Almas de Estorninhos parte II (6)

Um conto erótico de L. Amaral
Categoria: Gay
Contém 3786 palavras
Data: 19/05/2024 15:07:05

— E aí, como está sendo aturar o bonitão? — Emily riu.

— Nada bem — suspirei. — Acredita que a minha mãe está me obrigando a passar parte das minhas férias na casa dos pais dele, no campo?

— Sério? E por que não vai?

— Por que não vou? Se com a minha mãe do lado me dá vontade de agarrá-lo, imagine numa casa só nós dois?

— Ai, Ethan. Fez a pior burrice de um gay: se apaixonar por um hétero — Ela deu uma risadinha.

Atravessamos a rua, quase perto do parque. Tomei um gole de água da minha garrafa e prossegui:

— Não é burrice. É como se, de algum jeito, fôssemos compatíveis. Às vezes ele me olha como se me desejasse também. E o esforço que está fazendo para se aproximar de mim e... Eu não vou conseguir me controlar. Toda vez que vejo ele eu quero tocá-lo, mas não posso.

— Então, não se controle. Aproveite essa viagem pra cravar as garras nele. Hahaha. Já que está tão seguro de que ele também sente alguma coisa por você, não é melhor arriscar?

— Mas e se rolar alguma coisa? Eu não posso fazer isso com a minha mãe.

— Realmente, é complicado. Mas você vai ficar assim pra sempre? Tentar afastar o Wade assim, não está adiantando. Talvez você devesse investir em outra pessoa. Por que não arruma alguém?

— Em um site de relacionamento?

— Onde mais? E o que aconteceu já faz tempo. Passou do momento de você seguir em frente, de procurar alguém. Isso vai te ajudar a esquecer o Wade.

— Eu não sei, Emi. Talvez eu devesse esperar mais um pouco. Mas eu vou pensar. E talvez eu tenha que fazer mesmo isso para esquecer o Wade. Droga por que ele tinha que ser o namorado da minha mãe?

E então, começamos a correr no parque.

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Capítulo 6: Toca do Lobo

— Michael?

— Oi, Ethan. Podemos conversar?

Após uma pausa, convidei ele para entrar.

— Tem falado com o Wade?

— Não.

Nos sentamos no sofá.

— Por quê? — acrescentei, curioso.

— Ele não tem saído muito de casa e parece deprimido. Você poderia saber de alguma coisa, ou a sua mãe?

— Por que eu saberia? E eu acho que a minha mãe também não está sabendo. Você deve saber que eles terminaram.

— Eu sei sim, mas é que... Deixa pra lá. Achei que ainda se importassem com ele.

Então, Michael se levantou.

— Não, espera — exclamei. — Como o Wade está?

Michael sentou-se novamente.

— Ele não quer conversar. Diz que está tudo bem, mas, não está. Estou preocupado com ele. Achei que vindo aqui, você e a sua mãe poderiam conversar com ele.

— Acha que ele nos ouviria?

— Bom. Eu nunca tinha visto o Wade daquele jeito, tão feliz, quando conheceu vocês. De quando estava com a sua mãe. E agora — ele suspirou. — O velho Wade parece que voltou, e pior ainda.

Engoli em seco.

— Eu posso ir vê-lo?

— Claro. Podemos ir agora, ou você vai fazer outra coisa?

Respondi que não. Então, fomos ver o Wade.

E chegamos.

Dentro de um Sentra azul, observei o Michael lá fora tocar a campainha. Logo, ouvi uma mulher conversar no interfone. Era a quem cuidava da casa. Pelo sotaque e aparência, era mexicana. Ela pareceu aliviada por ter chegado alguém.

— Ele está lá no escritório — disse ela, um pouco preocupada. — Não está comendo direito — acrescentou

Engoli em seco, enquanto minhas mãos tremiam. Depois de dias, finalmente veria o Wade. Eu não sabia se ele queria me ver, ou se eu realmente deveria estar ali. Mas aquele momento iria acontecer algum dia.

— Eu posso falar com ele sozinho? — falei, antes de seguirmos pelo corredor até o escritório.

— Claro. Vem, jason.

E Michael e o cachorro do Wade saíram, junto com a mulher.

Respirei fundo e segurei a maçaneta redonda da porta. Com o coração vibrante, entrei.

— Wade?!

Ele estava caído no chão, usava apenas um calção preto. Ao lado, uma garrafa de uísque e um prato com comida. Logo, o acudi.

Ele logo abriu os olhos e se afastou um pouco de mim. Parecia um pouco desorientado. Esfregou os olhos e passou a mão na cabeça.

— Ethan? O que veio fazer aqui?

— Eu vim te ver. Todo mundo está preocupado com você.

— Eu estou bem.

Ele se levantou e apoiou as mãos na mesa.

— Tô vendo como você está bem. Vi que realmente voltou a beber.

Wade ficou quieto, olhando para baixo.

— O que realmente está acontecendo? Por favor me diz — Toquei no ombro dele.

— Não está acontecendo nada. Eu só... Estou um pouco estressado com... com...

— Com o quê?

Ele ficou em silêncio.

— Essa história de eu sair com outros caras. O que é isso, você cansou de mim? — indaguei, já que o Wade não explicava direito. — Quer me dar essa tal liberdade para você também sair também com outras pessoas? O que eu sou pra você, afinal? Eu pensei que você quisesse ficar comigo, mas eu era apenas uma opção, não é?

Ele não falava. Apertou os olhos, tenso, e jogou a cabeça para trás, num suspiro.

— Eu sou apenas aquele com quem você mete por mais tempo? — prossegui.

— Sexo? É tudo que você pensa que eu quero de você? — falou, enfim, me encarando.

— Já que você é hétero...

— Hétero? Depois de tudo o que fizemos, depois de tudo o que conversamos... Acha mesmo que eu sou hétero? Eu nunca fui.

— Então, por quê...

— Droga — ele franziu o rosto, como se tivesse falado o que não deveria.

— Você disse que nunca tinha ficado com homem e que eu era a exceção. Você mentiu?

— Eu... Eu... Com você foi diferente, eu gosto de você. Eu só queria que fosse especial para você.

— Mentindo? Não precisava. E poxa, se eu soubesse antes... Quero dizer, acho que eu sabia, eu sentia que tínhamos algo. Teria sido mais fácil.

— Eu também não queria que você se apegasse demais em mim. Como você está fazendo agora. Achei que...

— Achou o que? Que por me fazer pensar que fosse hétero eu não teria muita chance com você, que eu não apegaria a você? Pois, não funcionou. E agora, se afastando de mim, não vai funcionar. É por isso que eu estou aqui.

— Por que é que você fala tanto? Eu preciso de espaço para respirar. Eu não quero te ouvir, vai embora. Vá sair por aí. Viver...

— Sair com outros caras, sério?

— É?

— Tipo o Michael? Foi ele que me trouxe aqui.

— Ficou interessado, não foi? Vai em frente, ele dá e como também.

— Já comeu muito ele, então?

— Ethan, por favor, vá embora.

Refleti um momento, respirei fundo e falei:

— Ok. Não vamos mais falar disso. Wade, eu vim aqui te ajudar.

— Não quero a sua ajuda. Ninguém pode me ajudar.

Me aproximei mais e acariciei o rosto dele.

— Wade, você vai mesmo fazer isso comigo? Me afastar e afastar todos os seus amigos, como isso pode te ajudar?

Os olhos dele estavam fundos, avermelhados e lacrimejantes. O rosto e a barba descuidados. E o seu hálito, de bebida e cigarro. Quem era esse Wade?

— Por favor, deixa eu te ajudar. Deixa eu ficar com você.

Ele se desviou de mim. Foi até a garrafa de uísque no chão.

— Larga isso! Você não vai beber. Wade, me dê isso...

E me lancei sobre o Wade, enquanto ele tentava se esquivar de mim, até o prato de comida foi pisoteado. Tentei tirar a garrafa dele, porém, ele bebeu um bocado antes de estilhaçar o resto na parede. Depois sentou-se no chão, com as costas no sofá preto.

— Vai pra casa, Ethan. Eu não quero te ver. Por favor, vai.

Eu fiquei imóvel por um tempo, mas com o coração disparado. Então, dei uns passos para trás e pisei em alguns talheres. Peguei o garfo e, por último, uma faca. Foi quando Wade levantou-se rapidamente.

— Ei, ei! O que vai fazer? O que vai fazer? — exclamou.

— O quê?

— Larga essa faca!

— O que acha que vou fazer?

— Para! Larga isso já!

Um minuto inteiro nos olhamos. Wade estava assustado, e eu, não sei. Chocado era pouco.

— Ah, entendi. — falei. — Então é isso? Você não confia em mim, não é? Nunca confiou. Acha que eu sou louco, um doente mental?

— O quê? Não. Me desculpa... Eu não sei — ele gaguejou, se encolhendo na parede. Acrescentou: — Por favor, vá embora. Não quero que me veja assim.

Dei uma risada amarga.

— Já que no fundo você acha que eu sou um doente. É, talvez eu seja mesmo — Soltei um suspiro longo e acrescentei: — Você está certo. Tudo isso é loucura. Eu não devia ter feito isso com a minha mãe, não devíamos ter ficado juntos.

Dizer isso me arrasou por dentro, por isso não falei mais nada, tratei logo de sair dali.

— Eu te amo, Ethan!

Ao ouvir a voz dele, embargada, parei frente à porta. Virei levemente o rosto, sem olhar para trás. Peguei na maçaneta e saí, como entrei, quieto e congelado. Sem olhar para trás e sem parar.

— Ei, aonde vai — Michael exclamou ao me ver indo para o portão. Ele estava perto da piscina com o cachorro.

Não respondi, só continue andando. E assim que cheguei à saída, fui alcançado.

— O que aconteceu?

Michael entrou em minha frente.

— Me deixe ir. Eu só queria ir — pedi.

— Vamos falar com o Wade, nós dois — Segurou os meus ombros.

— Eu não quero.

— Só me espere aqui, eu preciso ver como o Wade está.

— Tá.

— Você me espera?

— Sim — balancei a cabeça.

— Já volto.

E Michael entrou. E eu fiquei com o jason, que ficou dando pulinhos em cima de mim, enquanto abanava o rabo e sorria com a boca aberta. Me abaixei e dei um abraço nele.

— Adeus, jason — falei. Em seguida, fui embora com os olhos turvos.

Passei a mão pelo meu pescoço e senti um aperto na garganta, o mesmo quando o Wade me estrangulou naquela manhã na fazenda. Corri para a janela respirar o ar fresco do fim do entardecer, enquanto refletia.

Foi realmente um erro ter ficado com o Wade? Agora eu não sabia se ele ficou comigo por amor ou por achar que eu fosse um lunático, por pena ou fetiche. Que perversidade a variação do amor, entre a paixão e o ódio. Dizem que são a mesma coisa, que a paixão é um amor exagerado e o ódio, a ausência dele. O amor verdadeiro seria, então, um equilíbrio entre esses dois pólos.

Eu odiei o Wade por não tê-lo em meus braços, e mergulhei numa paixão que me permitiu fazer loucuras por ele. Eu durmo, sonho e acordo pensando nele, apenas ele está em minha mente. E isso não me parece muito equilibrado. Era disso que ele falava, que não estávamos em um conto mágico e que eu precisava amadurecer?

Três semanas se passaram desde aquele dia que o vi. Wade tentou contato comigo, mas dessa vez foi eu que não quis responder suas ligações e mensagens.

"Vamos conversar melhor. Você entendeu errado. Eu não acho que você seja louco. Por favor, vamos se ver". Foram algumas delas.

Bom, eu tinha que amadurecer. E sem os meus amigos e os meus pais, com certeza enfrentar isso seria muito mais difícil. Mas eu não queria dar bandeira de que não estava bem, no entanto, às vezes não conseguia.

— Ethan, acordada! Ei...

Pelo menos duas vezes fui desperto no meio da noite por minha mãe, depois de ouvir gritos. Eu gritava, enquanto sonhava com mãos me estrangulando, ou com as minhas cheias de sangue, matando alguém.

— Não é nada, mãe. Só foi um pesadelo.

— Quer vir dormir comigo? — ela franziu a testa e sorriu de lado, num pedido.

Dormimos abraçados, enquanto relâmpagos iluminavam o quarto, ao som de trovões e da chuva arranhando a janela.

No dia seguinte o meu pai veio me pegar para passar o dia com ele e os meus avós. E no caminho conversamos.

— O que foi, filho? Estou te achando um pouco triste.

— Eu estou bem, pai.

Ele limpou a garganta e comentou:

— A Isabelle disse que você está tendo pesadelos.

— Vocês estão bem íntimos, não é?

O meu pai deu uma risada nervosa.

— Ela só me contou porque está preocupada, e eu também. A gente não está...

— Tudo bem, pai. É bom saber que vocês estão se dando bem.

Ele assentiu, sorrindo. Depois, indagou:

— Mas você está ou não abatido? Parece que você ficou assim desde que aquele Wade se foi. Vocês viraram mesmo amigos?

— Eu achava que sim. Mas ele sumiu — Cruzei os braços.

— Mas vocês não tem se falado?

— Não. Eu acho que ele só... estava tentando agradar a minha mãe. Agora que não estão mais juntos não tem porque sermos amigos.

— Mas você não está triste por causa disso, está?

Era claro que sim.

— Não. Eu estou bem — falei. E virei o rosto para a janela.

Brian ligou o som do carro e deixou em uma música suave, ao som de viola. Limpou a garganta e quis saber:

— E aquele rapaz? Vocês já se conheceram?

Fiz uma pausa antes de falar, sorrindo:

— Não. Na verdade tem um tempo que nos falamos.

— E por que pararam de conversar?

— Eu não sei. Eu só... Acho que ele até gostou de mim, mas eu não sei se ia dar certo.

— Por quê? Não gostou dele?

— Gostei. Eu gostei.

O meu pai fez uma rápida pausa e indagou:

— Não pode deixar o que aconteceu te deixar assim. E já que tem esse rapaz, não perca mais tempo

— Eu sei, pai. Já me disseram isso. E você está certo — suspirei e acrescentei: — Acho que vai me fazer bem arrumar um namorado.

— É, isso mesmo.

Ele ficou com o rosto corado, enquanto sorria sem mostrar os dentes.

— Obrigado, pai. Obrigado pelo seu apoio.

Ele ficou com o rosto corado, enquanto sorria sem mostrar os dentes.

— Eu só quero que você seja feliz.

Eu sorri, em seguida deixei um beijo na bochecha do meu pai, deixando-o mais contente ainda.

Então, chegamos na casa dos meus avós. E foi lá que mandei mensagem para o Dylan, depois de vários dias sem nos falarmos.

"Olha quem finalmente resolveu me responder" , disse ele.

"Foi mal. Eu não estava muito bem", menti. Eu estava bem, muito bem, pois estava com o Wade, e só queria estar com ele. Mas agora...

"O que aconteceu?"

"Coisa de família. Mas já está tudo bem".

"Que bom. Está fazendo o quê?"

"Nada demais. Eu estava pensando se a gente poderia se ver. Se conhecer "

"Eu quero muito. Gostei de vc".

Mandei uma figurinha sorridente e corada, em seguida:

"Podemos marcar no shopping. Tomar um sorvete ou outra coisa".

"Quinta-feira é a minha folga. Pode ser?

"Sim. Pode ser no fim da tarde?"

"Claro."

"Combinado".

E enfim, esse dia chegou. E durante o café da manhã, conversei com a minha mãe.

— Mãe, eu hoje vou... Hoje eu vou ter um encontro.

Achei que ela deveria saber. Depois do que aconteceu com o Frank, precisava ser mais precavido.

— Um encontro, com quem? — ela pareceu surpresa, mas animada.

— O nome dele é Dylan.

— Eu posso vê-lo?

E mostrei algumas fotos dele.

— Olha! Que bonitão! Não vão se encontrar em nenhum bar, não é?

— Vamos ao shopping.

— Eu fico feliz, filho. E fico mais ainda que tenha me avisado. Eu sei que não é comum ficar contando essas coisas para os pais... Mas depois do que aconteceu, é bom eu ficar sabendo por onde você anda e com quem. Assim eu fico mais tranquila, e se caso acontecer alguma coisa…

— Não vai acontecer nada, mãe. Eu não vou sair para qualquer lugar com ele. A gente só vai se conhecer.

— Que bom, filho. Que bom que você ficou mais cuidadoso — ela sorriu. Acrescentou: — Eu vou voltar um pouco mais tarde hoje, mas, qualquer coisa pode me ligar, ou para o seu pai.

— Tá, mãe.

— Tenha um bom encontro. Você merece.

— Valeu, mãe.

E a tarde passou. Depois de chegar do colégio, me arrumei e fui para o shopping, o mesmo que costumo ir. Sentei perto da fonte e aguardei o Dylan.

17:30, foi o horário marcado. Eram 17:35. Foi quando olhei para o lado e vi um homem alto e de camisa vermelha se aproximando.

Apertamos calorosamente as mãos.

Ele era lindo. Pele chocolate, olhos mel, cabelo curtinho e um sorriso largo. E usava brinquinhos brilhantes.

— Muito prazer, Ethan.

E fomos tomar sorvete.

— Deixa que eu pago — disse Dylan, antes que eu pagasse o meu sorvete.

— Obrigado — falei, com as bochechas coradas.

Em seguida, sentamos numa mesa ali mesmo na sorveteria. E conversamos.

Falamos de alguns assuntos que já tínhamos comentado por mensagem, por exemplo, uma série que eu estava assistindo. E também como tinham sido os nossos dias.

— Viajou para algum lugar nas férias?

— Fui ver a minha irmã em Nova York. Eu tirei algumas fotos. Quer ver?

— Claro.

Peguei o celular e vi que tinha mensagem da minha mãe e da Emily. Perguntavam como eu estava. Eu as respondi rapidamente, dizendo que estava tudo bem no encontro. Então, mostrei ao Dylan um monte de fotos que tirei em Nova York.

— É a minha irmã. Ela é uma comédia.

Rimos.

Na foto, Lucy segurava um chinelo sujo de chantilly, como se quisesse comê-lo. E mostrei-lhe outras, até que chegou nas de outro lugar.

— E essas onde foram? — Dylan perguntou.

— Essas? Ah, foi das minhas férias também. Eu viajei para uma casa no campo.

— Nossa, é muito bonito lá.

— É sim. Na verdade eu viajei antes pra lá.

— Foi sozinho?

Wade.

— Não. Eu não fui sozinho.

— Está tudo bem? Você ficou sério.

Wade.

— Estou bem — Sorri.

Wade.

Guardei o celular e acrescentei:

— O que mais gosta de fazer? Gosta de boliche?

— Boliche? Nossa, faz tempo que joguei boliche.

— Você gosta? — Sorriu.

— Gosto sim — falei.

— Então, nosso próximo encontro poderia ser lá — ele investiu. — Ou pode ser hoje

— Eu adoraria. Mas melhor outro dia.

Dylan sorriu, mostrando dentes muito bonitos.

— Queria que você fosse comigo até a minha casa, mas está muito cedo para isso, não é?

— Um pouquinho — eu ri.

— Então, a gente pode marcar outro encontro? Eu gostei de você.

E dei um sorrisinho e disse:

— Eu também gostei de você.

— Você tem hora para voltar, não é?

— Um pouco. Hahaha. Mas ainda está cedo — acrescentei.

— Quer outro sorvete?

— Não. Estou bem.

Então, houve um breve silêncio.

— Eu acho que já vou — falei.

— Tá. Você vai jantar com a sua mãe?

— Não. Hoje ele vai demorar um pouco.

— Vai ficar sozinho em casa? Não vai sair com os amigos?

— Eu não sei. Talvez eu saia — falei.

Wade.

— Queria ficar mais com você, mas já que precisa ir.

— É. Eu preciso ir.

Wade.

Houve uma ligeira pausa antes de eu acrescentar:

— Dylan, eu acho que — Engoli em seco e prossegui: — Eu quero ir com você.

— É sério?

— Sim. Eu quero.

Dylan sorriu mais ainda. Ele parecia confiável e eu precisava me distrair um pouco mais.

— Eu vou ter que passar no supermercado. Comprar um... vinho?

— Você não está me devendo um drink de morango? — falei.

— É, tem razão — ele riu. — Então, vou comprar alguns morangos.

E fomos ao supermercado, no mesmo andar do shopping onde estávamos. No caminho Dylan, foi usando o celular.

— Em que bar você trabalha? — perguntei.

— Se chama Toca do Lobo.

Franzi a testa.

— Toca do Lobo? Esse nome... me parece familiar. Mas não me lembro de onde.

— Tem vários bares com esse nome por aí.

— É, pode ser. Há quanto tempo trabalha lá?

— Uns três anos.

— Ah, legal. E você gosta?

— Sim. Dá para me sustentar — Dylan riu. Olhou no celular e ficou sério.

— Algum problema?

— Não. Só um colega do trabalho, não é nada demais — Ele sorriu. — Vamos escolher os morangos?

E depois de sair do supermercado, saímos do shopping.

— Que céu incrível — Dylan comentou, olhando para cima.

— Está mesmo — Assenti.

O sol já tinha entrado, mesmo assim, iluminava o céu cheio de nuvens em forma de ondas.

Ficamos um pouco ali no estacionamento. Depois, entramos em um opala marrom com as laterais desgastadas.

— Que carro cheiroso. Lavanda?

— Sim — Dylan sorriu. — Vamos.

E seguimos pela estrada, de janelas fechadas e ouvindo Rap, enquanto a cidade acendia suas luzes.

— Quer pegar um pouquinho? — Dylan olhou para mim e sorriu.

Sorri também. Logo, apalpei o volume nas calças do Dylan, que passou a respirar mais alto. Então, abri o zíper e um pauzão surgiu.

— Já chupou um pau preto? — Dylan sorriu de um canto da boca.

Fiz que não com a cabeça, mordendo o meu lábio inferior. Então, chupei aquele cacete e as bolas.

— Isso! Ahhh — Dylan gemeu. Uma das mãos acariciava meus cabelos, enquanto a outra o volante.

Eu chupava aquela pica. O segundo pau que tinha posto na boca. O primeiro foi o do Wade. E não teve como não pensar nele.

— Ai, que boca gostosa.

Então, Dylan empurrou a minha cabeça mais fundo no seu pau. Foi quando engasguei. Não era grossa como a do Wade, mas comprida. Nesse momento voltei para o meu canto e ri.

— Gostou do meu pau?

— Gostei — falei.

Ele piscou um olho e disse que já estávamos chegando, em seguida fez um gesto com a cabeça. E o respondi com a minha boca molhada novamente no meu das pernas dele.

— Ahhhh!

Um tempo depois, entramos em um estacionamento de um prédio. E seguimos para o elevador. No caminho fui olhando para os lados, para alguns carros ali. Um deles me chamou atenção, uma caminhonete vinho. Acabei parando um instante.

— Ethan, está tudo bem?

— Sim. Só... Não foi nada.

E entramos no elevador.

E tremi um pouco.

— Está nervoso? — Dylan indagou.

— Não. Só um friozinho — dei um sorriso, esfregando as mãos uma na outra.

Dylan riu e disse:

— Vem cá. Eu esquento você.

E me abraçou. Foi quando nos encaramos. Engoli em seco e umedeci os lábios. Então, nos beijamos. Em seguida, o elevador parou.

— Aqui é sempre silencioso assim? — comentei, enquanto seguíamos pelo corredor.

— É sim. Os vizinhos são bem reservados. Hehe.

O lugar não era muito iluminado, uma das luzes estava piscando. Logo, entramos. Parei no meio da sala ao entrar. Atrás de mim, Dylan fechou a porta e disse:

— Toca do Lobo. Agora vai se lembrar.

— O quê? — dei uma risadinha, ao me virar para ele.

Então, senti um aroma semelhante à menta. Este cheiro parecia vir do outro cômodo, da cozinha. Dei uns passos para trás e olhei para o lado. Lá, um homem à mesa.

— Me desculpa, mas ele é o meu amigo. Isso tinha que acontecer — disse Dylan, com a voz trêmula.

Um fantasma à luz de velas, me esperando com um grande sorriso. De casaco cinza, com capuz.

Tentei me convencer que ele fosse uma ilusão, mas a sua voz só me paralisou mais ainda.

— Oi, Ethan. Venha, vamos jantar — disse Frank.

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Comentários

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Eu sabia que isso iria terminar acontecendo, que esse Dylan de alguma forma estava ligado a tentativa de estupro..

Esse Wade infelizmente não vale nada, estava usando mãe e filho, aposto que vai vir com alguma desculpa esfarrapada para cima do Ethan, nada justifica o wade ter se afastado e distratado o ethan.

Continua com o cinto, está muito bom!

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