O Toque Proibido

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 2161 palavras
Data: 27/04/2025 14:39:24
Última revisão: 27/04/2025 15:25:54

####Atenção! Conteúdo sensível. Todos os personagens deste conto são maiores de idade. Essa publicação é meramente recreativa e de entretenimento, de maneira alguma é uma recomendação de prática.####

A verdade é que Fernanda não andava: deslizava, como uma visão impura no meio das beatas. Cada passo dela era uma ofensa às viúvas gordas e aos maridos distraídos. E era assim desde sempre. A idade — caprichosa, canalha — cobrara seus tributos, sim. Mas neles, Fernanda encontrara ornamentos, como pequenas cicatrizes que embelezam o mártir. Já não era uma menina há muito tempo. Carregava nos quadris e nos olhos a sabedoria dos 45 anos que vivera — e isso, longe de diminuí-la, a fazia perigosa.

Ela atravessava a rua — e não era uma mulher andando: era um escândalo, um ultraje. Vestia um vestido azul, justo o suficiente para que cada curva, cada indecência, se insinuasse, se adivinhasse, sem nunca se mostrar. O decote, mínimo, sugeria mais do que mostrava — e era nisso que residia sua desonestidade: prometia. Ah, prometia.

— "Fernanda... que perigo!" — murmurou, baixinho, o açougueiro, enquanto cortava a carne em fatias indecentes.

Ela apenas lançou-lhe um sorriso breve, um esgar de canto de boca, que era um sim e um não, uma confissão e uma ameaça. Seus cabelos, castanhos e cheios de vida, ondulavam como se obedecessem a alguma ordem secreta do vento.

As vizinhas se benziam. As línguas afiadas, venenosas, borbulhavam de ódio e inveja.

— "Olha ela... toda oferecida... com essa idade ainda se acha!" — sibilou Dona Célia, com um ódio que fazia suas bochechas latejarem.

Fernanda não respondia. Rebolava. Rebolava como quem abençoa e condena ao mesmo tempo. Seu andar era um castigo e um convite, uma novena e um bilhete de motel.

E havia os olhares... Deus sabe dos olhares! Os homens a fitavam como quem reza e peca ao mesmo tempo. Um, mais atrevido, esbarrou nela de propósito.

— "Perdão, Fernanda..." — disse, sem um pingo de arrependimento nos olhos.

Ela não respondeu. Sorriu. Aquele sorriso — que não era de desculpa, não era de aceitação. Era de jogo.

E no fundo de cada olhar — até dos mais santos — havia aquele desejo proibido, a fome muda, o pedido silencioso: "Me condene, Fernanda. Me salve."

Ia ao encontro de Felipe, o filho único que voltava à pequena cidade, já adulto e homem feito, depois dos anos de serviço militar e faculdade de engenharia.

Nos anos em que esteve fora, é verdade, conheceu muitas — loiras, morenas, ruivas — moças que o amaram e o esqueceram com a mesma rapidez. Mas nada, absolutamente nada, o preparara para aquela visão azul que surgia na rodoviária, movendo-se como uma profecia de perdição.

O vestido azul grudava em seu corpo como uma segunda pele, moldando os contornos generosos que o tempo, em vez de punir, aperfeiçoara. Nos ombros, os cabelos dançavam como chamas, e o sorriso, entre tímido e diabólico, rasgava o espaço entre os dois.

Felipe sentiu um baque no estômago — uma vertigem surda — e, junto dela, algo mais sombrio, algo que o fez enrubescer até a raiz dos cabelos. A imagem que guardava da mãe — aquela mulher recatada, envolta em vestidos sóbrios e palavras austeras — se dissolvia diante daquela aparição insolente.

Ela abriu os braços.

— "Meu Felipe..." — disse, com a voz que era meio riso, meio suspiro.

Felipe se adiantou, atordoado, tropeçando no próprio passo. Abraçaram-se. E ali, naquele breve segundo — apenas um segundo, nada mais — o mundo parou.

O corpo dela pressionou-se contra o dele, cálido, moldado. Felipe fechou os olhos, tragado por uma sensação indecente, e sentiu o sangue lhe subir violento, traidor, provocando-lhe um desconforto. Envergonhado, tentou se afastar rápido, mas Fernanda apertou-o um instante a mais — e, ao fazê-lo, sorriu com um deleite mudo, quase terno, quase algo mais.

Fernanda afastou-se primeiro, mantendo as mãos nos ombros dele, olhos mergulhados nos dele com um brilho antigo e perigoso.

— "Como você cresceu..." — disse, e seus dedos demoraram um instante a mais no toque, como quem experimenta uma seda que ainda não conhece.

Atrás deles, velhas cochichavam. Um senhor de chapéu baixo resmungou alguma coisa entre dentes apodrecidos.

Mas eles não ouviam. Ouviam apenas o silêncio viscoso, a corrente elétrica que zumbia entre os dois.

Felipe riu, sem graça, como um menino flagrado em delito. E baixou os olhos, envergonhado daquilo que não ousava nomear.

Fernanda apenas sorriu. Um sorriso de quem sabia.

Em casa, cumpriram uma romaria de almoço, cafés e visitas. Velhos amigos, parentes e conhecidos, alguns queridos, outros nem tanto. Mesmo assim, Felipe e Fernanda receberam, conversaram e sorriram — sempre sorriram.

Ah, e os sorrisos! Fernanda dominava aquela arte como uma cortesã antiga, sem jamais ultrapassar os limites do decoro. Seu sorriso não era escandaloso — era contido, mas tão profundo que desarmava. Quando sorria, o mundo à sua volta parecia encolher, como se todos, sem exceção, caíssem na gravidade invisível que emanava dela.

Homens velhos, mulheres ranzinzas, rapazes casados, todos se curvavam sem saber — todos queriam, de alguma forma secreta, ser escolhidos por aquele olhar.

E Felipe, sentado ao seu lado, experimentava um encantamento estranho e crescente. Percebia, como se pela primeira vez, a força daquela mulher. Ela era um ponto de convergência, uma fogueira em torno da qual todos se aqueciam — ou se queimavam.

A cada sorriso que Fernanda dirigia a um visitante, a cada inclinação delicada da cabeça, a cada riso meio sussurrado, Felipe sentia-se deslocado, como se ela pertencesse a um mundo mais perigoso e mais adulto do que o seu.

E, ao mesmo tempo, uma ponta amarga de ciúmes lhe corroía o peito — um ciúmes sem nome, sem justificação, que o fazia mirar com hostilidade os homens que riam demais, que se demoravam demais junto dela. Fernanda, claro, percebia tudo.

Nos momentos em que o salão se alvoroçava com alguma piada ou lembrança antiga, ela lançava a Felipe pequenos olhares, curtos e cintilantes, como quem compartilha um segredo proibido. E nesses olhares havia algo mais: um deleite silencioso, um jogo sutil que ela jogava sozinha, à sua maneira, com a serenidade de quem sabe que vencerá. Felipe desviava os olhos, como se apanhado em pecado. E, no entanto, mesmo desviando-os, voltava sempre a ela.

Houve momentos em que Felipe esqueceu — esqueceu completamente de quem ela era. E, sem qualquer culpa que seu corpo reconhecesse, entregou-se à visão daquelas coxas cruzadas sob o tecido justo, quase imprudente. O vestido azul colava-se às pernas como uma segunda pele e, em certas posições, parecia traí-la — ou antes, parecia obedecê-la. Quando Fernanda andava, Felipe mal se continha.

Indo, ela era um monumento de balanço e insinuação. O vestido, atrevido sem parecer vulgar, marcava a costura da calcinha pequena, esculpindo um convite silencioso que enfeitiçava os homens da casa — inclusive o mais proibido deles.

Voltando, vinha com uma barriguinha suave, quase imperceptível, uma rendição discreta da carne madura que, em vez de afastar, atraía ainda mais. As curvas que delineavam o ventre, a cintura e desciam, suaves, em direção ao mistério oculto, pareciam feitas para o pecado e para o perdão.

Felipe, num instante de desvario, fixou o olhar ali — apenas um instante, apenas um lapso. E sentiu o sangue ferver-lhe as veias, a vergonha entupir-lhe a garganta.

Sentado no sofá, apertou os joelhos com força, tentando disfarçar a própria perturbação. Fernanda notou e sorriu.

Era um sorriso quase piedoso, quase cândido — mas cheio daquele deleite secreto que só ela sabia esconder tão bem. Cruzou as pernas com lentidão calculada, sabendo-se observada, rainha de uma corte silenciosa e involuntária. Felipe desviou o olhar outra vez, o rosto em brasa, o peito em tumulto.

Mas, ainda que não olhasse, sabia — sentia — cada movimento dela, como se o corpo de Fernanda fosse agora uma extensão dos seus próprios sentidos.

O resto da tarde arrastou-se como um suplício. Cada visita que chegava era um alívio e uma tortura; cada riso dela, uma bênção e uma condenação.

E Felipe, mergulhado nessa nova e terrível consciência, entendia — sem entender — que nunca mais seria o mesmo.

Mas... estaria ele vendo coisas? Imprimindo um pecado inominável onde só havia simpatia e devoção?

Felipe apertou os olhos, a testa suando fria. Não, não havia razão — nenhuma — para crer que aquela mulher se insinuaria para ele. Aquela mulher era sua mãe. Era imaginação. Um truque sujo da solidão e da distância.

Mesmo quando ela cruzou as pernas — aquele gesto automático, casual — ela não se demorou. Não, não demorou.

Mas o instante — ah, o instante! — foi cruel.

Felipe, num relance, viu sob a barra do vestido a renda branca da calcinha, delicada, insinuante. E, contra a renda, os pelos negros, bem aparados, como um segredo exposto apenas para aqueles que não deveriam ver. Foi apenas um segundo, um acidente, uma miragem. Ela não fizera de propósito, claro. Ela não poderia...

Era evidente que estava interessada em alguém — alguém que Felipe, cego e tolo, não percebera entre os visitantes. Era natural: a viuvez a deixara desejosa de atenção, de carinho, de olhares. E não havia mal nisso. Não havia crime em querer ser amada outra vez. Mas, por mais que a razão gritasse, o corpo de Felipe se insurgia.

Sentia o peito subir e descer num ritmo descompassado. A respiração curta, nervosa. E o volume nas calças, antes discreto, começava a incomodá-lo de maneira cruel, sufocante, denunciando uma excitação que ele não ousava admitir nem para si mesmo.

Ajeitou-se no sofá, constrangido, as mãos trêmulas, os olhos fugidios. Tentava, em vão, pensar em outra coisa, em qualquer outra coisa — mas cada perfume que ela deixava no ar, cada riso, cada cruzar de pernas era um chicote invisível sobre sua carne fraca.

E Fernanda — ó, Fernanda! — continuava a sorrir, a conversar, a rir com os convidados, como se o mundo fosse puro e a tarde uma bênção. Ou talvez não.

Talvez, num lampejo, seus olhos encontrassem os dele — e Felipe, trêmulo, tivesse a certeza de que, atrás daquele sorriso sereno, ela sabia.

Depois da última visita se despedir, depois de Fernanda, incansável, deixar a cozinha tão impecável quanto um altar — e tudo isso sem sequer suar —, a madrugada já se estendia preguiçosa sobre a casa.

Ela degustava uma taça de vinho tinto, rubro como um pecado antigo; ele, uma dose generosa da velha cachaça de barril.

O dia, divertido e exaustivo, pedia um fim e nada mais natural que um banho.

Fernanda saiu primeiro. Passou por Felipe com uma naturalidade traiçoeira: o roupão amarrado frouxamente na cintura, a pele ainda úmida, o perfume adocicado misturado ao vapor.

Felipe entrou logo depois e fechou a porta com um estalo surdo, como quem sela uma câmara de tentações.

O banheiro era um inferno de delícias perfumadas. Espumas no chão, respingos nos azulejos, vapor grudando nas paredes como uma segunda pele invisível.

E então ele viu — pendurada atrás da porta, como um ídolo esquecido num altar secreto — a peça, a calcinha.

Não um mero tecido, não uma distração trivial, mas um relicário profano, deixado ali como uma provocação muda. Todas as outras peças haviam sumido, cuidadosamente guardadas, mas aquela — aquela em especial — ficara, única, solene, como se quisesse se fazer notar acima de qualquer coisa no mundo.

Felipe, num gesto sem consciência, aproximou-se. O cheiro subiu-lhe às narinas: um misto de limpeza e suor, de pureza e tentação. Uma fragrância que era ao mesmo tempo hóstia e veneno.

Fechou os olhos e, num arrebatamento mudo, roçou o rosto contra o tecido ainda úmido — e o choque daquela umidade tênue lhe atravessou a espinha como uma corrente elétrica. Era a prova silenciosa do que não ousava pensar.

O coração martelava em seu peito, a vergonha e o desejo se misturando numa vertigem doce e suja.

Com mãos trêmulas, levou a peça à boca — como um sacrílego — e sentiu o gosto fantasma da dona, o gosto de algo proibido e inominável.

Num gesto desesperado, enrolou o tecido em sua mão, apertando-o contra si como se quisesse, de alguma maneira absurda e trágica, unir-se àquela ausência.

Dentro do banheiro enevoado, entre o cheiro de sabão e carne, Felipe consumava um ritual mudo, entre gemidos e suspiros, entre o céu e o inferno. E a madrugada, impassível, espiava tudo pela fresta da janela.

Felipe, ainda ajoelhado diante daquela peça rendada, sentiu o clímax vir como um trem desgovernado — um prazer rápido, violento, supremo, que o atravessou por inteiro, deixando-o tonto, desfeito, como um pecador após a primeira comunhão profanada. Seu corpo se arqueou, sua alma se esgarçou num suspiro sufocado, e, por um momento eterno, não havia mais culpa nem mundo, apenas a lembrança quente do perfume dela, impregnado em sua pele, em sua respiração, em sua memória. Quando recobrou os sentidos, envergonhado e vazio, soube que o pior ainda estava por vir — porque a madrugada não apagara o desejo; apenas o adormecera, como uma serpente que ainda, em breve, voltaria a se enroscar entre eles.

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Comentários

Foto de perfil de Morfeus Negro

O texto está excelente, a história também, a expectativa é a de que quando acontecer a entrega de mãe e filho ela seja completa.

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