Marcados

Um conto erótico de Laura Martins
Categoria: Heterossexual
Contém 1245 palavras
Data: 23/04/2025 07:06:32

Eu sou Patrícia. Casada, trinta e oito anos , moro na Europa. Vida aparentemente perfeita, marido decente, casa bonita, viagens, estabilidade. Mas faltava algo. Faltava aquele calor que se sente na pele, aquele frio na barriga que só o proibido dá. Foi por isso que criei o perfil.

No Instagram, com outro nome, comecei a postar coisas mais sensuais, pensamentos soltos, desejos reprimidos. Nada explícito demais, mas o suficiente pra atrair olhares. E comentários. Muitos comentários. Homens de todos os tipos. Uns desesperados, outros idiotas. Mas teve um que me prendeu.

Paulo.

Também casado. Também discreto. Também com sede.

Começamos com curtidas. Depois vieram as DMs. Conversas sobre tudo, casamento, rotina, sexo. Especialmente sexo. Ele tinha uma mente suja, direta, deliciosa. E eu, faminta.

Ficamos semanas nesse jogo. Flertes, insinuações, confissões. A gente se excitava por mensagem. Áudios. Vídeos. Ele me via se tocando, eu ouvia sua respiração pesada do outro lado do mundo. Ele no Brasil. Eu aqui. E o desejo crescendo como uma febre.

Mas sempre com a mesma regra: ninguém ia trair. Não fisicamente.

Até o dia em que ele mandou a mensagem que mudou tudo:

“Vou pra Europa. Com minha esposa. Mas vou dar um jeito de te ver.”

As conversas com Paulo se tornaram minha droga diária. Acordava com mensagens dele, e antes mesmo de escovar os dentes, já estava com os dedos escorregando pelo celular — e, muitas vezes, entre as pernas.

Tinha algo na forma como ele escrevia que me desmontava.

“Passei a manhã pensando em como tua boca encaixaria perfeita no meu pau. Devagar primeiro, só a pontinha… depois até eu te sentir engasgar um pouco.”

Eu respondia com coragem que só a tela dava:

“E você nem imagina o quanto eu penso nisso quando estou com o meu marido. Fingindo que sou tua, que é tua mão no meu pescoço.”

“Você se toca pensando em mim, Patrícia?”

“Quase todos os dias.”

“Grava pra mim.”

Gravei. Gravei com a respiração ofegante, os dedos mergulhados no meu sexo molhado, sussurrando o nome dele com vergonha e tesão. Ele ouviu no banheiro, escondido da esposa, e me mandou um áudio com a voz rouca, quase falhada:

“Se eu estivesse aí agora, te colocava de quatro na cozinha, em cima da mesa. Nem tirava tua roupa toda. Só abaixava tua calcinha e enfiava tudo. Com força. Com raiva de tanto querer.”

Planejamos cada detalhe. O lugar, o horário, as desculpas que daríamos. Eu disse que ia encontrar uma amiga. Ele disse que ia dar uma volta sozinho enquanto a esposa descansava no hotel.

O dia se aproximava. E cada vez que a data chegava mais perto, mais eu sentia o peito apertar, não de arrependimento, mas de um desejo tão esmagador que doía.

Na véspera, ele mandou:

“Amanhã, 15h. Naquela cafeteria da esquina da praça. Camisa preta. Você vai me reconhecer.”

“Eu vou estar tremendo.” respondi.

“Eu também. Mas é agora, Patrícia. A gente já transou tantas vezes em pensamento… falta só uma.”

Cheguei dez minutos antes.

Coração disparado, pernas trêmulas, o cheiro do meu próprio perfume subindo do colo como uma armadilha. Escolhi uma mesa de canto, de frente pra porta da cafeteria. As mãos estavam suadas. A boca seca. Pensei em desistir. Pensei em correr dali. Mas fiquei.

E então ele entrou.

Camisa preta, barba feita, aquele olhar firme que eu já conhecia de tantas videochamadas. Era Paulo. Mas era mais. Era real. E vinha em minha direção com uma segurança que só aumentava meu nervosismo.

— Patrícia? — ele perguntou, como se precisasse confirmar o que já sabia.

Eu só assenti. Não consegui falar. Senti minhas bochechas queimarem.

Ele se sentou de frente pra mim, os olhos fixos nos meus, e por alguns segundos, ficamos em silêncio. Como se estivéssemos ouvindo tudo o que já havíamos dito um ao outro. Estava tudo ali, nas entrelinhas do olhar.

Conversamos pouco. O suficiente. Como se falássemos só pra segurar a tensão que dançava entre nossas pernas.

— Tem um hotel a duas quadras daqui — ele disse. — Reservei um quarto, caso você quisesse…

Eu quis. Levantei da mesa sem hesitar.

O quarto era simples, mas silencioso. Com cortinas pesadas e uma cama grande demais. Assim que a porta se fechou atrás de nós, ele me puxou pela cintura e me beijou como se estivesse guardando aquele beijo há meses.

As línguas se encontraram com fúria. Ele me prensou contra a parede, uma das mãos subindo por baixo da minha blusa, a outra apertando minha bunda com força. Eu gemi baixo, contra a boca dele.

— Você é minha agora — ele sussurrou no meu ouvido. — Só minha. Entendeu?

— Entendi.

Ele me virou de costas, puxou minha saia pra cima e rasgou minha calcinha como se fosse papel.

— Abre as pernas pra mim, Patrícia. Agora.

E eu obedeci.

Senti o pau dele roçar entre minhas coxas antes mesmo de tirarmos toda a roupa. Ele me penetrou com a roupa ainda em cima, com a respiração pesada, gemendo rouco no meu ouvido. Era forte. Agressivo. Do jeito que eu precisava. Do jeito que ele sabia.

Eu gemia com a testa encostada na parede, os dedos cravados na madeira, o corpo todo tremendo com cada estocada funda, cada tapa que ele dava na minha bunda, cada puxada de cabelo.

— Fala pra mim — ele disse, enfiando mais fundo — quem é que te fode assim?

— Você. Só você.

Ele me virou, tirou minha blusa, chupou meus seios com a boca faminta, me jogou na cama e me penetrou de novo, por cima, com os olhos nos meus, com as mãos prendendo meus pulsos contra o colchão.

Gozei gemendo alto, suada, desfeita. E ele gozou logo depois, dentro de mim, gemendo meu nome com os dentes cerrados.

Ficamos deitados ali, em silêncio, respirando juntos, sem saber o que dizer.

— Isso vai me destruir — ele disse, com os olhos fechados.

— Mas vai me marcar pra sempre.

Ainda estávamos deitados, as respirações descompassadas tentando se alinhar, quando ele virou o rosto pro meu pescoço e mordeu de leve, sem aviso. Senti um arrepio forte percorrer minhas costas.

— Eu não terminei com você, Patrícia.

— Não?

— Não. Eu ainda quero te devorar inteira.

Ele me chupou devagar, me fazendo gozar de novo em sua boca, e depois me virou de quatro. Me penetrou com raiva, com tesão acumulado, segurando meus cabelos e enforcando levemente meu pescoço com uma das mãos. A outra estalava na minha bunda, deixando marcas vermelhas que ardiam e excitavam.

— Uma vadia casada, de quatro pra mim, sendo fodida como merece.

— Me bate mais — eu pedi.

Ele obedeceu. Gozei de novo, gritando, sendo destruída por dentro. E ele também. Gozou mordendo minhas costas, gemendo rouco.

O silêncio depois do gozo era quase desconfortável. Intenso demais pra ser só silêncio.

— Preciso voltar — ele disse, finalmente.

— Acha que ela vai desconfiar?

— Não. Ela nem imagina que eu sou capaz disso.

Ele se vestiu devagar. Cada peça era um peso dentro de mim. Me vesti também. Nos beijamos com calma, como quem sabia que era a última vez.

— Vai doer, né?

— Vai. Mas que bom que doeu. É sinal de que foi real.

Ele saiu. Eu fiquei. Recebi uma mensagem dele minutos depois:

“Voltei pro hotel. Ela está dormindo. Mas eu ainda sinto teu gosto na boca.”

Respondi:

“Eu tô sentindo teu pau ainda dentro de mim.”

Depois disso, silêncio.

Mas agora era o silêncio de quem viveu o que não podia e não se arrepende.

Eu voltei pra minha vida.

Mas nada ali era mais igual.

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Comentários

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Uma verdadeira obra prima!!! Poucos textos conseguiram traduzir tão bem a paixão e o tesão de duas pessoas que se conhecem pela internet e tem a oportunidade de se encontrarem pessoalmente. Eu vivi tudo o que vc mencionou nesse conto, com a diferença que eu e meu par não conseguimos seguir adiante depois do encontro... e hoje estamos casados. Cada parágrafo maravilhosamente bem escrito... e cheios de significados para mim...kkkk. Vc acaba de ganhar um fã!!!

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Obrigada, fico feliz em saber que gostou!

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Gostei ao ponto de ter ido ler todos seus contos. A propósito, o conto "O peso do silêncio" me marcou bastante... cara, muito obrigado mesmo por todos os seus contos, mas em especial por esse conto que eu mencionei... ele foi especial demais para mim!!!

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