O tiro partiu como um estilhaço de ódio, e Leônidas sentiu a dor explodir antes de cair de joelhos sobre o mármore frio do pátio. Aldo correu até ele num pulo, o rosto descarnado pela angústia.
— Léo! Fica comigo, cara! — gritou, pressionando a palma na ferida. Gritos de pânico rasgavam o ar enquanto Plínio empurrava curiosos longe, puxando Aldo pelo ombro.
— O que foi isso? Quem fez isso? — Plínio arfava, já sacando o celular para chamar a ambulância.
— Felipe! — Aldo respondeu, as mãos trêmulas. — O filha da puta fugiu.
Dentro dos minutos que pareceram horas, a sirene chegou. Aldo nunca estivera tão vulnerável. Despediu-se de Leônidas com um olhar que implorava por sobrevivência. Na UTI do Sírio-Libanês, médicos trabalharam para salvar o pulmão perfurado. Lá fora, Aldo e Plínio revezavam-se no corredor, as palmas suadas, o olhar vidrado na placa da sala de operação.
Quando a porta se abriu, o cirurgião-chefe, exausto, reuniu-os:
— Consegui estabilizá-lo. Mas ele vai precisar de repouso intenso e acompanhamento para evitar complicações pulmonares.
Aldo deixou escapar um soluço de alívio.
Pouco depois, o celular de Aldo tocou no corredor do hospital.
— Oi, Pia? — Ele ergueu as sobrancelhas, a voz tensa. — Pedro… você terminou? — ergueu o tom ao ouvir a ex ao telefone. — Ele te ameaçou? Agora? — Falou em sussurros, a angústia contagiando o ritmo da voz. — Fica onde estiver e não abra a porta pra ninguém. Eu vou até aí — garantiu, desligando num suspiro.
Enquanto isso, na mansão, Renata acusava Marcelo com lágrimas contidas:
— Você não pode deixar nossa menina na sarjeta Essa casa é dela e ela irá voltar para cá!!!!!
- Ela armou o escândalo na festa!- Prejudicou nossa família !!! Não merece nada!!!
Luiza ergueu o queixo, impetuosa:
— Se você me expulsar, vou entregar ao delegado provas de todo o desvio de bilhões da Fama. Vamos ver o que sobra do seu reinado.
Marcelo levantou a mão com raiva para batê-la, mas levou a mão ao peito e caiu e Renata gritou por socorro.
Marcelo foi socorrido e levado ao Sírio-Libanês.
O corredor do Sírio-Libanês virou arena quando Luiza escancarou a porta do quarto do pai. Plínio, encostado à parede oposta, a fitou com desprezo.
— Está me seguindo, Delegado mequetrefe ? - disse ela.
- Tenho mais o que fazer, se você não sabe, seu maridinho tentou matar seu irmão !!!!
- Leônidas tá morto ???- disse ela.
- Felizmente está bem vivo !!! E logo vamos prender o delinquente do seu marido.
— Seu fantoche de meia tigela!!!! Sempre seguindo as ordens do Leônidas, né? Vou te contar um segredo, Leônidas vai te levar para o fundo do posso.
Plínio avançou um passo, a voz grave como punho cerrado.
— Eu não sirvo a ninguém, Luiza. Só ao meu dever. E, a propósito, sei muito bem quem mandou o Felipe atirar no Leônidas.
As narinas de Luiza se dilataram; ela cerrou o punho e avançou como se fosse bater.
— Cala essa boca sua anta!
De repente, Márcia surgiu por trás de Plínio, cravando o olhar em Luiza.
— É um hospital! — bradou. — Respeite o lugar onde estamos!
Renata, saindo do quarto, ergueu a voz com autoridade desesperada:
— Luiza, pelo amor de Deus, para com isso! Seu pai está doente!
Plínio deu meia-volta, mas não baixou o tom:
— O Felipe está foragido. Atirou no seu 'cunhado' Leônidas. Você vai continuar fingindo inocência?
— Você que é incompetente! — Luiza retorquiu, a voz falhando. — Não faz ideia do que rola por trás das cortinas dessa família podre!
O médico-chefe surgiu então, atraindo olhares preocupados.
— Preciso atualizar vocês — anunciou, a expressão grave. — Marcelo Sampaio tem uma cardiopatia avançada, estamos tentando estabilizá-lo, mas só transplante de coração irá melhor a situação- disse o médico.
- Transplante ??? Meu Deus !!!! O que precisamos fazer para realizar esse transplante o mais rápido possível !!!- disse Renata.
- O Sr. Marcelo já vem se tratando a cardiopatia faz seis meses e nome dele está na fila de espera!!! Disse o médico.
Renata prendeu a respiração:
— E… ele tem prioridade, né ? — perguntou tremendo.
— Não existe atalho — disse o médico, firme. — Não se compra urgência. Mas farei tudo o que puder para mantê-lo vivo.
Luiza fechou os olhos, a máscara de raiva cedendo a um sopro de vulnerabilidade. Plínio desviou o olhar para Márcia, que apertava o braço de Luiza em solidariedade. Renata encostou a testa na da filha:
— Vamos ficar juntas nisso.
No corredor, o rancor ainda pairava pesado, mas um fio de urgência unia, enfim, aquelas almas feridas.
No dia seguinte, assim que abriu os olhos, Leônidas encontrou Márcia sentada ao lado da cama, o rosto firme.
— Você sobreviveu a um tiro — disse ela. — Tá satisfeito com o resultado ? - disse Márcia.
- Não seja ridícula !!! - Como eu poderia saber que isso aconteceria ????- disse Leônidas.
- Claro que SABIAAAA- disse Márcia gritando. Você fingiu esse tempo todo que não lembrava de nada, levando as pessoas no limite com suas armações. - disse Márcia.
- Você é fã ou hater, amade? -debochou Leônidas.
Ela virou o rosto, chateada com a imprudência de Leônidas.
— Não esqueça que estou fazendo isso para descobrir que tentou me matar. - disse Leonidas.
- Deu muito certo, né. Você se acha o poderoso que mexe as peças certas.
Se caso você não saiba, Olga é obcecada por Felipe. É óbvio que ela contaria para ele que você a contratou para se fingir de Luiza e sabotar a festa. - disse Márcia.
- Ora, pensei que ela topasse qualquer coisa por dinheiro. Nunca imaginei que aquela Polaca dos Infernos, teria um coração.
— E deu errado tão errado a sua precipitação que Freitas continuou preso, porque a policia descobriu sobre o esquema de apostas ilegais. E a cereja do bolo é que Alexandre… está num abrigo, porque não tem parentes para cuidar dele !!!
Leônidas engoliu o nó na garganta.
- Porraaa!!!!!
- E agora vai fazer o que ? - disse Márcia.