A mulher amputada que me mudou a vida

Um conto erótico de RFreitas
Categoria: Heterossexual
Contém 1894 palavras
Data: 12/05/2024 18:32:30

1.

Cansado da vida urbana, vendi a casa que tinha na cidade e fui viver para outra que recuperei, com o tempo, numa vila do Alentejo interior.

Aí, há anos que conheço Teresa, uma mulher mais nova que eu, mas apenas nos cumprimentávamos, sem termos uma relação mais próxima. Teresa foi casada e tem dois filhos, já autónomos. Tinha um negócio de retrosaria com duas lojas abertas, uma na vila, gerida por si, e outra na cidade de Beja, gerida pelo marido.

Nos últimos anos o infortúnio bateu-lhe à porta. O marido faleceu na sequência de uma doença prolongada o que a obrigou a encerrar o negócio e, ainda mal refeita do choque, Teresa desenvolveu um osteossarcoma que culminou com a amputação da perna esquerda. Durante a recuperação contou com a ajuda da filha mais velha e de uma irmã que veio residir temporariamente com ela, mas atualmente vive sozinha… com o Tobias, um labrador preto.

Nunca tinha pensado nela numa perspetiva, digamos, sexual, até que soube da sua amputação. Desde essa altura ela mal sai à rua e há muito que não a via, mas muitas vezes imaginei como seria o corpo daquela mulher, agora sem uma perna o que para mim é por si só um atributo sexy, qual seria o tamanho e a forma do coto, como é que ela se estaria a adaptar à sua nova condição.

E vi no Tobias uma forma de me aproximar. Fazia o possível por passar à sua porta quando passeava o meu cão e um dia, em que a apanhei à janela, cumprimentei-a como de costume e aproveitei para dizer que ouvia o Tobias ladrar muito, que devia estar stressado por nunca sair à rua e que, se ela não se importasse, eu o poderia passear juntamente com o meu. Ela aceitou a minha proposta e combinámos que quando fosse dar a volta com o meu cão, lhe bateria à porta do quintal, nas traseiras, para levar o seu bicho conjuntamente com o meu.

E assim foi, diariamente, ao fim da tarde, batia à porta do quintal, a Teresa, apoiada em duas muletas axilares, convidava-me a entrar e, enquanto os cães sociabilizavam um pouco, eu aproveitava e fazia o mesmo com ela antes de iniciar o passeio. Claro que queria ganhar a sua confiança e, por isso, nunca fiz a menor referência à sua amputação e até tentava não a observar ostensivamente, embora fosse difícil não o fazer.

Teresa era uma mulher ligeiramente obesa, não propriamente encaixável no padrão de beleza das revistas, mas debaixo da saia, que ocultava completamente o coto, via-se uma única perna bem musculada envolta numa meia de nylon e o vazio da perna em falta, que eram muito mais cativantes que o rosto. Aquele coto, que eu nunca tinha vislumbrado, não me saía da cabeça e várias vezes me masturbei imaginando-o… imaginando que o acariciava entre as minhas mãos. Essa obsessão piorou na sequência de um acontecimento fortuito:

Para ganhar a vida, Teresa tinha reconvertido a antiga retrosaria numa engomadoria. A montra tinha uma cortina que ocultava o interior, mas certo dia em que passei por lá, já a noite tinha caído, a cortina estava entreaberta e vi Teresa a passar roupa a ferro, iluminada pela luz artificial. Sentada num banco alto, descalça, só com a meia de nylon, o pé apoiado numa travessa do banco e a extremidade do coto a aparecer no fim da saia. Percebendo que a rua estava deserta, e protegido pela escuridão, não resisti a ficar a apreciar o quadro! Os dedos do pé afastados, adaptando-se à pressão sobre a travessa do banco e a ponta do coto, igualmente com a meia calçada, movimentando-se de acordo com a gingada do corpo na tarefa de manusear o ferro. Aquele pé e aquele coto teriam de ser meus!

2.

Com o passar do tempo conquistei suficiente confiança para que a Teresa me convidasse para tomar uma cerveja com ela enquanto os cães brincavam. Quando veio da cozinha, cada mão agarrava simultaneamente o punho da muleta e uma garrafa; ela parecia ter desenvolvido bastante destreza na sua nova forma de caminhar. Sentámo-nos numas cadeiras que estavam no quintal, ela ajeitou a saia para tapar o coto mas, disfarçadamente, pude adivinhar o seu tamanho pelo volume debaixo do tecido. A perna foi amputada sensivelmente a 2/3 da coxa, pelo que o coto era relativamente longo e volumoso.

Nos dias seguintes, repetiu o convite que acabou por se tornar um hábito. O que foi mudando foi a sua desinibição que se manifestava em assuntos de conversa cada vez menos formais e numa postura menos rígida perante a minha presença. Eu apreciava francamente a sua companhia e fui percebendo que esse sentimento era recíproco. Comecei a contribuir com géneros para os nossos lanches que se foram tornando ajantarados…

Por vezes a Teresa descalçava parcialmente ou totalmente o chinelo, revelando o seu único pé. Pequeno, mas carnudo, com um joanete não muito grande (o que é uma pena!...), os dedinhos bem alinhados e um arco plantar pronunciado que aparentava ser extremamente macio ao toque. Certo dia, estendeu a perna sobre outra cadeira e enquanto analisava despreocupadamente o seu próprio pé descalço ía falando, sobre já nem me lembro o quê, porque a minha atenção estava centrada naquele pezinho apetitoso. Noutra ocasião pousou a mão debaixo do coto que ia tendo pequenos espasmos para se ajustar à palma da mão, que me estavam a deixar doido de desejo.

Sempre que me retirava, despedia-me com disfarçado pesar do cão Tobias e da tutora e, frequentemente, me masturbava assim que entrava em casa. A perna decepada e o pé da Teresa não me saíam da cabeça.

Até que recebi um convite para jantar com ela, o filho, a filha e o seu companheiro, que tinham vindo fazer uma visita. Interpretei o convite como um assumir mais ou menos oficial da nossa relação que já era mais que amistosa. O jantar foi muito agradável e não notei nenhuma hostilidade por parte dos filhos que, aliás, saíram antes de mim, pois tinha-me oferecido para levantar a mesa e ajudar a arrumar a cozinha. A Teresa estava visivelmente agradada e no final, sentámo-nos nos sofás da sala a beber um último copo de vinho. Os silêncios, alternando com sorrisos tímidos, indiciavam algum nervosismo talvez porque havia tantas coisas que ainda não tínhamos tido a coragem de dizer.

Por essa altura eu já tinha compreendido que a Teresa era mais que o coto dela. Eu estava a ficar… apaixonado! Coisa que eu pensava que era um capítulo encerrado.

3.

A vila é pequena, toda a gente se conhece e quase toda a gente comenta a vida dos outros, o que é um pouco claustrofóbico. A Teresa tinha um certo receio “do que se falava” e acho que, por essa razão, nunca me disse claramente que ardia de desejo, o que eu já há muito tinha percebido e que, aliás, era recíproco. Decidi-me a dar o primeiro passo para sairmos do impasse e convidei-a para ir jantar fora no dia seguinte, à cidade mais próxima. Ela ficou estarrecida e, levantando o coto, destapou-o e ficou a olhar-me em silêncio como que para me mostrar que não seria uma boa companhia. Era o momento certo! Coloquei a mão sobre a extremidade do coto e beijei-a ternamente na face, dizendo para estar pronta às 19:30h.

Nessa noite tive dificuldade em adormecer, a pensar nas sensações que senti ao tocar aquele coto macio, quente, envolto na textura suave do nylon e a imaginar-me a partilhar os fluidos da paixão e o sono com a Teresa.

À hora combinada estacionei em frente à porta principal e toquei a campainha, ignorando os olhares inquisitoriais das velhas da rua. Quando a porta se abriu, o tempo parou, o mundo deixou de girar durante segundos que pareceram uma eternidade, porque aquela não parecia ser a mesma Teresa. Maquilhada, vestida com um elegante tailleur azul, uma meia de nylon preta e um sapato com um ligeiro salto. No lugar das habituais muletas axilares, tinha umas canadianas, igualmente pretas. Ao ver-me absorto, sorriu num misto de timidez e contentamento e, para reativar a rotação terrestre, disse-me que não poderia andar muito porque a experiência com as canadianas ainda era recente.

Fomos jantar a um restaurante em Alcácer do Sal, à beira-rio, com uma paisagem fabulosa. A Teresa confessou que se sentia incomodada com os olhares mais ou menos indiscretos e ostensivos e eu retorqui que me sentia orgulhoso porque o que despertava esses olhares era a mulher elegante e sexy que me acompanhava. Saboreámos a refeição e a companhia, com a lentidão que as coisas raras e preciosas requerem e quando nos metemos de novo no carro ficámos um tempo a olhar as luzes refletidas no espelho de água, a conversar mais um pouco.

Agradeci a noite que a Teresa me estava a proporcionar, mas ela disse que era quem estava agradecida porque a fizera sentir-se mulher de novo. Meti o carro em marcha e a meio do caminho peguei na mão da Teresa que manteve a minha agarrada e apoiada sobre o coto. Fizemos o percurso em silêncio e quando chegámos à sua porta, já um novo dia se tinha iniciado, ela perguntou “Ficas comigo esta noite?”

4.

Foi mais que sexo e foi o passo necessário para nos decidirmos a partilhar mais, muito mais, das nossas vidas.

A Teresa, antes um pouco receosa por causa da sua recente imagem, foi-se libertando dos medos e da insegurança e percebeu que o coto é um brinquedo sexual como nunca tínhamos experimentado. Adoro quando ele me toca o pénis, deixando-o firme e hirto em segundos e eu, invariavelmente, inicio os preliminares com uma boa massagem de mãos, a que se seguem os lábios, especialmente na extremidade, ao longo daquela cicatriz quase impercetível que une os músculos decepados que envolvem o que resta do fémur. Acho que a Teresa aprendeu a gostar dos meus carinhos e frequentemente é ela que expõe o coto para que eu lhe dedique toda a atenção. Mesmo quando vemos um filme, no duche, ou quando ela em pé apoia o coto na muleta, adoro fazer-lhe festas.

Eu sempre tive atração por pés femininos, mas também esse capítulo foi uma novidade para a Teresa. Exploro aquele pé solitário, carnudo, macio e quente com todos os meus sentidos e a Teresa aprendeu a apreciar o meu fetiche. Ela sabe que uns collants de nylon, a cobrir a perna (e o coto!), são uma tentação a que não resisto e nunca se nega a que lhe beije o pé, lhe sinta o aroma, lhe chupe os dedos e o faça passear por mim. É o prelúdio para o sexo oral que a faz estremecer de prazer uma e outra vez, antes que o sexo culmine numa explosão de esperma dentro de si.

Teresa tornou-se numa mulher autoconfiante e já não tem receio de evidenciar a sua deficiência seja onde for, identificando-se muito bem com a sua imagem. Inclusive, no verão, vamos frequentemente à piscina pública da vila ou à praia e, estranhamente, os filhos parecem ter mais acanhamento pelo facto da mãe expor publicamente a perna amputada.

Há dias, enquanto recuperávamos o fôlego depois do sexo Teresa fixou-me e disse “Foi preciso perder anos, o marido e uma perna para me sentir verdadeiramente mulher e amada!”

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Comentários

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BVelo conto, muito bem escrito, num português original, o que lhe empresa um sabor a mais. Conheço o Alentejo, e sei como é agradável a vida nas cidades daí. A originalidade da história, a bela caracterização do fetiche, o desenvolvimento da trama, tornam esse conto uma excelente novidade. E o que prova que conto erótico tem uma imensidão imensurável de aspectos a serem explorados. Eu nunca havia lido um conto seu. Vou ler mais. Parabéns. Todas as estrelas.

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