24- Plano B

Um conto erótico de Lauro Costa
Categoria: Gay
Contém 2135 palavras
Data: 26/04/2025 14:55:44
Última revisão: 26/04/2025 15:48:13
Assuntos: Gay

Leônidas engoliu o nó na garganta.

— Eu não imaginei uma reação tão violenta. — Sua voz falhou. — Mas é hora de consertar isso.

Márcia suspirou.

- O que tá matutando? - Perguntou Márcia?

- Vou assumir a Paternidade do Alexandre ! - disse sem pestanejar.

- Não sei do que minha familia seria capaz de fazer com o Alex, se as pessoas descobrissem sobre a paternidade dele.

- Você é louco !!! O menino é filho do Marcelo, como vai fazer isso ?

- Eu não vou fazer nada, quem vai fazer é você. Preciso falsificar o exame de DNA.

- Meu Deus !!!! A vida real não é novela. Isso não existe. - disse Márcia.

- Mulher de pouca fé- disse ele dando risada.

- Seu Santo Zela por você!!! Esqueci de te avisar que seu pai passou mal ontem, e está internado nesse corredor. Ele tem uma cardiopatia grave e vai precisar de um transplante.

- É sério isso ??? Ele tá morrendo ???- disse Leonidas.

- Sim, a situação é grave. - disse Márcia.

- Me empresta o seu celular- pediu Leônida que ligou para o advogado de seu pai. Ordenou que o homem redigisse o documento que ele havia solicitado semanas antes e que disse entrada na justiça o processo de reconhecimento de paternidade.

- Assim que o advogado estiver com o documento redigido, quero que você revise e me entregue.- disse Leo.

- O que tem nesse documento ? - disse Márcia.

- Aquilo que é de direito meu e do Alex. - disse Leônidas.

Enquanto isso, no apartamento de Olga, Felipe tremia.

Ele passou a noite toda fugindo e chegou pela manhã no apartamento de Olga, depois que seu nome aparecia no noticiario como foragido.

Ela o ajudava a limpar os vestígios da arma, o sangue da camisa, e as feridas do seu rosto.

- Aquele monstro do Aldo te desfigurou meu amor- disse Olga.

- Eu vou matar aquele e o viado filha da puta do Leônidas !!!!- disse Felipe com raiva - e de quebra vou

— Ninguém pode saber que você estava lá — ela disse, trancando a arma numa maleta. — Vai ficar escondido aqui até eu arrumar outro lugar pra você.

- Te amo meu amor !!! - disse Felipe.

Enquanto isso, Plínio conseguia um mandado e invadia o apartamento de Felipe. No local, encontraram vestígios do explosivo que sabotou o carro de Leônidas. A prisão de Felipe era questão de tempo.

De volta ao Sírio-Libanes em seu quarto, Leônidas tentou contatar Aldo, mas era caixa postal. No silêncio, restava a certeza de que algo estava acontecendo sem que ele pudesse controlar.

Alguns dias Depois...

Leônidas estava de alta do hospital, e antes de ir embora foi ao quarto do pai,sentado em uma cadeira de rodas empurrou a porta do quarto de Marcelo com aquela petulância calculada que só ele sabia exibir, portanto uma pasta gordurosa em seu colo.

O pai, ainda pálido, erguia-se da cama com esforço.

— Boa tarde Daddy ! Não poderia deixar de te ver antes da minha saída. - disse Leonidas.

- Agora decidiu que tinha um pai ! - disse Marcelo.

- Olha Senhor,eu nunca tive um pai.- cuspiu Leônidas- Nossa “conversa”, em será em papel e caneta.

- Ué você não estava desmemoriado ? Estava fingindo Leônidas?- disse Marcelo.

- Ora, só sigo na natureza dessa família!!!!- disse Leônidas.

Marcelo estremeceu ao ver a espessura dos documentos.

— Leônidas … o que é isso?

Leônidas sorriu, levantando da cadeira de rodas lentamente.

— Como você é fogoso papai !!! - Riu Leonidas. São suas escapadas com sua diretora financeira, a dona Selma, não passaram despercebidas. A tonta se borrou de medo e confessou que te ajudou nas a transferir o dinheiro da nossa empresa para contas falsas. Está Tudo aqui. Fico imaginando se a víbora da Renata descobrir.

- Sua cobra maldita !!! - disse Marcelo entre soluços e falta de ar.

- Não morre não velho. Ainda preciso de você.- Então, você tem duas opções: você transfere o que me cabe por direito na sua herança — explicou, abrindo a pasta com um floreio de advogado de teatro — ou até o Ministério Público vai querer beber desse coquetel.

O silêncio pesou. Marcelo respirou fundo, as veias do pescoço saltando.

— Você… está chantageando seu próprio pai? Não tem vergonha do que faz ? Fiz de tudo por você!!!

- Fez sua obrigação. Você me odeia, e ficou pior depois que me assumi como homossexual.

- Você é meu pior desgosto. Filho de um macho, sendo puta de outro macho. VERGONHA.

- Ah Papai, sua opinião já não me incomoda mais.

- Eu não tenho filho. Não admito que me chame de pai.

- Tá bom seu bosta. Vai assinar ou não? - Olha o que tenho aqui... essas fotos ficaram perfeitas...- ele jogou no colo de Marcelo, fotos de Marcelo e Selma se beijando.

Após ver as fotos, Marcelo rasga uma a uma e faz o sinal para que Leônidas lhe entregue o documento.

- Esse documento não está justo.- disse Marcelo.

- Seu advogado redigiu. E esse documento está mais do justo. Assine AGORA !!!

Os lábios de Marcelo se comprimiram. Escutou-se o clique da caneta assinando os documentos.

---

Mais tarde, no apartamento de Márcia no Edificio Copan, Leônidas tomou um gole de conhaque e falou com Márcia do sofá:

— Quando chegar a hora H, suborne uma enfermeira. Quero um cotonete, uma gota de sangue, qualquer coisa para aquele exame de DNA daquele velho safado.

Márcia revirou os olhos, pegando o bloco de notas.

— E tem certeza de que o Marcelo é mesmo o pai do Alexandre?

— Absoluta — Leo virou a taça no ar, imponente. — Fiz um teste paralelo enquanto fingia a amnésia, peguei uma amostra na sala de espera da terapia. Resultado claro como água: positivo, Alex é meu irmão de sangue.

Márcia fez anotações com um sorriso de quem acredita em truques sombrios.

— Perfeito. Vamos garantir que esse “irmão” seja legalmente seu filho também.

Leo pousou o copo e ficou olhando para a cidade iluminada, os olhos frios:

— Nada como um laço de sangue para fechar o cerco, não acha?

Leônidas encostou no balcão da portaria, ainda pálido, e o rosto parcialmente coberto por óculos escuros. O porteiro, seu Mário, endireitou-se ao vê-lo.

— Boa tarde, seu Leônidas... Como está? — disse, num tom constrangido.

— Sobrevivendo — Leo respondeu, seco. — Vim atrás do Aldo,ele está em casa ?

Seu Mário pigarreou, nervoso, antes de puxar uma mala preta debaixo do balcão. Deu dois tapinhas nela como se estivesse lidando com uma bomba.

— Dona Pia pediu pra deixar isso pro senhor. Disse... que, a partir de agora, sua entrada aqui tá proibida.

Leônidas arqueou uma sobrancelha, com aquele sorriso azedo típico dele.

— Que doce. A Pia já manda no prédio inteiro, é isso?

— Eu só cumpro ordens, seu Leônidas... — o homem disse, desviando o olhar. — E... queria lhe dizer uma coisa.

Leo cruzou os braços.

— Fale logo homem !

— Seu Aldo... ele viajou pra Bertioga com a família. Falaram que foram visitar a mãe dele. Parece que estão tentando se acertar.

Leônidas riu, um som curto e cínico.

— Maravilha. Descubro que fui expulso da minha própria cama e que o cafajeste tá curtindo férias em família.

O porteiro engoliu seco, desconfortável. Nesse instante, o celular de Leônidas vibrou. Uma mensagem de Márcia:

“Dá uma olhada nisso.”

Um link.

Leo clicou.

Era uma matéria de um site de notícias:

"Aldo Rocha e Pia, selam a paz em Bertioga. Fontes próximas afirmam que o lutador pretende começar uma nova fase ao lado da família."

Leônidas soltou um riso abafado, incrédulo.

— Nova fase... — repetiu, amargo. — Pena que esqueceram de avisar o cadáver aqui.

Ele pegou a mala das mãos do porteiro com brutalidade contida.

— Obrigado pela gentileza, seu Mário. Ah, e pode avisar à Dona Pia que quando eu resolver voltar, nem Deus vai conseguir me barrar.

E, arrastando a mala, Leônidas saiu da portaria como quem carrega uma bomba-relógio prestes a explodir.

Nos dias que seguiram, Leônidas teve acesso a sua herança, realizou o teste de DNA. Márcia se infiltrou na clínica e pagou uma técnica para trocar as amostras de Leônidas pelas de Marcelo.

Durante a realização do exame, Leo tentou falar com Alexandre, mas o mesmo não quis conversar.

Enquanto isso, o delegado Plínio recebeu o último laudo sobre a busca no apartamento de Felipe: achara resquícios de explosivos compatíveis com os usados na sabotagem do Bugatti de Leônidas. O delegado estava concluindo o caso, mas ainda não sabia sobre o paradeiro de Felipe.

Na semana seguinte o celular de Olga vibrou insistentemente enquanto ela revirava papéis no apartamento desarrumado. Atendeu sem nem olhar quem era.

— Alô?

— Senhora Olga Freitas ? — perguntou uma voz masculina, séria. — Aqui é do Hospital São Domingos. A senhora consta como contato de emergência de Rebeca Freitas.

Olga gelou.

— O que aconteceu?

— Pedimos que compareça com urgência. É sobre o estado de saúde dela.

A ligação cortou antes que ela conseguisse fazer mais perguntas. Em poucos minutos, Olga atravessava o saguão frio do hospital, as luzes brancas intensas do corredor machucando seus olhos. Uma enfermeira a conduziu até uma sala reservada.

O médico, um homem baixo de cabelo grisalho e expressão cansada, a recebeu.

— Senhora Olga, obrigado por ter vindo. Infelizmente, o quadro da Rebeca se agravou nas últimas horas. — Ele fez uma pausa, pesado. — Realizamos novos exames... constatamos morte cerebral.

O mundo de Olga pareceu girar por um instante. Ela se agarrou à cadeira para não desabar.

— Não há nada... que possa ser feito? — perguntou com a voz embargada.

— Nada. O cérebro dela não apresenta mais atividade. Clinicamente, ela já não está mais entre nós. Mantemos os aparelhos funcionando apenas para suporte cardíaco e respiratório. — Ele a encarou com delicadeza. — Precisamos de sua autorização formal para desligar os aparelhos.

Olga olhou para a prancheta com o formulário, o papel tremendo nas suas mãos. Sua mente estava um caos: flashes de Rebeca jovem, sorrindo, teimosa, viva.

Ela fechou os olhos por um momento, respirou fundo, e assinou.

— Pode... pode desligar. — disse, com um fio de voz.

O médico assentiu, respeitoso.

— Obrigado. Vamos fazer isso da forma mais tranquila possível.

Horas depois, Olga permaneceu sentada no corredor, olhando para o chão vazio, até uma enfermeira de semblante triste se aproximar.

— Senhora Olga... — disse, com cuidado. — O óbito de Rebeca Souza foi oficialmente decretado às 18h47.

Olga apenas acenou com a cabeça. Não tinha mais lágrimas. Apenas um buraco imenso no peito.

Sem dizer palavra, levantou-se e caminhou para fora do hospital. O som dos passos ecoando parecia a única coisa viva naquele corredor silencioso.

No dia seguinte, centenas de convidados se reuniram no cemitério para o enterro de Rebeca. Alexandre, pequeno e tristonho, esteve acompanhado de assistentes sociais. Quando Olga e Leônidas começaram a discutir, o menino ergueu a voz:

— Parem! É o enterro da minha mãe!

Leônidas se ajoelhou no chão de terra batida, na frente de Alexandre, que olhava para o túmulo da mãe sem piscar. A dor era uma muralha entre os dois. Mas Leo sabia que precisava falar.

— Alexandre... — começou, a voz rouca. — Eu sei que é difícil acreditar em mim agora. Mas eu quero que você saiba de toda a verdade.

O garoto virou o rosto, hostil.

— Vai mentir de novo?

Leônidas fechou os olhos por um instante, buscando forças.

— Sua mãe, a Rebeca... ela trabalhou muitos anos na casa da minha madrasta. Eu era adolescente. Estava perdido. E a Rebeca... ela foi uma das poucas pessoas que me tratou com carinho de verdade.- tentou Leônidas tornar essa mentira,mais crivel.

Alexandre cruzou os braços, desconfiado.

— E daí?

— E daí que... a gente acabou se envolvendo. Foi errado. Eu era jovem, egoísta. — Leônidas respirou fundo. — Depois, a vida me arrastou pra outro caminho. E eu perdi o contato com ela.

Alexandre apertou os punhos.

— Você abandonou ela.

— Eu não sabia que ela estava grávida — disse Leo, a voz embargada. — Só descobri agora, há pouco tempo quando te conheci ... tinha sofrido um acidente e estava recuperando minha memória. - Mas isso não importa agora !!!

O garoto desviou o olhar, mordendo o lábio.

— Se descobriu agora, por que não veio me buscar?

— Porque... — Leo engoliu em seco. — Porque eu precisava provar que era verdade. Que você era mesmo meu filho. Eu não queria mentir pra você como todo mundo sempre mentiu pra mim.

Alexandre abaixou a cabeça. A raiva parecia vacilar por um instante, substituída por algo mais doloroso.

— Você é mentiroso — acusou, a voz fina de choro contido.

Leônidas aceitou o golpe em silêncio, abaixando ainda mais o corpo, como se buscasse ficar no nível do menino, para que ele visse que não havia superioridade ali, só culpa.

— Talvez eu seja — respondeu com sinceridade. — Mas pela primeira vez na vida... eu quero fazer o que é certo.

Alexandre olhou para ele, olhos marejados.

— E agora? Vai embora de novo?

— Não — Leo disse, firme. — Agora eu vou lutar por você. Se você deixar.

O garoto não respondeu. Ficou imóvel, encarando o chão. Mas, em algum lugar no meio daquela dor crua, uma pequena fresta de esperança começava a se abrir.

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