoje mesmo, depois do jantar, ela me encontrou na lavanderia. Ninguém mais em casa. Sem dizer palavra, virou-se de costas, apoiou as mãos na máquina e levantou o vestido até a cintura.

A pele nua, pronta, oferecida.

"Fecha a porta", ela disse.

E eu fechei. E tomei o que era meu. Com a mão em sua boca, para que o prazer dela não acordasse o mundo.

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