No carro descobri que João Pedro é primo de Adriana, ele trabalha como garçom de um restaurante e tem dezenove anos, jovem como pensei que ele fosse, e por coincidência eles moram na mesma cidade em que trabalho, vinham só para festejar, mais longe de casa eles podem aprontar mais, segundo João Pedro, eles dois são muito animados e até gostei do jeito deles, só que João Pedro me pareceu muito intenso e particularmente considero isso um defeito, sou completamente contrário, tomo todas minhas decisões de caso pensado, dificilmente me entrego a uma emoção.
Me ofereço para pagar o lanche de Adriana, isso a deixa um pouco incomodada, mas não consigo controlar é mais forte do que eu, estou muito acostumado a pagar as coisas para as minas com quem me envolvo, no fundo acredito que seja uma forma de manter o interesse até conhecê-las melhor, ela não curtiu muito, mas no fim por influência do primo acabou cedendo e paguei a conta incluindo a dele, já que ele tinha me dado uma carona não vi problema, e morando com seu Mariano praticamente não tenho despesas e meu salário não é tão ruim.
— Então onde podemos te deixar? — João Pedro pergunta quando saímos do fast food.
— Pode deixar que daqui me viro, Adriana vou te ligar mais tarde beleza? — Falei beijando ela.
— Vou esperar, você vai trabalhar hoje?
— Não, só amanhã, mas dependendo de como estiver com trabalho te ligo pra gente almoçar pode ser? — Falei mesmo correndo o risco de parecer emocionado.
— Perfeito. — Ela fala abrindo um sorriso.
— Almoçar é? — João Pedro fala de forma sugestiva.
— A gente se vê. — Ela diz empurrando o primo para irem embora, o jeito deles é muito engraçado.
Depois de me despedir deles, finalmente consigo um carro e vou para casa, tomo um banho lembrando da Adriana, ela é bonita, inteligente e muito interessante, fora que tem um beijo muito bom, talvez a gente consiga se divertir durante nosso encontro, acabei dormindo com isso na cabeça, quando acordei lhe mandei bom dia e trocamos mensagens do tipo chegou bem, está fazendo o que e mais outros clichês, gosto do clichê ele me faz saber o que esperar e essa segurança é reconfortante, meus amigos estão falando no grupo sobre como as noite deles terminou.
Depois de falar com eles, tomo meu banho e vou para academia, meu dia segue normal como sempre, a única mudança foi Adriana me mandando mensagens, gostei da iniciativa dela de puxar assunto, passamos o dia trocando mensagens e até algumas fotos provocativas, ela sabe como provocar e gosto disso, seu peito é pequeno e durinho, ela mandou uma foto deles e fiquei babando, no dia seguinte vou trabalhar e na expectativa de encontrar com ela, só que não deu certo, o filho dela ficou doente e não conseguimos sair, até pensei que pudesse ser desculpa dela, mas ela postou fotos no pronto socorro com o filho, mesmo assim não paramos de trocar mensagens.
Dois dias depois o filho dela já estava melhor e podíamos marcar, mas o delegado me colocou em uma investigação muito tensa, uma célula hacker começou a aplicar golpes em digitais influences da cidade e região, eles começaram a hackear as contas e pedir dinheiro das vítimas para devolver a conta, porém quantos os digitais influences pagavam eles pediam mais dinheiro e ameaçavam postar coisas indevidas ou até mesmo apagar as contas, como aconteceu duas vítimas que tiveram suas contas deletadas, contas com mais de 500 mil seguidores, um baita prejuízo sendo que alguns deles vivem disso como fonte de renda, esse caso foi complexo e me tomou muito tempo, passei horas na frente do computador, passei o resto da semana trabalhando feito louco, analisando dados e identificando como os criminoso conseguiram hackear as contas das vítimas, as mensagens que estava trocando com Adriana foram perdendo a frequência, ela parou de responder indo de mensagens monossilábicas até demorar um ou dois dias para responder, no final da segunda semana fiz minha primeira grande prisão pegando uns integrantes desse grupo, com isso consegui um pouco de tempo para respirar, mas já não tínhamos mais contato, foi uma pena, porque estava muito afim de ficar com ela de novo.
Sai algumas vezes com meus amigos, mas não a encontrei em nenhum dos bares que fomos, um mês e meio depois já nem pensava mais nela, quando Breno um dos detetives que trabalha comigo chama minha atenção enquanto estou analisando uns programas que me passaram para avaliar.
— Tem uma mulher querendo falar com você, ela quer registrar uma queixa. — Ele fala.
— Tó meio sem tempo, você não tem como fazer isso Breno.
— Ela falou que quer falar com você. — Ele insiste, minimizo o trabalho no computador e vou até a recepção saber o porquê dessa mulher querer falar só comigo, quase caio para trás quando vejo Adriana, ela está acompanhada do João Pedro.
— Oi. — Falei me aproximando e esboçando um meio sorriso tímido.
— Oi João Miguel. — Adriana aparenta ter chorado e João Pedro parece bem irritado, conduzo eles até uma sala e fecho a porta.
— Então o que posso fazer por vocês? — Digo.
— Fala amiga. — João Pedro segura a mão dela.
— É que lembra que te falei que sou divorciada, meu ex está na justiça pedindo a guarda da meu filho alegando que estou me prostituindo na internet. — Fico meio surpreso.
— Ela não está fazendo isso, só que ele mostrou um site onde tem fotos nudes e uns vídeos que ela gravou, mas que só tinha no celular dela. — João Pedro fala.
— Eu juro João Miguel, não coloquei minhas fotos lá, eu gravei porque tenho fetiche e me ver depois mais jamais faria isso. — Ela fala e percebo que está segurando o choro, acredito nela, Adriana me deu a entender no nosso breve encontro que não se senti confortável em depender de outros, não é um padrão comum de quem ganha dinheiro com o corpo.
— Você pode fazer algo para ajudá-la? — João Pedro quis saber.
— Primeiro vou precisar abrir um boletim de ocorrência para dar início a investigação, mas vou precisar ter acesso a suas contas na nuvem e no celular para tentar identificar como eles entraram e isso pode te deixar meio exposta já que o que for encontrado vai ficar registrado. — Aviso.
— Sem problemas, desde que não perca a guarda da meu filho. — Ela diz.
— Tudo bem, vou abrir o boletim de ocorrência e ver o que consigo descobrir.
Gostaria de ter encontrado com ela em outras circunstâncias, mas fazer o que, ela precisa vou dar um jeito de ajudar, tive que pedir ao delegado para me deixar cuidar desse caso, já que já estou trabalhando em outros dois, a duras penas ele permitiu, porém tive que dar alguns plantões a mais para pagar o favor que o delegado me fez, evitei ter algum envolvimento com ela durante a investigação, se o delegado sonhasse que ela era uma peguete minha ele me tirava do caso na mesma hora, ele é um cara muito ético e ele sabe como envolvimento com as vítimas pode atrapalhar nossa imparcialidade durante uma investigação, afinal confiar nela não descartava a hipótese dela mesma ter feito o cadastro no site adulto.
A investigação demorou um pouco a mais do que gostaria, já que o caso dela não era uma urgência como os outros pela visão do delegado, fora que tive que esperar o mandato do juiz para quebrar o sigilo do site e encontrar os dados de quem abriu a conta, foi burocrático e trabalhoso, os advogados do site são bons, até pensei em hackear o site, mas não valeria arriscar meu trabalho, então fui pelos meios legais.
Não falei muito com ela nesse meio tempo, dois meses depois finalmente consegui as provas de que foi o ex marido dela que fez isso, quando apertei o cretino ele entregou um amigo programador que o ajudou a fazer de uma forma que não deixava rastros, ou quase não deixava, se não tivesse conseguido quebrar o sigilo do site nunca teria chegado nele, o cara é bom, porém sou melhor, e tenho uns bons contatos, meu avô é cheio de amigo juiz, desembargador e os caralhos, já trabalhou como empreiteiro para muita gente grande do estado e até fora dele, foi assim que ele conseguiu que meu tio ingressar no exército na época, seu Mariano tem os amigos certo.
Adriana ficou muito feliz com o resultado e agora que não era mais uma vítima de um caso resolvi chamá-la para sair, ela me convidou para um barzinho na cidade mesmo, tenho alguns amigos na cidade então não seria difícil arrumar um lugar para dormir, não irá querer voltar pela estrada para casa a noite e bêbado, Dimas trabalhava em uma escola na cidade, então ele tinha casa aqui e na nossa cidade, falei com ele e mesmo não estando na cidade ele me falou para pegar a chave na portaria e que avisaria ao porteiro, agradeci e confirme com Adriana, ela me perguntou se teria problemas se nosso encontro fosse em um rolê com alguns amigos, falei que não, ia ser até melhor, interagir e ter tempo de desenvolver uma conversa com ela, se ficássemos sozinhos ela poderia querer algo mais físico e não sei se estou pronto para isso agora depois desse nosso distanciamento.
Ela me passou o endereço e marcou o horário, sai do trabalho as 18 horas, fui para o apartamento do Dimas tomar um banho e me arrumar, é nessas horas que queria que meus amigos usassem roupas maiores, já que não tenho muitas opções além da corriqueira camisa reserva que ando na bolsa, quero está bonito então aproveito que tenho tempo ainda e vou no shopping comprar uma roupa, quero mesmo impressioná-la e nem sei exatamente porque, liguei para os meus amigos enquanto estava no provador, pra zoar e pedir uma opinião.
— Caralho tá com o pauzão né. — É a primeira coisa que Luís Paulo fala.
— Deixa de viadagem Luís, e tu também João Miguel, ligou só pra fazer inveja a gente com esse corpo trincado. — Dimas fala se referindo ao fato de eu estar de cueca.
— Galera tenho um encontro com a mina do bar, essa camisa de botão ou uma polo. — Falo, Luciano é o único que não atendeu.
— Camisa de botão, polo não pela amor de deus João Miguel. — Falou do Dimas que estava com ele.
— Amor para de manjar a rola do João Miguel. — Dimas fala brincando com ela.
— Amor já falei que só gosto de homem feio. — Ela disse dando um beijo nele e voltando para o que ela estava fazendo antes.
— E que vidagem é essa mesmo, comprando roupa nova por causa de uma mulher que você ainda nem comeu, tá apaixonado é João Miguel? — Luís Paulo questiona.
— Não cara, só gosto de está na beca, e vai se foder se não sou desleixado que nem você. — Falei tirando onde com meu amigo.
— Ata, sei, se você diz, vai passar no salão também. — Agora era Dimas tirando uma comigo, em busca de vingança pelo bullying que a namorada dele e eu sempre fazemos com ele.
— O cu de vocês, tenho que ir cambada de filho da puta. — Encerro a chamada e sigo os trâmites, pago e troco de roupa no banheiro, depois sigo para o bar, já estou até um pouco atrasado.
O lugar é legal, de acordo com o insta vai ter um show de pagode e sou muito louco por pagode, já gostei de cara, paguei o ingresso e entrei, mandei mensagem para Adriana avisando que cheguei, avistei o João Pedro, mas não há vi em lugar algum, foi ai que ela me respondeu pedindo um milhão de desculpas e mandando uma foto no pronto socorro com o filho de novo, porra fiquei puto, mas o que podia fazer, o moleque precisava dela mais do que eu no momento, só que foi frustrante, pensei em ir embora, mas já tinha pago, e a banda era realmente boa, estava tocando só os clássicos não tinha como ir embora, não sem curtir um pouco.
