Meu padrinho é casado com minha tia, mas tenho certeza que ele come cuzinho na rua

Um conto erótico de André Martins
Categoria: Gay
Contém 11107 palavras
Data: 27/04/2025 17:42:45
Última revisão: 28/04/2025 00:05:17

Atenção: essa é uma história grande. Se você não gosta, sugiro não ler.

Abro este relato com uma pergunta curta e direta: como é que o cara sabe que quer comer buceta e como é que ele sabe quando quer comer um cu?

Quando o sujeito quer bater punheta, basta ele ter vontade, intenção ou um mínimo de tesão no corpo e na mente. Esse é o diferencial que leva o marmanjo a tocar umazinha, sabemos. Mas o que é que diz pro sujeito que o que ele sente não é vontade de comer buceta, e sim de alargar um cu? O que difere uma vontade da outra? Em outras palavras, quando foi que o primeiro comedor de cu se tornou, de fato, um comedor de cu? O que ele sentiu, qual desejo teve, o que foi que fez esse cara olhar pro meio das nádegas de outro marmanjo e sentir tesão, fome de devassidão, apetite sexual? Quando foi, exatamente, o momento crucial, o estopim que levou o primeiro macho a cobiçar o cuzinho do outro? Sem sombra de dúvidas, essa é uma história que pode ser substancialmente resumida em uma única palavra: homens.

O fim do ensino médio e o início da minha graduação em Arquitetura e Urbanismo ficou turbulento à medida que minha tia passou a reclamar do comportamento diferente do meu tio. Pra ser sincero, não me liguei muito nas queixas dela, porque eles sempre foram o tipo de casal que discutia e depois voltava ao normal, então achei que as coisas fossem se resolver sozinhas com o tempo. Só que, ao contrário disso, eu mesmo comecei a notar que o coroa estava manifestando hábitos que eu nunca soube que ele tinha. Fumar, por exemplo. Tia Rose abominava qualquer vício, especialmente o da bebida e o do cigarro.

Raríssimas as vezes que vi meu tio fumando, normalmente em alguma comemoração com os amigos, algum evento de família, algo assim. Até que, do nada, ele passou a fumar diariamente, principalmente dentro de casa, sozinho, sem nada pra comemorar. Percebi que as coisas ficaram realmente muito atípicas quando vi que o coroa não dormia mais na cama com titia, pelo menos não na mesma hora. Tinha vezes que eu ficava acordado até tarde e pegava ele de bobeira na varanda, fumando seu cigarrinho, olhando pra rua e admirando o vazio da noite. Era justamente nas noites mais quentes de Santa Teresa que ele fazia isso, ostentando um semblante de quem não queria muito estar dentro de casa, mas sim solto por aí, curtindo o início do verão.

- Tá pensando na rua, né, seu Sérgio? – perguntei, certa vez.

- E aí, garotão, ainda tá acordado? – carismático que só, tio Sérgio abriu o sorriso, mas não respondeu minha pergunta e ainda fez outra por cima. – Não tem faculdade amanhã?

- Tenho. E o senhor, não tem trampo?

Meio desconfiado, meu tio me olhou de baixo a cima e fez cara de quem queria rir, embora tenha continuado sem responder minhas perguntas. O coroa era o típico mineiro criado nas forjas mais quentes da cidade do Rio de Janeiro, de origem “quieta”, no sentido do comer quieto e comer sempre, ao mesmo tempo que também tinha seu lado efervescente, falastrão e amigo de todo mundo. Recém chegado aos 40 anos de idade, a pele parda, mais ou menos morena, o corpo parrudo, com pancinha de chopp, ombros largos e 1,81m de altura. A mancha da barba rala presente no rosto redondo e o cabelo agrisalhado quase sempre penteado para trás, sem esconder as entradas dos quarenta avançando na cabeça.

- Dindo, é o seguinte. Tia Rose tem reclamado bastante. – tentei ser direto. – Você sabe, não sabe?

- A sua tia reclama de qualquer coisa que eu faço, garotão. A moda dela agora é implicar com meus pelos, acredita?

- Pelos? – fiquei admirado porque, até onde me lembrava, o coroa sempre fez questão de ser o tipo lisinho de homem. – E desde quando o senhor passou a gostar de ser peludo, seu Sérgio?

Ele não conteve o riso. Soltou a fumaça do cigarro, apoiou ambas as mãos veiúdas no beiral da sacada e se divertiu.

- Ué, moleque? O tio agora não pode querer ser urso que todo mundo reclama? HAUHAUA! Só quero mudar um pouco, pô. O que é que tem?

A forma como ele debochou me fez cair em mim. Afinal de contas, qual era o problema em manter os pelos do corpo? Até entendo que a vida de casal pode ter desses gostos e outras preferências complexas, mas nenhuma mina que eu peguei nunca reclamou disso. Pois bem. Foi só meu tio fazer aquele comentário e eu comecei a me questionar, no sentido de tentar entender o que tava rolando com ele. O foda é que, pelo visto, o lance de deixar os pelos crescerem foi apenas parte do pacote, porque as semanas passaram e minha tia não parava de apontar uma série de outros detalhes acontecendo sob nosso teto.

- Tia Rose, tenta entender. Eu acho que ele só tá se sentindo melhor com o corpo dele, nada de mais. – tentei argumentar com ela. – E se a senhora resolvesse não fazer mais depilação? É seu direito, não é?

- Deus que me livre virar uma dessas meninas peludas, Jorginho! Tá repreendido! Nunca que eu vou ser “femilista”! E tem mais: seu tio pode fazer o que ele quiser do corpo dele, eu só queria uma explicação. Queria que ele me explicasse, que sentasse comigo e conversasse, só isso. Ultimamente ele só tem tempo pros amigos e pro trabalho, você tá vendo? Nem pro culto vai. Você não sabe como eu fico sem graça quando entro na igreja e o pastor pergunta cadê o varão. – ela choramingou.

- Tia... – eu não soube o que dizer para consolar. – Não fica assim.

- Não, eu não tô triste, não, meu filho. Eu tô é estressada! Irritada! Porque eu sou uma mulher inteligente, bonita, e ainda fico me importando com o traste do teu padrinho, isso sim! Até aquele... – tia Rose esperou antes de dizer, como se tivesse segurado a vontade de cuspir ou de xingar alto. – Até aquele malandro do Peter tem falado com teu tio agora, sabia?

- Peter? Peter, Peterson? O seu primo, tia? Não sabia que eles se conhecem.

- É, pra você ter ideia do tipo de pessoa com quem seu tio tem conversado. Mas enfim, não quero mais ficar reclamando das mesmas coisas, meu querido. Vou deixar o barco seguir, quem perde é ele. Já fui muito apaixonada pelo Sérgio, mas hoje em dia, ó... – ela deu de ombros. – Lavo minhas mãos e entrego ao Senhor. Ele sabe o que faz.

Apesar do tom desistente que titia usou pra falar da situação, eu juro que não desconfiei que ela estava mesmo pra desistir do casamento, sobretudo por ser uma mulher cristã, devota, e sempre fazer comentários a respeito da importância do matrimônio religioso. Acho que a questão foi que a sensação de ser esnobada pelo marido mexeu com a coroa. Ela era uma mulher de 45 anos, 1,64m, toda pomposa e elegante, gordinha em seus terninhos de trabalho ou nas saias jeans cintura alta que gostava de usar. Tinha a pele clara como uma pérola, o cabelo longo, bem hidratado e bastante escuro, sempre cheiroso e arrumado. Titia frequentava a igreja quatro vezes por semana e trabalhava como produtora e organizadora de eventos cristãos, entendendo tudo sobre casamentos e debutantes. Já estava casada com tio Sérgio há dez anos, desde a época que os dois se conheceram na Igreja Universal, e eu confesso que não imaginava esse casal se separando.

Não conheci meu pai biológico, minha mãe faleceu de doença alguns anos depois que eu nasci e acabou que quem me criou foi a tia de sangue dela: Roseli, que todo mundo chama carinhosamente de Rose ou Rosinha. Além de tia, ela também é minha madrinha, assim como o Sérgio é meu tio e padrinho, ambos escolhidos a dedo pela minha falecida mãe. Morei com eles durante muitos anos num apartamento de dois quartos em Santa Teresa, na Lapa, e acompanhei de perto todas as circunstâncias que levaram a varoa quarentona a tomar a decisão de pedir divórcio, a começar pelos falados e polêmicos pelos no corpo do dindo.

Parece bobeira falando assim, né? Mas é foda. De incomodada com os pelos do meu tio, tia Rose começou a ficar inconformada com a presença cada vez mais frequente dos amigos dele dentro do apartamento, além dos hábitos que Sérgio tinha de beber e de fumar, pra não falar da mania de andar largado quando ficava à toa, só de samba-canção e meias. Pra ser sincero, eu mesmo não esperei vê-lo como vi naqueles últimos dias, todo à vontade, sem blusa, ostentando o peitoral peludo na varanda, enquanto balançava na rede e fumava seu cigarrinho, que passou a ser o companheiro de sempre nas noites solitárias contemplando a lua cheia. Serjão virou praticamente um lobo solitário, quase sempre contemplando as luas e inibindo a enorme vontade que tinha de uivar para ela.

Outra coisa constantemente trazida à tona por titia era a recente aproximação dele com o Peterson, primo mais novo dela. De um modo geral, Peterson era alguém que a família evitava, ao ponto de eu sequer me lembrar direito dele. Sempre escutei as palavras “malandro”, “pilantra” e “canalha” associadas ao cara e isso me dava a ideia de que talvez ele fosse mulherengo, o que explicaria as reclamações da tia Rose. O foda é que sempre que eu perguntava, ela desconversava e mandava deixar pra lá, e ficava visivelmente alterada só de eu tocar no nome Peterson. Como era possível? Isso me encucava demais.

- Dá o papo, meu padrinho. – cheguei na varanda tarde da noite e encontrei Sérgio fumando.

- Fala, garotão. – ele dobrou os pés na pilastra e me olhou.

- Se liga, me explica um bagulho. Por que minha tia não gosta que o senhor tenha contato com o primo dela?

Ao escutar minha dúvida, o quarentão tirou os olhos de mim, observou a rua quente de Santa Teresa e em seguida me encarou, muito ligado no que eu disse.

- Pra que tu quer saber? Ela comentou alguma coisa a respeito, moleque? – cruzou os braços, fechou a cara.

- Talvez tenha comentado e eu fiquei curioso. É fofoca de família?

Ele esperou um pouco antes de abrir a boca. Tomou um gole do whisky que escondia atrás da estante da sala, tragou o cigarro, depois tornou a contemplar um carro passando na rua vazia e sentiu o calor da noite suburbana soprar no peitoral exposto.

- Tu tem que entender o seguinte, moleque. A tua tia é ciumenta. Sabe por que ela não gosta do primo? Porque foi ele que me apresentou pra ela. Eu e ele éramos melhores amigos, dupla inseparável, e isso mudou depois que eu e tua madrinha começamo a namorar.

- Pera aí. Então foi o Peterson que juntou vocês dois? E a titia ainda odeia ele? Porra! Não era pra ela gostar do primo dela? Foi graças a ele que vocês se conheceram.

- É o que eu digo. Peterson sempre foi meu melhor amigo, tá entendendo? Ele me ensinou muita coisa que eu sei hoje. O cara pode ser porra louca e marrentão, mas é um dos malucos mais fodas que já conheci. Ela fica puta só de eu dar “oi” pra ele, aí não tem quem aguente tanta implicância, tanta bobeirinha de família. Toda errada.

Não tive como não concordar. Eu até já tinha ouvido falar de relacionamentos possessivos, porém era a primeira vez que via acontecer na vida real, especialmente por parte de titia. Se ela achava que o adultério só poderia acontecer por influência de terceiras pessoas, então tia Rose era muito, MUITO ingênua. Daquelas que certamente pensam que cada pessoa tem um anjinho e um diabinho sussurrando conselhos no pé do ouvido.

Pra piorar a situação do casamento abalado dos meus tios, foi mais ou menos nessa mesma época que o coroa decidiu voltar pra academia e começou a frequentar aulas semanais de MMA no ginásio da esquina, perto do prédio. Quando minha madrinha reclamou da ausência do marido no apê, Sérgio foi lá e se matriculou no crossfit, tudo ao mesmo tempo, aí sim a varoa ficou bolada da vida. Teve uma quinta-feira que eu voltei da faculdade e peguei meu tio recém chegado do treino, estirado na rede, suado e com o corpo inchado da alta intensidade da musculação.

- Que isso, hein? Tô gostando de ver a dedicação. – brinquei e o incentivei.

Ele vestia a camiseta encharcada, ostentava muques que eu nem sabia que tinha e o peitoral inflado, ofegante, lotado de pelos. Há muitos anos que não via meu tio naquele estado incandescente de esforço físico, escorrendo, e com o maior dos sorrisos no rosto.

- Tô ficando bom, moleque? Fala tu. Seja sincero, ainda tô começando. Hehehe!

- Tá no pique, coroa. Só tem que largar o cigarro, né não? Nada a ver lutador que fuma. Mas tá no pique certo, show de bola. Daqui a pouco as mulheres vão mexer contigo na rua, Serjão. Tia Rose vai ficar puta de verdade. Heheheh!

O sacana gargalhou alto. No auge da empolgação, ele abriu a boca e eu testemunhei meu tio dando provas evidentes de que estava mesmo num novo momento da vida, de si mesmo. Ele se aproximou, me olhou de uma maneira terna e falou baixinho, tipo informação sigilosa.

- Tu acredita que mexeram comigo na academia?

- Sério?! Caô? – não acreditei.

- Serinho, garotão. Hehehehe! Fiquei me achando, tô errado?

- UAHUAH! Olha lá o que você tá aprontando, seu Sérgio. Já basta a falação o tempo todo. Se titia souber que tem mulher de olho no varão dela…

- Pior que foi um viado que mexeu comigo! EUHEUHU! Santa Teresa tem muito viado, já reparou? Tem que rir, moleque.

Não tive o que responder, só fiquei sem reação por ele achar engraçado levar cantada de outro macho. Aquele era um lado do meu tio que, sendo bem franco, eu não conhecia. Outros cristãos reagiriam negativamente diante de uma atitude dessas, mas não Sérgio, não naquela altura da vida.

O tempo foi passando e eu vi o coroa se tornar cada vez mais vaidoso e preocupado com a própria aparência. Ele trocou as blusas de manga por regatas com os braços de fora, gastou a pancinha conforme as semanas se arrastaram e aos poucos modificou o corpo para combinar com seu estado de espírito mais vivo. O marido de titia perdeu o formato redondo e bochechudo do rosto, aprendeu a cultivar a barba e adquiriu uma autêntica floresta de pelos escuros e em grande volume na face, ganhando aparência daqueles mafiosos árabes. Os músculos cresceram, o trapézio saltou, os ombros tornearam e ele deu a vida nos treinos semanais de MMA. Até a pele do Sérgio ficou mais brilhante, avivada. Sua melanina ganhou um novo bronze e, pra fechar com chave de ouro, ele inventou de raspar a cabeça. Ficou careca. Pronto, tia Rose teve um troço.

Teve uma madrugada que eu levantei pra mijar, parei na cozinha pra tomar água e peguei meu padrinho fumando na varanda, como sempre. Sem blusa, relaxado na rede, aproveitando o mormaço carioca e ostentando uma enorme e vívida tatuagem do escorpião no bíceps esquerdo.

- Caralho! Por acaso minha tia já viu isso?

- Já? Não sei, não lembro de ter mostrado. – ele fez pouco caso. – Uma hora ela vê. Não se preocupa, não, Jorge.

- Você não existe, maluco! Já tô até vendo a treta que essa tatuagem vai dar.

- Que nada, moleque. Fica de boa, sem briga. Quando ela tiver que ver e SE tiver que ver, vai ver. Entendeu? Entendeu ou não entendeu? – bagunçou meu cabelo.

- É... tá certo. Qual é o significado da tatuagem? Tem?

- É o meu signo. Escorpião rei. Hehehehe... – meu padrinho flexionou o muque, apontou pro rabisco, sorriu e destilou o próprio orgulho.

Eu, mais do que ninguém, tinha total certeza de que aquela novidade em seu braço definitivamente seria o estopim de muito estresse no casamento. Aquele escorpião preto e vermelho, chamativo, com uma coroa na cabeça e o ferrão apontado em pose de esgrima com certeza causaria turbulência na relação, sem dúvidas. Mas o sacana não pareceu dar a menor importância pra isso, sentado todo aberto e largado na varanda. As pernas peludas, o peitoral malhado e cada vez mais areado de pelos, a tatuagem nítida no bração e o cigarrinho fino na boca, com a fumaça carregando seus pensamentos para longe, subúrbio adentro.

Não restavam dúvidas: o casamento estava pra acabar e meu tio pensava em qualquer pessoa, menos na titia. Dava pra dizer só pela maneira reflexiva com a qual ele observava um casalzinho ou outro passando na rua, sempre mantendo o olhar de baixo pra cima, o cotovelo apoiado no parapeito da sacada, a mão escorando o queixo e semblante de quem sentia saudades daquele tipo de emoção, de dar amassos em público e reviver o fogo da juventude, que agora se esvaia em meio à relação estagnada com tia Rose.

Numa quarta-feira aleatória, depois que Serjão voltou moído do treino, tomou banho, jantou e foi dormir, eu fui o último a usar o banheiro e me deparei com o cesto de roupas lotado, sobrando pra mim a tarefa de pôr tudo na máquina de lavar. Chequei os bolsos das calças e bermudas pra não acabar mandando alguma carteira perdida pra lavadora e foi assim que tateei um pedaço de papel na roupa de treino do coroa. Curioso, peguei o bilhete, desembrulhei, li e logo identifiquei que era um número de telefone.

- Aff, padrinho, assim você tá dando mole demais. – reclamei sozinho. – Por que não salvou essa merda no celular?! Pleno 2018, pô! Imagina se tia Rose pega isso...

Minha cabeça explodiu, porque eu sabia que aquele achado poderia ser o fim definitivo do casamento dos meus tios. Fiquei pensando no que fazer com aquilo, como lidar com o segredo em minhas mãos, e acabou que a curiosidade falou mais alto, na verdade ela gritou na minha cara e eu não consegui controlar o impulso. Peguei meu celular, salvei o número e fui na lista de contatos do WhatsApp só pra ver se identificava quem era. Abri a foto e lá estava o que eu mais temia: uma mulher aparentemente mais nova que minha tia, loirona, de batom vermelho e os lábios carnudos, bem sensuais. Ao lado dela, um rapaz franzino, magrelo e moreno, com cara de novo, talvez uns 25 anos.

- Só pode ser brincadeira! Sério que meu padrinho tá abrindo mão de um casamento de dez anos pra se envolver com mulher casada? Que merda!

Aquela informação tinha potencial pra mudar tudo. Eu precisava contar pra minha tia e decidi que faria isso ao vivo, quando ela voltasse do trabalho, pra não revelar a bomba via WhatsApp. Ou pelo menos foi isso que eu pensei em fazer, porque, pra minha surpresa, dois dias após minha descoberta, a campainha do apartamento tocou, eu abri a porta e dei de cara com o inesperado.

- Boa tarde, desculpa incomodar. Seu Sérgio está?

- Seu Sérgio? – eu quase engasguei com o rosto familiar que vi, pois era o mesmo sujeito que aparecia na foto com a loirona do WhatsApp. – Quem gostaria?

- Fala pra ele que é o Sanderson, enfermeiro. Um amigo lá do Chapadão.

- Enfermeiro? Meu tio tá doente?

- Bom, ele... – o rapaz ficou visivelmente sem graça com a minha pergunta. – Ele distendeu o tornozelo no treino e eu tô aplicando sessões de fisio, que é pra voltar a lutar logo.

Nesse momento, um Sérgio suado e sem blusa apareceu atrás da porta, fez cara de animado e veio cumprimentar o tal enfermeiro Sanderson, dando passos em falso com o pé. O corpo exposto, o short do pijama à vontade e ele bem largado, nem aí pra nada.

- Ih, coé, Sanderson! Porra, finalmente tu apareceu, puto! Ehehehe! – carismático como sempre, meu tio ignorou o fato de estar suado e abraçou o magrinho. – Pensei que era papo furado quando o Inácio disse que ia falar contigo, mermão. Mas não, tu veio mesmo, hein? Valeu.

- E você acha que eu deixaria um amigo na mão? Duvido, Serjão.

- Entra aí, entra aí. Esse é meu afilhado. Moleque, esse é o Sanderson, enfermeiro lá do ginásio.

Tirei o maluco de baixo a cima e soube que ele com certeza não praticava nada de MMA, a julgar pelo corpo magricelo que tinha. Segurei minha cara de desconfiado, fiquei na minha, mas não pude deixar de notar aquele elefante branco no meio da sala: o peitoral ofegante e suado do Sérgio esfregou na roupa branca do Sanderson durante o abraço e deixou o enfermeiro molhado, com cheiro de testosterona. Quando essa aproximação não bastou, meu padrinho ainda bancou o brincalhão e meteu um beijo com barba e tudo no pescoço do cara, foi isso que me abalou. Perdi alguma coisa? O que será que rolava ali?

- Dá licença.

- Toda. – meu tio respondeu.

Os dois entraram, foram pra sala, Sérgio sentou no sofá e Sanderson ajoelhou aos pés dele comigo ali. Antes de iniciarem a sessão de fisioterapia, eles se olharam naquela posição sugestiva, fizeram alguma piada interna e eu achei curioso, porém não comentei a respeito. Não demorou muito e o enfermeiro tocou nos pés do meu tio, iniciando a massagem com óleo e pressionando os dedos lentamente na área da torsão.

- É bem aqui, né?

- Hmmm, SSSS! Puta merda, filhão! Bem nesse ponto onde tu tá! Porra! FFFFF!

O coroa mordeu a boca, gemeu sincero e até fechou os olhos, de tanto relaxamento que sentiu. Sentado na outra poltrona, eu vi a cena e tive que me controlar pra não acabar fazendo qualquer pergunta indevida, porque toda a construção do momento fez parecer que muitas coisas invisíveis estavam acontecendo ali, coisas que meus olhos ainda não conseguiam enxergar. Pra começar, meu padrinho tava só com o short do pijama, de pernas bem abertas e olhando pra baixo, diretamente nos olhos de um Sanderson ajoelhado entre suas coxas peludas.

- Tá melhorando assim, Sérgio? – o enfermeiro quis saber.

- Grrrrr! tá bom pra caralho! Mmmm, me ajuda a relaxar, vai! SSSS!

Sanderson esfregava as solas dos pés dele, apertava as dobras das plantas e explorava os espaços entre os dedos, como se quisesse checar a temperatura quente das partes internas do corpo do dindo. Na posição onde o magrelo estava, ele com certeza viu as bolas do meu tio quase saindo pela lateral do short folgado, pra não falar do cheiro de suor e testosterona no ar.

- Vou na rua resolver umas paradas e volto mais tarde, coroa. – avisei.

- Tranquilo, Jorginho. Tá vendo as burocracias do quartel ainda?

- Isso, ainda tô na missão. Vou trancar o curso pra servir, depois eu volto. Daqui a pouco tô de volta.

- Tá certo. Presta atenção na rua, garotão.

- Tamo junto, coroa. Valeu, Sanderson.

- Tchau, garoto. Boa tarde pra você.

- Boa. Valeu.

Na época dos meus dezoito anos, eu tava saindo quase todos os dias pra resolver a documentação que tinha que apresentar no quartel. Minha ideia era servir nas Forças Armadas, mas estava super enrolado com a graduação e precisei resolver a questão das declarações de matrícula antes da data de me apresentar. Por conta dos afazeres, voltei pro apartamento já no fim da tarde e, pra minha surpresa, ainda tive tempo de ver o Sanderson saindo apressado na esquina da rua. Ele passou por mim todo suado e não me reconheceu, mas eu notei claramente seu andar acelerado, disforme e ofegante, quase que mancando.

- “Será que eles brigaram? Deve ser por isso que tá indo embora tarde.” – pensei.

Confesso que cheguei no apê bastante curioso, esperando encontrar um clima pós briga por conta do semblante furtivo e sorrateiro com o qual o enfermeiro saiu. Mas, contrariando minhas expectativas, o que encontrei foi Sérgio passando no corredor, indo da sala pro banheiro peladão, além do jaleco do Sanderson jogado no sofá.

- Tá tudo de boa?

- E aí, moleque, conseguiu resolver lá? – como sempre, ele não respondeu meu questionamento e fez uma pergunta em cima da outra. – Já tá certa a papelada?

- Mais ou menos, falta renovar a identidade. Mas isso sai rápido, é o de menos.

Notei seu corpo transpirando e não tive como ignorar o fato de ele estar ofegante, falando entre suspiros e com a respiração acelerada. De alguma forma, eu soube que aconteceu uma briga ou uma discussão calorosa entre Serjão e Sanderson, embora ele tenha disfarçado pra não me dar tal impressão. O modo como o enfermeiro passou por mim minutos atrás, de cara amarrada, andando rápido e meio torto, deixou evidente que um confronto tinha rolado, mas meu padrinho não respondeu e eu também não insisti no assunto.

Os dias foram passando e cada vez mais meu tio continuou seu processo de mudança, tanto de jeito quanto fisicamente. Além da tatuagem de escorpião no braço, o quarentão inventou de fechar o antebraço em rabiscos, furou a orelha, tatuou uma rosa vermelha no ombro e fez tattoos no rosto, no pescoço e na lateral da cabeça, mudando completamente de aparência. Seu estilo ficou nada varão, mais agressivo e meio bruto, rústico dos pés à cabeça.

- MERMÃO! Parece que eu sou afilhado de um metaleiro agora! Caralho!

- E aí, curtiu? Hehehe! Tô ficando no pique, moleque, um dia chego lá.

Seus braços estavam musculosos como eu nunca havia visto, mas não num nível bombadão, apenas inchados e volumosos.

- É... Tá bem diferente, mas tá maneiro. Minha tia já viu? – não segurei a curiosidade.

- Uma hora ela vai ver, pode ficar tranquilo. – ele sempre dava a mesma resposta.

Titia viu o que estava acontecendo e não havia nada de novo pra ela. A novidade dessa vez foi a separação inevitável que aconteceu: menos de um mês depois que ele apareceu tatuado, ela retornou do trabalho, eles tiveram uma enorme discussão e acharam melhor chegar ao fim da relação, sem muitos ressentimentos. Após tantas brigas, desentendimentos, desencontros e tentativas fracassadas de reconciliação, já não havia mais o que sentir, tampouco ressentir. Não havia mais tempo para tentar de novo, de novo e de novo, fora que nenhum dos dois queria continuar convivendo com o outro. Foi bom enquanto durou. Eu não tava nesse dia e eles não quiseram contar o que aconteceu, o que fiquei sabendo é que tia Rose jogou na cara várias traições da parte dele e a coisa ferveu, virou uma troca de acusações.

A separação dos meus tios confirmou que o coroa traiu minha madrinha dezenas de vezes. Só de lembrar dos momentos em que eu o via na varanda, fumando e olhando pro calor da rua, já dava pra perceber que seu corpo não era mais dela. O peito definido, o porte carcaçudo e o físico peludo já pertenciam ao sexo fácil da rua, e aquele homem deitava em outras camas há anos, talvez desde o início do casamento. Nada tirava da minha cabeça que Serjão nunca foi fiel, mesmo antes de se casar. E pensar nessas coisas era estranho, porque meu contato e meu respeito por ele não diminuíram após o divórcio, apesar de suas atitudes e da mudança drástica de aparência. O quarentão, por sua vez, permaneceu próximo e sendo um padrinho presente na minha vida.

Depois da separação, minha rotina se dividiu entre passar um tempo com ele no apartamento em Santa Teresa e passar um tempo no novo apê da tia Rose, em Engenho de Dentro, bairro onde ela foi morar com o novo namorado. Enquanto isso, quem começou a aparecer lá no Sérgio durante o processo de divórcio foi o Denilson, advogado dele. Um homem de aparência madura e meio indiana, com o nariz proeminente, a pele morena, sobrancelhas espessas e em formato de travessão. Denilson devia ter seus 50 anos, era alto, parrudo e andava com os primeiros botões da blusa abertos, exibindo parte do peitoral peludo. Sempre vestia um suspensório vermelho pra manter as calças erguidas e não teve uma única vez que eu o tenha visto sem o acessório.

- Ao que tudo indica, o divórcio sai antes do fim do ano, amigão. Tá feliz, Sérgio?

- Tomara que saia antes. Não vejo a hora de ficar livre. – ao me ver passando pela sala, dindo acertou o tom e fez questão de me apresentar. – Denilson, esse é meu afilhado, Jorge. Jorginho, esse é o Denilson, meu advogado e amigo de longa data.

- Opa, prazer. – fui educado. – Você também serviu no quartel com meu tio?

- Servi sim, rapaz. Tudo bem?

- Tudo certo, tudo indo. Em breve sou eu entrando no Exército também. Tomara que dê certo.

- Se é o que você almeja, já deu certo. Confia. – o advogado me motivou.

Vi Denilson mais de quatro vezes na sala da casa do meu tio, ele e o coroa sempre conversando a respeito dos trâmites do divórcio, fumando cigarros, tomando whisky, fazendo piadas e batendo papo até altas horas. Sérgio pareceu tão focado em se separar logo da titia que tinha dias que eu sequer o via, ele vivia trancado no escritório com o Denilson. Eles também se juntavam de vez em quando pra jogar bola com o resto do pessoal que serviu no quartel quando eram mais novos. Muitas vezes eu cheguei no apê, por exemplo, e peguei a dupla suada da peladinha, meu padrinho ainda de uniforme e super ofegante.

- AH, OLHA ELE AÍ! Chegou, chegou agora! Tudo em cima, garotão?! – Sérgio berrou quando me viu entrar na sala.

- Que isso, tio? Tá gritando por quê?

- Foi mal, é que eu... Não esperava te ver! Olha quem chegou, Denilson! Tá vendo?!

- T-Tô, tô vendo! Beleza, George? – o advogado esticou a mão suada pra mim.

- É Jorge.

- Desculpa, Jorge. Sempre confundo.

- Vocês tavam no futebol?

- S-Sim, futebol! Claro!

- Totalmente no futebol! Mas o Denilson aqui é muito ruim de bola, péssimo.

- Eu sou! Se tem uma coisa que eu não entendo é de bola, Jorge.

- Demais! Entende absolutamente nada, Jorginho, tu tem que ver. Não tem pior.

- Sou ruim mesmo.

Eles intercalavam as sentenças um do outro de modo acelerado e nervoso, como se escondessem alguma coisa. Eu só não sabia se era um corpo, drogas, armas ou se estavam fazendo alguém de refém no banheiro, mas confesso que o clima que senti foi nessa pegada de suspense e apreensão.

- Por que você não tá de uniforme de futebol, Denilson? – percebi.

- Eu? – ele repetiu a pergunta. – Por que eu não tô de uniforme de futebol? É que...

E olhou pro Sérgio, perdido na explicação.

- Ele foi direto do trabalho, esse porra! – meu padrinho quem deu a resposta. – É ótimo advogado, mas péssimo na hora de lembrar dos compromissos! Puta merda! Heheheh! Né não, Denilson?! Seu filho da puta! Hehehehe!

- Pois é, não tenho como negar. Hahahaha!

Quanto mais eles falavam, mais eu sabia que havia algo de anormal no ambiente. Mas eu era detetive? Não, então me reservei e não comentei nada. Fui pro meu quarto, porém o pensamento intrusivo bateu na minha mente e tentei a todo custo imaginar o parrudo do Denilson jogando futebol com o suspensório preso aos ombros e a calça levantada, correndo de um lado pro outro. Pareceu algo improvável, tá entendendo onde eu quero chegar? Enfim... Passou.

Minhas desconfianças cresceram numa noite de sábado, quando o advogado apareceu lá no apartamento com a esposa e eles jantaram com meu tio, que não tirou os olhos das coxas da mulher do Denilson. Eu mesmo me senti segurando velas e fui comer na rua, não aguentei ficar naquela tensão sexual fodida. Será que era swing entre eles?

Depois que saiu o divórcio, nunca mais voltei a ver Denilson no apê em Santa Teresa, de um jeito parecido com o que aconteceu com o Sanderson: os dois sumiram, desapareceram. Esses desfechos me fizeram bolar a teoria de que o Sérgio se amarrava em comer mulher casada, por isso ele estava a todo momento cercado de amigos casados, bem como parava de andar com eles depois de passar a piroca nas esposas dos caras. Começou com a loira do WhatsApp, namorada do Sanderson, depois foi pro Denilson e a esposa dele, e não parou mais.

Essa minha tese andava em concordância com os acontecimentos do casamento falido dos meus tios e eu tava quase certo do comportamento vicioso e fura-olho do coroa. Ele não perdoava nem os antigos colegas do quartel, passava rola na mulher de geral. Verdadeiro putão, típico pegador inveterado. Ou pelo menos era assim que eu o via depois de tudo, especialmente após a conclusão do divórcio.

Lembro como se fosse ontem da vez que meu padrinho me deu carona até o novo apartamento de titia, lá em Engenho de Dentro, e me ajudou a subir com os móveis pro meu quarto, algo que planejei acontecer justamente quando ela estivesse no trabalho, para que eles não se encontrassem e batessem boca.

- Tu tem certeza que a Rose não vai aparecer, garotão?

- Tenho, coroa, fica tranquilo. Só me ajuda, tá? Relaxa.

Nós dois sem blusa, suados e fazendo esforço pra carregar e montar a estante e a cama que tinham acabado de chegar. Eu de short, padrinho de calça jeans, luvas de couro e botinas de segurança do trabalho, ostentando seu corpo peludo e rabiscado, do jeito que ele gostava de fazer.

- Não era melhor ter avisado que eu vinha, Jorge? Que nem adulto faz? Não entendo essa tua mania de esconder tudo, moleque.

Ao ouvir isso, não segurei meu humor e olhei sério pra cara suada dele.

- De quem será que eu peguei a mania de esconder tudo, seu Sérgio? Algum palpite?

O pilantra fez careta, entendeu o recado e de repente fomos interrompidos pelo barulho da porta da sala sendo destrancada do lado de fora. Assim que nos demos conta de que só podia ser minha tia, nós nos olhamos e ele não segurou a irritação. Suas veias engrossaram nas têmporas, Serjão franziu a testa e quase juntou as sobrancelhas no meio do rosto, bem puto comigo.

- Tá vendo só a merda, Jorge?! E agora, porra!? – ele não soube o que fazer, se soltava os móveis ou se continuava parado.

- Agora a gente se comporta feito adulto e manda a real pra ela.

Permanecemos ali, ambos segurando as placas de madeira da estante, cada um de um lado da sala, até que a porta finalmente abriu e ela apareceu. Meus olhos arregalaram, os do meu tio idem, e logo eles se fitaram, um observando atentamente o outro.

- V-Você?! – tomei um susto quando vi.

- E quem você esperava? Sua tia? Ela ainda tá no coral da igreja, só volta à noite.

Eles não pararam de se olhar. Todo o físico desenvolvido e desnudo do meu tio foi criticamente analisado pela recém chegada figura, até que Sérgio quebrou o silêncio, esticou a mão e se apresentou educadamente.

- Opa, prazer. Eu sou Sérgio. – apontou pra mim e riu, sem graça de ter sido pego no apartamento de titia. – Padrinho do moleque ali. Tranquilidade, parceiro?

- Tudo joia, na paz do Senhor. Prazer, Sérgio. Meu nome é Basílio, eu sou namorado da Roseli. Na paz, irmão? – Basílio retribuiu a educação.

Engoli o momento a seco, apesar da tensão. Só então reparei que a mão que meu tio estendeu para cumprimentá-lo ainda estava vestida pela luva de couro suja, dessas de mecânico, mas mesmo assim Basílio não recuou e sustentou o cumprimento, ciente de que ter uma má relação com meu padrinho faria mal a todos nós. Ele era um sujeito muito tranquilo na dele, gordinho, dos ossos largos e o corpo grosso, mais parecia um armário. Basílio falava manso, sua voz era meio fina e não combinava muito com a aparência, o que causava um efeito cômico quando o coitado abria a boca pra falar. Mais ou menos 1,74m, pele escura, barbinha curta, 37 anos, tão religioso quanto titia e pai de uma filha, a quem tia Rose já tratava com zelo.

- E aí, tiodrasto, tudo em cima? – eu o cumprimentei.

- Tudo legal, Jorge. E vocês? Querem uma mãozinha aí?

- Mãozinha? – Sérgio coçou a pica na calça jeans. – Tá tranquilo, irmão. Precisa não. Valeu.

Meu tio apoiou numa perna, fez pose de cansado e começou a abanar o corpo esbaforido, chamando atenção pro suor escorrendo no peitoral chapado. Basílio percebeu a afobação, passou por nós e foi em direção à janela.

- Tá muito quente aqui, né?

- Tá, tá foda. Mormaço do caralho, maluco. – meu padrinho sempre solto, nada de diferente.

Depois de abrir a ventilação da sala pra gente, o namorado da tia Rose apoiou no parapeito da janela e ficou observando nosso trabalho de carregar as placas de madeira pro meu quarto. Pra ser mais específico, ele não tirou os olhos do Sérgio, talvez tentando entender o que foi que titia viu naquele homem careca, barbudo, tatuado, musculoso e seminu, ensopado de suor, peludo e fedorento no apartamento.

- Só pra explicar, Basílio, eu pedi ajuda do meu padrinho pra subir com os móveis, tá? – achei justo deixar dito.

- Que isso, garoto? A casa é sua, não tem que me dar explicações. Fiquem à vontade, imagina. – o trintão apertou meu ombro, sem nojo do meu suor.

Pra completar, acho que meu tio não notou o quanto estava sendo analisado e julgado, e foi justamente do meio de tanta observação que ele manifestou a pior mania de todas: Serjão apertou a piroca várias vezes, coçou o tórax e até deu uma alisada nos pentelhos quase de fora. Era pegada daqui, sacudida dali, mexida lá, e isso fez Basílio sentir repulsa absoluta, deu pra ver pelas caras de nojo. Até quando o coroa foi pra janela tentar se arejar, o varão da tia Rose fez questão de disfarçar e sair de perto, como se não aguentasse sentir o cheiro dos músculos exalando suor.

- Alguém quer água? Vou buscar. – ele ofereceu.

- Eu não. Valeu, tiodrasto.

- Porra, eu topo. Eu vou, não nego. – meu padrinho não perdeu tempo e seguiu Basílio à cozinha. – Tá um calorão do caralho, isso sim.

Eu nem quis ficar perto pra ver o semblante repulsivo que o namorado da tia Rose tava fazendo a todo instante. Fui pro meu quarto, só pensando naquele encontro inesperado entre os dois, e passei longos minutos parafusando as prateleiras de madeira nas paredes recém pintadas de verde. Mesmo não tendo voltado pra cozinha, fiquei com a mente pregada na cena do Sérgio coçando o saco e do Basílio com nojo, e admito que achei engraçado, porque eu já tava acostumado com essas manias, mas, pelo visto, o cristão não. Ok, passou...

Imagina o susto que eu levei quando cheguei em Santa Teresa uma vez, escutei grunhidos e vi dois machos suados se atracando no chão da sala. Porradaria rolando solta, tapete todo desarrumado, um por cima do outro, os dois embolados, aí meu tio me viu e parou.

- Foi mal, não quis interromper. Heheheh! – zoei.

- Qual foi, moleque? Nem te vi aí. Esse aqui é o Humberto, professor de MMA lá do ginásio.

- Coé, filhão. Humberto. – o outro cara me cumprimentou.

- Jorge. – me apresentei.

Ele levantou do chão, sua altura avassaladora me cobriu e eu não botei fé que Humberto tinha 1,98m. Fortão, 29 anos, cheio de músculos, moreno tatuado e com o visual tão rústico quanto do meu padrinho, com a barba grossa, cabelo moicano, peitoral cabeludo e as orelhas destruídas de tanto cair no tatame. Não sei se Humberto era TODO grande por natureza, mas sei que o volume no short dele tava acima do normal, repuxando o tecido e expondo sua enorme cueca boxer lilás. Era daquelas longas, que os ciclistas e jogadores de futebol adoram. De meias pretas nos pés, ele percebeu que eu o observava e fez cara de dúvida.

- Que foi, Jorge?

- Essas meias são aquelas que tem antiderrapante, né? – reconheci. – Porra, sou doido pra comprar umas assim. Deve ser bom pra correr.

- É, são uma maravilha. Só uso dessas, não compro mais outra.

- Pô, e o que você acha dessas cueconas de ciclista? Não incomodam, não? Ainda mais pra quem luta MMA.

- Pior que não, cara. Elas são boas que não ficam frouxas. Se fosse essas comuns, um mês de treino já ia arregaçar. – ele entrosou rápido.

- É porque vocês rolam muito no chão. Tô ligado.

- É foda. Ó a orelha como fica. A tua não, a tua é lisinha. – Humberto observou meu corpo e apertou meu lóbulo, tal qual um amigo de longa data.

Meu tio me olhou, meio sem graça, ficou um silêncio estranho no ar e o amigo dele voltou a falar.

- Já mandei teu padrinho comprar várias meias e cuecas dessa pra treinar, mas ele diz que não curte.

- Ah, mano. Primeiro que eu já odeio usar cueca, prefiro treinar com a pica solta.

- E fica roçando esse pau nos outros lutadores, cuzão? Tem que usar cueca, porra! Hehehehe! Ó as ideia dele, Humberto. Dá o papo.

- Tu conhece teu tio, não conhece? Sabe como ele é teimoso pra caralho. Não adianta falar.

- Vocês tinham era que dar uma surra nesse cuzão, isso sim. – botei pilha.

- Qual foi, moleque!? É o que que tu disse aí? – Sérgio me deu um pescotapa, eu saí correndo e meti o pé pro banheiro.

Fui tomar banho e um pensamento maldoso surgiu na minha mente:

- “Mais um amigo que ele se aproxima pra tentar comer a mulher. Aposto.”

Meu tio treinava com Humberto três vezes na semana e eu me acostumei a vê-lo lá no apartamento, sempre de short e usando aquelas cuecas e meias diferenciadas. Essa rotina seguiu até o dia da competição de MMA do Serjão, uma noite marcada por porradaria no octógono, eu preso na grade gritando o nome dele e o incentivando a não desistir da luta. Meu padrinho apanhou um bocado, mas também sentou a mão no oponente, colocou os meses de treino em prática e acabou em segundo lugar, feito que ele comemorou até perder a voz. Parecia que tinha vencido o cinturão, de tão feliz que o dindo ficou. Eu vi como ele não tirou os olhos da namorada do Humberto depois que saiu do ringue, e meu cérebro queimou, a pele até arrepiou.

- “Eu sabia. Bingo! Tô dizendo que meu tio é safado, cara!” – pensei alto.

Eu e Sérgio saímos pra comemorar nessa noite, fomos para um bar chique na Lapa e foi a primeira vez que vi ele vestir roupa formal depois que começou a malhar e treinar. A blusa social ficou apertada no peitoral inchado, os pelos saindo entre os botões, a calça justa demais e dindo engomadinho, numa autêntica mistura de rude com elegante. Chapéu vermelho, barba modelada e enorme no rosto ainda machucado da luta recente, sapatos sociais lustrados, suspensório vermelho, o Malbec fluindo no pescoço, relógio no pulso, cordão, carteira, chaves... Me perdi em algum detalhe? Sei lá... Percebi algo de muito familiar no visual dele, fiquei observando a roupa completa e tentando lembrar de alguma coisa, mas nada em específico veio à mente.

- Que foi, moleque? – ele passou os polegares nos laços do suspensório vermelho e riu. – Tô pinta ou não tô, pode falar? Heheheh!

- Tá o bicho, coroa. Elas não vão parar de te olhar hoje. Hahahah!

- Ih, que nada, garotão. Tiozão tá na pista, titio tá on. Heheheh!

- Ah, garoto. Hehehehe!

Virei pra sair do quarto antes da gente meter o pé pra rua, meus olhos correram no canto da cama de casal e eu paralisei. Lá estava a cueca boxer longa, lilás, e o par de meias pretas com antiderrapante, sendo que Serjão odiava usar cuecas.

- “Ah, não...” – tiro e queda, meu parceiro.

Aconteceu... Foi rápido, tipo a bala que atravessa a parede e estoura a cabeça. POW! Headshot! Meu corpo virou pedra na porta do quarto, meus dedos prenderam na parede e eu cheguei a me sentir zonzo com tanta informação sendo recapitulada no cérebro. Eu vi. Vi o que não devia ver. Os dedos grosseiros alisaram as alças do suspensório novamente, lembrei de quem era aquele acessório e minha mente deu um nó, entrou em vórtex. Tudo foi sugado para um único ponto central dentro da minha cabeça e eu pensei que meus neurônios iam implodir, sem sacanagem.

Veja você, como meu muro inabalável sofreu o primeiro impacto e ameaçou ruir: se minha teoria do Sérgio ser pegador era realmente um muro feito de vários tijolos representados pelas vezes que ele comeu mulher de amigo, então a presença daquele suspensório vermelho nos ombros do meu padrinho significava demolição, a bola de ferro que desmontou minha tese e me deixou abobalhado com a verdade escondida atrás do muro.

Posso mandar a real? Acho que no fundo, no fundo, eu sempre soube, mas não queria saber, tipo, SABER mesmo. Os sinais, pelo menos, sempre estiveram ali: o jaleco esquecido pelo enfermeiro Sanderson, o tal suspensório do advogado Denilson, a cueca e as meias antiderrapantes do Humberto... Pra ser mais específico, minha teoria começou a declinar quando alguns fatos inesperados aconteceram quase que juntos, em sequência, separados por questão de pouco tempo.

Desde que éramos três, eu, meu tio e minha tia tínhamos o hábito de passar o Natal na casa de praia em Ibicuí, então o primeiro fato foi que agora eles eram divorciados e isso implicava em novos planos, já que a casa de praia era do Sérgio. O segundo fato aconteceu dias depois, quando ele me ligou pra comunicar que faria freelance em outra cidade no Natal, portanto nós não passaríamos a data juntos.

- Jorginho, você vai passar aqui comigo ou no teu padrinho? – tia Rose perguntou.

- Ele não vai passar no Rio, tia. A senhora vai fazer ceia aqui em Engenho de Dentro ou pretende ir pra casa do Basílio?

- Ih, meu querido, Basílio e eu demos um tempo. Ele teve uma crise de ciúmes do nada, acredita? Me divorciei do seu tio e não quero outra pedra no sapato, não, Deus me livre.

- Sério? – fiquei surpreso, apesar de ela parecer tranquila com a situação. – Pô, que bosta. E agora?

- E agora nada. Só o tempo vai dizer. Se for pra ser, vai ser, Jorge. Então eu vou fazer a ceia aqui e você vem comer comigo, tá certo? Nossa primeira ceia no apartamento novo, que tal?

- Fechou. Pode contar comigo.

Mal sabia eu que a véspera de Natal seria marcante...

No dia 24 de dezembro, acordei de manhã, por volta das 9h, e ajudei a coroa a dar aquela faxina esperta no apartamento. Limpamos desde o assoalho da varanda até o ralo do banheiro e eu arrumei mais que ela, porque tia Rose foi sagaz e se adiantou pra preparar a ceia. Ela assou peru e pernil, fez torta de bacalhau, arroz à grega, farofa, lentilha, e um molho de azeite com alho que me deixou maluco, eu quis comer ainda na hora do almoço. Ajudei nas sobremesas, aprendi a fazer pudim e nós acabamos antes das 17h30, no entardecer. Meu tio já tinha viajado a trabalho, eu só ia encontra-lo novamente após o Natal, mas essa vida de ficar rodando de Santa Teresa pra Engenho de Dentro me deixava tonto, perdidinho. Acabou que eu esqueci a porra do tênis novo no apartamento do Serjão e apareci lá pra buscar, isso à noite, umas 19h.

Eu tinha a chave e só precisava entrar no apê pra buscar meus tênis, então cheguei em silêncio, encontrei o que precisava e saí sem alarde. Quando estava me preparando pra fechar a porta, eis que avistei a bagunça sobre o sofá e meus olhos inevitavelmente encontraram aquele velho jaleco jogado no canto da poltrona do meu padrinho. Minha mente deu aquela pensada por um mero segundo, peguei a chave pra trancar a porta e foi nesse momento que escutei risadas vindas de dentro do apartamento.

- “Ué?” – meu cérebro parou. – “O dindo não viajou? Será que esqueceu a TV ligada?”

Já tinha meus tênis em mãos e poderia ter ido embora sem pensar, mas a dúvida efervesceu meu corpo, minha pele começou a esquentar e eu voltei pro lado de dentro do apê.

- Heheheh! Eu que o diga. Tô ligado que teu bagulho é rola desde a primeira vez que te vi, não errei. Olha onde tamo agora? Acertei, não acertei? – a voz familiar chamou minha atenção.

O jeito brusco e ríspido de falar me deu certeza de que era o Sérgio e que ele só podia estar com alguma mulher de amigo dentro do quarto, se eu bem o conhecia. Quando a pessoa que estava com ele abriu a boca pra responder, o chão abaixo dos meus pés sumiu, desapareceu. Minha pressão caiu, eu desequilibrei, comecei a suar frio e fiquei tonto com a carga de informações que recebi. Meu coração quase saiu pela boca, de tão ansioso que me senti.

- Você tá doido pra me comer, não tá? Ainda mais aqui, na cama onde você comeu minha mulher várias vezes. Heheheh! Ah, Sérgio, cê não vale nada.

Meu cérebro ficou pequeno pra acomodar tantos pensamentos acelerados passando a mil por hora. Eu quase tremi, apunhalado pela realidade nua e crua que começou a me rasgar do avesso. Não restou dúvida: a voz que eu escutei só podia ser de uma pessoa.

- Tô doido pra te passar a piroca mesmo, não vou mentir. E tu sabe que a Rose nunca me deu o cu, Basílio? Quase onze anos casado e esse tempo todo eu tive que me segurar pra não caçar bunda na rua, tá ligado?

- Você é tão viciado em cu assim, Sérgio?

- Viciado? Porra, eu sou TARADO em bunda! Tu quer me ver babando é falar que não vai dar buceta, mas vai liberar a bunda pra eu dar aquela gastada. Foi por isso que eu me liguei nas tuas manjadas no dia da mudança do Jorginho.

- Puta merda! Você não imagina como foi difícil manjar tua pica nesse dia, ainda mais com seu afilhado olhando pra minha cara toda hora. Será que o moleque percebeu?

- Sei lá. Se percebeu, não comentou.

- Por falar nisso, vou te contar, hein? Teu afilhado tá ficando gostoso que nem você, Sérgio. É de família! HAHAHA! – Basílio riu.

- É de família! UHAUHAU! Mas ó, tira o olho dele, seu porra! Teu negócio é comigo, na minha piroca. Deixa Jorginho quieto que ele tá focado no Exército.

- Ah, se eu te contasse quantas cuecas dele eu já cheirei lá no apê da Rose... Hahahah! Vai entrar pro quartel e vai ficar mais gostoso ainda, aposto. Será que ele já comeu viado?

- Ah, corta essa, filho da puta! Deixa meu moleque comer buceta. Não acostuma ele com bunda, não, senão ele vai viciar em curra que nem o tio. Olha o que a sodomia fez na minha vida, irmão. Traí a mulher, terminei casamento, fui pra vida fácil de comer cu na rua... Vício é foda. Heheheh!

- AHUAHAU! Já pensou se ele puxar o padrinho?

- Acho que não, Jorginho é hétero. Às vezes ele comenta de mulher comigo e já trouxe umas pra cá. A parada dele é buceta, Basílio, nem tenta.

Eles se perderam nas gargalhadas e eu morri de vergonha. Meu peito em chamas, meus olhos secos e eu absolutamente imóvel, incapaz até de piscar. Pra ser sincero, se qualquer um deles saísse do quarto naquele momento, eu não teria sequer como me mexer, tão sólido que fiquei do lado de fora. Era a mesma cama de casal onde meus tios transaram ao longo de uma década inteira; a mesma cama onde, no presente, meu dindo e o atual namorado da tia Rose estavam prestes a foder no pelo. Isso mesmo, o coroa tava focado no rabo gordo do macho de titia, também conhecido como meu tiodrasto.

- Será que teu afilhado nunca desconfiou dos homens que você trouxe pra cá, Sérgio?

- Para de me enrolar e tira logo a roupa, putinho, que hoje que vou te estourar. Só pra fazer o que não fiz no dia da mudança. Vem, tô latejando.

- Tô falando sério, macho, presta atenção. Foca aqui, pensa comigo. Já imaginou se Jorginho começa a reparar nos detalhes? Vai acabar dando merda.

- Que detalhe, Basílio? Se ele perceber, percebeu. E daí? Eu como bunda mesmo, porra, qual é o problema? Nós somos adultos.

- E eu sou o atual namorado da tua ex-mulher. Sou da igreja, já pensou na dor de cabeça que pode dar?

- Tu é da igreja, eu não. – meu padrinho deixou bem definido.

Foi mais ou menos nessa altura do jogo que me dei conta de um fato que sempre esteve ali me soterrando, nos afundando, porém eu nunca havia dado a devida atenção: a todo momento, por mais que eu tivesse certeza que meu tio tinha casos com várias mulheres casadas, seu círculo de amigos era composto inteiramente de homens. Seus amigos da época do quartel, os parceiros da academia, do crossfit e do futebol, os colegas de trabalho na auditoria, o enfermeiro Sanderson, o advogado Denilson, o mestre Humberto... E agora, o namorado cristão da tia Rose. Somente homens.

- Acho que o moleque nunca parou pra pensar nisso, Basílio. Sei lá, ele tá concentrado em entrar no Exército, não tem por que ficar procurando problema pra se estressar. Fora que nenhum dos meus putos nunca mais voltou aqui.

- Nenhum deles? Ninguém, nem teu novinho Sanderson?

Tirando a parte da tia Rose, a história do meu tio era uma história masculina, sobre homens, e não sobre mulheres. Inquieto atrás da porta, eu não pude mais ficar só ouvindo os detalhes e senti que precisava ver o que estava acontecendo dentro do quarto, caso contrário minha cabeça ia explodir. Tomei coragem, respirei fundo, estiquei o pescoço e bisbilhotei com cuidado, tenso com a possibilidade de ser visto ali.

- Nem o Sanderson voltou aqui, Basílio. – Serjão explicou. – Nem ele, nem o Humberto e nem Denilson. Ninguém nunca voltou, justamente pra não dar bandeira. Será que agora dá pra parar de enrolação e ficar de quatro pra mim?

Vi meu tio de costas, já sem blusa, com a calça jeans surrada arriada nos joelhos, as botinas de segurança do trabalho nos pés e o corpo suado, como ele sempre gostava de estar, ostentando a tatuagem de escorpião no bíceps. O coroa pôs as mãos no corpo do namorado de titia e já foi virando o varão de quatro na cama, com a raba dele nua e arreganhada pra si.

- Vai fazer comigo a mesma coisa que fez com o Sanderson, é?

- Não, contigo vai ser diferente. Sanderson deu desculpa que veio fazer fisioterapia no meu pé e saiu daqui mancando, correu pra casa pra tirar meu leite do cuzinho. Heheheh! Contigo não vai ter desculpa, seu filho da puta! É veneno de escorpião que eu vou injetar em tu. Quer sentir meu ferrão?

O SORRISO, O PRAZER, A SATISFAÇÃO QUE SÉRGIO MANIFESTOU EM SEU ROSTO AO VER O ANELZINHO PISCANDO FOI PUTARIA, BAIXARIA! Nunca vi meu padrinho tendo uma reação daquelas antes, visivelmente eufórico e prestes a brocar a piroca no cu do Basílio.

- Tô doido pra ser picado, macho. Me fura, eu deixo. Pode furar.

- É, seu crente do cu quente? Vou te arregaçar. Me amarro em comer macho casado, fico galudo. Só ando com maluco que tem esposa, tu tá por fora.

- E quem diria que a esposa da vez seria sua ex-mulher, hein? Hahahaha!

- Né, putinha? Quem será que é mais quente por dentro, tu ou ela?

Dindo trouxe o lombo do Basílio pra si e colou a calabresa em cima das nádegas dele, usando as mãos pra segurá-lo pelas ancas e impedir que escapasse do engate. A selva de pentelhos acariciou a pele do namorado de titia e o piranho começou a rebolar, demonstrando o quanto queria ser penetrado, possuído, visitado e devorado por outro macho, justamente o ex-marido que comeu tia Rose por dez anos.

- O que eu vou fazer contigo agora, eu não faço nem com o Humberto quando a gente trepa no tatame. Abre a boca, minha puta.

Basílio obedeceu, virou pra trás, abriu a boca e recebeu de bom grado a cusparada dada pelo meu tio. Ainda ganhou tapa na cara e deixou meu padrinho trata-lo como brinquedo, um autêntico objeto a ser manuseado e explorado.

- Mentira que vocês trepam no tatame?! – o varão ficou tão surpreso quanto eu.

- Direto, porra! A gente treina pelado e só para pra foder. Da outra vez rolou na sala. A sorte foi que o moleque chegou e a gente já tinha voltado a treinar, senão ele ia pegar o padrinho dele montado no lombo do mestre. Mó adrenalina do caralho! Heheheh! Minutos antes, o Humberto tava correndo pro banheiro pra cuspir meu esperma do cu, que nem eu fiz com o Sanderson.

- Além de viciado em bunda, teu negócio é injetar leite, né, Sérgio?

- Sabe como é o escorpião. Quando bate a uria, nós resolve jogando veneno. Tem que dar uma afiada no ferrão de vez em quando, fala tu. Acumular é que não dá. Hehehehe!

- Dar uma aliviada de vez em quando tá ótimo, mas ser que nem você, viciado em cu todo dia e toda hora, aí é complicado. Imagina se a Roseli descobre que o advogado que fez o divórcio te dava a bunda toda noite nessa cama, já pensou?

Risonho e orgulhoso, o coroa abraçou o trintão por trás e colou o físico na traseira dele, cobrindo Basílio e o vestindo com o peso do corpo. Depois de tudo que eu vi, descobri que todos nós sempre estivemos vivendo sob o mormaço e a luxúria excêntrica de um verdadeiro escorpião rei. Foi exatamente como me senti: enquanto o namorado da minha tia começava a tomar ferroadas possessivas e profundas do Sérgio, era eu quem ardia de febre e padecia no veneno borbulhante do meu tio.

- SSSS! Que piroca grossa da porra, macho! Seu sem vergonha! Não vai querer nem uma mamadinha antes de me comer?!

- Mamada é o caralho, já dei o papo que meu bagulho é alargar cuceta! FFFFF! Não tô nem aí, tenho que amassar um cu e largar leite dentro, comigo é assim! Porra quente, concentrada e direto do saco, tá ligado? Arrebita essa porra, não vou mandar de novo! – dindo deu um soco no cóccix do cretino, o obrigou a abaixar e montou com força, não sobrou pica fora do cu do Basílio.

Quanto mais aquele cristão sem vergonha tomou no rabo, mais eu senti pontadas e fiquei apreensivo, pois não entendi como ele conseguia sentir prazer em algo que parecia doloroso. Mais que isso, meus neurônios ainda não tinham compreendido que o ex-macho de titia estava socando a piroca no lombo do namoradinho dela, os dois suando e fazendo a cama gemer junto deles. Sérgio começou lentinho, mexeu o quadril e pareceu derreter diante da sensação da carne macia agasalhando a vara até o talo.

- Mmmm! Que piru gostoso! Grandão, cabeçudo! Tá me abrindo de fora pra dentro, porra!

- Pede pra eu meter, pede?! É a única coisa que eu tenho pra te oferecer hoje! Ferroada no cu até tu estufar de leite, cachorra! – deu a botada com tudo e o barulho do estalo me causou nervoso. – OOORGH! Pede marretada, pede?! SUA PUTA! CADELA! RAMPEIRA! VOU TE QUEBRAR!

- FODE MEU RABO, MACHO! – Basílio implorou e gemeu manhoso, igual felino no cio. – SSSS! ISSO, FILHO DA PUTA! SEU DESGRAÇADO! FFFFF!

- “Eu... Me enganei? Esse tempo todo, eu... Errei?” – meu pensamento me castigou e foi difícil de processar as informações. – “As traições, os cigarros na varanda, as olhadas pra rua, as putarias escondidas... Não eram com mulheres, não foram com mulher. Meu tio é... Ele é...?”

Padrinho pegou impulso, lançou o pezão suado e veiúdo na cara do Basílio e ganhou espaço pra estocar novamente o quadril, devorando e torrando as preguinhas do meu tiodrasto. Mesmo escondido na fresta da porta, deu pra ver os elásticos anais do gordinho se abrindo pra caceta do meu tio arrastar pra dentro, e essa cena me deixou trincado, aflito de nervoso.

- Era assim que tu queria ser comido? Na roupa que eu usei no dia da mudança?!

- Assim mesmo! Queria ter dado pra você naquele dia, pena que teu afilhado tava lá! Agora satisfaz minha tara, macho, me pega de jeito!

- Tu gosta de suor e pentelho, gosta?! FFFF! Pisca o cu na minha linguiça, cadela! Macho tá com fome, pisca essa porra!

- Gosto muito! SSSSS! Seu corpo é pesado, mas eu aguento o tranco!

- Bom saber que eu posso me soltar em cima de tu! Heheheh!

- Você pode tudo comigo, Sérgio! Pulsa tua pica no meu cuzinho!

- Então toma, vagabunda! Puta! Minha putinha! Vou te usar até cansar, tá fodida! Heheheh! Vai comer o pão que o diabo amassou na minha mão, Basílio! Mmmm!

Como era possível Basílio não sentir dor e ainda rir enquanto dava o furico? A cada estanque da cintura do Serjão, a cada rebocada que o saco moreno e cabeludo dele dava nas bolas do Basílio, eu reagia com um pulo na porta do quarto e morria durante um microssegundo. Não coube na minha cabeça como que alguém podia gostar de ser enterrado de cara na cama, com um pé pesado na fuça, o cu pro alto e 25cm de giromba calibrada cavando dentro de si. O macho da tia Rose, por outro lado, tava amarradão de quatro, todo empinado e arreganhado pro ex-marido dela plantar a mandioca. Que entendimento era esse que eles tinham e que eu não conseguia entender?

- SSSSS! Eu pulsando a vara no teu buraco e tu piscando a cuceta no meu mastro, isso sim que é Natal! Cristão de cu é rola, Basílio! Tu gosta muito é de piru! Vai negar?!

- Para de falar essas coisas, Sérgio, é pecado! – Basílio se fez de puritano, de moralista.

- Pecado é o que eu vou fazer dentro de tu, ordinário! – tapas, cuspidas, lambidas e mordidas entre eles. – Pecado é tu mentir pra Rose, eu mentir pro Jorginho e a gente passar o Natal sem sair da cama, trepando a noite inteira! AAARGH! Pecado é eu te encher de leite e depois tu voltar pra tua mulher, seu filho da puta! Chora na minha rola, caralho! FFFFF!

- EU QUERO QUE VOCÊ ME DESTRUA, MACHO!

- E É ISSO QUE EU VOU FAZER! TU NUNCA MAIS VAI DAR O CU DEPOIS DE HOJE, SUA BISCATE! OOORGH! – dindo começou a trotar em cima do viadão e não demorou a cavalgar.

- ME FODE, PUTO, ISSO! ME DÁ PAU! SSSSS! QUERO SAIR DAQUI TORTO!

- PARA DE PISCAR NÃO, PORRA, CONTINUA! GRRRR! CU DE BUCETA!

Uma coisa que não dava pra negar a respeito do Sérgio é que ele era caralhudo de primeira, mas isso não foi problema pro filho da puta do Basílio, já que o viado tirou de letra e emprestou o rabo feliz da vida. Lembrar que esse infeliz era da igreja me deixou boladão e cheio de ódio, sobretudo por saber que ele tava enganando minha tia com o ex-marido dela. Me controlei demais pra não invadir o quarto e quebrar a porra toda, o foda é que não consegui sair do lugar e me senti hipnotizado, vidrado na devassidão alheia.

- ESFOLA MEU CUZINHO, SÉRGIO, NÃO PARA!

- VOU TE FAZER DE PUTA, ME AMARRO! VAGABUNDA! EMPINA O CU PRO TEU MACHO, CARALHO! ISSO, ASSIM QUE EU GOSTO! SÓ VARETADA NO LOMBO, TU VAI SAIR MARCADO! FFFFF!

- PODE BATER, PEGA LEVE COMIGO NÃO! EU AGUENTO!

- AGUENTA MESMO, VADIA!? SERÁ QUE AGUENTA?! GRRRR! – dindo prostrou nas costas do Basílio e se afiou todo pra maltratar o cuzinho dele.

Quando achei que não dava pra piorar, ele começou a dar estanques cada vez mais cavalares e seu corpo chegou a pular na cama, caindo com tudo no colchão. Ele PERFUROU, ATRAVESSOU, FUZILOU o rego do trintão, brincou de tirar a piroca e entrar com tudo outra vez, repetindo os movimentos igual bicho cruzando. O que eu presenciei ali não foi mero sexo, foi também a mais profunda e escaldante manifestação de selvageria, brutalidade e carnificina entre machos.

- GRRRR! PEDE PRA EU TE ENTERRAR!

- ME ENTERRA, MALDITO! TROGLODITA! ESCORPIÃO VENENOSO, PODE FERROAR! QUERO VENENO NO CU, SEU COMILÃO!

- PEDE PRA EU TRANSFORMAR TEU CU EM BUCETA, SEU DESGRAÇADO! CACHORRA, FÊMEA! PEDERASTA, FILHO DA PUTA! – tapa na cara, puxão de cabelo, soco nas costelas e eu não soube se estava bisbilhotando uma foda ou uma das competições de MMA do monstrão.

- FAZ MEU CUZINHO DE XOXOTA, SERJÃO! POR FAVOR, QUERO SER TUA FÊMEA! TÔ MAIS QUENTE QUE A ROSELI, NÃO TÔ!? – essa fala me deu vontade de vomitar a raiva.

- TÁ QUENTINHO, TÁ O MUNDO! E VAI FICAR AINDA MAIS QUENTE QUANDO EU ENCHER DE GALA, DEPÓSITO! TU, PRA MIM, É DEPÓSITO! UEHUEHE! SACO DE LEITE, ISSO QUE TU É! PIRANHA! CRENTE DO CU QUENTE!

Por alguns minutos, até pensei que meu padrinho tava fazendo aquilo de propósito, na intenção de machucar Basílio, só que não, foi pura malícia do acasalamento. Porradaria pesada e violência gratuita, ao ponto de eu fechar os olhos e ouvir o PÁ, PÁ, PÁ, PÁ, PÁ estourar feito bate-estaca do meio deles. Duvido que o Sérgio tenha comido minha tia desse jeito durante o casamento, só pra você ter noção do nível avassalador da foda. Acho que nem os predadores mais selvagens do reino animal cruzavam daquela forma impulsiva e quase sádica, doentia.

- ME CHAMA DE SÉRGIO ESCORPIÃO! SSSS! – fez o pedido com as presas entranhadas no cangote do Basílio. – PEDE PRA EU INJETAR VENENO NO TEU CU! FFFFF! MEU PUTO!

- AAARGH! SOCA VENENO NESSE RABO! MEU HOMEM, MEU MACHO! MMMM! ROSELI TAVA MUITO BEM SERVIDA CONTIGO, VOU TE FALAR! POR QUE ELA TERMINOU COM UM CAFAJESTE QUE NEM VOCÊ, SÉRGIO ESCORPIÃO?!

- PORQUE EU SOU VICIADO EM LEITAR CUZINHO DE FÊMEA SUBMISSA, QUER VER?! FFFFF! – padrinho revirou os olhos, afundou o varão na cama e eu não sei como eles não mergulharam e sumiram no colchão.

- OOORGH! CARALHO, VOCÊ ARROMBOU MEU CU! QUE LEITADA GOSTOSA, MACHO, PUTA QUE PARIU!

- SSSSS! JOGANDO FILHO LÁ NO FUNDO, TÁ SENTINDO!? GRRRR! CARALHO, BASÍLIO!

- CLARO QUE TÔ SENTINDO, TÁ MARAVILHOSO! Mmmm! Escorpiano é um bicho dos infernos mesmo, né? Hmmmm!

- Meu veneno tá escorrendo do teu buraco, ó. Hehehehe!

Quando olhei pra baixo e me dei conta do meu estado, já era tarde demais. Minha piroca parecia uma viga de aço maciço, deitada pro lado na bermuda e estourando de dura. Fiquei curioso com essa reação inesperada, abri o zíper e ela pulou pra fora sozinha, como se tivesse vida própria. Tão logo saiu, a pica empenou, apontou pra cima e jorrou gala quente sem eu fazer nada, nem usei as mãos. A descarga de calor absorveu meu corpo, minha pressão oscilou e lá se foi outra escarrada prepotente e esbranquiçada no chão do corredor.

Continuação no Privacy.

Essa história se chama NA URIA DO ESCORPIÃO.

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Comentários

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MUITO LONGO, CANSATIVO, DESNECESSÁRIO. PODERIA TER 3 PARTES DAI SIM.

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Além da chatice de ter que pagar se quiser ler o resto da história. Como já estou prevenido, nem perco mais meu tempo.

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