Antônio
Depois de uns dias morando com Rubens nem consigo mais lembrar de como era não morar com ele, em poucos dias criamos uma rotina e uma convivência muito bacana, gosto muito da companhia dele, Rubens é um ótimo ouvinte e também um língua solta, o cara fala tudo que vem na cabeça é engraçado, até o seu jeito de ficar tímido é fofo, quando estou com ele sinto uma vontade de cuidar dele, quase um amor de irmão.
Fique com um pouco de medo que minha última briga com Luana tivesse deixado ele cabreiro com nossa proximidade, ainda mais quando ele me disse no carro que se sentia culpado, quis parar o carro e abraçar ele ali mesmo para que nunca mais pensasse algo assim, Rubens já foi muito judiado pela vida, quero deixá-lo feliz, seu sorriso me aquece o peito, é estranho querer bem a alguém que mal conheço.
A semana passou dentro da nossa rotina, na segunda acordei e meu café da manhã estava pronto, Rubens me esperou para comermos juntos e depois foi pro escritório trabalhar, fui pra clínica e passei o dia fora, foi um dia bem cheio de atendimentos e cirurgias. Luana falou pouco comigo, dessa vez ela ficou realmente puta da vida e quando Karla fez o favor de contar que me viu com Rubens na lanchonete naquela noite só piorou.
Luana agora está com ciúmes do Rubens, acho que sei ciúmes chegou a ponto que não tem mais volta, virou um problema pra gente, não sei o que ela espera que eu faça, mas não vou deixar de morar com Rubens só porque ela quer, na terça foi bem tranquilo também, tínhamos uma apresentação pra fazer, mas Luana disse que iria sozinha, não questionei apenas perguntei se ela iria querer uma carona e a mesma negou, aproveitei que fiquei livre mais cedo e levei o Rubens pra ver o pôr do sol no sítio.
De terça para quarta ele teve insônia queria passar a noite trabalhando, acordei de madrugada e fui buscar ele no escritório, coloquei ele pra dormir comigo e finalmente descansou, Rubens tem se sentido muito solitário, quando dorme comigo percebo que dorme melhor e até que gosto do cheiro da colônia que ele usa. Quarta ele foi comigo para a ong e fez sucesso por lá, assim que chegamos Gessika o puxou logo para que ele fosse consertar nossa impressora e de cara ele deu um up grade nos computadores também, ainda deu sugestões para melhorar o sistema que usamos.
Cíntia se desculpou por não ter ido no domingo, mas não foi problema, foram tantas emoções nesse dia que acabei esquecendo que ela tinha dito que iria, Alex estava todo feliz, quando perguntei ele simplesmente soltou que está ficando com Karla, quase não acreditei, ele é tão gente boa pra ficar com alguém tão insuportável como ela, mas quem sou eu pra julgar né, apenas o avisei sobre seu término recente e pedi pra ele tomar cuidado com ela.
Quinta ele trabalhou da hora que acordou até a hora em que voltei do trabalho, como tive muitos atendimentos não consegui voltar pra almoçar com ele, mas pelo menos levei nosso jantar. Amanhã não vamos abrir a ong, Alex teve que chamar uma equipe para fazer umas manutenções no prédio e não deu pra marcar no domingo, então depois de hoje vou ter o fim de semana de folga.
— Bom dia — Rubens me cumprimenta assim que chego a cozinha, como sempre ele já está servindo nosso café da manhã.
— Bom dia, vou sentir falta desses cafés da manhã quando você não estiver mais aqui — ele ri sem jeito, mas aceita o elogio.
— O café da vovó é muito melhor.
— Mas a companhia não é a mesma — digo olhando em seus olhos e posso jurar que ele ficou meio corado.
— Então amanhã você não vai trabalhar né.
— Como você sabe? – Não tinha contado a ele ainda.
— Gessika me disse.
— Que fofoqueira — ele está ficando amigo dos meus amigos, me deixa muito feliz, duvido que o Ben vai acreditar que seu irmão está fazendo amizade.
— Gessika me convidou para um festival que vai ter amanhã em Viçosa.
— O festival de Viçosa, cachaça e mel, é um grande festival de gastronomia e bebida, muito top mesmo, mas você aceitou? — Queria ter convidado primeiro, mas com a semana que tive acabei esquecendo.
— Vou sim, ela parece até que promove o evento de tão bem que me vendeu — ele diz todo sorridente.
— Então, você e a Gessika estão se dando bem mesmo? — Pergunto.
— Sim, mas como amigos, você sabe, gay — ele aponta para si mesmo de forma engraçada.
— Caro — acho que pensei demais agora.
— Então se você quiser vir com a gente, acredito que não vai ter problema.
— Eu iria adorar, mas é aniversário do meu sogro, vou estar com a Luana amanhã — estranhamento preferia ir para o festival, pois não vejo minha namorada pessoalmente desde nossa briga, só nos falamos por mensagem a semana toda.
— Ok, eu entendo, Gessika disse que o pai dela vai com a gente e que ele não bebe, só gosto dos doces que são vendidos no festival então segundo ela podemos ficar bêbados feito dois gambás.
— Não imagino você bêbado feito um ganhar — digo rindo.
— Não, mas se essa cachaça da Serra for mesmo tão boa quanto ela diz, estou pensando em dar uma chance — agora quero mais ainda ir com eles para ver o Rubens bêbado — não está acreditando em mim né?
— Acredito sim, só estou triste de não poder ir com vocês — acabei assumido minha vontade.
— Vou trazer lanches e cachaça pra você.
— Vou gostar muito se você fizer isso mesmo.
Infelizmente nossa conversa é interrompida por uma chamada de trabalho dele, Rubens me paga de surpresa beijando minha cabeça como faço com ele e depois vai pro escritório atender seu chefe, meu coração deu uma leve acelerada com seu gesto, gostei de sua espontaneidade, quando chegou, mal falava comigo, em duas semanas somos amigos próximos, isso é muito legal.
Essa semana trabalhei bastante e hoje não foi diferente, mas pedi pra tia Marli ir deixar almoço pro Rubens, conheço ele para saber que não vai sair do computador pra preparar nada, não sei como ele nunca deu uma “pirula” de fome, sério pior que criança.
Quando finalmente consigo sair da clínica já são quase sete da noite, estou exausto, mesmo assim chamei Luana pra jantar comigo, ela não está trabalhando hoje e acho que vai ser bom encontrar com ela antes do aniversário do meu sogro, se formos brigar prefiro que não seja na frente deles. Mandei mensagem avisando que estou indo buscá-la e como de costume ela já estava na porta me esperando — parando para pensar que é a primeira vez que ficamos sozinhos em muito tempo.
— Boa noite amor — lhe beijo assim que ela entra no carro.
— Boa noite — ela responde de forma seca após o beijo.
— Onde você quer comer?
— Podemos ir pro Grafite mesmo.
— Certo — respiro fundo e seguimos em silêncio até chegarmos lá.
Logo na entrada encontramos Alex e Karla que por “coincidência” também estava indo jantar lá, nem precisa ser um gênio pra saber que isso foi armado, logo quando pensei que teríamos um momento só nosso para conversar e tentarmos nos entender, mas Luana parece ter outros planos, na frente da prima e do Alex ela volta a ficar amorosa comigo, totalmente diferente do que estava sendo no carro, ultimamente não tenho reconhecido minha namorada, seu ciúmes andam escalonando muito e quase toda vez que nos encontramos acabamos brigando agora isso.
Bem para evitar mais confusão deixo as coisas como estão, pelo menos ela parece mais de boas a medida em que o jantar vai acontecendo, só que dessa vez sou eu quem não consegue fazer cara de que está tudo certo então passo a maior parte do jantar sério, já perto de pedirmos a conta peço ao garçom que prepara uma que tinha para levar.
— Eita que fome toda é essa Antônio — Alex brinca.
— É o jantar do Rubens — respondo casualmente então continuo — e por falar nisso vamos pedir a conta, não vou poder esticar muito hoje.
— Pensei que hoje nós ficaríamos juntos — Luana faz questão de brigar na frente dos nossos amigos, inacreditável isso, só que dessa vez a resposta simplesmente brota de dentro da minha boca.
— E eu pensei que esse jantar seria só nós dois — ela fica atônita, pois não estava esperando que eu respondesse e ainda mais na frente de sua prima e do meu amigo.
— A gente vai indo — Alex levanta com Karla e se despede, ele sabe que meu problema não é com ele então está tudo certo.
— Não te reconheço mais Antônio.
— O que você quer Luana? Sinceramente, se tu ficou calado e não brigo você fica puta, se eu brigo você fica puta, quando que vou te deixar satisfeita? — Digo mantendo meu tom de voz moderado.
— O Rubens — quando ela mete o nome dele na conversa a interrompi.
— Rubens não tem nada haver com essa conversa, sério Luana, o que está acontecendo?
— Como não tem Antônio, desde que ele chegou você mudou comigo.
— Não mudei Luana, você que começou a implicar com tudo, a gente só briga e quando acho que vamos ter a porra de um jantar pra conversar e se entender você chama mais gente pra comer com a gente.
— Você quer conversar a sós pra que, pra terminar comigo? — Estou em choque com sua reação.
— Como assim terminar com você Luana, eu te amo, não quero terminar, só quero ficar de boa — estou cansado, não tinha me dado conta dos problemas de nossa relação até pouco tempo.
— Você foi embora, me deixou lá sozinha.
— Luana, você quis ficar — digo.
— Mas por causa do Rubens você não me esperou como da última vez — ela tem razão nesse ponto, dessa vez nem pensei, só fui embora.
— Desculpa.
— Me leva pra casa por favor — ela pede sem me encarar nos olhos.
Depois disso não nos falamos mais, ela foi calada até sua casa e recusou deu beijo quando chegamos, antes que ela desça do carro pergunto a que horas devo chegar amanhã pro aniversário e ela simplesmente ignora e sai do carro, estou me esforçando para não perder a paciência então tento mais uma vez só que agora com ela fora do carro.
— Luana, que horas eu devo vir amanhã?
— Se for pra ser assim, prefiro que você não venha — ela responde por fim.
— Tem certeza que é isso que você quer? — Pergunto bem sério.
— Antônio, olha estou começando a achar que somos muito diferentes.
Desço do carro para encará-la de perto, se ela vai terminar comigo que seja olhando nos meus olhos, Luana fica parada na minha frente me encarando, esperando que eu diga algo, mas dentro de mim eu sinto que o que tínhamos não está mais aqui, acho que idealizei uma relação que só existiu na minha cabeça, é duro pensar nisso, mas olhando em retrospectiva ela sempre foi assim, só que nunca me importei — até agora, o que mudou, não faço ideia.
— Você me acusou de querer terminar, mas é você quem está falando sobre isso agora.
— Antônio, você me ama, tipo me ama mesmo?
— Amo Luana, acredite não estaria aqui insistindo se não amasse — digo de forma sincera — mas isso que estamos virando não me agrada.
— Então vamos resolver isso, vamos morar juntos — agora eu que sou pego de surpresa.
— Espera, que história é essa agora Luana?
— Você me ama, eu te amo, vamos morar juntos e por uma pedra nessas brigas — umas poucas semanas atrás teria aceitado sem pensar.
— Luana não é assim que vamos resolver nossos problemas — digo.
— Então acabou Antônio.
— Luana, vamos esfriar a cabeça e conversar melhor amanhã — embora esteja me sentindo estranho em relação ao nosso namoro não quero terminar.
— Não tem o que conversar Antônio, acabou, você está livre para sair com quem e até sei quem vai amar essa notícia — ela se refere a Gessika com escárnio.
— Amor, escuta por favor, vamos esfriar a cabeça — insisto mais uma vez.
— Não tem mais o que pensar Antônio, você mudou, não quero mais brigar e nem esperar por algo que sei que vai acontecer.
— O que é que vai acontecer Luana? — Minha paciência está no limite.
— Você vai me trair Antônio, Karla já me avisou, você está igualzinho o ex dela.
— Fala sério, você está me comparando com aquele merda — agora estou muito ofendido — você acha mesmo que eu vou te trair Luana?
— Se é que já não traiu — suas palavras me machucam muito mais do se ela tivesse me dado um tapa.
Não digo mais nada, entro no meu carro e saio dali, saio de perto dela, me acusar de traição depois de dois anos comigo, isso é inaceitável, nunca nesses dois anos dei sequer uma única razão para que pensasse algo assim de mim, por isso o ciúmes só aumentava ultimamente, ela encheu a cabeça de desconfiança sem nenhum motivo, não consigo entender de onde veio isso, mas quer saber foda-se também, cansei, acho que me acomodei, mas algo mudou mesmo dentro de mim, não quero mais ser esse cara.
Amanhã ela vai esfriar a porra da cabeça e vai me pedir desculpas por isso, eu assumo qualquer erro que posso ter cometido, até aceito que posso está sendo egoísta com ela, mas não vou aceitar que ela me diga que fui infiel, pois isso não fui, agora ela terminar comigo por isso é muito revoltante, não estou pensando direito.
Se eu chegar assim em casa Rubens vai se sentir ainda mais culpado, então mando uma mensagem falando que vou demorar um pouco mais para chegar e passo no pub do meu amigo para esfriar a cabeça, como é sexta a noite o lugar está lotado, mas conhecer o dono tem suas vantagens e ele me arruma uma mesa facinho.
— E aí Antônio vai beber alguma coisa? —Meu amigo e dono do pub vem me atender.
— Uma dose de cachaça — nada melhor para esfriar o juízo.
Pois bem, uma dose virou duas, que viraram quatro e quando me dei conta já havia secado a garrafa junto do meu amigo que acabou se juntando a mim, nem lembro a última vez que fiquei tão bêbado assim, mas pelo menos meu objetivo foi alcançado, não estou sentindo nada — nada mesma.
— Já vou, amanhã eu passo aqui e acerto a conta — digo, pois agora nem lembro a senha do cartão.
— Tranquilo meu amigo, mas tu vai dirigir assim macho?
— Fique frio, cabeça de gelo — digo rindo e quase tombando pro lado — o Fuscão preto sabe o caminho.
Mesmo com os protestos do Guto pego Fuscão e sigo meu caminho pra casa, já dirigi bêbado outras vezes mais nunca assim, na minha mente estou indo super rápido, mas no fundo sei que isso não é verdade. Não estou com sono, mas tudo parece esta fora do lugar, estou até afim de beber um pouco mais, porém não é uma boa ideia — sei disso — enfim levo duas vezes o tempo que normalmente levo pra chegar em casa e sendo sincero Deus guiou o Fuscão ou ele mesmo resolveu voltar pra casa me trazendo, porque cheguei em segurança mesmo vendo dobrado.
Quinze minutos tentando abrir o portão da garagem depois, estou finalmente em casa, Rubens está dormindo então na medida do possível me esforço para não fazer barulho, sigo trocando as pernas até o banheiro onde tomo um banho quente, essa noite está fazendo frio, mas o álcool em mim é o bastante para me manter aquecido. Dizem que o banho ajuda quando se está bêbado, mas na real acho que ele só serve para acordar a pessoa, porque depois do banho parece que estou é mais bêbado, não entendi como isso é possível.
De banho tomado e de volta ao quarto busco na cômoda uma cueca pra vestir, mas meu pau está meio ereto, estou com tesão e nem sei porque, paro um pouco e me toquei, fazendo movimentos leves de vai e vem ele vai endurecendo na minha mão, já faz um tempo que não me alivio e transar então aí é que faz tempo mesmo — por que não? Pensei.
Deitado na minha cama e completamente pelado busco na primeira gaveta do criado mudo meu massageador e o lubrificante, coloco um pouco do gel na mão e esfrego bem enquanto me masturbo, o lubrificante é geladinho e quando entra em contado com minha pele quente me dá uma sensação gostosa, travo os dentes para segurar um gemido baixinho. Com meu pau bem lubrificado pego o massageador e posiciono a minha cabeça rosada e babona na entradinha do brinquedo, pincelando e imaginando a bucetinha da minha namorada, ela fica louca quando provoco assim.
Com a respiração ofegante desço o brinquedo no meu pau, me colocando para dentro e sentindo o quentinho do seu interior — é diferente de uma bucetinha, mas não deixa de ser gostoso — lembro até comprei esse massageado por impulso enquanto estava em Fortaleza fazendo o doutorado, ficava muito tempo longe da Luana e queria algo pra brincar e pensar nela, acabou que gostei e ele passou a fazer parte da minha brincadeira quando estou sozinho precisando de um carinho.
Estou fodendo ele enquanto penso na Luana quicando no meu pau, bem devagar e gostoso, meus dedos dos pés se contorcem, mas não quero gozar ainda, de olhos fechados e imaginando soco meu pau inteiro dentro do brinquedo e deixo lá por uns segundos, é tão apertado delicioso, tenho que morder os lábios para não gemer alto, porra isso é muito bom, quando sinto que meu gozo está sobre controle volto a foder o massageador, porém é outro pensamento que toma conta da minha mente embriagada.
Estou metendo com força no massageador, só que ao invés de Luana, tenho um vislumbre do Rubens de costas para mim sentando no meu pau, a sensação do imaginar ele me recebendo eu sei cuzinho apertado é inesperadamente boa e não consigo para, na minha mente ele geme baixinho choramingando ao receber a grossura do meu membro em seu buraquinho fechadinho, puta que pariu que insano, Rubens sobe e desce no meu pau feito uma puta, meu gozo estão quase vindo, mas agora estou gostando tanto que não quero que acabe, tiro um pouco meu pau de dentro do massageador e bato com ele no que imagino ser o cuzinho do Rubens, puta merda que delícia.
Estou no ápice do meu prazer quando do nado a porta do quarto — que esqueci de trancar — se abre e Rubens entra no quarto com uma carinha de sono falando que teve um pesadelo. De repente ele me encara com a mão no pau duro feito pedra e sai às pressas do quarto, puta que pariu, me enrolo com o lençol na cintura e o sigo para fora do quarto, ele está indo de volta para seu quarto, mas consigo intercepta-lo.
— Desculpa, desculpa, eu devia ter batido eu, eu — ele só repete seus pedidos de desculpa em loop enquanto tendo acalmá-lo, meu pau já amoleceu do susto e agora meu foco é tranquilizá-lo.
— Calma, está tudo bem, me desculpa.
— Não, a culpa foi minha eu devia ter batido — ele diz em completo desespero.
— Rubens tá tudo bem, eu que não tranquei a porta, fica de boas não foi nada de mais.
— Antônio eu.
— Sério Rubens, de verdade me desculpa, eu fiquei excitado e — ele está muito constrangido e o fato de está bêbado e sem filtro não me ajuda muito.
— Tá tudo certo eu vou — faz final de voltar para seu quarto.
— Espera, você teve um pesadelo, por isso foi pro meu quarto — o álcool começando a me dar sono, mas me esforço pra manter minha atenção nele.
— Era, mas deixa já passou, não quero te incomodar — ele diz preocupado.
— Não, não, deixa disso macho, vem — seguro sua mão e o puxo pro meu quarto.
— Antônio.
— Rubens deixa de frescura, deita, vamos dormir.
Ele pensa por uns segundos e por fim cede se sentando na cama, agora meio sem clima pego um cueca limpa e visto na sua frente mesmo, mas ele desvia o olhar, só espero que amanhã possamos rir disso porque agora estou querendo do rir, fui flagrado com a mão na massa, mas pode ser um dos efeitos da bebedeira, de qualquer forma puxo Rubens pro meu peito e ele vem todo sem jeito e morrendo de vergonha.
— Tá mole já, relaxa — digo não conseguindo me manter sério.
— Antônio — ele me repreende tentando levantar mais o aperto no meu peito.
— Parei — digo tentando me manter sério e ele fica no meu peito sem protestar — vamos dormir, boa noite.
Dou um beijo de boa noite que pegou em sua bochecha perto da boca, mas tá de boas, não foi nada de mais, aos poucos o sono vai tomando de conta e o cansaço físico e emocional me ganham, adormeço pesado sentindo o cheiro da colônia cara do Rubens e que já começo um a ficar nos meus lençois mesmo quando ele não dorme na minha cama comigo.
Me arrependi de ter bebido ontem no momento e em que abri os olhos, nossa minha cabeça parece que pesa mil toneladas, porra que dor de cabeça, levantar então é um desafio a parte, Rubens não está no quarto, vejo o relógio que ele me emprestou em cima do criado mudo — comecei a usa-lo, acho que preciso devolver — já é quase meio dia, levanto fazendo meu mundo meio que girar, depois me arrasto até o banheiro para lavar o rosto, aos poucos meu corpo desperta, mas a ressaca não vai me dar trégua.
Na porta da geladeira vejo um bilhete até Rubens deixou para mim, “Antônio tem remédio pra sua ressaca na mesa, fui pro evento com a Gessika, mas se você não estiver se sentindo bem, me liga que a gente volta pra te socorrer, ps: eu queria ter ficado, mas Gessika fez chantagem emocional para que não furasse com ela” — é a cara dela fazer isso, dou um leve sorriso.
Tô meio os remédios que ele deixou e fui tomar um banho, ele também deixou a comida pra mim só no ponto de por no microondas, agradeço mentalmente, se eu não tivesse jantado antes de encher a cara acho que nem teria acordado mais, é o que dizem depois de uma certa idade qualquer ressaca vida uma dengue.
Sentado á mesa e comendo meu almoço sou brutalmente atingido pela memória de ontem, puta que pariu, Rubens me pegou batendo punheta no quarto, caralho como eu fui esquecer disso, mas essa não é a pior parte, a medida que as memórias voltam me recordo de ter imaginado ele sentando no meu pau na hora da punheta, caralho o que foi que meu deu, tipo Rubens é presença e taus, tem uma bunda durinha — tipo não fiquei olhando, mas já reparei — mas tipo não curto caras, sou hetero e também estava bêbado pra cacete, não deve ter sido nada de mais, pelo menos ele só me pegou com o pau na mão, já pensou se ele fica sabendo que era o rabo dele meu imaginário da punheta? Melhor esquecer essa história.
Confiro o celular e não tem mensagens da Luana, ela terminou mesmo comigo ontem? É meio difícil de acreditar que depois de dois anos tivemos nossa primeira briga e daí pra frente não teve mais volta, nos distanciamos até o ponto de terminar e agora não sei o que sentir ou fazer, eu gosto dela, Luana é a mulher da minha vida e talvez a ficha só não tenha caído ainda, pode ser a ressaca te também, porque não estou sentindo nada?
Melhor mandar mensagem para ela. Mandei um oi que ela visualizou e não respondeu, depois apareceu que ela está digitando, porém sua mensagem não chega, acho que devo esperar, não quero forçar nada, ainda estou na esperança de que ela só grite comigo e diga que não acabamos, mas mesmo com esse desejo me sinto estranho sobre o término.
— Como pode a ressaca ser pior que o término, puta merda minha cabeça deve está muito fodida — digo em voz alta — melhor parar de falar sozinho.
Pego o celular e ligo para meu amigo Ben que atende no segundo toque, ele não deve está no quartel, quando está de serviço Ben não costuma usar o celular.
— Antônio você tem merda na cabeça? — Ele diz quase gritando do outro lado da ligação.
— O que?
— O Gutenberg me mandou uma DM perguntando se eu sei de você, porque você saiu ontem do bar, as quedas e pegou o carro — Guto conheceu o Ben das vezes que levei ele lá no pub, tinha esquecido disso.
— Vou mandar uma mensagem para ele falando que estou bem — digo já enviando a mensagem.
— Porra Antônio.
— Desculpa mano, eu tô legal, não devia ter colocado o Fuscão em risco assim — escuto ele dar um sorriso de escárnio.
— Foda-se essa merda de carro Antônio, se eu souber que tu tá se passando de adolescente inconsequente de novo eu coloco meus amigos da PRF na estrada só pra te foder — fazia tempo que não o vi puto assim, mas fiz merda mesmo, podia ter acontecido um acidente sério.
— O Rubens não tava comigo, fica tranquilo — digo.
— Claro que não, Rubens jamais entraria num carro com você trocando as pernas de bêbado, porra Antônio, se liga cara que merda.
— Tudo bem, não vou mais fazer esse tipo de loucura desculpa — ele está com alguma coisa na cabeça, conheço o bem para saber que ele é de se preocupar, mas algo me diz que tem mais coisas aí e já estava estressado com algo — você está legal?
— Agora eu tô sabendo que você está bem, o Rubens disse que você chegou muito bêbado, eu estava esperando você acordar pra brigar com você.
— Falou com o Rubens?
— Falei para saber de você.
— Tô ligado, mano, eu bebi ontem porque a Luana terminou comigo.
— Puta merda cara, o que foi que rolou?
— Sinceramente, só acho que não temos mais o que tínhamos, ela quer algo que não sei se posso oferecer — digo refletindo sobre o assunto.
— Mas vocês nunca foram de brigar por nada — disse parece chocado.
— Vai ver foi isso que nos desgastou, fiquei calado e deixei passar muita coisa no fim deu merda como já se era de esperar pensando em retrospectiva — minha cabeça doi por pensar demais.
— Você tá legal? — Ele me pergunta.
— Macho pior é que eu tô, não quero admitir, mas estou aliviado — dizer em voz alta ajuda a entender meus próprios sentimentos.
— Aliviado? — Ele parece mais surpreso do que eu fiquei ao perceber que esse é o sentimento que tenho em mim.
— Te falei, acho que fui aceitando coisas demais até chegar no ponto de não saber lidar.
— Acho que entendo o que você disse — Ben fala em voz baixa.
— Ben, tem alguma coisa rolando? — Pergunto mais uma vez.
— Acho que vou terminar com a Vanessa, mas não sei como fazer isso e nem se é no certo — porra, agora sou eu quem está sem saber o que dizer — dona Teresa tá me precisando para casar, mas.
— Você não está pronto — conclui sua frase que deixou morrer em sua boca.
— Ela estava com suspeita de gravidez e eu não tive a melhor das reações — Ben se abre comigo.
— O que você fez meu amigo?
— Se ela tivesse grávida eu iria assumir claro, mas não quero ser pai e percebi isso no momento em que ela me disse que podia está grávida, digamos que ela notou e seu uma merda — ele respira fundo e então continua — fizemos o teste de farmácia e deu positivo, só que quando fomos pro médico era só um falso positivo, ela tem uns problemas aí, mas nada grave, tudo tratável, mas é o que explica o falso positivo.
— E você ficou aliviado quando soube que não ia ser pai? — Ele levou uns segundos para me responder.
— Sinceramente?
— Sinceramente.
— Pra caralho.
— Porra — é tudo que consigo dizer.
— Pois é, porra — ele concorda.