O pessoal começou a chegar em peso à noite. A essa altura, todos já sabiam o que estava acontecendo, e eu percebi de imediato os olhares de Lorenzo e Loren, de quem queria fazer daquilo uma grande zoação.
— Não, nem pensem em brincar, ainda tá sério! — disse, me aproximando dos dois.
— Ah, que isso? Fala sério? Ela está mesmo bolada porque os pais querem dar um irmãozinho para ela? — Lorenzo perguntou, rindo.
— Não é só isso. Além dela nunca ter desejado, a coitada não sabia de nada... Foi pega de surpresa. Por favor, não compliquem... — pedi.
— Mas não podemos zoar nem um pouquinho? — perguntou Loren, fazendo sinal com a mão.
— Não, nem um pouquinho. Ela tá brava, chateada, irritada... Então deixa o caos passar, sério — pedi, e eles confirmaram, sorrindo.
O problema é que eu conhecia aquele sorriso sarcástico de quem ia, sim, aprontar alguma.
Fui ajudar a arrumar as bebidas no freezer e vi quando Sarah se aproximou de Juh, enchendo minha muié de denguinho, enquanto ela conversava com os meus pais, que certamente também estavam a bajulando.
Aquilo aqueceu o meu coração. Preferia que eu estivesse fazendo esse papel, porém, como não era possível, fiquei feliz em ver que meu bebê estava recebendo todo o carinho que precisava.
E nós finalizamos o dia fazendo uma fogueira para queimar um tronco velho que Victor encontrou, enquanto experimentávamos umas cachaças feitas pelo meu pai. A de seriguela foi a minha preferida, então já deixei a garrafa próxima a mim.
Eu estava parcialmente deitada em uma espécie de grande cadeira (nem Júlia, nem eu sabemos o nome daquilo), Milena deitada sobre mim, já dormindo. A garganta dela havia inflamado, e isso a deixou quietinha por uns dias. Kaique estava com a cabeça repousada na minha coxa, e eu fazia carinho nos cachinhos dele.
Juh estava do lado oposto, de frente para mim, e de vez em quando, nós trocávamos olhares. O homenzinho que trabalha arduamente na minha cabeça dizia que ela queria me perguntar algo.
— Ainda tem a de seriguela? — ela perguntou.
— Tem, tá comigo — respondi, mostrando apenas o copo, pelas costas de Mih.
Júlia levantou, se aproximou, e enquanto agachava para pegar a garrafa, tomou o meu copo para ela.
— Por acaso você pode estar bebendo? — perguntou, ríspida.
— Esqueci a minha medicação em casa... — respondi.
— Mesmo sem remédio, não acho que seja seguro, já que você está fazendo um tratamento. É melhor parar — ela falou, aparentemente brava.
E eu parei. Não porque ela pediu, mas porque, com tanto mininu em cima de mim, ficava impossível buscar outro copo.
A noite foi bastante movimentada com Kaique e Milena na mesma cama que a gente. Mas, mesmo moída, consegui curtir o dia. Como sempre fazíamos de costume, a gatinha estava mais afastada, porém também conseguiu aproveitar, principalmente porque as crianças estavam em uma vibe mais quietinha. Então as brincadeiras eram mais calmas.
Lorenzo e Loren me chamaram para ver algo que tinham feito, e nesse mesmo instante, recebi uma ligação. O DDD era do Rio de Janeiro, mas mesmo estranhando — por não estar na lista de contatos — atendi.
Foi uma voz inconfundível. Voz de alguém que eu já consumi tudo que tem disponível na internet, já assisti palestras, e alguém que eu admiro profundamente pelo profissionalismo.
— Feliz Natal, doutora! — ele disse.
Eu até me sentei para não cair. Não parecia real.
Ele se desculpou pela data e disse que tinha uma proposta para me fazer. Queria me encontrar logo no início do ano, porque tinha pressa em concretizar os seus planos.
Eu nem sabia o que era, mas já estava imensamente grata pelo contato e ansiosa para saber o que viria a seguir. Confirmei que tinha interesse em ouvi-lo e tietei demais, porque, se tem uma coisa que eu não sei fazer, é fingir costume. Fui simplesmente notada pelo melhor, na minha opinião, e sem influência de terceiros — apenas pelo meu trabalho.
(Vale lembrar que, embora os números mostrassem que eu ia bem, na minha cabeça problemática, eu estava fracassando profissionalmente em diversos aspectos. Também passei por um escândalo público, onde tentaram me descredibilizar como profissional expondo os meus problemas em relação à minha saúde mental. Essa ligação me fez muito bem.)
— Foi sobre trabalho? — perguntou meu irmão, com um ar de desacreditado.
— Sim... — confirmei, rindo de forma boba.
— Quem fica feliz assim, falando de trabalho em pleno Natal? Pelo amor de Deus! — exclamou minha irmã, indignada.
— Vocês nunca entenderiam. Foi como ganhar um presente de Natal que eu nem estava esperando — falei, nem aí para os dois.
— Ahhh, é sobre presente mesmo que vamos falar — disse Lorenzo, gargalhando.
— Olha o que a gente fez para a Juh — falou Loren, me entregando uma camisa preta.
Abri a camisa e tinha uma estampa escrita: "Promovida a irmã mais velha", juntamente com um bebê ao lado chorando porque uma mão havia tirado a sua chupeta.
— Vocês estão malucos... Gente, não brinquem com isso... — alertei.
Mas eu acho meus irmãos tão idiotas que fica impossível não rir das armações deles. Como pode dois adultos terem esse espírito encapetado até hoje? Fica o questionamento.
— Hoje à noite é ok para entregar? — perguntou Loren.
— Vocês não vão entregar isso, de verdade. Ela não está pronta para fazer desse assunto uma piada e brincar. Juh vai ficar chateada de uma forma que vocês nunca viram — falei, e finalmente pareceram entender.
À noite, todos começaram a se arrumar para a missa, exceto Juh. Ela disse que não ia. Meus sogros ficaram chateados, mas desistiram de insistir. Não ia resolver nada.
Sem minha muié, eu não ia. Então ficamos a sós na pousada.
Fiquei na piscina, bebendo, e em determinado momento, Júlia entrou e veio até mim.
— Por que você continua consumindo álcool? — perguntou, chateada.
— Porque eu gosto de beber e não tenho mais nada para fazer — respondi, ficando de frente para ela, que estava no cantinho.
Juh tomou o copo da minha mão e virou de vez.
— Quero entregar o meu presente para você agora. Fecha os olhos — falei.
Júlia ia dizer algo, visivelmente estava toda desconfiada, afinal, eu não tinha nada em mãos. Contudo, eu a interrompi, repetindo o pedido, e dessa vez, ela atendeu.
Abracei-a pela cintura, nos deixando bem próximas, e dei um beijinho em seu pescoço. Quando me direcionei para a boca, quase encostando os nossos lábios, Júlia desviou.
— Acho... você está confundindo a minha preocupação com a sua saúde com outras coisas... — ela disse, em tom de voz baixo.
— Não vai, fica aqui... — pedi.
— É melhor eu ir dormir... — me respondeu.
— Milena e Kaique vão perguntar por você, amor — apelei.
— Assim que eles chegarem, você pode me chamar? — Juh perguntou, e, a contragosto, confirmei.
— AAAAAAAAAAAAAAA... — gritei, após ela sair do meu campo de visão, ao mergulhar.
Resolvi me recolher também. Não havia animação alguma para permanecer ali.
Como Júlia ocupou o banheiro do quarto dela, resolvi usar um de outro quarto. Eu tenho muita agonia com roupa molhada e só queria me livrar daquelas peças. Tomei um rápido banho e me joguei em nossa cama.
Alguns minutos depois ela apareceu, com uma toalha no corpo e outra na cabeça.
— Vai dormir também? — me perguntou enquanto se secava.
— Vou só descansar até quando o pessoal chegar — respondi, apreciando a vista.
Acreditem se quiserem: Juh deitou ao meu lado daquele jeito.
Ou essa mulher quer me matar, ou ela tá querendo algo e não tá sabendo pedir — foi o que eu pensei.
Geralmente, Júlia usa uma manta para dormir, e eu, um lençol. Ela puxou o meu lençol e virou de costas para mim.
Eu tinha acabado de receber um "Não", porém, não resisti, deslizei suavemente minhas mãos até sua cintura e não havendo resistência, a puxei para mim. Enfaixando meu rosto em seu pescoço. Juh se afastou e eu já ia desistir de tudo quando sua mão guiou a minha para o meio de suas pernas.
~ Acho que finalmente entendi aquela parte da música "Sem Você" que diz: "amor sem beijinho" 🤣
Bom... Se era isso que a minha senhora queria, isso que eu ia proporcionar para ela.
Comecei a masturba-la e pude sentir como a cada segundo Juh ficava mais molhadinha, agora o seus quadril também se movia conforme os meus movimentos e eu via o seu corpo reagindo a cada estímulo; principalmente a sua respiração mudando, foi ficando cada vez mais forte e audível.
Virou um certo desespero das duas partes, parecia que nenhuma das duas tinha controle algum do que aconteceria naquele quatro.
Juh virou-se para mim e já me abraçou com a perna, saindo da posição que estávamos. Sentir aquela gatinha por cima de mim é sempre muito excitante, eu amo dominar, mas também admiro e sei aproveitar quando ela toma a direção.
Júlia me ajudou a tirar a minha roupa, e sem dizer uma palavra, curvou o seu corpo até mim e encaixou o seio na minha boca, enquanto se esfregava em mim. E eu chupei com toda a vontade que eu tinha, com todo o desejo acumulado dentro de mim, mas principalmente com muita saudade de tê-la daquela maneira.
Me deliciei nos peitinhos da minha mulher enquanto ela derretia ao toque da minha boca, na movimentação da minha língua e também podia sentir cada estremecida que o corpo dela dava a cada sugada mais forte.
Ela encostou o rosto de forma delicada na região do meu pescoço, e agora eu ouvia gemidos mais intensos, mais próximos. O seu hálito quente na minha pele me fazia arrepiar dos pés a cabeça.
De forma lenta, Juh começou a deslizar para baixo e ia se posicionando para iniciar um oral em mim. Eu não sabia até onde iria a disposição dela em alegrar a minha noite de natal e não queria ficar sem presente, então a agarrei pelas pernas insinuando para fazermos um 69 e ela entendeu perfeitamente. De ladinho, totalmente atracadas uma dentro da outra, nossas línguas em perfeito descompasso, com ritmos rápidos e distintos, porém desempenho espetacular.
Nossos grunidos abafados pelo nosso desejo de mais só aumentava o tesão dentro de mim. Ao mesmo tempo que eu não queria que aquele momento chegasse ao fim, não tinha controle algum sobre a minha ânsia em tê-la, já sentia sua forte pulsação em minha língua e não consegui prolongar por mais tempo, Júlia gozou de maneira farta, lambuzando a minha face inteira. Ela me prendia com as pernas e, sem conseguir manter o oral, passou a me penetrar com seus dedos. Poucos segundos depois, senti uma forte onda de choque percorrer todo meu corpo, e tive um orgasmo bem gostosinho.
Levantei, peguei a cinta na gaveta, vesti e pulei para cima de Juh. Fui deslizando lentamente para dentro da pepeca dela e, naturalmente, nossos rostos foram ficando próximos e após algumas trocas de olhares, eu estava sedenta por um beijo na boca. Fui chegando pertinho e encostei os nossos rostos, assim que Juh percebeu o que eu pretendia, foi virando o rosto, e consequentemente meus lábios pousaram sobre a lateral da sua face.
Sinceramente, não a entendia... Então era realmente só sexo? Ok...
Subiu-me uma raiva momentânea e eu decidi deixar ir da melhor forma. Se ela queria só sexo, teria somente sexo.
Ajeitei o meu corpo e segurei com força em sua cintura. Em movimentos firmes, comecei o vai e vem dentro dela, arrancando altos e inevitáveis gemidos. Os tapas que eu dava faziam um imenso barulho, mas ela estava adorando, até que cruzou as pernas nas minhas costas, me puxando para ela e se contorcendo todinha.
Saí de cima da gatinha e ia me dormindo ao banheiro, porém decidi dizer algumas coisas em seu ouvido para provoca-la.
— Apaguei o seu fogo? Pois, saiba que quando você quiser ME USAR — coloquei muita ênfase nessas palavras, enquanto segurava seu rosto com uma das mãos - eu estou sempre disponível... — E mordi o seu lábio inferior.
Júlia nada me disse.
Tomei meu banho bem feliz, afinal, tinha sido muito gostoso e o meu corpo já estava clamando por uma noite assim. Quando retornei, Juh dormia, completamente enrolada em sua manta, e eu decidi descer.
Fiquei na área externa, rindo sozinha, até que o pessoal chegou para a ceia.
Mih chegou dormindo, nos braços de Lorenzo. Tentei falar para ela não ir, porém, já era o tipo de coisa que ela mesma fazia questão de participar, então não tive argumentos.
Eu preferi acordá-la para comer algo, mesmo sabendo que o humor não ficaria dos melhores.
Três coisas começaram a acontecer ao mesmo tempo: Milena revoltada por ter que se alimentar e sentindo incômodo na garganta, Kaique abusando e a chamando de bebê enquanto eu colocava algumas garfadas na boca dela, e minha sogra querendo saber de Juh.
Então eu me dividia entre intervir na perturbação de Kaká e explicar que estava tudo bem com Juh, e que D. Jacira não precisava subir para verificar.
— Ela estava chorando, não foi? — minha sogra perguntou.
— É... — comecei a dizer, e ela me interrompeu.
— Vou sentar, e quando ela descer, eu peço para conversar a sós — finalizou minha sogra, e eu acenei positivamente com a cabeça.
~ Chorando estava, só não disse por onde 🤣
Reclamei com as crianças, mas a essa altura, Mih já estava revoltada e Kaká com a maior cara de sapeca. Esse era o artifício que a irmã mais usava contra ele, digamos que ali eles estavam se sentindo vingados.
E, em instantes, Juh desceu. Só tinha um lugar na mesa sobrando, e esse era ao lado do meu sogro. A gatinha passou direto e foi falar com as crianças, perguntou como foi a missa e reparou no climão que estava. Enquanto eu explicava a mini discussão, Júlia se aproximava de mim. Ela tinha uma feição leve e meiga agora, e aí eu abruptamente a puxei para o meu colo.
— Não tem lugar para sentar, fica aqui — falei com um sorriso.
— Tá — ela concordou, tentando disfarçar o sorriso que também tinha no rosto.
— Apaguei? — perguntei, cheirando o pescoço dela e dando alguns beijinhos.
— Achei que você ia dizer que eu usei palavras muito fortes — Júlia sussurrou.
— Usou mesmo, toda desgraçadinha... Não me deu um beijo — falei, em tom irônico.
E nesse momento ela roubou um selinho, rindo de mim.
— Aaaah, agora você quer? — perguntei, rindo também.
— Não! — exclamou, convencida. — Só estou te usando de novo, sabe? Para ninguém aqui desconfiar que eu estou brava contigo.
— Ahhhh, entendi... — confirmei, rindo. — Então finge direito. Acredito que podemos ser mais convincentes — sugeri, decidida.
Segurei em seu queixo e nós nos beijamos. Adoro sentir o sorriso dela, e era isso mesmo que estava acontecendo.
— Brava comigo... — ironizei, rindo, e demos alguns selinhos para finalizar.
Do nada, começamos a ouvir um chorinho vindo de Mih, e Juh foi até ela para consolar.
— Kaique... — chamei a atenção dele, que veio se explicar.
— Maaaae, ela sempre fica brincando assim comigo — ele disse, já choroso.
— E você gosta? — questionei.
— Não... — ele respondeu baixinho, e já se dirigiu para pedir desculpas a Milena, que aceitou, mas preferiu permanecer no colo da mamãe.
E ele veio para o meu. No fim, os dois estavam morrendo de sono e dormiram.
Quando finalmente pude comer, D. Jacira se aproximou da gente.
— Ô, minha filha... Meu coração está doendo de saber que você não foi para a missa e passou esse tempo todo chorando — disse a minha sogra.
Quando eu escutei essas palavras, tinha acabado de pôr uma garfada de farofa na boca. Não entendo até hoje se tomei um susto, se fui rir... Só sei que engasguei, chamando a atenção de todos que ali estavam, que depois vieram tentar ajudar.
Kaká despertou assustado, e creio que meu pai descontou algum rancor guardado há anos nas minhas costas, porque o homi bateu firme, viu?! Mas, à medida que fui me acalmando, consegui retornar ao meu estado normal.
Óbvio, virei a piada da noite na língua abençoada dos meus irmãos.
O clima dispersou, fomos levar os guris para suas camas e voltamos para ficar com a família. Nesse meio tempo, recebi um e-mail — acredito que automático — com as informações da minha reunião com, como eu o chamo agora que temos intimidade, o Psiquilord.
Falei com Juh sobre, e ela ficou muito feliz por mim. Ela já sabia o quanto eu o admirava e como sou fã dele. Achei que seria um problema pela data, mas não foi.
Fomos dormir após alguns muitos beijos, e estava bem frio.
— Tá me agarrando por que tá frio ou por que me ama? — brinquei.
— Porque tá frio, claro — Juh respondeu ironicamente, e nós duas rimos.
Lembro de ouvir o meu celular vibrar, mas não quis olhar. Eu tinha acabado de encontrar a posição perfeita, abraçada com o meu amor e sentindo o cheirinho gostoso dela.
Ainda bem que não conferi. Aquela mensagem poderia, não digo acabar, contudo, poderia tornar o restante da minha noite menos proveitosa.