Libra

Um conto erótico de Leliouria
Categoria: Heterossexual
Contém 1566 palavras
Data: 21/03/2024 12:04:15
Última revisão: 25/03/2024 08:23:08

Às vezes penso em como o que nos atrai é exatamente aquilo que nos falta na vida real.

Leve uma vida muito certinha, regrada, e você vai se fascinar pela putaria, mas e o outro extremo? É sobre isso que vou falar neste texto.

Durante a faculdade, em um período mais tranquilo, morava com um amigo, sempre bebíamos e procurávamos as festinhas ali perto de casa (afinal os dois pobres).

Em um dia em especial, depois de economizar uma boa cota os recursos que recebíamos e descolavamos por ali, resolvemos o que?

Sim acertou, torrar a grana no puteiro, como todo homem que segue seu instinto masculino.

Cai a noite, vamos ao puteiro, que aguarda ansiosamente para drenar os nossos bolsos com latas de cinco reais, águas de côco de dez reais (rsrsrsrs na época nem me pergunte a situação hoje, talvez logo mais lançem o bolsa zona)

Meio de semana, um pouco cedo, vazio, um ou dois velhinhos, daqueles que sempre estão lá nas mesmas mesas, na mesma energia.

Algumas mulheres no balcão, e algumas dentro da casa ao fundo, as vezes saem arrumadas, alternando com as que estão no balcão.

Sentamos em uma mesa, naquele ambiente escuro com luz de boate, e o jukebox tocando os sertanejos habituais.

Percebemos as garotas sondando quais iriam abordar. Não as julgo, dois malucos de aparência jovem, com cara de deslocados, não devemos parecer os tipos de caras que liberariam uma grana, e a prática leva a perfeição, elas sabem o que cada um quer só de olhar.

Sem falha, duas das mais novas se sentam à mesa. Se identificam como Paula e Giovana, a Paula tem uma pele morena, cabelos pretos longos, coxuda, bunduda, a Giovana tem os cabelos loiros, pintados, longo também, seios médios, bunda grande, pele branca, as duas perto de 1,70 de saltos, com suas roupas de malha furadas mostrando quase tudo, pouco suadas, pouco movimento, o que me faz concluir que somos uns dos primeiros do dia.

Tendo o poder da grana ali, na hora, vamos controlando aos poucos o que elas pegam. É um equilíbrio fino, quanto mais elas pegam, mais dispostas se mostram, quanto menos, menos.

O tempo passa e logo estão nos chamando para dentro apontando para os quadros com as tabelas de preço.

Mas não meu caro, nós estávamos abastados, e éramos tolos. Meu amigo logo me fala:

-Vou falar com a dona ali. (Enquanto aponta)

Ele vai, e volta depois de alguns minutos:

-Cara, 600 conto pra levar elas pra casa, a gente traz de volta amanhã. (de novo, na época, hoje em dia deve passar de 1000)

Concordo, querendo ou não, nunca havia feito nada em puteiro assim.

Pagamos e saímos com as duas no carro, paramos no posto e pegamos mais algumas cervejas com os preços menos salgados, e vamos para casa.

Já na sala, as duas ficam de pé dançando de leve, felizes pelos lucros, se é que elas levam algo além do programa:

-E ai, qual você quer?

Eu sempre tímido e calado:

-Você escolhe.

Ele para, estende a mão para a morena e draga ela pro quarto.

-A Giovana já entende e segue pro meu quarto.

Ela senta na cama, e na época, eu tinha tido algumas poucas namoradas, algumas safadas, algumas certinhas, mas a verdade é que eu era um cara inexperiente na putaria, perto de uma prostituta pelo menos, o que era a minha experiência sexual, perto da dela?

Com certeza a minha era uma experiência "pura", e sempre carregava comigo atributos que minha mãe sempre me passou, carinhosa, cuidadosa, amorosa.

Sento ao lado dela, e começo a conversar:

-De onde você é Giovana?

-Eu? Do Paraná.

-E é sua primeira vez aqui?

-Aqui na cidade sim.

-Faz tempo que faz isso?

-Uns 3 anos, eu tive que trancar a faculdade.

-Tem que idade?

-25.

Parado ali só me lembro de um veterano meu, que sempre me falava (puta não se beija, puta é pra comer, gozar e vazar, o mesmo amigo que bebia a vodka no cú da puta enquanto deixava escorrer pela lombar dela. Mas eu era inocente na época, e achava que ele se referia a beijar e comer porra de estranho).

Ela era bonita, rosto de menina de família, e na minha babaquice, começo a beijar ela, mas não beijar como se beija uma puta (se é que se beija), começo a beijar ela como se fosse o grande amor da minha vida, como se beija a mulher que você ama, e quer proteger.

Ela percebe, e deitada ali na cama, os dois de lados, paro o beijo e me deparo com um rosto de choque total, ela me olha parada como se eu fosse um fantasma.

Com a maior calma começo a passar o dedo no rosto dela, passo o dedão nas sombrancelhas, no nariz, no queixo, enquanto aprecio a beleza, e volto a beijar ela.

Ela tenta parar ali, me empurrando um pouco, e logo desce o rosto, abrindo minha calça, coloca o pau pra fora, e começa a mamar, não sei se cansada, ou tonteada pelas bebidas, ela mama devagar, e logo percebo que ela está pescando, as mamadas vão falhando e começo a sentir o fio de ar entrando entre o canto da boca dela e meu pau, enquanto respira.

Deixo ela ali um pouco, e acarinho passando os dedos entre os cabelos, ela dá umas acordadas repentinas enquanto mama e volta a dormir.

Depois de um tempo, percebendo que ela dormiu, tento tirar a cabeça dela devagar e ela acorda, e se deita, me puxando.

Seguro as mãos dela devagar, tirando de mim e vou até a buceta dela, puxo o vestido todo furado pra cima, que nem cobria nada, puxo a calcinha pelas pernas, abro ela, e começo a chupar a bucetinha dela, sem medo, sem preconceito, como se fosse uma menina da minha turma que acabei de começar a namorar, chupando dentro, passando a língua no cuzinho, e grelo. Sinto as mãos dela fazendo carinho na minha cabeça.

Ela goza, gemendo e se contorcendo, e me puxando pra cima.

Coloco o preservativo rápido, e faço um sexo medíocre, que sempre faço quando estou de preservativo (me corta muito, só usei duas vezes preservativo na vida, nem me parece sexo quando uso).

Gozo pela metade, e logo saio, tiro o preservativo e jogo no chão do quarto, me deito ao lado dela, e volto a beija-la e namorar, mantendo o mesmo padrão.

Dormimos ali abraçados.

Acordo, olho o celular e são oito da manhã, precisava ir à faculdade resolver uma coisa ou outra rápido, me viro, e a vejo ali deitada, com a perna sobre mim, me olhando com um olhar de amor, mas ao mesmo tempo desesperança, porque sabe que é só uma puta, como se quisesse falar algo, mas nunca cruzando a linha.

Acaricio o rosto dela mais uma vez e dou um beijo longo, gostoso, que ela aceita e retribui:

-Preciso ir ali rapidinho, mas eu já volto pra te levar tudo bem?

Ela concorda, pego o notebook e dou na mão dela:

-Pode ver algo aí se quiser, é rapidinho já volto.

Ela fica ali deitada na cama pelada.

Meu amigo já havia levado a outra, e nem em casa estava.

Saio pra resolver, e finalizo tudo em 30 minutos, na volta paro num café do feirante e pego um café da manhã brabo, pão de queijo recheado, café afrescalhado e a porra toda.

Chego em casa e vejo ela deitada, de lado com a barriga pra baixo, uma perna sobre o travesseiro, e a outra estendida, abraçada com outro travesseiro vendo um filme no notebook.

Ela me vê se senta, e tomamos o café da manhã, ela continua ali me olhando daquele jeito estranho, mas sempre com a desesperança ao fundo. Algo que eu ignorei totalmente na época.

Logo que terminou:

-Vamos lá? Eu te levo.

E ela voltou quase que instantaneamente ao seu modo puta. Vestiu a roupa, e a levei.

Hoje, olhando e lembrando de tudo, percebo como eu fui um grande filho da puta, esses olhares e sensações eram normais para mim na época.

Uma mulher estável financeiramente, que diante de uma vida regrada e conservadora desejar ser puta, possui um peso, tem as suas implicações, psicológicas, suas consequências, emocionais.

Uma mulher que precisa se prostituir para viver, para criar os filhos, sendo tratada como um buraco, enxergar o amor, a possibilidade de uma vida normal onde se sente amada e desejada, com respeito, protegida e apoiada, carrega também consequências psicológicas, emocionais na mesma intensidade contrária.

Todos nós temos um limite, e ultrapassado esse limite, o que sobra?

O que sobra de uma mulher que sempre foi amada e cuidada que tenta ao máximo ser puta, ser suja, mas toda vez encontra o carinho o amor, e nunca o oposto.

O que sobra de uma prostituta que leva uma vida suja, e se apaixona uma duas tres quatro vezes? Mas sempre acaba sendo tratada como puta no fim?

Me arrisco a dizer que as duas situações podem desfazer uma pessoa por completo, destruir de maneira irreparável.

Por isso meus amigos, sigam o fluxo normal da vida, mas se algum dia decidirem pisar nesses territórios nebulosos, vão até o fim, se tem algum respeito pelas mulheres que tanto te realizam.

________________________________________

Para contato, sugestões, idéias, pedidos:

cyrusignis@hotmail.com

Obrigado aos que acompanham.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 13 estrelas.
Incentive Leliouria a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de LeliouriaLeliouriaContos: 46Seguidores: 27Seguindo: 16Mensagem I was born an original sinner. I was borne from original sin.

Comentários

Foto de perfil de viuvinha

Muito bem escrito, querido. O melhor de tudo foram suas considerações para as ditas profissionais do sexo, tendo como fundo essa minha conterrânea paranaense. No começo isso me incomodava, porém, filosofias à parte, passei a não ligar. Aliás, desde o começo eu buscava apenas o vil metal para cobrir minhas necessidades. Mas já na primeira entrega, fui surpreendida em ser tratada como mulher e ser humano, o que me desarmou por completo. Se puderes, leia o meu primeiro conto, ¨Meu primeiro cliente como garota de programa¨e irás entender. Muito agradecida pela leitura e comentário no meu. Beijocas.

1 0
Foto de perfil de Mallu 💋

Excelente experiência, mas, melhor ainda pelas conclusões. Tenho uma colega autora que é garota de programa. Chegamos a nos corresponder, tendo como tema contos eróticos. Mas vi nela uma pessoa maravilhosa, batalhadora e sem preconceitos. Afinal, faça o que façamos, não deixamos de ser pessoas humanas com sentimentos. Beijos.

1 0