Caramuru e Paraguaçu

Um conto erótico de Old Ted e J.R.Torero
Categoria: Heterossexual
Contém 535 palavras
Data: 02/03/2024 13:34:33
Última revisão: 04/03/2024 07:58:23

Olá. Primeiramente, este aqui não é exatamente um conto erótico. Pode ser considerado uma junção de 2 nanocontos minimamente sensuais (desde que você repare bem…). Estou postando apenas como uma forma de trazer certa leveza ao site. E também porque cheguei naquela fase de não querer me levar a sério o tempo todo...

Os textos não são meus, mas de um jornalista e escritor cujo trabalho eu sigo a mais de 15 anos chamado José Roberto Torero (pesquisem, o cara tem trabalhos interessantes em diversas áreas), a quem pedi autorização para repostar com apenas minúsculas alterações.

***

[1510]

Querido diário, ontem, no fim da tarde, caminhando pela praia (ah, que crepúsculo!), encontrei um náufrago boiando entre as pedras, como se fosse um caramuru, aquela moreia que se contorce no meio das rochas.

Pois bem, fui socorrer o sujeito e, para minha surpresa, tratava-se de um estrangeiro. Como estava desacordado, sem poder falar, não pude saber se era francês ou português. E, como estava de calças, não sabia se era judeu ou cristão.

Com esforço puxei-o para fora das ondas. Depois que tirei as algas do seu rosto, vi que era bonito. Devia ter uns 18 anos.

Pressionei seu peito para tirar um pouco da água e fiz respiração boca-a-boca. Justo nessa hora, meu belo adormecido acordou.

Por um longo momento, ele ficou mudo, como se não acreditasse que estava vivo.

Tentei dizer-lhe que eu era filha de Taparica, o morubixaba dos tupinambás, e que meu nome era Guaibimpirá, mas ele podia me chamar pelo meu apelido, Paraguaçu, que quer dizer mar grande, porque eu adoro o mar. Infelizmente, ele é ignorante e não me compreendeu.

Porém, se era ignorante, não há como negar que seja educado, porque pôs-se de joelhos e, em agradecimento por eu ter lhe salvado a vida, começou a beijar meus pés.

Achei um gesto bonito, mas há formas melhores de se dizer obrigado. Então deitei na areia, segurei sua cabeça entre minhas mãos e mostrei-lhe onde deveria me beijar. Foi bom. Dei-lhe nota sete e meio. Vou pedir a papai que não o comamos.

***

[1513]

– Quer dizer que você não se importaria se eu tivesse outra esposa? – pergunta Caramuru.

– Claro que não. Você acha que eu sou o quê? Uma timbira? Uma selvagem? Gosto muito da ideia. Outra mulher me fará companhia e eu serei casada com um homem mais importante. Quer que eu te ajude a escolher uma? Tem a Moema, ela é ótima.

– Puxa, isso nunca aconteceria nas terras de onde eu vim. Lá, as mulheres querem que os homens sejam só delas.

– Homens são chatos. É melhor dividir.

– E você pode ter vários maridos?

– Só se eu fosse da tribo dos xokléng (* Olho nessa tribo… Os hábitos sexuais eram/são interessantíssimos) – responde Paraguaçu, olhando para um grupo de palmeiras, pensativa. Mas não sei se quero isso... De noite, poderia ser bom. Mas, de dia..., por Tupã!

– E..., hã..., bem..., se eu casar com outra, poderemos brincar os três juntos na rede?

– Claro. Ainda mais se for Moema. Ela é linda e tem a pele mais macia da aldeia. Mas não sei se é forte o bastante.

– A rede ou Moema?

– Você – responde Paraguaçu, enquanto saltita em direção a Moema.

***

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Comentários

Foto de perfil de Whisper

Muito interessante. Leve, inteligente e bem divertido. Rsrs

Ficou muito bom! Parabéns meu amigo!

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Obrigado, Ju, mas os méritos vão para o autor original. Eu só achei, juntei e ajustei. Aliás, é nisso que eu devo me concentrar daqui pra diante. Sempre com um olhar bem humorado.

Saudades dos seus textos. Abs.

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Foto de perfil de Leon

Hahaha, divertido, leve, bem inteligente. Conheço o Torero faz muito tempo. Gosto muito de seus textos, geralmente irônicos, no FB. Achei engraçado quando vi a "parceria" e resolvi conferir. É biscoito fino para poucos paladares refinados. Gostei.

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Valeu, mestre Leon. O Torero é craque. Fui lembrar com mais cuidado, e eu o sigo desde que ele falava só de futebol, uns 20 anos atrás.

Continuo aqui com leveza, porque de sofrida basta a vida... Abraços.

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Foto de perfil de Al-Bukowski

Muito bom, Ted. Conto leve e picante, contendo o estilo meio irônico e velado que o Torero sempre usou em seus ótimos textos. Duas cenas com ótimos gatilho eróticos, daqueles não explícitos mas que atiçam a imaginação. Sou suspeito para falar sobre contos de “500 palavras”, mas os vejo como deliciosas rapidinhas, muitas delas memoráveis!

Abs, amigo! E parabéns!

⭐️⭐️⭐️

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Caro Al, obrigado. Estou pensando em deixar de lado os textos "sérios" (bota aspas nisso...) e partir para os sem compromisso. Podem ser mais a minha cara.

E o Torero é muito bom. E pra melhorar ainda torce para o Santos.

Um abraço, meu caro, e fico aqui no aguardo da conclusão da saga carnavalesca.

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