Estações - Capítulo II - Nevasca

Da série Estações
Um conto erótico de Teçá
Categoria: Lésbicas
Contém 670 palavras
Data: 20/04/2024 12:12:20

Chegando na cidade de minha tia me surpreendi. Ali eu consegui ver coisas surpreendentes como colinas verdejantes, bosques de pinheiros e palácios deslumbrantes. Me senti acolhida em Sintra sem nem ao menos ter chegado a casa que iria morar e ali percebi que o local seria muito mais do que eu esperava. Enquanto caminhava pelas ruas de paralelepípedos, sentia uma atmosfera mágica e uma sensação de encantamento que envolvia toda a cidade. As fachadas coloridas das casas antigas e as ruínas pitorescas que pontuavam o cenário davam a Sintra um ar de conto de fadas.

Ao chegar à casa da minha tia, fui recebida calorosamente por ela e por seus vizinhos, que logo se tornaram amigos. A casa era uma típica construção portuguesa, com paredes caiadas de branco e azulejos pintados à mão. O interior era aconchegante, com móveis antigos e uma lareira que crepitava suavemente, criando uma atmosfera acolhedora.

Nos dias que se seguiram e antes de iniciar no internato, explorei cada canto de Sintra, maravilhando-me com os palácios deslumbrantes, os jardins exuberantes e as vistas panorâmicas que se estendiam até o mar. Descobri recantos escondidos, como pequenas capelas antigas e fontes de água cristalina, que pareciam saídas de um sonho. À noite, o ar se enchia com o som suave da música portuguesa e o cheiro tentador da culinária local. Experimentei pratos tradicionais como bacalhau à Brás e pastéis de nata, que se tornaram rapidamente meus favoritos.

No sopé das majestosas colinas de Sintra, encontra-se um imponente internato exclusivamente para meninas, o Internato das Flores, conhecido por sua reputação de excelência acadêmica e cuidado individualizado. Entrar ali parecia longe da realidade, mas ao entrar o encanto acontece, com as permeadas pela história, com seus corredores ornamentados e salões decorados com elegância. O internato era um complemento do que a cidade já havia demonstrado ser, imaginei que ali estaria bem, mas o inverno havia chegado na minha vida e se instaurado.

Na primeira noite no internado o que aconteceu com Gabriela ficou repassando na minha cabeça, mesmo após conseguir dormir sonhei com aquilo e cada vez que pensava no que havia acontecido pior eu ficava, não sabia se estava mal pela armadilha ou por ter gostado do beijo. A confusão de emoções me consumia, deixando-me inquieta e perturbada. Eu me perguntava repetidamente se deveria me sentir traída ou culpada por ter cedido àquele momento de intimidade.

Cada detalhe do encontro com Gabriela se repetia em minha mente como um filme incessante, trazendo consigo uma enxurrada de sentimentos contraditórios. A sensação de seus lábios tocando os meus ainda ecoava em meus lábios, enquanto a memória de sua traição me deixava com um gosto amargo na boca. Eu me perguntava se aquilo tudo fora apenas uma armadilha cruel ou se, de alguma forma, eu tinha permitido que isso acontecesse. A dúvida corroía minha mente, fazendo-me questionar minhas próprias decisões e motivações.

À medida que a noite avançava, eu me via presa em um turbilhão de pensamentos e emoções, incapaz de escapar do labirinto de minha própria mente. O que começara como uma simples noite no internato havia se transformado em um pesadelo emocional, e eu não sabia como encontrar uma saída. Enquanto as horas passavam lentamente, eu me agarrei à esperança de que, com o tempo, as feridas cicatrizariam e eu encontraria a clareza e a paz que tanto ansiava. Mas, por enquanto, eu estava perdida em um mar de incertezas, lutando para encontrar meu caminho de volta à superfície.

Esse sentimento perdurou por meses, até conhecer a nova aluna, Fernanda. Seus cabelos ruivos denunciavam sua atitude, de longe era possível perceber que ela não tinha medo de desafiar as normas. Seus olhos faiscavam com uma mistura de rebeldia e determinação, enquanto sua postura desafiadora deixava claro que ela não se curvaria facilmente às regras do internato. Logo nos primeiros dias, ficou claro que Fernanda era uma figura central entre as alunas, admirada por algumas e temida por outras. Algo nela me hipnotizou, mas não sabia ao certo o que era.

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