O feriado começa
Feriado prolongado. Sexta-feira de sol, céu limpo, e aquela tranquilidade abafada típica do interior. Aqui no sítio da minha família, o tempo corre diferente — parece que tudo desacelera. E foi exatamente esse o clima que eu quis criar quando, dias atrás, deixei escapar num grupo de mensagens que o lugar estaria vazio nesse feriadão. Só comentei, sem convidar ninguém. Mas eu sabia o que estava fazendo.
João e Carlos, meus primos mais velhos, não perdem uma oportunidade dessas. Os dois são daqueles caras que chamam atenção só de entrar num ambiente: fortes, bronzeados, com aquela confiança natural de quem sabe o efeito que causa. Eles são tudo que eu não sou. E talvez seja exatamente por isso que funciona tão bem.
Monique chegou antes deles. Com aquele vestido leve que balança com o vento e denuncia cada curva generosa do corpo. Ela mora numa chácara aqui perto, então sempre que pode aparece. Hoje ela chegou com o rosto corado do sol e um sorriso quase inocente.
— Nossa, tá tão vazio aqui... — disse, colocando a cestinha de pães na mesa da varanda. — Vai ser só a gente mesmo?
Assenti com um meio sorriso.
— Pelo visto, sim.
Mentira descarada.
Foi quase no almoço que escutamos o som de pneus na estrada de terra. Levantei da cadeira, indo até a porteira com um falso ar de surpresa. E lá estavam eles: João no volante, Carlos no banco do carona, óculos escuros, camisetas justas, sorrisos prontos. Fingiram surpresa também — todos sabíamos o jogo.
— E aí, Bruninho! — gritou João, saindo do carro com os braços abertos. — Avisa que vai estar sozinho no sítio e acha que a gente não aparece?
Carlos desceu atrás, batendo no meu ombro com força. — Ótimo timing, hein?
Eu ri e fiz questão de não olhar pra Monique, que observava tudo da varanda, mordendo discretamente o canto do lábio.
— Não imaginei que vocês viriam, sério — menti, de novo. — Mas é bom que agora vai ser animado.
O almoço foi leve, mas o clima, carregado. Os olhares dos dois para Monique eram constantes. João não tirava os olhos das pernas dela, cruzadas com cuidado, o vestido subindo sutilmente. Carlos falava olhando pros seios, quase sem disfarçar. E ela... agia como se nada visse. Ou fingia muito bem.
Depois de comer, ficamos sentados na varanda. O calor apertava. João tirou a camisa e ficou só de bermuda. Carlos fez o mesmo. Monique estava entre eles, abanando o rosto com a mão, rindo das histórias dos dois. Eu fiquei mais afastado, numa cadeira de balanço, com o celular na mão. Fingindo que não prestava atenção. Mas cada gesto dela, cada olhar cruzado, era como uma faísca acendendo algo dentro de mim.
— E você, Monique — disse João, inclinando-se um pouco pra frente — mora aqui perto, né? Sozinha?
— Com minha mãe e minha irmã, mas quase não paro lá... — ela respondeu, jogando o cabelo pra trás, o decote se abrindo um pouco mais. — Gosto mais daqui. É mais... livre.
Carlos riu. — Aqui é livre mesmo.
Ficaram nisso por um tempo, as frases cada vez mais sugestivas. E eu ouvia tudo, calado, observando de canto de olho, sentindo o estômago apertar de um jeito estranho — misto de tesão e ansiedade.
No meio da tarde, fui até a cozinha pegar mais água e os deixei sozinhos por alguns minutos. Quando voltei, Monique estava em pé, ao lado da rede, e João atrás dela, segurando sua cintura enquanto Carlos ajustava a rede, quase roçando nela de propósito.
Ela ria, fingindo não notar. Mas eu vi como ela encostava de leve o quadril em João. Como deixava o corpo ser guiado, mesmo que tudo parecesse inocente.
Mais tarde, dentro da casa, estávamos na sala. João passou por trás do sofá onde ela estava sentada e, sem cerimônia, apoiou as mãos nos ombros dela, começando uma massagem. Carlos, no outro canto, só observava com um sorriso torto.
— Tá tensa, Monique... — ele murmurou, a voz grave. — Quer que eu alivie isso?
Ela inclinou a cabeça para trás, os olhos semicerrados.
— Hmmm... pode ser...
As mãos dele desceram sutilmente pelas laterais dos braços dela, depois pelas costas. Os dedos quase tocavam o sutiã por baixo do vestido. Eu, do outro lado da sala, fingia estar mexendo no notebook.
— Aí mesmo... — ela sussurrou, quase gemendo.
Carlos se aproximou, abaixando-se ao lado dela, os olhos cravados nas coxas descobertas.
— Posso ajudar também?
Ela deu uma risada curta.
— Se vocês quiserem me mimar... — disse com um olhar doce, mas provocante.
João continuava com as mãos passeando. Carlos passou a mão na coxa dela, bem devagar, como quem testa limites. E ela não recuou. Pelo contrário, abriu um pouco mais as pernas, fingindo buscar uma posição mais confortável.
E eu? Continuei onde estava, sentindo o pau endurecer por dentro da bermuda. Sem dizer nada. Sem me mexer. Só olhando de lado, deixando que aquilo acontecesse.
Durante o resto da tarde, a coisa foi ficando mais descarada. João aproveitava qualquer desculpa para encostar nela — pegava algo atrás dela e deixava o corpo roçar; Carlos a ajudava com alguma coisa e deixava a mão escorregar. Monique ria de tudo, agia como se não percebesse, mas seu corpo respondia.
Na varanda, quando estavam todos juntos, João passou por trás dela e sussurrou algo no ouvido que a fez corar e morder os lábios. Eu não ouvi o que foi dito, mas vi a reação. E vi também como Carlos a puxou para perto e a fez sentar no braço da cadeira onde ele estava, a mão bem firme na cintura.
Era um jogo. Um teatro. E eu amava cada segundo.
No fim da tarde, quando o sol começou a descer atrás das árvores, João se levantou e espreguiçou-se, o abdômen à mostra, os músculos bem definidos.
— Que tal um filminho mais tarde? — disse, olhando para Monique. — A gente pode pegar aquele projetor velho do tio... fazer uma sessão de cinema aqui mesmo.
Carlos assentiu.
— Boa ideia. Pipoca, cobertor... só falta escolher um filme.
— Pode ser — Monique respondeu, com um sorrisinho no canto da boca.
Olhou pra mim, como se me incluísse no plano. Mas eu sabia que aquele convite era mais pra ela do que pra mim.
— Eu topo — falei, fingindo entusiasmo.
E foi assim que a sexta terminou: com os três rindo, planejando a noite, e eu... sentado num canto, já imaginando tudo que poderia acontecer. O feriado só estava começando.
CONTINUA…