26- Touro Louco

Um conto erótico de Lauro Costa
Categoria: Gay
Contém 1759 palavras
Data: 28/04/2025 00:58:38
Última revisão: 28/04/2025 02:57:46
Assuntos: Gay

O clima estava tenso no dia da pesagem. Aldo e Viktor Kozlov, o Besta Russa, estavam lado a lado na balança, prontos para medir forças na noite seguinte. Leônidas se manteve à distância, observando tudo com atenção. Pia, como de costume, estava com o celular nas mãos, algo que Leônidas não deixou de notar, mas a tensão entre eles era palpável.

Enquanto isso, Luciana, mãe de Aldo, estava um pouco afastada da agitação, observando a pesagem de seu filho com uma expressão séria. Seus olhos percorriam a multidão, e foi quando percebeu Leônidas, que estava se afastando da área central, que ela decidiu se aproximar.

Leônidas sentiu o peso da presença de Luciana, que se aproximou dele com um olhar calculado.

— Você está muito envolvido com o Aldo, não é, Leônidas? — ela perguntou, sua voz suave, mas cheia de uma leve desconfiança.

Leônidas não respondeu de imediato. Observava a balança onde os dois lutadores estavam, seu olhar fixo em Aldo. Ele não gostava de ser interrompido, especialmente em momentos como aquele, mas sabia que não poderia ignorar a mãe de Aldo.

— Eu só estou tentando ajudar — respondeu ele, mantendo a calma. — Aldo precisa de apoio, e eu... faço o que posso para estar ao lado dele.

Luciana o avaliou por um momento, como se pesasse suas palavras. Ela respirou fundo antes de falar novamente.

— Você sabe, Leônidas... Aldo tem um bom coração, mas ele... — ela hesitou, os olhos ficando um pouco mais suaves. — Ele se desvia quando se envolve com pessoas erradas. E eu não estou falando de você, mas... o que você tem com ele, tudo isso, não me parece o que ele realmente precisa.

Leônidas franziu a testa. Ele nunca foi muito bom com palavras quando se tratava de mães, e a conversa já estava tomando um rumo desconfortável.

— O que você quer dizer? — perguntou ele, ligeiramente desconfiado.

Luciana baixou os olhos, como se estivesse pensando em algo delicado. Ela deu um passo à frente, se aproximando mais de Leônidas.

— Eu quero dizer que ele precisa de uma rede de apoio, Leônidas. Alguém que o ajude a manter os pés no chão. Eu já vi Aldo se perder em suas escolhas, e, sinceramente, ele parece estar no caminho certo com Pia. Ela está trazendo estabilidade para ele. Você... — ela parou e o olhou com mais intensidade. — Não sei se você é o que ele precisa agora. Eu não sei se você vai conseguir mantê-lo no caminho certo.

Leônidas sentiu a tensão aumentar. A conversa estava tomando um rumo desconfortável, mas ele não podia se afastar sem responder.

— Eu só estou tentando ajudar o Aldo. Ele merece o melhor. E o que está acontecendo entre a gente... bem, isso não diz respeito a ninguém. Nem a você, nem a Pia.

Luciana o olhou com um sorriso tenso.

— Eu só quero que ele fique bem. E, por mais que eu respeite o que você está tentando fazer, Leônidas, às vezes, o melhor para ele não é o que ele pensa que precisa. Eu só estou te avisando.

Com essas palavras, Luciana se afastou de Leônidas, deixando-o em um estado de incerteza. Ele não sabia ao certo o que a mãe de Aldo queria com aquela conversa, mas sentiu uma pontada de desconforto. Algo não estava certo ali, e ele sabia que os próximos dias seriam ainda mais intensos do que ele imaginava.

Noite da Luta- Ginásio do Ibirapuera.

O Ginásio Estadual José Geraldo de Almeida estava lotada, com os gritos da torcida reverberando por todo o espaço. Era noite de luta, e Aldo estava no seu ápice, pronto para enfrentar Viktor Kozlov. A tensão estava no ar. Leônidas, mais uma vez, estava ali, no público, observando com intensidade. Ele sabia o quanto aquela luta significava para Aldo.

O telefone vibra na mão de Pia, e ela olha rapidamente para a tela, vendo o nome de Pedro Moraes. Ela respira fundo antes de atender, já sabendo que a conversa não será fácil.

Pia: (com voz tensa) O que você quer, Pedro?

Pedro: (com a voz fria e ameaçadora) Você sabe o que eu quero, Pia. Não me faça perder tempo.

Pia: (olha ao redor, preocupada) Eu não vou te dar o que você quer, Pedro. Aldo vai lutar. Ele vai vencer, e você... você vai continuar onde está: na sua decadência.

Pedro: (ri sarcasticamente) Você acha que pode me parar, Pia? Sabe o que aconteceu comigo, né? Eu fui desclassificado, minha carreira, meus patrocínios... tudo por causa do seu marido. E você acha que vai sair ilesa dessa? Eu vou destruir o Aldo, Pia. E quando ele cair, eu vou derrubar todo o resto. Não há ninguém que vai impedir isso.

Pia: (aperta o telefone, sua voz começa a falhar) Eu não tenho nada a ver com isso, Pedro. Deixe a gente em paz.

Pedro: (grita, furioso) Você é tão ingênua, Pia. Não se esqueça de quem você está falando. Eu não vou deixar Aldo vencer. Vou fazer a vida dele um inferno, e você, bem... você não vai ter mais nada. O Aldo? Vai ver o que é cair. E depois, a família dele vai ser destruída. Você e seus filhinhos vão ver o que é sofrer pelas suas escolhas.

Pia: (fica em silêncio, sentindo a pressão) Eu não vou te deixar fazer isso, Pedro. Você não vai conseguir.

Pedro: (com um sorriso cruel na voz) Sabe, Pia, eu sou paciente. Mas não vou esperar muito mais. Vai ser como um jogo de xadrez... uma peça de cada vez. Primeiro, o Aldo, depois... quem sabe? Eu vou acabar com essa família. E tudo isso vai ser culpa sua, porque você não soube controlar as coisas.

Pia: (tentando se manter firme, mas sua voz tremendo) Eu vou te parar, Pedro. Não importa o que você tente. Não vai conseguir destruir tudo.

Pedro: (sorrindo de maneira ameaçadora) Vamos ver, Pia. Vamos ver quem vai cair primeiro. Você, ou o seu querido Aldo. O jogo está só começando.

Com isso, Pedro desliga o telefone abruptamente, deixando Pia imóvel, sentindo o peso da ameaça. Ela encara o aparelho, sem saber como reagir. Ela sabia que Pedro não estava brincando, e o futuro de sua família parecia mais incerto do que nunca.

A luta entre Aldo e Viktor era brutal. Os dois estavam dando tudo de si, os punhos voando, corpos se chocando com uma força imensa. Leônidas estava em pé, observando cada movimento com atenção, seu coração batendo forte. A cada golpe que Aldo recebia, ele sentia a dor como se fosse sua. Mas o Touro Louco estava resistindo.

Pia, ao lado de Leônidas, também parecia estar vivendo a luta de uma maneira pessoal. Ela se mexia, olhava para o ringue, mas seu comportamento ainda estava errático. Leônidas percebeu o nervosismo dela aumentar conforme o tempo passava, mas ele não sabia o que estava acontecendo. Ele estava preocupado com Aldo, mas também com Pia.

Quando Aldo levou um golpe forte de Viktor, caindo no chão, Leônidas não conseguiu se controlar. Ele atravessou rapidamente o cordão de segurança e se aproximou do ringue, gritando:

— Levanta, meu amor ! Você é forte para caralho! Foca !!! Eu e sua familia te amamos.- disse passando a mão sobre o rosto ensanguentado de Aldo.

Leônidas saiu de lá escoltado por seguranças a mando de Pia, que o levaram para área externa do auditório.

Aldo, exausto, com a cabeça baixa, levantou-se, suas forças quase se esgotando. Mas o grito de Leônidas parecia ter ativado algo dentro dele. Ele se reergueu e, com um golpe certeiro, derrotou Viktor, derrotando também todas as dúvidas que surgiram durante a luta.

A arena explodiu em aplausos, Aldo com sua vitória finalmente consumada. Leônidas observava, aliviado, com um sorriso discreto, mas não podia deixar de perceber que o final dessa história não seria tão simples quanto parecia.

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Após a luta

Quando a luta acabou e a vitória foi confirmada, Aldo iria levantar o cinturão, mas ficou a procurar pelas crianças, mas não as encontrava. Ele estava cansado, exausto, mas algo dentro dele não estava em paz. Pia parecia inquieta, tentando ligar para Júlio, mas o telefone dele não atendia. Aldo se aproximou dela, sua voz baixa e tensa.

— Onde estão as crianças, Pia? E o Júlio? — ele perguntou, com um tom de preocupação crescente.

Pia, com a voz tremendo, respondeu, nervosa:

— Júlio foi buscar as crianças no camarim, mas... eu não consigo falar com ele.

O nervosismo no tom de Pia só aumentava, e Aldo sentiu a angústia se espalhar pelo seu peito. Ele sabia que algo estava errado, algo que ele ainda não entendia completamente.

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O Camarim

Enquanto isso, nas dependências do camarim, as crianças estavam sendo cuidadas por Luciana, a mãe de Aldo. Diego, com fome, reclamava, e Luciana, tentando manter a calma, disse que ia sair para comprar um lanche. Foi nesse momento que o clima de tensão aumentou.

Pedro Moraes entrou no camarim, com um sorriso arrogante estampado no rosto. Ele se aproximou das crianças, mas foi rapidamente interceptado por Júlio, que estava ali para garantir que nada de errado acontecesse.

Júlio não hesitou. Ele olhou para Pedro com desprezo.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou, com a voz firme e ameaçadora.

Pedro, com um sorriso sinistro, respondeu apenas com um gesto rápido. Antes que Júlio pudesse reagir, Pedro puxou uma faca e, em um movimento rápido, atingiu Júlio várias vezes.

Leônidas, que estava próximo, viu Pedro entrando no camarim. Seu instinto o fez chamar os seguranças imediatamente.

— Vamos até lá agora, entrou um bandido no camarim do Aldo. — ele disse, a urgência na voz clara. Juntos, correram até o camarim de Aldo.

Quando chegaram, encontraram Júlio caído no chão, sangrando. Leônidas tentou socorrê-lo, mas o ferimento era fatal demais. Pedro havia escapado, mas não por muito tempo. Um dos seguranças que estavam com Leônidas conseguiu imobilizá-lo e chamou a polícia.

Luciana chorava copiosamente, e pedia perdão por ter deixado as crianças sozinhas.

Aldo, já ciente da situação, se aproximou, mas não conseguiu salvar o amigo. O desespero tomou conta dele, e ele avançou em direção a Pedro, mas foi contido pelos seguranças, que o impediam de fazer algo mais impulsivo.

Pedro foi preso e levado pela polícia, mas a dor que tomou Aldo naquele momento foi mais profunda do que qualquer golpe no ringue. Ele havia perdido um amigo. Ele havia perdido alguém que considerava irmão.

Aldo sentiu foi a dor da perda. Leônidas, de pé, observava, sentindo a intensidade daquilo tudo, e ainda assim, sem saber como consolar Aldo.

Porém Pia habilidosamente foi consolar o Touro Louco.

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