Do bope

Um conto erótico de Daniela
Categoria: Heterossexual
Contém 4978 palavras
Data: 10/03/2024 20:38:43

SUBIDINDO O MORRO

Michele sorriu para meu reflexo no espelho, eu abri os olhos de uma vez e uau!

- Que cachorra! - gritei.

Ela bateu palmas para si mesma porque a maquiagem e o cabelo eram graças as suas mãos mágicas. Eu vestia uma minissaia com as alças da calcinha para fora.

Os seis meses de academia, banana da terra, ovos cozidos e mandioca, enfim, uniram forças nas minhas coxas e meu abdômen onde eu coloquei um piercing. Michele veio para meu lado e com o queixo no meu ombro, tirou uma foto nossa.

Ela publicou no Instagram dela e em segundos várias pessoas mandaram respostas de emojis até nudes.

- As pessoas são podres, - eu brinquei olhando a tela.

- Vai ser sua primeira vez, - Michele observou. - Fica perto de mim. Se um dos caras com fuzil te chamar puxar pra dançar aceita de boa.

Eu arregalei os olhos "porra, estou subindo o morro", era um sonho antigo, sair do meu apartamento e subir o morro como as outras meninas faziam. A morte de mamãe propiciou minha independência nessa parte, papai trabalhava a noite inteira.

Nem Michele, nem os vizinhos sabiam da profissão dele, porque no estado e sobretudo nesta cidade, nem o uniforme podem ficar a olhos vistos, e papai, durante anos conseguiu esconder a farda.

Eu mandei uma mensagem no celular avisando que dormiria fora. Ele comia alguma mulher em um subúrbio próximo ao pontal, e mesmo quando saia do trabalho, pousava lá.

- Tchau mãe! - eu disse para o porta-retrato.

"Eh lá em casa!", "Puta gostosas!", "Que rabão!", "Ei delicias!", os escrotos lançavam para nós, na subida para o morro, no entanto, nenhum dos moleques mexeram com a gente, um ou outro, assobiava.

Segundo Michele, o dono do morro proibiu as baixarias pelo bairro, só admitia nos bailes. Ela dizia que nas escolas de samba a baixaria era maior sobretudo depois de algumas doses.

Meu coração batia forte e minhas mãos suavam frio. Michele namorava um dos caras com fuzil. Um mulato de braços malhados bigode na régua e uma corrente de ouro no pescoço.

- E ai gata, - disse e a beijou.

Ele olhou para mim, abriu um risinho de canto, puxou minha cintura e roçou a boca na minha bochecha.

Michele acertava os cabelos e movia a cintura no ritmo do pancadão que estourava mais no alto. A gente subiu "cercadas pelo bonde", como ela mesma falou no meu ouvido. Havia outras meninas, eu gelei com as armas.

Uma coisa era assistir nos reels. Outra estar assim tão perto daquelas armas.

Michele dançava com o macho dela enquanto eu curtia a musica com alguns caras sarando em mim. Eu obedeci a regra e dancei colada com uns dois caras com o fuzil no ombro.

Mas em determinado momento, enquanto pegava uma cerveja, uma mão passou em volta na minha cintura, tinha um relógio de ouro imenso no pulso, e umas pulseiras.

Eu assustei e ele veio no meu ouvido com hálito de menta e o cheiro de pós barba.

- Vem comigo, - ele disse.

Era um homem pardo, sobrancelhas escuras, e cabelo escuro, usava uma calça jeans, e uma camisa estilo polo sem as golas, tinha um nariz pontudo e a sombra de barba feita que cobria o roso quase todo.

Eu sorri colocando o cabelo para trás da orelha, o cara, fez sinal para uns outros homens de fuzil próximo ao camarote, e com a mão na minha cintura foi caminhando comigo. Os outros abriam espaço quando ele se aproximava.

Eu amei a sensação e os olhares sobre nós dois. Ele segurava minha mão e veio logo atrás de mim enquanto subíamos uma escada estreita. Uma mulher de lábios grossos passou uma fita no meu pulso.

O camarote estava cheio de outras mulheres e homens bebendo e dançando alguns deles com armas na cintura mas o caras de fuzil ficavam como soldados em guarda.

Ele perguntou meu nome, eu menti:

- Stefani, - falei.

Ele bebeu um gole da latinha que tinha na mão e voltou a se inclinar para minha orelha:

- Qual é seu nome porra? - agressivo.

Eu sorri de canto e percebi "ele já sabe só está testando", um frio percorreu meu estomago. Michele lá embaixo olhava para nós, ela disse alguma coisa no ouvido do namorado que sorriu.

- É Daniela, - eu respondi.

Ele voltou a sorri e dançamos. Ele pousou a mão na minha bunda e me apertou contra o corpo dele, chegou com a boca perto da minha e nós beijamos. A musica estrondava de todos os lados.

Eu senti o pau dele meio duro enquanto minha coxa roçava sua calça e ele apertava meu bumbum.

- Bucetinha lisinha Dani, - ele sussurrou. - Vamos sair daqui.

Eu concordei. Ele abaixou minha saia cobrindo meu bumbum novamente e o elástico da minha calcinha estalou, nem tinha me dado canta mas ele estava com a mão por dentro da minha buceta.

Entramos por uns becos estreitos e uns homens vieram atrás de nós, eu interrompi os passos.

- Vai ser só eu e você né? - perguntei aproximando a boca do ouvido dele.

Ele fez eu passar para sua frente e com as mãos na minha cintura disse no meu ouvido:

- Não divido o que é meu...

Eu sorri meio desdenhosa:

- Sou sua?

- Claro, você não é daqui - ele disse. - Tem o cheiro das novinhas da calçada.

Eu engoli em seco "era tão obvio assim?", entramos em uma casa tão estreita quanto o beco por onde passávamos, e subimos uma escada onde as luzes se acendiam conforme a gente subia.

Ele beijava meu pescoço e passava as mãos por minha cintura até apertar meus peitos. Eu tentava retribuir percorrendo minhas mãos pelas partes do seu corpo e sentia seus braços e peitoral mas era o pauzão armado que atraia minha atenção.

Eu não era mais virgem há tempos e sabia como chupar direitinho mas ele preferiu ficar de beijinhos e amassos em uma espécie de sofá. A gente ficou assim até ele abaixar a calça e eu encaixá-lo dentro de mim.

Ele colocou meus peitos para fora e ficava passando os polegares por meus mamilos. Ele me deitou no sofá e tirou o pau já melado de dentro, colocou uma camisinha e voltou a foder minha boceta. Estava vestido. Eu nua.

Com a saia na barriga a calcinha arrebentada e os peitos para fora.

Eu sacodia inteira junto com o sofá enquanto ele fodia com força olhando nos meus olhos. Ele gozou e continuou a foder até eu gozar junto. A gente foi para o quarto e caímos na cama.

II

A vista do alto era digna dos apartamentos classe A, dava para ver o mar, e até uma parte do calçadão. Mas por fora a fachada de blocos sem reboco, enganavam. Eu vestia minha roupa logo depois de sair do banheiro.

Ele estava de cueca. O peitoral um pouco forte mas uma barriguinha. Veio até mim e beijou minha boca.

- Quero te ver de novo, - ele disse.

Eu escorreguei para o lado calçando os meus saltos.

- Vou começar amanhã na faculdade, - eu respondi. - Mas a gente marca alguma coisa.

Ele veio até perto de mim e agachou ficamos olhos nos olhos.

- Você não entendeu gatinha, - ele segurou meu queixo. - Eu quero você.

- A gente só transou uma vez, - eu sorri. - Nem sei o seu nome.

Ele coçou a cabeça e o peito. Voltou a olhar para mim:

- Tá beleza, - disse. - Você tem razão não quer se envolver com bandido.

Ele estava no ponto certo. Meu pai trabalhava em um departamento da polícia militar. Eu não podia me envolver comDesculpa, - falei e levantei.

Os caras de fuzil me levaram até a saída do morro e ninguém mexeu comigo nem mesmo um assobio. Mas chegando na rua de casa, além dos olhares as mesmas brincadeirinhas.

Meu celular estava cheio de mensagens da Michele falando que o nome do cara com quem eu tinha saído era Emerson e ele era um dos braços principais de uma facção xyz.

Eu só queria minha cama porque minha vagina estava um pouco dolorida.

Quando abri os olhos, o barulho da televisão na sala me acordou, havia uma mensagem de um numero sem nome no meu celular.

Era o Emerson. A gente começou a conversar. Ele tinha gostos parecidos com os meus. Ou estava tentando se aproximar de mim desse jeito. Ficamos mais ou menos uns quinze dias nós falando assim por celular. Marcamos um encontro.

Meu pai vivia enchendo meu saco para descobrir com quem eu estava saindo. Ele amava dar uma de investigador e cutucar a vida dos caras com quem eu me relacionava.

Michele chegou na minha casa um dia toda preocupada porque o Bope ia subir o morro.

Eu mandei mensagem para o Emerson e ele não respondeu. Em cinco dias eu já estava imaginando que tinham pegado ele quando chega uma mensagem.

"Vem para Angra".

Ele estava de sunga em cima de uma prancha com um remador na mão, a água naquela parte era como uma piscina, a casa ficava mais recuada entre umas pedras. Eu perderia uma semana na faculdade mas achava que valeria a pena.

Eu desatei a tanga e sentei na areia sentindo o sol no rosto. Emerson abraçou a prancha e saiu do mar, a enterrou com o bico na areia e veio até onde eu estava. Ele cheirava a água salgada e a pele estava quente.

- Que bom que veio.

- Estou é me arriscando, - falei.

- Tá é com doce!

Ele me puxou para ele e beijou minha boca, deitado sobre a areia passeou com a mão por minhas coxas, sentei em cima dele, "estamos sozinhos, aqui não tem perigo", sussurrou no meu ouvido.

Voltamos a nos beijar um vento levou o meu chapéu, e sorrimos vendo ele girando na areia. Emerson estava ficando duro embaixo de mim, ele queria foder ali na areia, eu tentei evitar mas o tesão bateu.

Estava queimando querendo-o dentro de mim. Eu sentia a extensão do seu pau embaixo da minha vagina, e era tão fácil puxar para o lado e encaixar. Aquela gostosa dorzinha do inicio, passava com a deliciosa entrada e saída lisas.

Cavalguei nele apoiando-me em seu peitoral. Ele virou as posições e começou a me comer de cima enquanto comia também minha boca.

- Vou gozar... - ele disse.

- Goza em mim... - pedi.

- Tem certeza?

Nós nos beijamos e ele começou a arfar seu peito encheu o rosto ficou um pouco rubro eu senti que seu pau inchou um pouco mais e as estocadas ficaram mais molhadas.

Eu fiquei com nojo de entrar no mar com o esperma entre as pernas então ele me carregou no colo até a casa em que ficaríamos.

- Ai, tá gelada... - falei da água.

- Quanto dengo! - ele disse.

Eu resisti ele pressionou e caímos juntos debaixo do chuveiro frio, ele ficou duro mais uma vez e eu quis chupá-lo. Eu mesma lavei o pau dele passando a minha mão pela extensão, sentindo-o o estremecer.

- Está sujinho, - falei mais manhosa.

- Porra você me deixa louco quando fala assim.

Eu sorri encarando aquela cabeça lisa e vermelha me encarando e estremecendo cheio de veias como um terceiro braço, embora não fosse um monstro de grande, parecia maior assim, ao vivo, do que quando entrava em mim.

Ele nem se deu conta quando grudei com a boca como um aspirador de pó, e o engoli.

- Cachorra! - ele disse.

Emerson pressionava minha cabeça contra sua virilha enquanto se empolgava com o boquete. Mas queria gozar mais uma vez dentro de mim. Eu não temia porque além das injeções contra fertilidade, tomaria a pílula do dia seguinte.

Acontece que foram cinco dias seguinte!

III

- Merda, é só a porra de uma infecção urinaria - pensei comigo.

Era normal. Os dias na Ilha, foram de fodeção, na cozinha, na praia, dentro do mar "que nojo!". Emerson eram gostoso e sabia como me comer de jeito. Nem todo homem com quem eu já havia transado conseguiram me dar prazer mesmo.

Mas com o Emerson para o meu desespero era diferente. Minha menstruação atrasa com regularidade. Então, não havia porquê pânico. Eu e o Emerson continuamos nos encontrando.

Ele não podia sair do morro com frequência, então que subia. Não contei a ele sobre o meu pai, nem ele perguntou.

A gente se curtia. Emerson não me apresentava aos outros "parceiros dele", não comentava dos negócios dele, e quando tinha que fazer alguma coisa, avisava para eu não aparecer.

Estranhamente, eu comecei a perceber que dois homens estavam sempre me acompanhando, no caminho para a faculdade, nas minhas idas para a academia, ou quando estava correndo no calçadão.

Eu estava prestes a avisar meu pai, quando os encontrei na entrada do morro comendo x dogs.

- Sobe aí, - Emerson disse em cima da moto.

Eu montei atrás dele, e aproximei da sua orelha, "e se forem policiais?", respirei fundo, e desistir de perguntar com medo de que se fossem da polícia o grupo do Emerson ou ele mesmo fizessem algum mal aos caras.

Apesar de estar dando para um traficante e curtindo das "regalias" de gastar dinheiro como eu quisesse, não deixava transparecer nada disso no meu convívio comum.

Eu continuava a ter uma vida normal e todas as coisas que comprava para mim mesmo ou para Michele, ficavam no meu guarda roupas no morro.

Era domingo e o Emerson junto com os outros caras iam distribuir botijões de gás e cestas básicas para a comunidade. Os "donos do morro" eram diferentes do que eu esperava que fossem.

Eu imaginava homens magrelos com cabeços rapados e cheios de correntes, realmente haviam, mas eram mais os que seguravam os fuzis e muitos que ficavam em pontos determinados.

Emerson raramente usava uma corrente maior do que a que já trazia no pescoço ou o relógio, vestia calça jeans um pouco folgada, camisa de manga parecida com a polo mas sem a gola, e o cabelo de um corte normal.

- Sua cabeça está cheia de besteira, - disse para mim. - Esquece isso. Eu curto você e você me curte né? Pronto, tá tudo certo.

Emerson desviava de qualquer assunto envolvendo o que ele e os outros faziam. Até onde a Michele me contou, o namorado dela, era tipo um capitão na hierarquia deles. Mas o Emerson e os outros dois, eram chefes mesmo.

Juntos eles dominavam quatro morros que ficavam próximos em nome de uma facção.

Eu preferia esquecer essa parte e me iludir que meu namorada fazia o bem entregando aquelas cestas básicas, os filés de carne, os botijões de gás.

A água e a luz que ninguém pagava apesar de também não poderem trancar as portas das casas.

Um sábado em que estava tendo baile funk, eu e o Emerson ficamos em casa, tinha isolamento acústico no quarto dele, e estávamos assistindo Netflix e comendo pipoca.

O celular dele tocou. Era tarde. Emerson queria que um dos caras de confiança dele me levassem em casa, não gostava de me deixar sozinha, mesmo dentro da casa dele.

- Eu volto logo, - prometeu e saiu.

Eu continuei aninhada na cama assistindo ao filme. Eram duas e meia da manhã quando senti ele deitar ao meu lado e grudar nas minhas costas. Não cheirava a álcool nem a rua.

Na manhã seguinte, Michele mandou um vídeo de uma execução de um cara que havia estuprado uma menina nas imediações da festa.

Michele, sem noção, disse que no morro quem dava a ordem eram os chefes. Eu gelei e pela primeira vez discuti com o Emerson:

- Você matou esse cara? - perguntei.

Ele mexia no celular sentado na cama. Eu mostrei o vídeo para ele que me olhou feio de baixo para cima.

- Fica na sua, - disse.

- Porra Emerson! - gritei.

- Tá cadelando por quê? - rugiu. - Vai dizer que não sabe o que eu faço, porra!

Ele levantou e sumiu dentro do banheiro. Uma onda de náuseas estava dominando meu estomago e não aguentei corri para o banheiro também, e vomitei no vaso o cheiro ácido subiu na hora. Ele abriu o box.

- Foi o vídeo, - justifiquei.

- Quem manda ficar olhando essas merdas? Parece que é louca, - ele passou o braço em volta do meu ombro e encheu a mão com água para lavar meu rosto. - Acho que tenho remédio aqui...

Emerson levantou pelado mesmo e saiu foi até as gavetas do lavabo. O antioxidante ajudou a serenar meu estomago. Mas eu queria ir para casa. Ele insistiu em chamar um médico, disse que conhecia um.

O homem um coroa de cabelos grisalhos sentou-se ao meu lado e colocou a mão embaixo do meu umbigo.

- Acho que é gravidez, - disse.

- Impossível! - falei.

Emerson estava em pé na nossa frente apertando os próprios braços cruzados no peito. Ele não demonstrou reação aparente. O médico riscou um papel pedindo um exame. Eu fui fazer no mesmo dia. O resultado saiu pelo site.

Estava gravida de um bandido!

IV

Eram três e meia da madrugada e o Emerson estava no fogão fritando ovos com linguiça para mim, minha boca enchia de água só de pensar nisso.

- Tem certeza que não são outros ovos e outra linguiça o que você quer? - o escroto perguntou antes de levantar e ir fazer.

Minha primeira reação foi o aborto. A segunda fugir e nunca mais ver o rosto do Emerson. A terceira chorar igual uma desvalida. Ele acompanhou cada fase comigo e disse que não perdoaria se eu fizesse um aborto.

Eu fui sincera e disse que era uma irresponsável por ter um filho de um homem como ele. Emerson concordou. Mas disse que daríamos um jeito em afastar essa criança de qualquer vínculo com aquele mundo.

- Como se o pai dela, - eu respirei. - O dele, éEu sei, - ele disse segurando o rosto. - Eu sei. Sempre me cuidei para que isso não acontecesse. Mas você foi diferente.

- Ah, obrigada, me sinto honrada - chupei o nariz cheio de muco de choro.

Ele sorriu.

- Estou falando sério, cavala - ele brincou. - Eu amo você. É diferente.

- Por isso mesmo Emerson, devíamos ter tido mais cuidado - pensei no meu pai. - Acho que é melhor abortar.

- Por favor não, - ele pediu. - Eu já destruí tanta coisa e a vida de tanta gente... Porra um filho! E da mulher que eu amo...

Eu passei a mão nas costas dele e o abracei. Ele prometeu que daria um jeito em tudo. Nos três primeiros meses meu pai não desconfiava de nada, eu queria um motivo para poder ficar mais seis meses fora, seria o tempo de o bebê nascer.

Michele só sabia repetir:

- Caralho, você é louca!

Ela mesmo havia abortado mais de uma vez e disse que eu era a mulher oficial do Emerson, segundo ela, muitos donos de morros, tinham filhos adoidados mas isso não tornava essas mulheres as mulheres deles, no meu caso era diferente.

Emerson não tinha filhos e nunca ficou com uma mulher por mais do que um ano. Ele estava comigo há alguns meses e tinha me engravidado.

- Grande consolo, - eu falei.

Ainda por cima ia ficar gorda e o bebê nasceria cheio de sebo poque eu não parava de comer. Ficava ansiosa pensando em tudo isso e a fome batia na mesma hora. Eu e papai discutimos feio e a briga foi parar no meio da rua.

Os caras que ficavam me vigiando apareceram quando viram meu pai me hostilizando querendo me expulsar de casa.

- Você é uma decepção, - ele disse.

Eu estava com parte do rosto tremendo e dolorido da mãozada que ele me acertou quando contei de uma vez que estava gravida e de quem era o filho. A primeira reação dele foi a de ligar para os amigos policiais.

Ele ficou possesso quando pedir que não fizesse isso, eu não havia contado o nome do pai do meu filho, e papai, da minha boca não saberia, ele propôs um aborto. Eu disse que não faria.

- Por favor papai, - eu pedi. - Vivi minha vida toda aqui.

- E não soube valorizar, - respondeu na lata. - Pegue suas coisas e rua, de hoje em diante você não é mais minha filha.

Eu comia pensando em tudo que estava acontecendo comigo. Em alguns meses minha vida estava dando um salto mortal em desequilíbrio como uma ginasta em decadência, uma bailarina cansada, sei lá, eu estava em desequilíbrio.

Ele ressonava apoiando o queixo na palma da mão enquanto eu comia garfada a garfada.

Eu terminei de comer e só par encher paciência dele derrubei o seu braço para o lado, ele acordou no susto, eu corri, ele veio atrás de mime e me lançou na sala, me abraçando por trás.

- Mexeu! - Emerson gritou. - Viu ele mexeu!

Eu fiquei parada com a a barriga para cima ainda estava quase no quinto mês, Emerson colou a orelha na minha barriga.

- Você está falando com a comida no meu estomago, não mexeu - afirmei. - Ela está na minha barriga acho que saberia se tivesse mexido.

- Oi bebê, - Emerson conversou com ela. - A mamãe não acredita, mas eu sei que você mexeu...

E de repente eu senti o movimento. Minhas mãos ficaram suadas eu e ele nos olhamos abobalhados como se a criança já estivesse ali, viva, dando os primeiros passos ou falando com a gente.

Eu e ele passamos o restante das horas a espera de novos movimentos. Ele dormiu sentado com a cabeça no sofá e eu deitada de lado também no sofá, minha coluna pegava fogo.

Apesar de não saber que meu pai era policial, Emerson sabia que ele tinha me colocado para fora de casa, e queria me convencer a morar em um apartamento na rua.

- Aqui as vezes pode ficar tenso, - ele disse. - E eu nunca estou tranquilo quando tenho que deixar vocês sozinhos.

Eu achava fofo mas gostava do morro, das pessoas, e sobretudo do respeito que de certa forma eu possuía ali dentro. A faculdade ficava cada vez mais para trás eu nem fazia mais as atividades, nem assistia as aulas.

Emerson conseguiu me convencer a ficar em um apartamento mais para o centro da cidade, eu não entendia como ficar longe dele, poderia ser seguro mas precisava confiar no pai do meu filho.

Eu estava mais sentimental. Nos últimos dias chorava até com um comercial de detergente. Emerson morria de raiva dizia que eu não me compadecia dele, que ficava com crises de tesão, minha libido meio que desapareceu.

Ele ficava duro até com o vento. Mas em uma noite dessas de desejos senti vontade de tocar nele, enquanto dormia, eu o farejei como um cachorrinho, e o beijei até alcançar o cós da sua cueca. Ele mexeu-se e abriu os olhos com riso nos lábios.

- Estou com desejo... - eu sussurrei.

Emerson suspirou e fez um gesto com o corpo para descer da cama, eu o segurei pelas pernas. A claridade entrava por uns blocos de vidro na parte mais alta do telhado e ficávamos azuis no escuro.

Eu espalmei a mão por seu corpo e puxei sua cueca sentindo o cheiro do pau dele acordando na minha mão. Emerson abriu mais as pernas e eu aproximei da minha boca, louca para dar uma mordidinha mas apenas suguei ouvindo os gemidos dele.

Eu gostava de sugá-lo ouvindo-o gemer na minha boca. Ele não pressionou minha cabeça como fazia normalmente, e eu intensifiquei as chupadas, querendo que ele gozasse na minha boca.

Em geral sentiria nojo mas não aconteceu.

Eu acordei assada. A chupada desenvolveu-se em uma leve fodeção de ladinho, e estava sem animo para levantar.

Emerson não estava em casa pela manhã e eu resolvi ficar mais tempo na cama. As vezes eu trocava no meu corpo pensando se realmente era eu quem estava vivendo naquele lugar, porque nunca na vida tinha pensado em viver com alguém como ele.

As horas do dia foram passando e Emerson não voltava nunca nem na hora do almoço, eu comi sozinha, mandei mensagem e nada. Sair do apartamento para o morro daria trabalho então permaneci em casa.

Ele chegou umas onze da noite. Agitado. Bateu a porta com força. Caminhou em minha direção, pela primeira vez em muito tempo, ele apareceu para mim com a arma na cintura.

- Você mentiu porra! - gritou. - Ferrou com tudo.

- Do que está falando? - eu levantei.

- Estou falando da porra do seu pai, - apontou para mim. - Você é filha de um merda de um policial.

Eu levantei com fúria nos olhos e gritei:

- Não fala assim do meu pai!

- Está preocupada com isso? A gente pode morrer por causa dessa sua mentira...

- Eu não menti Emerson, só, só... não contei, na verdade eu achava até que você sabia e nunca tinha dito nada.

Ele se jogou o sofá e cobriu o rosto com as duas mãos. Emerson tirou a arma da cintura e a colocou em cima do sofá perto da coxa esquerda. Ele não tirou a mão de cima dela e eu em um instinto de proteção cobri minha barriga.

Ele olhou para mim, estavam vermelhos, tinha chorado, tentei me aproximar ele trouxe a arma para cima da coxa.

- Vai matar seu filho? - perguntei. - É esse o seu amor?

- Você não me conhece, - ele disse. - Eu nunca faria uma merda dessa com você, por isso que estou assim, por isso que estou aqui... Eles querem sua cabeça.

- Mas você não é o chefe?

Ele riu de forma sarcástica e suspirou deixando a arma em cima do sofá, veio até mim e me abraçou, ficamos assim por alguns minutos. Emerson tirou o celular do bolso, e olhou a tela.

Ele segurou a minha mão e pediu para que eu confiasse nele. Saímos do apartamento e entramos em um carro que ele dirigia. Minhas mãos gelavam de suor e ansiedade.

Chegou uma mensagem no meu celular, ele ouviu:

- Quem é?

- Michele...

- Não responde.

- Estamos fugindo?

Ele apenas assentiu com a cabeça e seguiu dirigindo pelas um pouco desertas da cidade.

Eu estava entrando no sexto mês de gestação, esperando um menino.

V

Eu dormia escondida entre os cobertores quando ouvi um disparo. As dores no pé da minha barriga e nos meus joelhos estavam me matando. Mais uma vez outro disparo. Emerson entrou no quarto e mandou eu sair pelos fundos.

Tínhamos combinado isso caso fosse necessário mas minha barriga estava pesada faltavam semanas para a chegada do bebê. Ele tentou me ajudar a sair mas estavam cercando a casa.

Eu entrei no gaurda roupa chorando e o beijei. Emerson estava com olheiras profundas e rugas nos cantos dos lábios.

- Eu te amo... - ele me disse.

- Fica por favor... - eu pedi.

Ele me abraçou e empurrou para dentro, fez sinal para eu ficar quieta e voltou a sair do quarto, ouvi o estralo da porta, um silêncio, prosseguiu, ouvi gritos de alerta. Era a polícia? Logo mais disparos e mais silêncio.

Estávamos em uma casa na serra cercados por uma vegetação densa. Eu senti uma frieza embaixo, entre minhas pernas, ao virar para baixo, a bolsa tinha rompido. Alguém arrombou a porta do quarto, eu cai para fora do guarda-roupa.

É meu fim, pensei. Eu ouvi os passos de alguém entrando no quarto vi os coturnos pretos como os dos policias dos esquadrões de força especial. Olhei para cima, um homem de uniforme do Bope olhava para mim.

Ele vestia uma máscara cobrindo o nariz e parte do rosto. Cheirava a suor e a pólvora como aqueles fogos de artificio mas aquele fuzil que carregava cruzando o peito era bem verdadeiro.

- Merda! - ouvi.

- Estou dando a luz... - eu disse.

Ele andou até a porta e virou para dentro da casa:

- Aqui está limpo! - disse.

Eu consegui me arrastar de volta para dentro do guarda-roupa enquanto ouvia o movimento no quarto. As dores eram intensas e eu mordia uma parte da toalha de banho para conseguir suportar as contrações. Arreganhei as pernas.

Eu andava sem calcinha por vida dentro de casa imaginando que poderia vir a qualquer momento, coloquei a mão entre as pernas e senti como se estivesse bem mais rígido.

O sujeito com a farda do Bope voltou a entrar no quarto e fechar a porta, ele colocou o fuzil em cima da cama e se apoiou no calcanhar perto de mim.

- Não grita, - pediu. - Está entendo?

Eu assenti mordendo a toalha. Ele parrou a mão por minha barrida e olhou entre minhas pernas.

- Estou vendo a cabecinha... - ele disse. - Vai ter que nascer aqui mesmo.

Eu fazia força sentindo ainda mais dor e como se estivesse colocando tudo para fora até mesmo a merda na minha bunda. O homem saiu novamente do quarto deixando a porta aberta dessa vez.

A dor era enorme e eu não conseguia pensar em mais nada além do meu filho mas o destino quis que eu visse o pulso do Emerson que sobressaia do corredor para dentro do quarto. Eu fui para tirar a toalha da boca.

- Não faça isso, - o cara do Bope disse. - Vai chamar a atenção dos outros para cá. Confie em mim menina, o seu namorado já era, mas essa criança ainda tem esperança.

As forças saíram de mim e eu não tive mais força de vontade de continuar colocando força para a criança sair. Eu desmaiei. Acordei e desmaiei novamente deitada em uma cama.

Eu tateei aos lados da cama e esbarrei com algo grande, pesado e imóvel ao meu lado, era o policial, ainda fardado, com as pernas passando da cama, e uma trouxinha perto de mim.

A carinha rosa dentro dormindo. Eu o peguei no colo e o acariciei, o homem saltou da cama com o fuzil engatilhado.

- Você salvou nossas vidas, - eu disse. - Obrigada...

Ele olhou para os lados ficou de pé e foi até a janela que dava para a parte do fundo da casa.

- Não agradeça ainda, - ele pediu. - Vou te ajudar. Só ainda não sei direito como.

Eu comecei a ninar o bebê com lágrimas nos olhos por causa da lembrança do Emerson e o policial pareceu sentir-se ofendido por causa disso, levantou e saiu do quarto.

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Comentários

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Caro autor, tu chegou chutando o pau da barraca e dando voadora.

Seja bem-vindo!

Parabéns pela história e obrigado!

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