28- Sol em Sagitário

Um conto erótico de Lauro Costa
Categoria: Gay
Contém 1856 palavras
Data: 28/04/2025 13:37:09
Assuntos: Gay

Três dias depois.

São Paulo, uma cidade que nunca desacelera, vivia mais um dia corrido, mas a tensão ainda pairava no ar, especialmente sobre Leônidas. O aniversário estava se aproximando, mas ele não conseguia encontrar energia para se importar. Fazia tempo que o significado de comemorar a própria vida havia se perdido em meio ao caos de sua existência.

Márcia, no entanto, parecia não entender a palavra "não". Ela já tinha uma solução: “Vamos ao Vila 567. Eu sei que você não é fã de festa, mas isso vai te fazer bem. Só você e seus amigos, sem complicação.”

Leônidas não precisou de muito para concordar. Ele sabia que não poderia passar mais um aniversário isolado. Então, decidiu convidar Roberto, Miguel e até Alexandre. No fundo, ele sentia que se dissesse não, Márcia insistiria mais ainda. Os filhos de Aldo e Pia nem sequer mandaram uma mensagem. E, embora fosse óbvio, a dor da indiferença ainda cortava.

A noite no Vila 567 estava quente, animada, com a energia vibrante da música ao vivo no ar. Mas, assim que Leônidas cruzou a porta, algo em seu peito se aqueceu.

Aldo e Pia entraram no bar logo depois que Leônidas, com uma calmaria inquietante ao redor deles. Aldo, com parecia caçar Leônidas, e Pia, sempre impecável, como se nada pudesse tocá-la. Eles caminharam direto para a mesa deles, mas a presença de Aldo era um peso que Leônidas preferia não carregar. Ele apenas olhou para seus amigos e ignorou a visão do passado se estendendo diante dele.

Aldo, por sua vez, havia descoberto sobre a comemoração ao ouvir a conversa entre Camila e Alexandre, escondido atrás da porta do quarto. Quando soubera, sentira uma pontada de raiva e, de alguma forma, se convencera de que merecia estar ali. Mentiu para Pia, dizendo que queria sair para se divertir, como se a leveza fosse parte da sua dor.

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A tensão começou a se espalhar pela mesa. Leônidas tentava se manter no seu lugar, mantendo a conversa superficial. O que ele mais queria era esquecer aquele homem, mas a verdade era que não podia. Não naquele momento.

Aldo, com a bebida cada vez mais forte, começava a perder a postura. Sua risada, forçada e descontrolada, não demorou a chamar atenção. Leônidas, sentindo a irritação crescer, ignorou a presença dele, focando no sorriso de Miguel, que tentava animá-lo com piadas. Mas, enquanto isso, Alexandre, que por mais estranho que fosse, parecia estar mais interessado em Leônidas do que ele próprio queria admitir. Um pequeno alívio em meio ao caos.

Enquanto os problemas de Leônidas e seus amigos se desenrolavam, o cerco policial contra Felipe se apertava. A situação dele estava se tornando cada vez mais desesperadora.

No prédio onde Olga morava, a polícia já havia cercado todas as saídas. A tensão estava no ar, e Felipe sabia que não havia mais tempo. Ele se escondeu em um dos apartamentos vazios, o telefone vibrando em seu bolso. As sirenes lá fora faziam o coração dele acelerar.

Olga, com a calma de quem já lidou com muitas situações como aquela, entrou apressada e o puxou para fora, sem hesitar.

— Vamos. Antes que nos peguem.

Felipe, sem palavras, seguiu Olga até o carro. Ela acelerou pelas ruas, desviando das viaturas que estavam por toda parte. Eles estavam fugindo, mas para onde, ele não sabia. Olga o levou até um esconderijo em um local ermo, onde, por enquanto, estariam fora do alcance da polícia. Mas Felipe sabia que a tranquilidade era momentânea. Logo, os problemas viriam para cobrar o preço de suas escolhas.

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Até que num momento Leônidas foi ao banheiro.

Quando saiu, Aldo estava à sua espera. Bêbado, mas ainda com aquele olhar possessivo que Leônidas já conhecia bem. A cena parecia uma repetição, mas agora estava mais densa, mais sufocante. Aldo, sem rodeios, encurralou Leônidas contra a parede do banheiro, pressionando seu corpo contra o de Leo, com um gesto rude que fez o ar se tornar espesso.

— Como você foi rápido, hein? Agora já está se esfregando com outros machos? — a voz de Aldo estava embriagada, sua mão forçando Leônidas a sentir seu toque, de forma quase agressiva.

Leônidas sentiu uma onda de vergonha misturada com raiva. Ele afastou a mão de Aldo, mas o gesto não foi suficiente para acalmar a situação. Em um suspiro tenso, disse, com firmeza:

— Respeito, Aldo. — A palavra saiu da sua boca quase como uma ordem.

Mas Aldo estava perdido, o álcool tornando tudo mais turvo. Ele avançou, suas palavras mais agressivas.

Leônidas, então, o empurrou com força, saindo do banheiro. Ele não queria mais ouvir, não queria mais sentir o peso daquela presença. Chegou à mesa com o coração acelerado, e, para sua surpresa, seus amigos estavam ali, prontos para dar-lhe apoio, como se já soubessem o que havia acontecido.

Miguel, percebendo o estado de Leônidas, o abraçou com a força de um amigo verdadeiro, sem palavras, apenas com o gesto. Mas Aldo, ao ver a cena, explodiu. Sem pensar, levantou-se da mesa e caminhou até eles, seu olhar intoxicado de raiva.

— Aqui não é lugar de viado se esfregar, seu merdinha! — sua voz cortante ecoou no bar.

Miguel, com o mesmo desprezo, respondeu, sem hesitar:

— Cala a sua boca, seu MERDA !!! - berrou Miguel.

Aquela frase foi a faísca que faltava. Aldo, sem controle, partiu para cima de Miguel, e a briga se espalhou rapidamente pela mesa. O som dos socos, o grito de Miguel, a correria dos seguranças, tudo virou um caos.

Logo, a polícia chegou, chamada pelo dono do bar. No fim da noite, Leônidas, Miguel, Roberto, Aldo e Pia estavam todos na delegacia. Márcia, tentando manter a calma, levou Alexandre para casa. O resto ficou, aguardando as consequências de seus próprios atos.

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Em um lugar isolado, as sombras tomavam conta do carro onde Luiza esperava. Ela olhava para o relógio, cada segundo se arrastando. O medo misturado com excitação fazia seu coração bater mais rápido. A fuga de Freitas estava prestes a acontecer, e ela sabia que aquele era o ponto sem volta.

Seu celular vibrou. Era uma mensagem dele: Estou chegando. Prepare-se.

Luiza respirou fundo e olhou pela janela, para a estrada deserta à sua frente. O vento batia levemente, mas a tensão dentro dela não diminuía. A operação tinha que ser perfeita. Não havia mais espaço para erros. Ela estava prestes a tomar um passo que mudaria o curso da sua vida, e não podia voltar atrás.

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O clima no bar estava tenso. A briga com Aldo, a polícia, os amigos na delegacia. E, para Leônidas, tudo parecia uma sequência de erros incontroláveis. Mas o pior ainda estava por vir.

Ao chegar à delegacia, Plínio os recebeu com aquele sorriso debochado, como se tudo fosse uma piada. Ele observou todos com um olhar sarcástico, e a noite ainda prometia mais.

Aldo estava agitado, não apenas por causa da briga com Miguel, mas pela frustração de ver a situação sair de seu controle. Ele se levantou da cadeira, começando a andar de um lado para o outro. Cada passo dele fazia o ambiente se sentir mais sufocante. Pia, sentada em uma das cadeiras, olhava para ele com um desdém frio, mas não dizia uma palavra. O silêncio de Aldo só fazia o clima mais tenso.

Miguel, que estava mais calmo, mas com os punhos ainda cerrados, observava Aldo com um olhar de quem tinha um recado a dar. Ele não ia deixar aquele homem passar em branco. Roberto, por outro lado, tentava ser a voz da razão, mas já sabia que isso era quase impossível quando se tratava de Aldo.

— Troglodita ! Você acha pode fazer o que quiser, Aldo? — Miguel disse, com um tom desafiador. Ele se levantou da cadeira, a tensão nos músculos visível. Seus olhos encontraram os de Aldo, e havia algo mais ali do que simplesmente uma briga de bar. Era como se tudo o que ele sempre quis dizer estivesse se acumulando naquele momento.

Aldo se virou para ele, com um sorriso sarcástico nos lábios. A bebida em seu corpo ainda estava visível. Ele não estava completamente sóbrio, mas estava suficientemente alerta para jogar seu veneno.

— O que foi, viadinho? Se alguém tem algum problema aqui, sou eu. Você não passa de um pedaço de merda que acha que pode falar com alguém como eu... — A raiva de Aldo estava borbulhando, seus olhos estavam agora frios como pedras.

Miguel deu um passo à frente, os dedos se contraindo em uma tentativa de segurar o impulso. Roberto, que até então estava em silêncio, se levantou também, colocando a mão no ombro de Miguel.

— Não vale a pena, cara. Ele quer é te provocar. — Roberto disse, tentando acalmar Miguel. Mas o olhar de Miguel já estava fixado em Aldo, e não havia volta.

— Provocar? — Miguel respondeu, sem tirar os olhos de Aldo. — Ele está desrespeitando a mim e ao Leônidas , Roberto. Não sou eu quem vai engolir isso aqui. Ele precisa entender quem é.

- Miguel concordo com Roberto, ignora esse idiota !!! - disse Leônidas.

Aldo se aproximou, os passos pesados, e, com um tom mais ameaçador, provocou ainda mais:

— Agora quem está me desrespeitando são vocês — Ele olhou Miguel com desprezo, como se estivesse falando com uma criança.

Roberto, frustrado, deu um passo à frente, colocando-se entre os dois. Ele não queria que a situação escalasse mais do que já tinha escalado.

— Chega, Aldo. Não estamos na rua, e você não tem mais poder aqui. Para de causar merda! — Roberto tentou acalmar a situação, mas a gota d'água já tinha sido derramada.

Aldo, completamente descontrolado, empurrou Roberto para o lado. O movimento foi rápido, brutal, e um grito de raiva saiu da garganta de Aldo. Ele foi direto para Miguel, desferindo um soco no rosto dele com força.

Miguel, surpreso, mas não paralisado, revidou na mesma hora. Eles se engalfinharam no chão, trocando socos e se debatendo. O barulho da briga atraiu a atenção dos outros detentos, e rapidamente os policiais da delegacia correram para apartar. Mas a confusão já estava instaurada.

Os polociais tentaram separar os dois, mas Aldo estava fora de controle. Ele gritou, tentando se soltar, enquanto Miguel resistia, mais furioso a cada golpe. A situação rapidamente saiu dos limites, e Plínio, foi chamado para resolver.

— Basta! — Plínio gritou, com um sorriso debochado nos lábios. Ele não parecia preocupado com o caos à sua frente. — Vão passar a noite aqui!!! Coloque cada um em uma cela.

Enquanto isso, Pia, com seu tom venenoso, lançou mais uma ofensa.

— A culpa é sua Leônidas. Olha onde a sua promiscuidade chegou, se oferecendo para todo mundo!

Leônidas, sem perder a compostura, respondeu com uma leveza fria:

— Você é só uma lambisgoia sem noção, e mau comida, Pia.

Aldo, Miguel, Roberto, Pia e Leônidas foram levados para diferentes áreas da delegacia, enquanto as acusações se acumulavam. O clima era pesado, com todos os envolvidos tendo que lidar com as consequências de suas ações.

Plínio, em sua típica postura de quem sabe mais do que os outros, pediu para conversar com Leônidas a sós. O clima estava carregado de suspense. Algo grande tinha acontecido. Algo que mudaria tudo.

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