O Autor do Meu Desejo – Parte 11 – A Ficção da Nossa Realidade
A chuva batia forte nas janelas quando Olivia chegou em casa, encharcada e com os sapatos ainda sujos da terra do estacionamento do motel. A casa estava estranhamente silenciosa, todos os cômodos estavam com as luzes apagadas, apenas a luz fraca da escrivaninha de Charlie iluminava o canto do escritório.
Ela tirou os sapatos, colocou a bolsa com suas coisas no sofá da sala e caminhou descalça, tentando não fazer barulho, ouviu apenas o barulho do chuveiro no quarto e então viu.
O laptop de Charlie estava aberto, a tela exibindo uma página familiar e ali, na lista de publicações, estava o título que a assombrava há semanas.
"Painel do Autor - 'A Executiva Infiel' - Capítulo Final: A queda"
E abaixo, o parágrafo que a fez engasgar com o próprio ar:
"Camila chegou encharcada da chuva, o vestido grudando no corpo que não era mais só do marido. O cheiro do amante ainda impregnado em sua pele, nos lugares que ele beijara, nas marcas que deixara..."
Olivia paralisou, assustada. O coração batia tão forte que ela quase não ouviu os passos atrás de si.
— Interessante, não é?
A voz de Charlie a fez girar bruscamente. Ele estava parado no corredor, o rosto iluminado em ângulos sombrios pela luz fraca. No sofá da sala o celular de sua esposa, a tela ainda acesa com a última mensagem de Ricardo: "Até amanhã, minha puta casada."
— Quantos capítulos você leu? — Ele perguntou, avançando como um predador.
— Quantas vezes você usou minhas palavras como manual para me trair?
A raiva dele era uma coisa viva, palpável no ar úmido. Olivia recuou até sentir a parede fria nas costas.
— Você acha que foi coincidência? — Charlie cuspiu, sacudindo o celular.
— Tudo saiu da minha cabeça antes de acontecer!
Olivia sentiu as pernas fraquejarem. As peças se encaixavam com um estalo doloroso. Cada cena, cada detalhe...
— Você... você escreveu nossa destruição. — Sua voz saiu em um sussurro rouco.
— NÃO! — O grito de Charlie fez os vidros tremerem. — Eu escrevi sobre desejo! Sobre paixão que a gente perdeu! Mas você... você preferiu vivê-la com ELE!
Quando ele agarrou seu pulso, Olivia esperou violência. Em vez disso, sentiu seus próprios dedos sendo guiados até a tela do laptop, onde o arquivo piscava: "Capítulo Final: A queda".
— Lê. — Ele ordenou, a voz agora um fio de aço.
Os olhos de Olivia percorreram o texto que descrevia exatamente esta noite. Esta cena. Estas palavras. Até o tremor em suas mãos estava lá, registrado em letras pretas antes mesmo de acontecer.
— Você vê? — Charlie sussurrou, seu hálito quente em seu pescoço.
— Eu não estou escrevendo nossa história, Olivia. Estou escrevendo a DELES. E você... você está apenas seguindo o roteiro.
Ela engoliu seco. Era verdade, ela concordava plenamente com isso.
— Você... você escreve esses contos?
Charlie riu, um som sem humor.
— Parece que sim. E parece que você leu cada um deles, não é?
Ele avançou, pegando o celular dela no sofá da sala antes que ela pudesse reagir. A tela piscou com uma mensagem não lida:
Ricardo (21:47): "Amanhã, minha casa. Dessa vez, quero você até não aguentar mais."
O silêncio que se seguiu foi cortante. Olivia podia ver os músculos da mandíbula de Charlie tensionados, os dedos dele apertando o celular até as juntas ficarem brancas.
— Então é verdade.
Ela não negou. Não havia como.
— Você leu meus contos e decidiu viver cada palavra, é isso? — Ele cuspiu as palavras. — Virou a personagem principal da minha história suja?
Olivia sentiu o sangue queimar em suas veias. A vergonha, a culpa, mas também... uma raiva surda.
— Não era isso que você queria? — Ela soltou, a voz mais áspera do que pretendia. — Escrever sobre traição, sobre desejo proibido... Você colocou essas ideias na minha cabeça!
Charlie pareceu ter levado um soco no estômago.
— Era ficção, Olivia! — Ele gritou, jogando o celular no sofá. — Não era para ser real!
Ela riu, um som amargo.
— Mas foi. E você sabe por quê? Porque a gente já estava morto, Charlie, vivendo no piloto automático. Você escrevia histórias sobre paixão enquanto nosso casamento virava pó, tendo poucos e mornos dias de intimidade real comigo.
A verdade pairou no ar, pesada, crua.
Foi quando Olivia novamente quebrou o longo silêncio entre os dois, enquanto se olhavam com fogo nos olhos, vermelhos de vergonha e raiva.
— ENTÃO ME DÁ UM FINAL DIFERENTE! — Ela gritou, as lágrimas finalmente rompendo as barreiras. — Escreve sobre nós! Sobre o que ainda pode ser salvo!
O silêncio que se seguiu foi cortado apenas pelo som forte de um trovão que os trouxe de volta a realidade. Charlie a observou por eternos segundos antes de fechar o laptop com um clique final.
— Talvez eu devesse. — Ele disse, surpreendentemente calmo. — Mas primeiro, você precisa decidir: quer ser a personagem da minha história... ou a mulher do meu casamento?
Olivia olhou para o homem que conhecera há dez anos numa festa universitária. Para o escritor que inconscientemente arquitetara sua queda. Para o marido que ainda segurava sua mão mesmo agora.
— Eu...
O telefone dela vibrou. Ricardo. Mais uma mensagem.
Sem desviar os olhos de Charlie, ela pegou o celular e o desligou pela primeira vez.
— Escreve nosso recomeço. — Pediu, derrubando as últimas paredes, com lagrimas sinceras nos olhos.
E quando ele a puxou para um beijo que vinha com lágrimas e esperanças de segundas chances, Olivia jurou sentir as páginas de sua vida virando, reescritas agora juntos, como desde o início do relacionamento com Charlie.
O ar no quarto pesava como chumbo molhado quando Charlie empurrou Olivia contra a cama, seu corpo ainda úmido da chuva que escorrera por suas curvas minutos antes. Ele a imobilizou com as mãos firmes nos pulsos, seus joelhos separando as coxas dela com uma familiaridade que doía.
— No motel... — começou, os olhos escuros percorrendo cada centímetro de sua pele como um investigador diante da cena do crime — ...ele te beijou aqui?
Seus lábios queimaram um caminho pelo pescoço dela, parando exatamente no ponto onde Ricardo deixara sua marca naquele fim de tarde. Olivia arqueou o corpo involuntariamente, um gemido preso na garganta, respondeu com vergonha.
— Sim...
— E aqui? — a língua dele lambuzou um mamilo já endurecido, os dentes roçando levemente.
— C-Charlie...
— Responde! O comando veio acompanhado de uma mordida suave que fez seus dedos se enroscarem nos lençóis.
— Sim, Deus, sim... mas não como você faz!
Ele soltou um som entre um riso e um rosnado, descendo pelo corpo dela com a paciência de um homem disposto a remapear cada território perdido. Quando chegou entre suas pernas, seus dedos abriram-na como um livro, expondo cada dobra úmida e trêmula.
— E aqui? — o sopro quente sobre seu clitóris pulsante fez suas coxas tremerem. — Ele usou a língua como você gosta? Demorou horas como eu costumava fazer?
Olivia tentou fechar as pernas, mas suas mãos firmes impediram.
— N-Não... foi rápido... impaciente... a confissão saiu entrecortada quando sua língua finalmente tocou nela, lenta e deliberadamente.
Cada lambida era uma pergunta. Cada sucção, uma acusação. Quando seus dedos substituíram a língua, entrando nela com a precisão de quem decorou cada centímetro desse caminho, Olivia gritou.
O orgasmo a atingiu como um trem desgovernado, fazendo seu corpo arquear-se da cama. Charlie não parou - virou-a de bruços num movimento fluido, puxando seus quadris para cima.
— Última pergunta — sussurrou, alinhando-se à sua entrada, a cabeça de seu membro pressionando seu clítoris sensível. — Ele te fodeu por trás? Te segurou pelos cabelos assim?
As mãos dele enroscaram-se em seus cabelos, puxando com força suficiente para fazer seus olhos lacrimejarem.
— Sim... sim, mas não... não soube apertar meu quadril como você...
A penetração foi tão brutal quanto necessária. Charlie movia-se dentro dela com a fúria de um homem possuído, mas cada socada atingia exatamente onde ela mais precisava, sentiu o amor de seu marido novamente.
— Porque isso... — ele arfou, uma mão descendo para apertar seu clitóris no ritmo das estocadas — ...só eu sei fazer, porque sou seu marido.
Quando finalmente gozaram juntos, foi com um grito abafado em seu pescoço e unhas cravadas em seus quadris. Olivia sentiu-se preenchida, marcada, reivindicada de uma forma que transcendia o físico.
Mais tarde, com seus corpos ainda entrelaçados e a respiração aos poucos normalizando, Charlie traçou os dedos pelas marcas vermelhas que deixara em seus quadris, pousando a mão sobre os pelinhos negros de sua buceta inchada.
— Amanhã começo um novo conto — murmurou contra seu ombro.
— Dessa vez, com nosso final.
E quando Olivia se virou para beijá-lo, soube que nenhuma ficção jamais superaria a verdade crua e linda que haviam redescoberto naquela noite.
Continua...
Se você apreciou o conto, não deixe de avaliar com sua curtida e comentário e, se desejar, entre em contato para solicitar um conto personalizado, feito especialmente para você.