A sala estava imersa em penumbra, com apenas a luz de um abajur lançando um brilho amarelado sobre a mesa de mogno. Marcelo, pálido e visivelmente debilitado, apertava uma toalha contra a testa suada. Suas mãos tremiam, e cada respiração parecia um esforço monumental. Diante dele, sentado com uma postura relaxada mas olhos penetrantes, estava Vicente "El Tiburón" Montalvo, um dos mafiosos mais temidos da América do Sul.
— Foi difícil achar você, então vou ser direto.- Preciso de um coração para ontem, estou morrendo...- disse Marcelo.
- Mais um jogando com o tempo.— disse Vicente, enquanto acendia um charuto, soltando a fumaça de forma calculada. — Não é fácil conseguir um coração... especialmente um compatível.
— Eu sei muito bem disso, Sr. Vicente! — retrucou Marcelo, batendo a mão na mesa, mas logo levando a outra ao peito, como se quisesse acalmar o coração.- Eu faria qualquer coisa, pagaria qualquer preço.
- Acalme- se ou irá morrer agora ! - disse El Tiburón de forma rude.
- Desculpe Sr. Vicente !!
Vicente inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa.
— Faria qualquer coisa, você diz? — perguntou, com um sorriso frio. — Porque nesse mundo, favores como esse vêm com um custo... um custo que nem todos estão dispostos a pagar.
Marcelo apertou os olhos, sentindo a pressão aumentar.
— Apenas encontre o coração. Eu não me importo com o preço. Apenas faça isso antes que seja tarde demais.
Vicente riu, um som grave e quase cruel.
— Você sempre foi direto, Marcelo. Mas sabe... às vezes o preço é mais do que dinheiro. Vamos ver o que posso fazer — concluiu Vicente, apagando o charuto no cinzeiro com um movimento firme.
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O silêncio da madrugada era quebrado apenas pelos sons de passos apressados e vozes abafadas na delegacia. Leônidas, Aldo, Pia, Roberto e Miguel ocupavam celas diferentes, mas compartilhavam o mesmo peso de uma noite turbulenta. Aldo permanecia em sua cela, os olhos fixos em um ponto qualquer, enquanto Miguel, na cela ao lado, o observava em silêncio. O clima era tenso, uma carga de emoções contidas pairava no ar.
Plínio, o delegado, chamou Leônidas para uma conversa. Com passos lentos, Leônidas atravessou o corredor, sentindo os olhares dos outros presos em suas costas.
— Temos um problema — começou Plínio, encarando-o com seriedade. — Encontramos Felipe, fizemos um cerco, e ele escapou.
O nome de Felipe era suficiente para gelar o sangue de Leônidas. Ele não precisava de mais explicações; sabia que o homem que quase tirou sua vida estava livre novamente.
— E o que isso significa para mim? — questionou Leônidas, tentando manter a compostura.
— Significa que você está no topo da lista dele — respondeu Plínio, direto. — Eu sugeriria que tomasse cuidado. Felipe é perigoso, e agora está mais desesperado do que nunca.
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Horas depois, quando a madrugada já avançava, Plínio ordenou a liberação de todos. Miguel insistiu em acompanhar Leônidas até em casa, mas Leônidas o despachou assim que chegaram.
— Obrigado, Miguel, mas eu preciso de um tempo sozinho. Vai pra casa.
Miguel hesitou, mas acabou obedecendo, deixando Leônidas com seus pensamentos. No entanto, sua solidão foi interrompida pelo toque do celular.
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Na mesma noite...
Marcelo estava em seu escritório, lidando com documentos. Felipe entrou sem ser anunciado, com um sorriso frio.
— Precisamos conversar — disse Felipe.
Marcelo ergueu o olhar, impassível.
— O que você quer?
— Quero que você me ajude a fugir — respondeu Felipe. — E antes que diga não, saiba que eu sei sobre sua tentativa de comprar um coração no mercado ilegal.
Marcelo franziu o rosto, mas não perdeu a compostura.
— Você está brincando com fogo, Felipe — respondeu Marcelo, em tom ameaçador. — Sabe o que acontece com quem tenta me cruzar?
— Sei muito bem. Mas sei também que você não tem outra escolha — rebateu Felipe, com um sorriso presunçoso. — Ou me ajuda, ou todos saberão sobre seus segredos.
Marcelo, pressionado, cedeu. Ele sabia que a situação poderia se complicar ainda mais se Felipe revelasse a verdade.
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No meio da noite, Leônidas estava sentado no sofá, encarando o vazio, o telefone tocou.
- Oi Márcia, estou em casa, acabei de chegar.
- Desculpe, nunca iria imaginar como nossa noite ia terminar desse jeito.- disse Márcia.
- Ah my love, comigo é sempre um acontecimento. Alex já dormiu ? - perguntou Leônidas.
- Sim, o coitado ficou bem nervoso vendo vocês serem levados pela polícia. O coitado cansou de esperar e adormeceu.
- Amanhã eu passo aí para buscá-lo. Μas preciso mudar de assunto.
- O que foi ?
- Felipe quase foi preso. Mas uma vez aquele caramujo escapou. Ele está em um comportamento errático, e estou com medo. Preciso de seguranças para nós. Consegue arrumar ? - disse Leônidas.
- Sim, vou arrumar o mais rápido possível. - Desculpa, mas você está colhendo o que plantou. Sempre disse que essa ideia , da Olga fingir ser a Luiza iria dar merda. - disse Márcia.
- Ué Márcia ? Eu precisava derrubar aquela corja de ordinários. E aquela polaca safada era ideal para isso. Vamos parar com essa choradeira !!!- disse Leônidas.
- Ok, Dr. A gente se vê amanhã! - disse Márcia.
- Beijinhos quérida. -disse Leo.
A solidão de Leônidas foi interrompida mais uma vez, quando campainha tocou, e ele se levantou com relutância. Quando abriu a porta, lá estava Aldo, com o semblante carregado de arrependimento.
— Ah porra ! Quem deixou você subir? -disse Leônidas.
- O porteiro, ué. O cara é muito fã do Touro. -disse Aldebaran
- Vou mandar demitir, o Sr. Jorge. - disse Leônidas puto.
- Não vai me deixar entrar ? -disse Aldo.
- O que veio fazer aqui, Aldo? — perguntou Leônidas, cruzando os braços.
— Eu preciso falar com você — respondeu Aldo, a voz rouca. — Preciso que você me ouça... Preciso pedir perdão.
Leônidas deixou Aldo entrar, mas manteve distância. Aldo caminhou até o centro da sala e se virou para encarar Leônidas.
— Eu fui um covarde — começou Aldo. — Você sempre foi alguém que me mostrou quem eu realmente sou, mas eu... Eu não consegui lidar com isso. Eu feri você, feri Pia, feri a mim mesmo. Não tem desculpa.
Leônidas balançou a cabeça, os olhos refletindo dor e ceticismo.
— E acha que só pedir desculpas resolve tudo? — perguntou Leônidas, com tom amargo. — Você jogou meu coração no chão, Aldo. Não é tão simples assim.
A conversa se tornou mais intensa. Aldo se aproximou, desesperado.
— Não é simples, eu sei! — exclamou. — Mas eu te amo, Leônidas. E eu nunca deixei de amar.
A tensão entre eles era quase tangível. Aldo segurou o rosto de Leônidas, como se quisesse fazer ele entender sua sinceridade. Após alguns segundos de silêncio, Leônidas o empurrou em direção à porta, porém Aldo agarrou os braços de Leônidas e os dois não conseguiram resistir. A mistura de raiva, mágoa e desejo culminou em um beijo. Eles se entregaram completamente, com paixão quase explosiva.
Cada movimento parecia ser carregado de anos de emoções reprimidas.
Aldo o prensava contra a parede com uma força quase brutal, como se quisesse espremer dele tudo que restava de resistência. Leônidas arfava, os olhos semicerrados, a testa encostada no gesso frio. Sentia cada centímetro de Aldo por trás, o corpo quente, suado, empurrando fundo dentro dele com investidas violentas, cruas, como se o sexo fosse uma guerra silenciosa entre dor e desejo.
As mãos de Aldo estavam cravadas em sua cintura, os dedos firmes como garras, e cada estocada fazia o corpo de Leônidas estremecer contra o concreto. Os gemidos dele eram baixos, abafados, mas carregados de uma entrega involuntária. Aldo o dominava por completo, transformando cada impulso em uma afirmação: você é meu, mesmo quando diz que não é.
— Olha pra mim — ordenou, a voz rouca e grave, puxando o rosto de Leônidas de lado para que pudesse encará-lo no espelho.
Leônidas obedeceu, os olhos marejados, a boca entreaberta. Viu o próprio reflexo: despenteado, vulnerável, tomado. E viu Aldo atrás de si — o rosto tenso, o maxilar travado, os olhos escuros cheios de raiva e luxúria. O contraste entre os dois corpos — um marcado pelo excesso, outro pela fome — era quase poético em sua crueldade.
Aldo o virou com um puxão e o jogou na cama com brutalidade. Leônidas caiu de costas, as pernas abertas num convite mudo, o peito arfando. O olhar de Aldo percorreu o corpo exposto com a fome de um predador. Ajoelhou-se entre suas coxas e passou a língua por toda sua extensão, devagar, saboreando cada reação. Leônidas gemeu alto, os dedos apertando os lençóis, o corpo se arqueando ao sentir a boca de Aldo devorando-o com pressa e violência.
Depois, sem aviso, Aldo o penetrou de frente. Leônidas engasgou no próprio grito, agarrando os ombros do lutador com força. Agora era diferente: Aldo o encarava, e o ritmo era mais lento, mais fundo. Como se estivesse escavando algo dentro dele. Como se quisesse ver até onde Leônidas aguentava.
— Você me odeia, Aldo? — ele perguntou, os olhos fixos nos dele.
Aldo rosnou baixinho, os quadris batendo com mais força. — Odeio o quanto eu te quero — respondeu, antes de morder seu lábio inferior com uma brutalidade que beirava a ternura.
A intensidade aumentava, os corpos suados colados, o cheiro de sexo impregnando o ar. Leônidas gozou primeiro, com um gemido rouco, apertando os braços de Aldo como se fossem âncoras. Aldo veio logo depois, com um grunhido baixo, quase animal, enterrando o rosto na curva do pescoço dele enquanto o corpo inteiro tremia.
Ficaram ali, colados, por longos minutos. A respiração pesada, o quarto mergulhado em silêncio. O mundo parecia suspenso, prestes a desabar.
— Sem tirar de dentro, se não acabo com você.— Leônidas sussurrou, sem abrir os olhos.
Aldo não respondeu. Mas também não se moveu.
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A noite era densa e sufocante, e o presídio ainda parecia uma fortaleza em alerta. Poucas horas antes, uma fuga havia provocado o caos: um grupo de presos tentaram escapar sob a cobertura da escuridão, mas a maioria foi recapturada rapidamente. As ruas ao redor estavam cheias de policiais em patrulha, lanternas cortando o breu, enquanto buscas pelos fugitivos restantes ainda continuavam.
A policial Amanda Bechara dirigia lentamente por uma estrada secundária, perto da área cercada do presídio. Seu olhar atento varria o cenário, e o rádio em seu carro permanecia ativo, transmitindo atualizações sobre a operação. Foi então que um reflexo metálico chamou sua atenção. Amanda diminuiu a velocidade e avistou um carro de luxo, prateado, estacionado próximo a um terreno baldio.
Ela franziu a testa, ligou os faróis altos e parou o veículo a poucos metros. Aquilo era inusitado. Em uma noite de tanto tumulto, um carro tão chamativo estacionado ali só poderia ser algo suspeito. Amanda pegou sua lanterna, apertou a mão no cabo da pistola e caminhou cuidadosamente até o veículo.
— Central, aqui é Bechara — murmurou no rádio, os olhos fixos no carro. — Veículo de luxo identificado próximo ao perímetro do presídio. Aparentemente abandonado. Vou verificar.
A oficial caminhou com passos leves, o som de suas botas abafado pelo terreno arenoso. O carro estava impecável, reluzente mesmo sob a pouca luz. A janela do motorista estava levemente aberta, o suficiente para que Amanda sentisse o cheiro metálico e denso que emanava do interior.
Ela iluminou o interior com a lanterna, e o que viu a fez prender a respiração. Uma mulher estava no banco do motorista, o corpo inclinado para o lado, como se tivesse perdido o controle antes de morrer. Era loira, muito elegante, com um vestido preto justo que destacava a barriga levemente arredondada. Estava grávida. Mas o mais perturbador era a cena de violência: havia sangue cobrindo o tórax e o abdômen da mulher, com marcas de tiros evidentes — um no coração e três outros espalhados pelo peito e pela barriga.
Amanda recuou, o estômago revirando. Era um crime brutal, e ela sabia que aquela mulher não era apenas uma vítima qualquer. Pegou o rádio novamente.
— Central, eu tenho uma vítima feminina, aparentemente grávida. Está morta dentro de um veículo de luxo. Local próximo ao presídio. Precisamos de reforço.
Após recuperar o fôlego, Amanda deu a volta no carro. No banco do passageiro, viu uma bolsa de couro fina. Abriu-a com cuidado, retirando os documentos. A luz da lanterna revelou o nome da vítima: **Luiza Sampaio**. Amanda ficou momentaneamente paralisada. O nome era familiar, provavelmente de algum dossiê relacionado ao presídio. Luiza tinha conexão com aquele lugar. Mas qual?
Antes que pudesse refletir mais, um estalo vindo do mato próximo a fez girar bruscamente com a arma em punho. O vento carregava sussurros inquietantes, mas Amanda não viu ninguém. Ainda assim, não podia ignorar a sensação de que algo, ou alguém, estava observando.
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Depois de vários rounds de frenesi de aço e pele, Aldo permaneceu sobre Leônidas, os corpos ainda colados, as respirações ofegantes trocando calor no lençol amarrotado. O quarto ficou em silêncio, preenchido apenas pelo som dos batimentos acelerados e do coração de Leônidas que ainda doía, pulsando em ecos de desejo e raiva. Aldo deslizou o rosto até encostar a testa na do outro, os dedos deslizando pelo cabelo loiro, como se buscasse consolo na curva do seu pescoço.
Leônidas levantou os olhos, encarando-o no escuro. O rosto de Aldo estava suavizado pela rendição, mas os olhos ainda traziam aquela centelha de conflito. Por um instante, os dois permaneceram ali — dois homens nus, com feridas visíveis e invisíveis — compartilhando um momento que nenhum dos dois sabia o que significava.
Aldo então empurrou-se para fora da cama, vestindo lentamente a calça, e ergueu uma pequena caixinha prateada que guardara no bolso. Abriu-a diante de Leônidas: dentro, repousava uma medalha de São Bento.
— Eu sei que é atrasado... — Aldo murmurou, com voz seca — Mas feliz aniversário. Quero que isso te proteja, como você sempre alegou querer proteger a mim.
Leônidas ficou imóvel, a respiração ainda ofegante. A medalha brilhava sob a luz fraca, um símbolo de fé que soava, para ele, como mais uma promessa frágil.
— Obrigado — disse Leônidas, num sussurro contido. Pegou a medalha com dedos trêmulos, sentindo o peso metálico na palma da mão.
Aldo se aproximou, procurando os olhos dele, mas Leônidas desviou o olhar. O silêncio voltou a se alongar como um túnel sem saída.
— Eu… sinto muito — ele começou, pousando a mão no ombro de Leônidas.
Leônidas engoliu em seco, sentindo o nó na garganta se reverter em raiva contida. Ergueu a medalha à altura do peito de Aldo:
— Chega. — Sua voz ficou firme, cortante. — Não quero desculpas. E também não quero isso.
Com um gesto preciso, Leônidas tirou o cordão, deslizou-a de volta para dentro da caixinha e a empurrou em direção a Aldo.
— Não quero ! — As palavras foram ditas sem hesitação.
Aldo fechou os dedos em torno da caixa, a expressão enregelada. Num balbuciar, ele tentou protestar, mas nada mais parecia caber naquele espaço — nem a fé, nem o arrependimento, nem o desejo.
Leônidas se levantou, vestiu a camisa. Cada movimento era carregado de despedida. Aldo ficou parado, observando-o, impotente.
— Você pode ir. — Leônidas apontou para a porta com o que restava de dignidade em seu olhar.
Aldo hesitou, o corpo imenso bloqueando o batente por um instante, mas não disse nada. Virou-se e se afastou, puxando a caixinha contra o peito; o som da porta fechando-se atrás dele soou como um golpe final.
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Naquela maldita noite , Marcelo estava novamente no escritório de Vicente. Desta vez, a tensão era palpável. Vicente estava recostado em sua poltrona, com um olhar de puro tédio.
- De novo senhor Marcelo, o que trouxe você aqui ,novamente a me perturbar ? - disse Vicente.
— Felipe, meu genro está me chantageando, Vicente. Quer dinheiro e quer que eu o mande para o exterior. Eu preciso que você me ajude a cuidar disso — disse Marcelo, a voz falhando no final.
— Felipe, o ratinho insolente, né? — disse Vicente, levantando uma sobrancelha. — E você quer que eu o mande embora? Só isso?
— Sim. Eu pago o que for necessário. Apenas resolva isso para mim.
Vicente ficou em silêncio por alguns segundos, tocando o queixo como se estivesse avaliando a situação.
— Não gosto de fazer favores sem retorno, Marcelo. Mas... talvez eu tenha algo em mente.
Marcelo respirou fundo, já sabendo que o pedido viria com um preço alto.
— O que você quer?
— Felipe, certo? — Vicente sorriu de lado. — Eles podem ser úteis. Quero que levem algo para mim... até atravessarem a fronteira.
— Contrabando? — Marcelo perguntou, com uma expressão de horror.
— Exatamente. Não é nada complicado. Ele leva uma carga dentro de si, e pronto. Estará fora do país antes que perceba— explicou Vicente, casualmente.
Marcelo hesitou, mas sabia que não tinha escolha.
— Certo. Faça o que precisa ser feito.
Vicente estalou os dedos para um de seus homens, que rapidamente saiu da sala.
— Considere isso feito, Marcelo. Mas me deve um favor e quero uma coisa em troca !!!— disse Vicente, com um sorriso predatório.
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Aqui está a cena detalhada com a intensidade e os elementos que você solicitou:
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No inicio de um novo dia o apartamento de Leônidas estava envolto em uma leve iluminação do sol batendo suavemente na tela do notebook sobre a mesa da cozinha. Ele estava sentado ali, com as mãos tremendo ao redor de uma caneca de café. Os olhos estavam vermelhos e inchados, denunciando momentos de lágrimas. Ao seu redor, o silêncio era opressor, preenchido apenas pelo som ocasional do relógio de parede e das respirações profundas e irregulares de Leônidas.
Ele deslizou os dedos pelo touchpad do notebook, perdido em pensamentos. De repente, um site de fofocas sensacionalistas surgiu na tela. O título chamativo e exagerado brilhou como um golpe no estômago:
**" Correio Paulistano
GRUPO PARAGUAIO ADQUIRE A EMPRESA FAMA: Empresário Marcelo Sampaio vende sua empresa em meio à escândalos e a rumores de problemas de saúde."**
Leônidas hesitou antes de clicar. Ele sabia que aquele site não tinha credibilidade, mas algo o puxava para encarar o que diziam. Com um clique hesitante, a página carregou, preenchida com teorias mal elaboradas, acusações duvidosas e imagens editadas grosseiramente. Um parágrafo em particular chamou sua atenção:
*"Fontes internas afirmam que a venda da FAMA para um grupo paraguaio foi repentina e cercada de mistérios. Até o momento, nem Luiza e Marcelo não se pronunciaram"*
Leônidas apertou os olhos, cerrando os punhos. Uma mistura de dor, indignação e vergonha o tomou. Mesmo sendo um site duvidoso, o impacto daquelas palavras era inegável.
Ele deslizou as mãos pelo rosto, tentando afastar o peso daquele momento, mas foi interrompido pelo som ensurdecedor da campainha. Era alta, urgente, como se rasgasse o silêncio do apartamento.
Leônidas levantou-se, hesitante. Aproximou-se da porta, ainda sentindo as lágrimas secarem em seu rosto. Ao abri-la, deu de cara com o delegado Plínio, com sua presença intimidante e seu semblante impenetrável. Atrás dele, dois policiais uniformizados aguardavam.
— Leônidas Maia? — perguntou Plínio, formalmente.
— Sou eu... — respondeu Leônidas, a voz embargada.
— Você está preso pelo assassinato de Luiza Sampaio — anunciou Plínio, sem rodeios.
Leônidas sentiu as palavras como uma corrente elétrica atravessando seu corpo. Ele recuou um passo, como se a gravidade daquele momento o empurrasse para trás.
— Isso é um engano... — sussurrou ele, tentando processar o que acabara de ouvir. — Eu... eu não fiz isso. Eu não poderia...
Plínio permaneceu impassível, sinalizando para os policiais se aproximarem.
— O senhor tem o direito de permanecer em silêncio. Qualquer coisa que disser pode ser usada contra você... — começou Plínio, enquanto um dos policiais puxava as algemas.
Leônidas tentou protestar, mas sentiu o peso das algemas se fechando em seus pulsos, o frio metálico apertando contra sua pele.
O corredor do prédio parecia mais longo do que o habitual, cada passo um lembrete cruel do abismo em que sua vida estava prestes a cair.
QUERIDOS LEITORES,
ESTAMOS ENTRANDO NA RETA FINAL DA HISTÓRIA.
QUERO SABER A OPINIÃO DE VOCÊS SOBRE OS RUMOS QUE A HISTORIA ESTÁ INDO.
TAMBÉM QUERO SABER, QUEM É O ASSASSINO DA NOSSA HISTÓRIA?? QUERO OUVIR TODAS AS TEORIAS.
DEIXEM COMENTÁRIOS E CURTAM.