Antônio
No início achava que o Rúbens dormia melhor quando dormi comigo, mas agora estou vendo que ele não é o único, tipo antes de começar a transar com ele só sua companhia já me rendia um sonho bem bom, mas agora dormir depois de gozar — tá maluco — tem sido ótimo.
Em compensação o trabalho tá parecendo duas vezes mais louco, tipo esse sábado vamos ter castração na ong, e minha agenda na clínica tá lotado até o final do mês, quando se é um dos único cirurgiões veterinários da cidade inteira acaba que não tenho muitas folgas — ainda mais se você é doutor que é o meu caso.
O Rúbens me parece melhor boa últimos dias, porém tem algo estranho, quando sua irmã chegou notei que ele não ficou lá muito feliz, até tentou deixá-la na cidade, mesmo depois dele ter me contato ontem o motivo pela qual está chateado com ela, não sei me parece que tem mais coisas rolando e ele só não quis dizer — claro que o motivo dele é bem plausível, no lugar dele também ficaria puto.
Mas o que me irritou mesmo nessa história toda foi mais uma vez o nome do Mariano ter surgido na conversa, esse cara nem está aqui, mas sempre dá um jeito de aparecer, me preocupo que essas constantes interferências podem acabar magoando o Rúbens ainda mais, tipo o cara já sofreu tanto com esse ex e o cara sempre volta para atormentar, isso é muito chato.
Até a hora em que sai para trabalhar Julia aindo não havia chegado, mas o que me parece ela já deu um sinal de vida para o irmão dela, resolvi sair antes que ela volte afinal Rubens tem algo para conversar com ela e não quero atrapalhar o papo dos dois, odeio ficar do lado do ex do Rúbens, mas acontece que se Júlia tiver de fato se metido foi vacilo dela, já que o irmão dela deixou claro que já havia se resolvido com o ex.
Por falar em ex, bastou colocar os pés na clínica para receber uma notificação do pub do Guto anunciando show da Luana hoje, foda que prometi para Julia que a levaria hoje no pub, mas não sei se é uma boa ideia com Luana tocando lá hoje, nem imagino qual será sua reação e nem sei se ela ficara avontade comigo na plateia é uma situação inédita para mim.
Sem muitas opções a respeito acredito que o melhor seja perguntar ao Guto sua opinião, detesto envolver outras pessoas, mas pode ser que Luana tenha ela própria pedido para que eu não fosse, se bem que isso não faz muito sentido, foda que não chegamos a conversar sobre o que somos um para o outro agora.
Tudo que rolou foi um pedido de reconciliação por parte dela e uma negativa da minha parte, ainda sim a cada dia que passa acredito que fiz a escolha certa, as palavras do Rubens ontem me fizeram pensar um pouco, tipo assim como ele também continuo sendo a mesma pessoa com defeitos e qualidades, se o que eu sou não bastou para nossa relação não vai ser agora que isso vai mudar — não que eu não possa mudar né, o Rubens tá aí pra provar isso.
Nunca antes dele eu tocaria no pau de outro homem, ou faria coisas ainda mais além, mas o Rúbens me faz querer fazer essas coisas, né masturbar com ele usando meu massageador e ontem puta que pariu o que foi aqui, quando fecho os olhos ainda sinto sua boca molhada e quente degustando meu pau, ele tentando me engolir por inteiro e no final aínda tomou minha porra sem reclamar.
Depois de uma manhã bem agitada no trabalho voltei pra casa pra almoçar, hoje só vou poder comer e tenho que sair, o pessoal da granja vai precisar de mim pra fazer os exames de rotina e confirmar que tá tudo nos conformes com a saúde das galinhas, eles vivem tentando me fazer largar a clínica e ficar com eles direto, mas isso implicaria em sair da ong também, eles contam com bons veterinários também, talvez por isso eu fique tranquilo em não aceitar sua oferta, as galinhas estão em boas mãos também afinal.
Assim que entro em casa vou direto no escritório chamar o Rubens pro almoço, se ninguém chamar ele vara o dia na frente do computador sem comer nada só na base do café e água — isso porque comprei uma garrafa de água pra deixar do lado da garrafa de cafe dele se não esse louco só tomava café o dia todo.
— Boa tarde — digo entrando no escritório depois de me certificar que ele não está em reunião.
— Boa tarde, já está na hora do almoço?
— Eita, tá tendo uma manhã puxada, né? — ele faz que sim com a cabeça.
— Nem me fala, hoje tá sendo problema atrás de problema — sua voz soa até cansada.
— Cadê sua irmã?
— Essa aí mudou de ideia e foi pro hotel depois do encontro, bem que eu adivinhei que ela não iria querer ficar aqui.
— Se eu soubesse tinha trago ela pro almoço na tia — digo lamentando.
— Vai por mim, Julia só vai acordar mais tarde, conheço a peça — Rubens ainda parece preocupado, o assunto do Mariano ainda está o incomodando, tenho certeza, queria poder tirar isso de sua cabeça.
— Beleza então, vamos almoçar a tia deve está esperando.
Como já era esperado a tia estava contando que Júlia almoçaria com a gente, Rúbens se desculpa pela irmã e então sentamos para comer, a tia ficou triste dá pra ver na cara dela, mesmo tentando disfarçar, devia ter tentando trazê-la, mas também não tinha como saber que ela está na cidade e não aqui.
— Hoje não vamos poder demorar muito, temos muito trabalho, tanto Antônio quanto eu, mas obrigado pelo almoço, tia, tava uma delícia.
— Tava mesmo tia —digo concordando com Rubens.
— Tudo bem, mas olha levem o bolo de milho que eu fiz, assim vão poder tomar café com bolo mais tarde na hora da merenda — a Tia Marli adora nos mimar e não vou negar que adoro ter uma tia tão calorosa assim.
— Obrigado tia — Rubens agradece recebendo nossa marmita com bolo.
Vou com ele até em casa, mesmo com muita vontade de ficar com ele e transamos até que Rúbens esqueça de todos os problemas, infelizmente preciso trabalhar e pior que ele também, antes que esqueça falo com ele sobre a Luana tocar no pub.
— O que você quer fazer? — Ele me pergunta.
— Macho sendo bem honesto com você, não queira ir não, ela vai ficar puta de me ver lá com você e sua irmã, pode até pensar que ter levado a Júlia só para provocá-la se liga.
— Faz sentido, melhor evitar problemas — me sinto aliviado por ele ter entendido meu ponto e não ter me interpretado mal.
— Estou pensando onde posso levar sua irmã, agora que não vamos ao pub — estou pensando, mas nossas opções são bem limitadas.
— Deixa que eu vou cuidar disso, eu só vou precisar de uma carona a noite pro hotel que ela está e de resto eu resolvo — Rubens parece pensativo.
— Tem certeza, você ainda não saiu sozinho por aqui desde que chegou — não gosto da ideia, mas entendo que eles precisem conversar, então devo respeitar o momento entre irmãos.
— Tudo bem, eu te levo e posso servir de motorista para vocês — quero que ele me veja com alguém útil.
— Não quero abusar — ele diz timidamente.
— Você não abusa, sabe disso, posso levar você e buscar depois também.
— Você já está tendo um dia de cão, tem certeza que não vai está muito cansado? — É meio fofo que ele fique se preocupando comigo assim, até que gosto.
— Tô te falando, não tem problema nenhum, vai dar certo relaxa.
Me despeço do Rubens com um beijo — coisa que já está se tornando normal entre a gente — depois sigo para a granja, o veterinário da própria granja é amigo meu, ele foi que fez essa ponte dos donos comigo. Quando chego ele me recebe na portaria como sempre e me acompanha durante toda a vistoria, gosto muito dessas visitas pois ele sempre tem algo de interessante pra debater comigo sobre nossa profissão, isso me desafia a ficar afiado nas notícias e novidades do mundo veterinário.
— Soube que o Alex te deixou na mão essa semana — estava esperando algum comentário sobre alguma matéria que tivesse saído nas revistas de veterinária e não algo desse tipo.
— Quem te contou?
— Tenho minhas fontes meu amigo, eu te falei que trabalhar com o Alex tem dessas coisas.
— Nada haver Átila, já trabalho com ele a muito tempo e nunca tive problema — defendi meu amigo.
— Você tem que começar a pensar grande Antônio, se matou de estudar e está perdendo tempo com caras como o Alex, você podia estar ganhando muito mais aqui, ou nas fazendas, eu te coloco em uma fazendo top até o final da semana, basta você querer meu amigo.
— Não quero me mudar Atila e outra você sabe muito bem que não estou na ong por causa da minha amizade com Alex, estou lá porque eu gosto e quero fazer a diferença — digo totalmente convicto das minhas escolhas de vida.
— Nunca vi um cara mais sem ambição, viu meu amigo — Atila continua me julgando, mas pelo menos seguimos com a visita.
Meu trabalho aqui durou a tarde todo como normalmente acontece, mas algo não me saiu da mente durante todo o trabalho, como o Átila ficou sabendo sobre o Alex, não gosto disso e nem muito menos de ver outras pessoas falando mau da ong, tem gente que só quer uma chance para diminuir nosso trabalho lá, isso porque as ong ajudam bastante as pessoas e na cabeça de gente ambiciosa prejudica o trabalha das clínicas particulares, mas isso não existe, o mercado é amplo e atendo tanto na ong quando na clínica, sei exatamente que elas não estão competindo.
— Oi Gessika, tudo bem — ligo pra ela assim que entro no Fuscão — me diz uma coisa: você comentou com mais alguém sobre a falta do Alex ontem?
— Claro que não, só falei pra você o motivo dele ter faltado inclusive.
— O Átila me comentou sobre hoje quando vim trabalhar na granja — estou encantado com essa história.
— Olha pode ter sido algum paciente que falou — ela sugere.
— Não porque os pacientes sabem que dia de quarta eu atendo sozinho mesmo, não tinha como ninguém além da gente saber que Alex iria me ajudar nesse dia, alguém que soube andou espalhando essa história e não gosto disso.
— Olha, além da gente só os meninos aqui sabiam, a Cíntia e o Juliano — pior é que Gessika tem razão, só pode ter sido um dos dois.
— Quando o Alex souber que estão falando mau dele isso vai ser uma confusão, se é que ele já não ficou sabendo.
— Mesmo assim Antônio, ele vacilou com você né, nesse caso não tem muito como defender ele — ela tem razão, mesmo assim não gosto de que falem da ong e nem do meu amigo.
— Vou deixar isso quieto pra evitar uma confusão maior, mas se eu souber que alguém anda fazendo fofoca pra quem não deve vou ter que tomar providências — digo bem sério e Gessika tenho certeza vai ficar de olho a partir de agora.
Se Átila sabe pode ter certeza que muita gente já tá sabendo também, que o Alex deixou a ong nas minhas costas mesmo depois de ter se comprometido, são só entre nos não tem nem o até debater, ele vacilou, mas acontece vida que segue, agora isso na boca de outras pessoas vai gerar um falatório que não vai ser nada bom, já estou prevendo dor de cabeça, Alex é muito gente boa, mas mata e morre pelo trabalho que fazemos, ele vai ficar puto com essa história.
Agora não tem muito mais que eu possa fazer, então vou para casa buscar o Rubens para levá-lo até sua irmã, no caminho Luana me manda uma mensagem falando que vai tocar no pub e para minha surpresa está me perguntando se quero tocar com ela, não sei o que responder, Luana sabe que música é uma das minhas maiores paixões e até já estava sentindo falta pensando que nunca mais me apresentaria com ela e possivelmente com mais ninguém, mas agora esse convite repentino, sendo que ela me bloqueou quando falei que era melhor terminar.
— Tem certeza que é isso que você quer? — Pergunto por mensagem depois de estacionar o carro na garagem de casa e logo ela me responde.
— Tenho sim, o fato de não estarmos mais juntos não quer dizer que eu queira você fora da minha vida, andei pensando e acho que podemos tocar como amigos.
— Tudo bem então, a irmã do Rubens veio visitá-lo, vou chamá-los e assim ela conhecer o pub também — achei melhor avisar logo para não ter surpresas.
— Ótimo, te encontro no pub então — ela responde.
— Não quer que eu te busque?
— Melhor não, vamos tentar tocar juntos primeiro e depois a gente vê como o resto fica — achei muito maduro da parte dela e talvez uma amizade entre nós seja a melhor opção mesmo.
— Então até mais, te encontro no pub então.
Rubens está em reunião então não o incomodo, vou direto pro banho, ainda tenho um tempo até a hora de sairmos, após o banho vou pra cozinhar fazer um lanche, estou morto de fome, meu dia foi muito cansativo, mas só em saber que vou tocar daqui a pouco já sinto minhas energias voltando pro corpo, estou me sentindo grato por Luana ter pensando na nossa amizade, isso até me faz lembrar dos motivos de ter namorado com ela.
Luana é uma mulher forte, bonita, muito esforçada e principalmente uma excelente companhia, ela estava certa quando falou que não me sentia presente na relação, sempre priorizei o que ela queria e deixei meus próprios pensamentos e desejos de lado, então se tem um culpado por termos chegado onde chegamos esse culpado sou eu, ela me queira presente na relação e só entendi isso agora.
Fiz parecer que não me importava com a nossa relação, de certa forma isso a deixou insegura o que por consequência causou nossas discussões, quando finalmente explodi e comecei a falar o que eu queria e achava da nossa relação já era tarde demais. Agora tenho a chance de ser um bom amigo pelo menos, de firmar nossa parceria tocando junto pela cidade como bons amigos.
— Oi, como cê tá? — Rubens apareceu na cozinha com uma cara péssima.
— Tô bem, o que aconteceu?
— Coisa do trabalho, desculpa, mas não posso te contar.
— Tranquilo eu entendo, mais aí a Luana me ligou e me convidou para tocar com ela hoje lá no pub — Rubens me encara em silêncio — mas só na amizade, ela disse que ainda podemos ser amigos a acho que quero isso.
— Que bom, fico feliz por você — fala Rubens sem muita felicidade na voz, o trabalho deve ter sido mais sério do que parece.
— Você está bem mesmo?
— Estou, só quero resolver logo o lance com a Júlia e dar esse dia por encerrado.
— Pensei que como vou tocar no pub vocês podiam ir — digo tentando não parecer muito ansioso com isso.
— Desculpa Antônio, estou sem clima hoje, depois de falar com ela vou querer só descansar mesmo.
— Tudo bem, eu posso te trazer de volta antes de começar o show, vai dar tempo — falei.
— Não precisa sério, eu volto de táxi.
— Por favor, Rubens, ou pelo menos me esperar então, assim que o show acabar eu passo no hotel e te busco — insisto.
— Tá, pode ser.
Levo Rubens até o hotel onde sua irmã está hospedada e depois vou para o pub. Acabei chegando um pouco mais cedo do que devia, mas também não tem problema, vou arrumar o som e deixar tudo no ponto para quando Luana chegar começarmos o show na hora certinha,
A casa está lotada e só em saber que vou tocar já me dá um frio na barriga, gosto da sensação de me apresentar aqui, pois toda vez parece que será a primeira vez, o clima do pub da Serra é do caralho. Aos poucos vou vendo alguns conhecidos inclusive Alex e Karla, mas antes que possa falar com eles Luana chega onde estou — porra ela está muito linda com um vestido azul escuro lascado na perna, essa mulher é uma deusa.
— Demorei? — Ela pergunta com um dos seus sorrisos simpáticos.
— Eu que cheguei cedo, relaxar, já passei o som tá tudo certo — digo orgulhoso de mim mesmo.
— Ótimo, obrigado, mas aí cadê o Rubens e a irmã dele?
— Rubens está indisposto hoje e sobre a irmã dele — mal fechei minha boca quando percebi a presença da Júlia brotando do meu lado.
— Falando de mim? — Ela entra no meio da conversa.
— O Rubens mudou de ideia? — é a primeira pergunta que me vem à cabeça.
— Sobre o que? — Julia pergunta confusa.
— Ele falou que não iria vir — digo.
— E ele não veio, eu vim só.
— Ele ficou no hotel? — Pergunto.
— Aí já não sei, eu estava com um amigo e ele acabou de me deixar aqui, não passei no hotel antes de vir — eles se desencontraram — pensei que você tinha dito que não viria pra cá hoje.
— Pois é foi de última hora, eu até chamei seu irmão, mas ele quer falar com você algo importante — não falo sobre o assunto pois não cabe me meter nos assuntos deles.
— Vou ligar pra ele, Rubens devia ter me avisado que estava indo pro hotel, mas relaxa que a reserva está no nome dele, a essa hora ele deve está me esperando no quarto — Julia não pareceu nem um pouco preocupada.
Como já estamos na nossa hora, apenas faço uma rápida apresentação delas antes de ir para o palco, não entendo como Julia fez amigos assim tão rápido, porém ela está em uma mesa cheia de gente como se fosse amiga íntima de todos ali, definitivamente ela é bem diferente do Rubens, ele já parece ter dificuldade em confiar e fazer amigos.
O show começa já com a animação lá em cima, tô pensando no Rubens que deve tá bem puto por ter se desencontrado da Julia, assim que o show acabar vou buscá-lo e levá-lo pra casa, ele deve está bem cansado e querendo ir embora para casa, me incomoda que em partes ele esteja assim por causa do seu ex, mesmo que não me diga eu sei que o Mariano é a causa por ele está tão estressado hoje, em casa vou dar um jeito de tirar esse ex da cabeça dele, nem que seja só por hoje a noite.
Embora meus pensamentos estejam no Rubens agora meus dedos dedilham os acordes no violão quase como se tivessem vontade própria, o show está seguindo do jeito que o povo gosta e tocar com a Luana que é uma cantora insana é bom demais.
— Gente eu queria pedir a vocês que me ajudem agora cantando essa música comigo ouviram? — Luana joga para a plateia até aplaudir e confirma que sim.
Luana começa a puxar uma música romântica do célebre Tim Maia, ela canta junto com um coro da plateia, só que durante toda a música Luana canta olhando para mim, bem no fundo dos meus olhos, é estranho é até um pouco desconfortável dado ao fato de que ela mesma disse que quer seguir como amiga, seu olhar diz outra coisa, porém não quero me precipitar, pois ser apenas parte de sua performance, o público normal gosta desses momentos românticos de casal na palco.
O público curtiu tanto que pediu bis, para encerrar ela foi em outra do Tim, porém uma mais animada — “Gostava tanto de você” — todos ainda cantam com ela deixando tudo meio surreal, acho que nunca tivemos uma apresentação com essa energia, queria que Rubens estivesse aqui, talvez essa energia pudesse deixá-lo mais animado.
A apresentação chega ao fim e somos aplaudidos, quando desço do palco procuro Julia com os olhos, mas não vejo ela em canto algum, deve ter voltado pro hotel para encontrar com Rubens, quando pego meu celular no bolso para ligar para ele, Luana me acompanha e me chama.
— Antônio, foi incrível, obrigado por ter aceito — ela diz enquanto me acompanha até o Fuscão.
— Foi mesmo, não sei explicar, mas a energia hoje foi diferente, gostei muito também — Luana abre um sorriso largo e é até curioso, fazia tempo que não a havia sorrindo assim.
— Somos perfeitos juntos — Ela diz e faço que sim concordando que nossa dupla manda muito bem, porém acho que ela entendeu outra coisa então sem que eu pudesse ter qualquer reação Luana segurou minha nuca e me beijou.
O beijo da Luana já encaixou tantas vezes com o meu e por muito tempo pensei que era o melhor beijo do mundo, mas acontece que no segundo em que sua boca encostou na minha tudo que consegui pensar foi que não deveria está fazendo isso, por isso a afastei no mesmo instante, porém antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa ouço a voz da Júlia.
— É parece que cheguei tarde mesmo — quando olho para ela meu coração para de bater Rubens está em pé ao lado da irmã.
— Rubens, eu posso explicar — é a primeira coisa que vem na minha mente e que falo sem me importar com mais nada.
Rubens apenas dá meia volta e saí sem me ouvir ou sem nem me deixar explicar, Luana segura meu braço quando tento ir atrás dele, ela está falando mil coisas, mas não consigo focar no que ela está dizendo, nem se quer a escuto, então pensa me livro de sua mão no meu braço e corro atrás do Rubens, ele precisa saber que não beijei ela, que não faria isso com ele, ele precisa me ouvir caralho.
Vou atrás dele pelo estacionamento do pub, mas os minutos que perdi com Luana né segurando foram o suficiente para perdê-lo de alcance, ele entrou no carro da Gessika e se foi — nem sei o que ela faz aqui também estou completamente perdido — mas preciso alcança-los, então volto pro Fuscão ainda sem pensar direito, só preciso falar com ele.
— Porra — dou um soco no volante ao entrar no carro.
— Tanto Luana quando Júlia ficam paradas no estacionando sem entender o que está acontecendo, mas não me importo com elas agora, só tenho uma preocupação no momento que é explicar pro Rubens que ele não viu o que acha que viu, não posso deixá-lo achar nem por um segundo que faria algo assim com ele, ainda mais porque me importo muito com ele.
Durante todo o caminho pra casa tento ligar para o seu celular, mas seu telefone está desligado, puta merda, ele não devia está ali, não era pra ele ter ido, puta merda, não entendo porque estou tão puto, mas sei que não quero que ele fique bravo comigo, não posso perder a sua amizade, a cara que ele fez quando me viu beijar do a Luana, droga, porque ela fez isso? Porra!!!
Gessika está com ele então tendo ligar pra ela, mas ela não me atende também, puta merda cara, me atende porra, eu não acredito nisso, o que Luana tem na cabeça, ela disse que queria ser só minha amiga, será que fui tão ingênuo ao ponto de achar que ela realmente só queira ser minha amiga, tu deveria ter seguido meu instinto na hora em que ela cantou aquela música e ter cortado seus planos na mesma hora, ela simplesmente pensou que eu iria terminar com ela e voltar só porque estávamos dividindo palco denovo?
Agora estou dirigindo feito um maluco rezando para que o Rubens tenha ido pra casa e mais ainda que ele me deixe explicar o que rolou, porque ele não me deixou explicar, droga ele não tinha que ter saído simplesmente, droga nem me deixou falar nada, já foi tão difícil conquistar sua confiança, estou me sentindo mal, mesmo sabendo que não tive culpa, ou talvez tenha tido culpa sim, me deixei levar pela conversa da Luana sobre amizade sem pensar muito no que isso poderia significar se verdade. Agora tô fodido, ele vai me ouvir, vou me desculpar por ter sido tão impulsivo e também vai acreditar que não quis beijá-la, ele precisa acreditar.
Rubens me mostrou um mundo novo, ele precisa saber que estou nessa também, que não estou só brincando com ele, Rubens é um cara e isso ainda é muito estranho na minha cabeça, mas acontece que quando estamos juntos tudo é tão fácil e tão excitante, ele precisa saber que o respeito e que ele não é uma aventura qualquer, Rubens tem que acreditar em mim, se não não sei o vou fazer.