Antônio
Depois de dois dias tentando falar com a Luana resolvo deixar pra lá, no fim terminar foi a melhor escolha para nós dois, ainda mais depois dessa descoberta, voltar agora seria pior, minha cabeça já tá a milhão com a confusão que foi beijar o Rubens, ele me beijou na verdade, mas em momento algum recuei ou tentei impedi-lo, foi estranho pra caralho sentir a barba de outro homem, porém não consigo dizer que foi ruim.
Até hoje nunca tinha feito nada com outro homem e nem tinha tido a menor curiosidade a respeito do tema, então pode ser que eu tenha beijado o Rubens porque era ele e não por ser um cara, enfim estou muito confuso agora para pensar nisso, resolvi deixar o tempo dizer e ele me pareceu de acordo com o plano mesmo sem termos falado nada sobre.
Não faço ideia do que estou fazendo, passei dois dias esperando que Rubens investisse para cima de mim de novo, mas ele deve está confuso também, tipo tem o ex dele e tudo mais, não posso culpa-lo, mas porra dei um selinho nele hoje pra ver se ele pegava no tranco, só que fiz foi paralisar o coitado, melhor deixar isso quieto mesmo afinal ele tava bêbado e eu tava, nem sei como eu tava — melhor mesmo não forçar, só que no fundo acho que quero que aconteça de novo.
— Você é um cara solteiro experimentando coisas, nada de mais Antônio — digo sozinho no Fuscão enquanto dirijo até o meu trabalho na ong.
Chego cedo na ong nem abrimos ainda, Gessika está na recepção já deixando tudo preparado, assim que entro sou recebido com um bom dia dela e com a prancheta contendo as informações dos pacientes que vou operar hoje.
— O Alex já chegou? — Pergunto.
— Na verdade ele ligou e falou que não vai poder vir, parece que rolou um problema com a nova namorada dele — Gessika diz.
— Ele tinha que ter me avisado antes, como vou fazer os atendimentos se vou esta ocupado operando hoje, tenho três cirurgias e possivelmente uma quarta, a gata do Seu Manuel vai parir a qualquer momento e vai precisar de cirurgia também — Alex estava ciente de que hoje não teria como fazer os atendimentos, ele tinha que está aqui.
— Nós li podemos ajudar com os atendimentos, doutor Vilela — Cíntia se ofereceu.
— Não posso permitir isso Cíntia, você é técnica não está habilitada para atender como veterinária — minha frase acaba saindo um pouco mais ríspida do que deveria, mas não foi a intenção, fiquei puto com Alex só isso.
— Desculpa — ela se afasta baixando a cabeça.
— Alguém não está de bom humor hoje — Gessika diz se referindo a mim.
— Na verdade até estava, mas agora não estou mais, faz o seguinte: abre minha agenda aí e vamos ver a melhor forma de resolver isso.
— Tá falando sério Antônio, tipo você quer atender e fazer as cirurgias hoje?
— Que outra escolha eu tenho Gessika não posso fechar a emergência só por que o Alex se meteu nos problemas da Karla.
A falta de Alex me pegou, tive que mudar duas das minhas cirurgias para a tarde e dar um jeito de abrir o consultório para atendimentos antes e depois da primeira cirurgia que já estava agendado para hoje pela manhã e que o bichinho não resistiria se tivesse que esperar até a tarde.
— O que você vai querer pro almoço Antônio? — Gessika me pergunta antes de começar minha manhã turbulenta.
— Nem sei se vou conseguir almoçar hoje Gessika, veja aí qualquer coisa que pra mim está ótimo.
Como já era de se esperar não consegui comer, sai de um atendimento para outro, entrei na primeira cirurgia que foi mais trabalhosa do que esperava, mas deu tudo certo, assim que saiu da sala já fui direto para o consultório realizar os últimos atendimentos, fiz questão de atender a todas as fichas que distribuímos normalmente, quando finalmente acabou já é quase hora da minha próxima cirurgia.
— Doutor Vilela, sua ex-namorada está aqui na recepção querendo falar com o senhor — Gessika me diz por telefone.
— Pede pra ela entrar Gessika por favor.
Respondo e logo em seguida volto para as minhas fichas que preciso terminar de assinar e conferir tudo certinho pra passar pra Gessika dar baixa, Quando Luana entra na sala solto a caneta e direciono minha atenção pra ela.
— Oi Antônio.
— Oi Luana.
— Podemos almoçar juntos? — Ela pergunta de forma séria.
— Não posso, desculpa, tenho uma cirurgia daqui a quinze minutos.
— Não pode atrasar um pouco? Temos que conversar.
— Infelizmente não, tenho duas cirurgias essa tarde — respondo.
— Entendo, então a noite, quando você sair podemos nos ver? — Sinto que preciso dizer que sim, mas ao mesmo tempo penso que já marquei de sair com Rubens e não quero furar com ele.
— Podemos ter essa conversa amanhã Luana? — Pergunto na esperança de conseguir uma alternativa.
— O que você vai fazer hoje a noite que é mais importante do que conversar sobre o que aconteceu com a gente Antônio? — Luana me pergunta já elevando um pouco a voz.
— É só que já tenho um compromisso marcado, Luana — tento explicar mantendo minha calma.
— Com quem Antônio? A gente terminou não tem uma semana e você já está saindo com outra pessoa, é a Gessika não é?
— Não, Luana, nada haver Gessika e eu não temos nada além de amizade e respeito um pelo outro — respiro fundo — eu marquei de ir no sítio do Bosco com o Rubens hoje no final da tarde.
— A fala sério Antônio, vocês não podem ir outro dia? — Luana parece uma bomba prestes a explodir.
— Luana, por favor, amanhã vou esta disponível o horário que você quiser, mas hoje não tenho como mesmo — digo torcendo para que possamos resolver isso numa boa.
— Quer saber Antônio, eu vou esta no pub hoje a noite, se você quiser mesmo resolver as coisas entre a gente você vai aparecer, se você não aparecer aí acabamos de vez e não vou querer de ter ou falar com você de novo.
— Luana por favor — ela dá de ombros.
— Você me ouviu Antônio, ou resolvemos tudo agora ou não resolvemos mais, estou disposta a conversar e até de mudar algumas coisas que sei que você tem razão, mas tudo vai depender de ti agora.
Ela sai do consultório logo depois do seu ultimato ser dado, eu sei que a coisa mais simples seria ligar para o Rubens e explicar as coisas, só que meu coração está dividido, por um lado Luana e eu já não estávamos dando certo, mas eu gosto dela e temos dois anos de história para simplesmente acabar, ainda mais com ela disposta a negociar, agora por outro lado o beijo do Rubens mexeu comigo, estava pensando que o pôr do sol pode nos dar a chance de ter outro momento como o que tivemos no meu quarto, sei lá pode rolar um clima e tô curioso para ver o que pode acontecer.
Estou dividido entre o novo e o conhecido, isso é uma merda, preciso pensar bem no que vou fazer, Júlia vem passar uns dias amanhã, provável Rubens não vai ter muito tempo para mim durante esse tempo e as coisas entre a gente podem esfriar de vez e o que rolou vai virar só um lance pontual, isso se Luana e eu não tratarmos, se isso acontecer aí que não vou poder ficar com ele uma outra vez, que merda o que eu faço? Em ambos os lados não há garantias e mesmo assim não consigo desistir do Rubens ao mesmo tempo em que não acho certo só acabar com Luana sem dar pelo menos uma chance pra gente, não contava que ela fosse pedir pra volta, isso me balançou.
Para me foder mais ainda, quando estou quase saindo seu Manuel trás sua gata para ser operada de urgência, já imaginava que isso pudesse acontecer e agora é definitivo, não vou ter tempo de ir ver o por do sol com o Rubens, essa cirurgia vai demorar no mínimo uma hora se tudo ocorrer como tem que ser e como já são quase cinco da tarde não tem a menor chance de chegar a tempo em casa e ainda ir para o sítio.
— Doutor Vilela graças a deus que peguei o senhor ainda aqui, já estava sem esperança já — seu Manoel diz quase chorando, ele é militar da reserva, viúvo tem uns anos, ele é um cliente meu da clínica, mas por ser muito gente boa comecei a atender ele na ong que assim ele não precisa pagar nada, ainda sim seu Manoel é sempre generoso nas doações de final de ano para ong, ele mora sozinho com a Charlotte, ela era da sua esposa e quando ficou viúvo não teve coragem de se desfazer da gata.
— Nem se preocupe que eu já estava esperando por ela, o senhor pode esperar que assim que eu terminar te trato notícias.
— Por favor doutor, não deixa minha diabinha morrer — Seu Manuel é uma figura, tem um jeitão sério de militar ao mesmo tempo que é mima sua gata mais do que tudo no mundo nem parece a mesma pessoa.
— Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance Seu Manuel.
Charlotte não podia e nem devia ter ficado prenha, seu dono disse que foi um descuido e ela saiu de casa, quando voltou já foi prenha, seu parto vai ter que ser uma cesária caso contrário ela não vai resistir e acabará falecendo, ela sofre de uma distocia que quando há dificuldade ou impossibilidade de parir os filhotes, seja por falta de contrações eficazes, obstrução do canal vaginal ou problemas no posicionamento dos filhotes. Depois de uns exames já previa que ela teria esse problema, mas o Seu Manuel insistiu que cuidasse dela e garantiria o nascimento dos filhotes.
Antes de entrar na cirurgia avisei ao Rubens que não conseguiria chegar a tempo devido essa cirurgia de emergência. Normalmente Cíntia sempre faz questão de me acompanhar nas cirurgias, mas hoje dei prioridade para o Juliano, afinal ele também é também tem interesse na área e como técnico é bom ter essas experiências para trabalhos futuros.
Charlotte deu a luz a quatro filhotes, um deles nasceu tão pequeno e magricela que achei até que está morto, só depois de um exame inicial foi que vi que ele só era mirrado mesmo, a mamãe deles foi forte e durona, depois de uns dias ela vai ficar boa de novo, Agora seus filhotes principalmente o Mirradinho vão precisar de cuidados e bastante atenção, eles ainda não estavam no momento certo para nascer, isso é o que mais amo na minha profissão, se não tivesse feito o parto tanto a gatinha quanto seus filhotes não sobreviveriam e isso afetaria a vida do Seu Manuel diretamente, são as pequenas coisas que dão sentido na vida.
— Está indo encontrar a Luana? — Gessika me pergunta quando lhe entrego minha prancheta assinada.
— Não, na verdade estou indo pra casa — pensando na importância da gatinha e seus filhotes na vida de um pobre homem viúvo me fez perceber algo, as pequenas coisas podem ter grandes significados afinal.
— Muito bem doutor, mande um abraço pro Rubens.
— Mando sim, vou indo, você pode fechar tudo pra mim?
— Posso sim, vai lá, depois de hoje você merece uma folguinha — Gessika é uma pessoa de ouro, sério, uma amiga que poucos podem dizer que tem.
— Obrigado, vou indo já estou bem atrasado — digo conferindo a hora no relógio do Rubens, que por sinal ainda não lembrei de devolver e nem ele lembrou de me pedir.
— Doutor, posso lhe fazer uma pergunta pessoal — Juliano me pergunta quando estou saindo.
— Pode perguntar — respondo com um pouco de curiosidade, já que ele ficou todo sem jeito.
— É que eu andei reparando no seu relógio e fiquei na dúvida o senhor comprou ele recentemente não foi? — Seus olhos brilham olhando para o relógio.
— Não entendi.
— Desculpa, é que sou muito fã de relógios e os suíços são meus favoritos, esse que o senhor está usando é um modelo muito lindo da IWC Schaffhausen.
— Você conhece só de olhar — digo admirado, pois não conheço muita coisa de marcar, principalmente de relógios.
— Esse design é diferenciado, doutor não tem como não reconhecer o Ingenieur Automático 40.
— Você coleciona? — Pergunto.
— Quem me dera doutor, não cheguei nesse nível ainda, sou só um apreciador que sonha com o dia em que vou poder ter um relógio suíço.
— Esse não é meu, é do meu primo ele me emprestou e meio que fui me esquecendo de devolver, ele também nem pediu — digo casualmente, mas percebo Juliano arregalar os olhos de espanto.
— Nossa queria ter um primo assim doutor, cê é louco que não tem como, imagina dar 70k num relógio para emprestar e ainda esquecer que emprestou — ele diz rindo, mas sinto algo estranho dentro de mim.
— Que história é essa?
— Sério doutor o senhor não sabia? — Juliano faz uma rápida busca no celular e então me mostra o mesmo relógio que está no meu pulso sendo vendido por setenta e dois mil reais no site da marca.
Não consigo acreditar que o Rubens tem esse dinheiro todo para dar um relógio e pior, que ele me deixou passar esse tempo todo com algo tão preciso sem nem se importar, não posso acreditar nisso, na volta pra casa minha cabeça não para de girar, talvez seja uma réplica, é possível e também uma explicação racional para ele ficar tão tranquilo com isso, pelo menos posso dizer que tenho bom gosto, pois me adaptei muito bem a ele, estou usando a dias e só agora me dei conta de que se eu arranjar este relógio vou ter que raspar minha conta poupança até não sobrar nada para pagar pelo prejuízo, talvez tenha ainda que fazer um empréstimo.
Depois disso não tive coragem de chegar com uma pizza pro jantar, passei no Grafite e comprei um jantar decente para gente, estou rindo de nervoso sozinho dentro do carro indo pra casa — não consigo nem tirar o relógio pois estou com medo de derrubá, vai que né?
Já no portão de casa me lembro que não avisei a Luana que vão vou no encontro que ela marcou, sei que minha ausência já vai ser uma resposta, mas não vou me sentir bem em simplesmente deixá-la esperando, não é justo nem com ela e nem comigo, não sou esse tipo de cara, então pego o celular e antes de digitar dou mais uma olhada no relógio em meu pulso.
— Puta que pariu — digo em voz baixa para mim mesmo.
Digito uma mensagem e envio, dizendo que sinto muito, mas que talvez nosso término seja melhor para a gente, tanto Luana quanto eu já estávamos cientes disso, quer dizer um beijo e claro os momentos que passei com Rubens me fizeram tão bem, não me sentia assim a muito tempo, fora que está com ele tem sido mais leve do que tem sido meus encontros com ela ultimamente. Luana leu minha mensagem no instante em que chegou em seu celular, sua resposta vem logo em seguida, sua foto desapareceu, ou seja fui bloqueado.
— Antônio, Antônio, melhor não está fazendo merda — digo para mim mesmo e então saio do carro.
Rubens está trabalhando para variar, parando para pensar agora, para ele comprar um relógio tão caro tem que trabalhar muito mesmo. Enquanto ele terminar o que está fazendo aproveito para colocar a mesa para o nosso jantar, não demora muita para que ele chegue na cozinha, Rubens é um cara muito bonito, não tinha reparado muito nele, mas olhando agora ele é ainda mais bonito do que tinha achado antes, sua pele morena, seu corpo nem magro e nem gordo — sem contar os óculos que o deixam muito sexy — ele definitivamente quer me matar, o cara tá usando uma camiseta verde e uma cueca samba canção, respiro fundo para manter minha mente sã e não joga-lo em cima da mesa.
— Boa noite — ele me cumprimentou, aproveitei sua proximidade e lhe dei outro selinho, Rubens não recua, mas também não continua nosso beijo.
— Bom dia, como foi seu dia? O meu foi muito cansativo — Rubens me lança um sorriso meio fraco e se senta na minha frente do outro lado da mesa para comermos.
— Tive muitas reuniões e deu um problema com um dos programadores, mas nada que não dê pra resolver — ele parece mais cansado do que eu.
— Desculpa ter furado nosso compromisso — toco sua mão por cima da mesa.
— Não esquenta, provavelmente eu não teria conseguido terminar a tempo também, podemos ir outro dia — meu coração dá uma leve acelerada quando ele aperta minha mão ao invés de soltá-la.
— Podemos ver um filme se você já estiver livre — digo.
— Pode ser, o que eu tinha que fazer hoje já foi, agora só amanhã.
— Massa, estou precisando relaxar, meu dia foi muito desgastante — não conto sobre a conversa com a Luana, não quero estragar o momento.
— O Alex não foi te ajudar?
— Não, e pra piorar só fiquei sabendo quando cheguei lá, ele está se metendo em uma roubada com a Karla, o ex dela é uma canalha e ela vive voltando para ele, tenho medo de que o Alex se meta de mais nessa história e depois se arrombe por causa dela — Rubens fica em silêncio refletindo sobre o assunto por um instante e então da sua opinião sobre o caso.
— Olha ele é adulto, entendo que se preocupe, mas você tem que deixar que ele tome suas próprias decisões, agora sobre o trabalho acho que vale uma conversa sim — Rubens tem razão, mas agora não vai mudar em nada o que rolou, então vou adiar um pouco.
— Ah, já ia esquecendo de novo, preciso lhe devolver seu relógio — destravei a presilha da pulseira e já vou tirando do pulso enquanto falo.
— Você não precisa me devolver, é um presente — agora ele me pegou desprevenido.
— Não posso aceitar, um presente assim é muito — estou completamente sem jeito.
— Sério Antônio, eu mal uso ele, tenho outros que uso bem mais.
— É que, no trabalho, um dos meus colegas reconheceu a marcar e eu fiquei — estou sem saber como terminar a frase.
— Antônio, não importa de verdade, não estou desdenhando, de fato não é um presente muito barato, mas vou ficar muito mais feliz vendo ele no seu pulso, pode acreditar.
— Você tem certeza? — Insisto, não sou de ganhar presente e certamente ninguém nunca me deu um carro popular na forma de um relógio.
— Você ficou muito lindo com ele, isso é tudo que importa pra mim — ele sorri e vê a verdade nos seus olhos.
— Obrigado, mas vem cá você pagou mais de setenta mil nesse relógio mesmo? — Não consigo evitar minha curiosidade.
— Na verdade gastei dez mil Euros, comprei na segunda vez que fui na Europa, todos os anos a empresa faz uma confraternização e rola umas premiações de acordo com desempenho, tipo uma participação nos lucros, e como da primeira vez não tinha feito minhas contas direito na segunda fui bem mais preparado para fazer compras.
— As vezes esqueço que você ganha em Euro, olha estou muito grato pelo presente, ele é lindo mesmo, já me acostumei tanto que não tirei mais desde que você me emprestou — digo rindo.
— Percebi e isso me deixou muito feliz também — o sorriso do Rubens me quebrou, quero muito fazer coisas com esse homem e não consigo explicar de onde vem esse desejo barra curiosidade.
— Antônio eu queria te propor uma coisa — meu sorriso safado é inevitável ao ouvir isso.
— O que?
— A tia Marli tem ficado muito sozinha desde que a vovó viajou — recebi um banho de água fria, mas me esforço para não demonstrar minha frustração — pensei que se você não se importa podemos começar a almoçar com ela em sua casa.
— Essa é uma excelente ideia, tenho certeza que ela vai adorar, podemos ajudar ela com as compras de mercado assim não fica pesado para ela e fora que vai ser uma economia no lugar de ficar comendo fora todos os dias.
— Pois é, foi exatamente o que pensei — Rubens tá todo feliz por eu ter aceitado, essa sensação no meu peito é muito estranha, só por ele está feliz isso me deixa muito feliz também.
Depois de deixar tudo em ordem na cozinha e de escovamos os dentes vamos para minha cama ver um filme juntos, lá fora começou uma chuvinha leve, mas suficiente para deixar meu quarto um gelo — o que foi ótimo, já até Rubens se aninhou no meu peito debaixo das cobertas para ver o filme — escolhi um filme de guerra já que ambos gostamos do gênero também.
— Cê tá com frio? — Pergunto já o abraçando no meu peito.
— Estou bem e você?
— Estou bem também — respondo.
O calor do seu corpo me desconcentra do filme, não consigo prestar atenção em mais nada que não seja nele, quando Rubens nota que estou olhando pra ele e não para a tv ele sorrir e então me pega de surpresa quando beija minha boca, só que dessa vez é um beijo doce e calmo, só agora percebi que senti falta da sua boca seu beijo é inacreditavelmente bom, o melhor até já provei, sua barba já não me incomoda como da primeira vez. Aos poucos as coisas vão esquentando e Rubens está mais confiante dessa vez, uns se suas mãos desliza para dentro do minha bermuda e agarra meu pau que já está duro feito uma rocha.
— Posso? — Ele me pergunta já com meu pau em sua mão.
— Pode — respondi ofegante.
Rubens tira meu pau de dentro da bermuda e começa a fazer um movimento lento punhetando ele, porra que delícia, fecho meus os olhos e me permito sentir sua boca chupando minha língua e meu pau fodendo sua mão apertada e quente. Sua mão é macia e embora não abarque toda a grossura de meu volume, sua pegada é muito gostosa.
— Antônio, quero te pedir uma coisa — sua voz tímida e baixa quase como um sussurro me excita mais ainda.
— Pode pedir qualquer coisa enquanto tiver meu pau na sua mão Rubens — ele sorri ainda mais tímido agora, não resisto e beijo sua boca com desejo, como se eu estivesse no deserto e sua boca fosse o fim da minha seca.
— Quero te masturbar usando o — sua frase morre antes de se concluir, mas sei o que ele quer, então estico o braço e pego meu massageador e o lubrificante na gaveta do criado mudo.
— Todo seu.
O lubrificante é gelado, mas o choque de sua mão quente produz uma sensação muito diferente — uma sensação boa na verdade — minha respiração até falha por um instante. Rubens posiciona meu pau na entrada do massageador, por vezes quis que a Luana fizesse isso e ela sempre disse que não, agora Rubens pegou meu pau e está introduzindo no buraco do massageador e sem eu ter pedido, a cada segundo meu desejo e tesão por esse homem só aumenta.
Isso é ainda melhor do que imaginei que seria, quando outra pessoa faz isso por mim deixa tudo diferente, melhor, bem melhor pra ser sincero, quase que involuntariamente minha mão do braço que o está abraçando desliza por suas costas para dentro de sua cueca samba canção, sua bunda é redonda e durinha, mas isso nem é a melhor parte, ela é tão macia e boa de pegar, minha mão encaixa perfeitamente.
Espero um pouco para ver se ele me pede para tirar a mão, mas ao invés disso sua resposta vem diretamente em seus movimentos com o massageador no meu pau, fechei os olhos e passei a imaginar que estou metendo no cuzinho dele, que Rubens está sentando no meu pau e puta merda fiquei mais duro do que já estava, meu dedo do meio finalmente encontrou seu buraquinho quentinho e apertado, porra já estou com a visão de que estou fodendo ele, então meu dedo o penetra lentamente e o faz gemer, isso completa de vez minha fantasia.
— Geme pra mim — minha voz sai como um sussurro fraco.
Rubens atende meu pedido e solta mais um gemido delicioso, não consigo mais me controlar, estou fode do o massageador com meu pau e seu buraquinho apertado com meu dedo, ele então beija minha boca entre um gemido e outro que é abafado pelo nosso beijo, puta que pariu, enfio o meu dedo o mais fundo que consigo o levando a loucura, sinto que a cada estocada ele empurra mais o quadril para trás como se me quisesse lá dentro dele, já estou no eu limite então meu gozo vem sem o menor controle, meus gemidos são genuínos, esse homem sem saber acabou de me dar um dos melhores orgasmos da minha vida, só me masturbando e apertando meu dedo com suas nádegas, imagino que meter no Rubens seja o equivalente a visitar o paraíso do prazer, ele desperta meus instintos mais primitivos e desejos mais sujos e devassos.
— Essa foi a primeira vez que alguém me deixou — ele diz com a respiração ofegante, só aí me dou conta de que ele gozou, puta que pariu, Rubens gozou enquanto me dava prazer, isso é coisa de louco.
— Puta que pariu, ninguém me fez gozar assim antes — ele me beija de forma doce, essa é sua forma de agradecer pelas minhas palavras — você gozou mesmo?
— Gozei — ele responde.
— De verdade, gozou só me dando prazer?
— Sim, eu tenho fetiche nisso, quando eu te vi curtindo e você me dedo e foi um misto de emoções.
— Rubens isso foi incrível, mas vem aqui tem uma coisa que eu quero fazer.
Tanto meu pau quando o dele ainda estão duros, então montei eu suas pernas em um dos orifícios do massageador enfiei seu pau para em seguida penetrar a outra entrada, fazendo assim com que eles se encontrem no interior do brinquedo, nosso o aperto somado ao atrito entre nossos membros torna tudo melhor, as coisas que estou descobrindo com Rubens só melhoram a cada segundo, a cada nova descoberta com ele sinto ainda mais desejo por ele.
— Isso é do caralho — digo.
— Isso é melhor do que foi no meu sonho.
— Espera, você sonhou fodendo comigo? — perguntei sem acreditar.
— Sim, sonhei com esse momento numas das minhas primeiras noites aqui — sua confissão me deu tanto tesão que não me aguentei e gozei dentro do massageador ao sentir minha porta quentinha ele goza também pela segunda vez.
Estamos cansados, porém nossa diversão apenas começou, o filme agora é quem servia como espectador do nosso momento de tesão e pura brodagem, trocamos beijos e caricias — nos masturbando mais um pouco — até ficarmos saciados, por fim já madrugada a dentro, depois de um banho quente no chuveiro elétrico caímos no sono, Rubens dormiu com a cabeça no meu peito e sua mão dentro da minha bermuda segurando meu pau.