25- Corações Partidos

Um conto erótico de Lauro Costa
Categoria: Gay
Contém 1833 palavras
Data: 27/04/2025 20:05:18
Última revisão: 28/04/2025 01:04:23
Assuntos: Gay

Na semana seguinte, Pia deu a entrevista que selava sua vitória.

De frente para as câmeras, com um sorriso sereno e profissional, ela anunciou:

— A partir de agora, estarei oficialmente gerenciando a carreira do Aldo Rocha. Nosso foco será em projetos que valorizem o esporte e a família.

Leônidas assistia à transmissão do sofá do Copan, taça de vinho na mão e o maxilar tenso.

— Família... — repetiu em voz baixa, o sarcasmo latejando dentro dele.

Aldo, ao lado de Pia na entrevista, parecia desconfortável, mas seguia o roteiro. O olhar vago dele dizia mais que qualquer palavra: já estava completamente enredado.

Márcia jogou uma almofada no chão, furiosa:

— Essa sonsa é mais perigosa que a Luiza!

Leônidas apenas deu um gole longo na bebida, os olhos fixos na tela.

Pia prosseguiu:

— Não faremos mais parcerias com empresários externos que não compartilhem dos nossos valores. Aldo vai focar em eventos sociais, campeonatos locais e ações comunitárias.

A mensagem era clara: Leônidas estava fora. Escorraçado. Apagado da trajetória de Aldo como se nunca tivesse existido.

**

Mais tarde, ainda no apartamento de Márcia, Leônidas encarava o teto como quem ouve o tic-tac de um relógio prestes a explodir.

— Deixaram um recado pra você lá na portaria — disse Márcia, jogando um envelope no colo dele.

Dentro, um comunicado formal: Rescisão de qualquer vínculo profissional com Aldo Rocha. Assinado por Pia, em papel timbrado.

Leo riu, amargo.

— Um chute oficial no traseiro... — murmurou, amassando o papel.

**

Enquanto isso, em Bertioga, Pia reescrevia o futuro de Aldo.

Organizou a vida dele, os treinos, as visitas aos filhos, as novas parcerias.

Fez Aldo bloquear Leônidas nas redes sociais, mudar de número, cancelar qualquer evento em que Leônidas pudesse estar envolvido.

E Aldo... Aldo aceitou. Sem luta. Sem sequer um telefonema.

**

No Copan, no meio da noite, Márcia encontrou Leônidas sentado na varanda, o vento bagunçando seus cabelos longos.

— Quer que eu mate ela? — brincou Márcia, meio séria.

Leônidas sorriu de lado, mas o olhar era de quem já estava muito além da dor.

— Não. Quero que ela viva... o bastante pra ver a desgraça que ela tá plantando.

**

A cidade de São Paulo girava lá embaixo, indiferente à queda de mais um rei.

Mas Leônidas sabia: a tempestade ainda estava por vir.

E ele seria o raio que racharia aquela paz falsa no meioDepois de toda a tempestade com Luiza, Marcelo e Aldo, Leônidas finalmente começa a ajeitar a vida: comprou um apartamento no Bairro de Jardim Europa: compra móveis simples mas elegantes, livros, jogos e roupas para receber Alexandre, seu filho recém-reconhecido pela Justiça. Há uma mistura agridoce — Leo está animado, mas ansioso. Ele teme não ser suficiente.

Enquanto monta um pequeno quarto improvisado, reflete em tom sombrio e sarcástico sobre como nem ele acreditaria que um dia seria responsável por outra vida além da sua.

No meio dessa preparação, Leônidas recebe um recado inesperado: Freitas quer vê-lo. No presídio.

Inicialmente Leo ignora, mas Freitas manda outro recado mais direto:

> "É sobre o menino."

O sangue de Leo gela. Ele decide ir, mas sem confiarA visita é tensa. O ambiente do presídio é descrito de forma crua: cheiro de ferro oxidado, paredes mofadas, detentos olhando com fome ou tédio.

Freitas está mais abatido, mas ainda tem aquele sorriso de predador.

A sala de visitas do presídio parecia encolher à medida que Freitas se inclinava para frente, olhos brilhando de ódio disfarçado.

"Me diz, Leozinho..." ele murmurou. "Por que falsificar a paternidade do moleque?"

Eu mantive o rosto impassível, como aprendi desde moleque na casa dos Sampaio.

"Porque eu gosto do meu irmão," falei. "E vou cuidar dele. Vou dar a ele uma chance que eu nunca tive."

Freitas me encarou por longos segundos, como se buscasse rachaduras na minha armadura. Então sorriu — um sorriso sem alegria, todo cansaço e veneno.

"Então você precisa saber," ele disse, encostando-se na cadeira. "Não foi acidente, Leônidas. A morte da Rebeca."

O nome dela bateu nos meus ouvidos como um soco.

Rebeca.

A mulher que poderia ter sido outra coisa, outra história, se a vida não fosse um jogo viciado.

"Marcelo mandou atropelar a Rebeca" Freitas sussurrou. "Ele não queria perder dinheiro no divórcio e nem o prestígio."

A náusea subiu pela garganta, quente e ácida. Mas me forcei a ficar parado. A ouvir.

"E sabe o que é pior?" ele continuou. "Eu tentei provar. Passei anos cavando. Procurando. Nada concreto. Nenhuma prova que se sustentasse em tribunal."

Olhei pra ele, descrente. "E a Luiza?"

Freitas deu de ombros, teatral.

"Seduzir a princesinha foi fácil. Bastou plantar a ideia de que você era um risco. Um bastardo inconveniente, querendo meter as mãos no império Sampaio."

Ele sorriu, um sorriso cheio de dentes, quase predador.

"Fizemos um acordo. Eu ajudaria a se livrar de você. E ela sem querer me ajudaria a derrotar seu pai.

Eu queria de verdade era ver Marcelo apodrecer. Nem que fosse atrás das grades por corrupção."

Silêncio.

Eu sentia meu coração batendo nos ouvidos. As paredes da prisão pareciam se aproximar.

Freitas se aproximou ainda mais, baixando a voz até virar uma ameaça quase terna.

"Protege o garoto, Leônidas. Protege o Alexandre. Não deixa ele cair nas garras dessa família,muito menos nas mentiras de Marcelo."

Me levantei devagar, como se meus ossos tivessem o dobro do peso.

Freitas sorriu, satisfeito, como se tivesse acabado de jogar uma âncora em volta do meu pescoço.

Na saída, o corredor parecia mais longo.

Cada passo ecoava como uma sentença.

**

Do lado de fora, o céu cinza de São Paulo parecia desabar sobre minha cabeça.

Eu encostei na parede áspera do presídio e fechei os olhos.

***

O abrigo era um lugar de vozes abafadas, cheiro de mofo e passos ecoando nos corredores gastos.

Sentado numa poltrona rasgada, Alexandre encarava o celular com os olhos tensos. As mensagens piscavam no chat com Camila.

"Preciso te contar uma coisa... Leo é meu pai."

O tempo parecia ter parado até que Camila respondeu, em letras garrafais:

"COMO ASSIM??? VC TEM CERTEZA???"

"Tenho. O exame de DNA deu positivo. Ele vai vir me buscar e não sei como minha vida vai ser..."

Camila parou de conversar com Alex e pensou - Vou contar pra minha mãe. Ela precisa saber disso AGORA.

Alex fechou o celular, enfiando-o no bolso como se o aparelho fosse queimar sua pele. Olhou em volta. Logo, estariam vindo buscá-lo.

**

Horas depois, na casa de Pia, Camila puxava a mãe pelo braço antes que ela se sentasse à mesa para o jantar.

— Mãe, eu preciso falar uma coisa muito séria — sussurrou, nervosa. — O Alexandre... ele é filho do Leônidas.

Pia arregalou os olhos.

— Você tem certeza disso?

— Absoluta. Ele mesmo me contou. Tá péssimo.

Pia ficou imóvel, o garfo a meio caminho da boca.

Um sorriso frio se desenhou em seus lábios.

— Isso muda tudo.

**

Quando Aldebaran chegou, encontrou Pia e Júlio já sentados à mesa, o cheiro da comida quente não conseguia disfarçar o clima pesado.

Ele percebeu na hora que algo estava errado.

Sentou-se, tentando parecer indiferente, mas Pia foi direto ao ponto:

— Aldo, a gente precisa conversar sério sobre o Leônidas.

Júlio cruzou os braços, fazendo coro:

— Ele mentiu pra você.

Aldo bufou, descrente:

— Vocês vão começar de novo com essa ladainha?

— Não é ladainha — disse Pia, com um brilho cortante nos olhos. — A gente descobriu que o Leônidas é pai do Alexandre. O garoto é amigo da Camila.

Aldo arregalou os olhos, engolindo seco.

— O quê?

— Isso mesmo — confirmou Júlio, firme. — E ele escondeu de você. Como escondeu tudo. Como sempre.

Pia se inclinou para frente, a voz baixa, venenosa:

— Ele mente. Manipula. Desde que se meteu na sua vida, tua carreira foi pro buraco, tua relação com teus filhos virou uma merda. Agora tá tentando meter o Alexandre nessa história também.

Aldo se remexeu na cadeira, desconfortável.

— Talvez tenha uma explicação...

— Explicação nenhuma — cortou Pia. — Você precisa cortar essa ligação de vez, Aldo. Voltar pra quem realmente se importa.

O silêncio pesou. Aldo olhou para o prato, mas não tocou na comida.

**

Do outro lado da cidade, Leônidas e Márcia estacionavam em frente ao abrigo.

O céu pesado de nuvens ameaçava chover.

Márcia tentou sorrir para aliviar o clima.

— Vai dar tudo certo, Leo.

Ele não respondeu. Apenas ajeitou a jaqueta e empurrou a porta.

Lá dentro, Alexandre os esperava, a mochila jogada aos pés.

Leo tentou sorrir:

— Pronto pra ir?

Alex apenas deu de ombros, seguindo até o carro sem dizer uma palavra.

**

O trajeto até os Jardins foi feito em silêncio.

Leo dirigia com as mãos tensas no volante, Márcia, desconfortável, tentava puxar assunto.

Alex olhava pela janela, alheio.

Quando chegaram ao apartamento, Leo abriu a porta e tentou soar acolhedor:

— Aqui é sua casa agora.

Alex só murmurou:

— Onde é meu quarto?

— Primeira porta à direita.

Sem mais uma palavra, Alex pegou a mochila e desapareceu pelo corredor, trancando a porta do quarto atrás de si.

Leônidas ficou parado na sala, o peso do mundo em suas costas.

**

Enquanto isso, no centro de treinamento, Aldebaran batia no saco de pancadas como se quisesse arrancar seus próprios demônios.

O som dos socos ecoava pelo espaço vazio, misturado ao cheiro metálico de suor.

A porta rangeu quando Leônidas entrou.

Aldo não parou. Só falou entre os dentes cerrados:

— O que você quer?

— Conversar — respondeu Leo, firme.

Aldebaran girou, os olhos faiscando de raiva.

— Você mentiu pra mim. Você escondeu que é pai do Alexandre.

Leo respirou fundo.

— Eu menti, sim. Mas eu tinha meus motivos.

— Sempre tem, né? — rosnou Aldo.

Leônidas não se deixou intimidar.

— Eu fingi amnésia pra me proteger. Estavam tentando me matar. Eu não podia confiar em ninguém.

Aldo parou por um instante, confuso.

— Fingia...?

Leo assentiu, a voz mais baixa:

— Era isso ou morrer.

Os dois se encararam. Uma tempestade silenciosa.

— Você é tão mentiroso quanto eles dizem — cuspiu Aldo.

Leo explodiu:

— E você é um covarde! Prefere acreditar nas mentiras da Pia e do Júlio porque é mais fácil do que encarar o que sente por mim!

Aldo avançou, os rostos tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro.

— Eu amo você, porra — disse Aldo, a voz quebrada.

— Eu também te amo — devolveu Leo, sem hesitar.

Não houve mais palavras.

Aldo puxou Leônidas pela camisa e o beijou com uma força desesperada.

O choque de corpos foi violento, urgente.

As roupas foram largadas pelo caminho até o vestiário.

Debaixo do chuveiro, o vapor os envolveu enquanto se agarravam com fúria, paixão e desespero.

As mãos exploravam, os corpos se colavam.

Aldebaran pressionava Leo contra a parede fria do boxe, os gemidos abafados pelo som da água.

Foi nesse instante que a porta do vestiário se abriu.

Pia entrou. E congelou diante da cena.

Aldebaran, nu, fundido a Leônidas de um jeito que não deixava dúvidas.

Os olhos de Aldo encontraram os dela.

E ele não parou.

Pia saiu de lá enfurecida, e rapidamente ligou para Luciana, a mãe de Aldebaran:

- Sogra, vou aceitar sua ajuda. Preciso salvar meu casamento !!!

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Comentários

Foto de perfil de Xandão Sá

parece que tô vendo a cara de horror e susto da Pia. Bem feita pra ela, vaca escrota. Ainda vem muita podridão dessa história...

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