A Mãe do Colega da Escola - Parte 06

Um conto erótico de Felipe Kohigashi
Categoria: Heterossexual
Contém 2050 palavras
Data: 19/02/2024 11:38:32
Última revisão: 19/02/2024 14:38:16

Minhas pernas foram me levando até o conservatório enquanto minha mente estava em coisas completamente diferentes. Passei pelas portas e meu plano era ir diretamente para as salas individuais de estudo que eram pequenas cabines que você podia reservar por um tempo e praticar sozinho ou em grupo, dependendo do número de pessoas. Julgando que não eram nem 9h da manhã ainda com certeza alguma estaria livre.

- "Felipe! Felipe! Que bom, você veio!" -- Disse a Michelle, recepcionista do conservatório.

- "Que? Como assim?" -- Respondi confuso

- "Eu liguei na sua casa e falei com a sua mãe, sobre você vir pra cá urgentemente" -- Ela disse quase sem ar.

- "Urgentemente? Por que? O que aconteceu?"

- "Sua mãe não falou com você? Então por que veio mais cedo? Bom, não importa. Não temos tempo pra isso. A diretora te explica, ela está te esperando na sala principal" -- Ela disse me empurrando pelo braço

- "Vamos! Vamos!"

Eu só assenti e acompanhei ela no ritmo apressado.

A sala principal era uma sala de concerto com espaço pra 250 pessoas na plateia e uma orquestra inteira no palco. Essa sala só era usada para grandes apresentações. E logo ali a frente, antes das grandes portas de entrada estava ela. A diretora conversando com um homem grisalho meio barrigudo que usava um terno caro.

- "Felipe! Que bom que você veio! Felipe, esse é o Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Coimbra. -- Excelentíssimo, esse é o Felipe Kohigashi. Um dos dois grandes pianistas da nossa escola sobre os quais estava te falando. Se o senhor puder entrar e aguardar, logo começaremos."

- "Muito bem. Até já, garoto! Contamos com você" -- Ele me disse com um sorriso desdenhoso. De repente, deja vu. De alguma forma eu achei que ja tinha visto aquele sorriso ou aquele desdém antes. Mesmo sem nunca ter visto aquele homem na vida.

- "Michelle, ofereça bebidas ou o que eles quiserem" -- Ordenou a diretora pra coitada da recepcionista que quase tropeçou entrando na sala.

- "Felipe, me acompanhe!"

Fui seguindo a diretora pelo caminho que levava até a entrada de trás da sala principal, por onde costumam entrar as pessoas que vão se apresentar, e enquanto caminhávamos ela me explicou:

- "O Instituto Coimbra, que você deve conhecer, todo ano faz um evento beneficiente no qual uma orquestra de fora do país se apresenta, eles vendem os ingressos e todo o valor arrecadado é destinado para alguma instituição de caridade. Nesse ano quem vai se apresentar é a Filarmônica de Vienna."

Eu ja havia ouvido falar sobre esse evento, era bem exclusivo e os ingressos eram absurdamente caros. Por conta de ser um evento de caridade desses organizados pelo 1% da população.

- "Então, nesse ano a pedido da fundadora, esposa do Dr. Coimbra que você conheceu, eles querem trazer um prodígio nacional para se apresentar com a orquestra. Entraram em contato hoje de manhã, não faz nem uma hora, dizendo que vão visitar três conservatórios e decidir. Pediram dois nomes para se apresentarem aqui agora. Eu falei o seu e o da Olívia. Tentei urgentemente entrar em contato com vocês mas por ser o período escolar foi muito difícil"

A coisa estava começando a se encaixar na minha cabeça, mas ainda parecia muito surreal.

- "Peço desculpas pela urgência. Mas eles tem representantes nos três conservatórios e disseram que vão tomar uma decisão hoje mesmo! Até o meio dia!" -- Ela disse exasperada. Depois se recompôs e continuou:

- "Os fundadores vieram aqui em pessoa, o que é um ótimo sinal. Então você precisa dar o seu melhor, mesmo sem ter tido nenhum aviso prévio nem tempo pra se preparar. É uma oportunidade de ouro pro conservatório" -- Ela tossiu elegantemente -- "Ah, e pra você também."

- "E o que eu devo apresentar?"

- "Ah sim, eles disseram que pode ser qualquer peça à escolha do músico. Mas eu recomendaria Rachmaninoff ou Liszt. A peça que será tocada na apresentação da Orquestra, que é em dois dias aliás, é o Concerto #2 de Rachmaninoff".

Eu entrei em um silêncio profundo. Ela me olhou esperando uma resposta e percebeu que eu estava muito nervoso. Alguns segundos se passaram, e ela colocou as mãos nos meus ombros de uma forma tranquilizadora, me tirando do meu transe de pânico

- "Felipe, me ouça. Eu acompanho seus estudos e falo com frequência com a professora Sayuri. Acredite, você está pronto pra isso. Escolha uma peça e dê o seu melhor. -- Ah, a sua professora também está ali na sala e vai ver sua apresentação."

Eu não sabia se isso me trazia conforto ou se me deixava mais nervoso ainda.

- "Tudo bem, estou pronto. Eu devo me trocar?"

- "Não, é uma apresentação informal mesmo, a pedido deles. Entre ali, se concentre por dez minutos, e quando estiver pronto é só entrar no palco. Nosso melhor piano já está lá"

Com isso ela se retirou, me deixando ali com uma quase crise de pânico. Entrei na área de preparação, com vários instrumentos em vários cantos, a sala estava escura. Me sentei em um banco e respirei. Era isso que eu precisava. Se eu conseguisse ir bem, com certeza conseguiria uma boa influência com esse grupo de pessoas importantes. Algo que eu precisava caso minha bolsa não desse certo.

Eu decidi a peça que iria tocar. A Rapsódia Húngara #2 de Liszt. Era uma peça forte, demonstrava habilidade, e eu a conhecia bem. Seria perfeito.

Respirei fundo, contei até 10, e me decidi. Eu estava pronto. Entrei confiantemente no palco, olhei para a platéia e reconheci alguns rostos. Só tinham quatro pessoas. A diretora, sentada ao lado da professora Sayuri. O desembargador desdenhoso e... Eu não conseguia acreditar. Era ela. Os olhos esmeralda, a figura da Eva Green em pessoa. Era a Aline. Mãe do Renan.

Peraí... Renan Coimbra. Isso quer dizer que aquele cara barrigudo do lado era o marido dela, pai do Renan. De repente eu lembrei de onde vi o sorriso de desdém, eu vi na cara do próprio filho deles. Ele era a cara do pai. Com menos barriga e com mais cabelo, mas a semelhança era incrível.

Eu quase travei no meu andar quando a vi ali. Era a pedido dela que eles estavam ali. Será que foi por causa do nosso breve encontro?

- "Foco, Felipe! Porra..." -- Eu falei revoltado pra mim mesmo, dentro da minha mente. Eu precisava me concentrar.

Quando cheguei próximo do piano e me sentei a sala ficou em silêncio absoluto. Coloquei minhas mãos por sobre as teclas, respirei fundo e sem pensar olhei para os olhos esmeralda, que nesse momento olhavam pra dentro dos meus. Quando eu percebi, eu estava tocando outra coisa, não o que eu havia planejado. Meus dedos tocavam Liebesträume #3. A tradução em português é "Sonhos de Amor", e é uma peça linda, delicada e muito emocional. Os rostos me olhavam sem expressão mas eu não conseguia tirar os olhos dela. Eu sequer olhei pro piano uma única vez.

Quando cheguei no Andantino fechei os olhos e lembrei do nosso encontro, do cheiro da tinta a óleo fresca e do rosto dela mais próximo. As notas fluíam de mim, direto da minha alma para os dedos. E em mim eu não estava tocando, eu estava conversando com ela. Eu queria mostrar o que eu sentia, e não havia idioma melhor.

Chegando nas notas finais do Alegretto a olhei mais uma vez, e concluí a peça. Eu consegui ver um sorriso contido nela. A diretora tensa olhando o desembargador que havia pegado no sono. E no canto eu vi lágrimas nos olhos da minha professora. Eu nunca havia visto isso antes. Eu me sentia muito leve. Como se quisesse tirar do peito muitas coisas que queria ter dito mas não conseguia. Tudo foi falado, tudo foi ouvido. Nada mais se havia a dizer.

Como diz a etiqueta me levantei, me curvei e me retirei. Esperei na parte de trás do palco, na sala escura. Eu sabia que uma hora ou outra alguém viria me buscar ali.

Não sei quanto tempo depois minha professora e a diretora entraram juntas e acenderam a luz. A diretora estava radiante. A minha professora tinha uma expressão confusa.

- "Você conseguiu! Conseguiu! Nosso conservatório vai se apresentar com a filarmônica em dois dias!" -- Ela veio e me deu um abraço esquisito. Acho que no fundo ela queria abraçar ela mesma. Mas eu fiquei feliz. Esse conservatório era importante pra mim e eu adoraria poder trazer mais relevância para ele.

- "Hoje você vai ter um intensivo com a professora Sayuri, sobre tudo o que tem que saber. Vou deixar vocês a sós!" -- Ela disse e se retirou quase saltitando.

Depois de quase um minuto inteiro de silêncio eu falei primeiro:

- "Professora? Eu fui bem? O que você achou?"

- "Felipe. Você nunca tocou tão bem na sua vida. Eu senti seu coração na sua música. Foi muito além da técnica" -- Ela disse e começou a chorar novamente, se sentando em uma cadeira e colocando o rosto nas mãos. Ela soluçava.

- "Professora? Professora? O que aconteceu?" -- Eu a segurei pelas mãos, ajoelhado no chão. Aquela mulher nunca havia demonstrado emoção antes, e agora estava se quebrando ao meio.

- "Eu entendi. Ja suspeitei quando vi aquela mulher chegando, suspeitei mais ainda quando a vi te olhando, e tive certeza quando ouvi sua música. Eu nunca te falei isso antes, e nunca falei pra ninguém. Mas não foi uma crise de nervos que me fez sair da vida de solista."

Olhei pra ela curioso e ela se sentou na cadeira, respirando e pronta pra falar

- "Quando eu era solista eu me apaixonei pelo condutor da orquestra, e ele por mim. Ele era um homem casado. Aliás... Ainda é." -- Ela disse deixando a voz fluir pelo ar.

- "Nós tivemos um caso, uma paixão fervente. E eu nunca toquei tão bem. Todos os prêmios e reconhecimento da minha carreira vieram desse período. Eu estava no topo do mundo. Mas da mesma forma que essa chama se acendeu, ela se apagou. Depois eu descobri que eu era só uma de muitas amantes daquele homem. E isso quebrou algo dentro de mim. O fogo sincero que eu sentia, que me inspirava e transbordava de mim era uma mentira. E eu sabia que nunca sentiria nada igual novamente. E que se sentisse, duvidaria se era real"

Ela limpou o rosto e nariz com um lenço que tirou da bolsa.

- "Eu não consegui lidar, e depois não consegui tocar mais. Decidi me retirar dessa vida antes que fosse chutada e tivesse minha reputação manchada. Felipe, não persiga isso. Se tem algum conselho que eu posso te dar para a sua vida é. Siga o seu plano, passe na faculdade e suma daqui. Não dê voz a isso, não dê vida a isso, ou isso será a sua ruína também."

Eu não sabia o que pensar. Estava chocado com a história, com a semelhança e com como ela leu a situação tão facilmente. Fiquei balançado. Será que seria igual pra mim? Será que eu seria queimado e me tornaria uma pilha de cinzas, pronta pra ser dispersada com o menor vento?

- "Bom, vou me recompor. Te vejo na sala de estudo em uma hora. Independente de tudo você tem uma grande oportunidade agora. E o conservatório também."

O dia não foi muito produtivo. Depois de quatro horas praticando com minha mente em outro lugar ela me dispensou. Disse pra eu tirar o resto do dia pra pensar e esfriar a cabeça, pra voltar no dia seguinte pronto pra praticar. Eu concordei e fui embora. Decidi ir pra casa a pé. Eu gostava de andar para pensar e apesar de ser longe me fez muito bem.

Eu sabia que precisava me apresentar bem, que precisava estar no melhor da minha forma. E eu não sabia o que fazer em relação à Aline. Mas sabia de uma coisa. Eu precisava aliviar essa tensão sexual dentro de mim pra poder chegar la o dia seguinte com a cabeça limpa. E no instante que pensei nisso, lembrei daquele abraço por dentro do robe de manhã, e do rosto dela cheirando meu pau após o banho. Isso me encheu de ideias e eu soube que de um jeito ou de outro, eu ia ter o alívio que eu buscava.

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Comentários

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Nao consigo, esperar qro proximo logo kkk, q lindos contos, vc d+ tem dom! adorei todos

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Bão dimais da conta sôh!!... Muito bom mesmo.

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Conto excepcional.

Recheado de tramas e romances impossíveis, e tensão sexual.

Muito bom mesmo

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Essa história é sensacional e só melhora.

Parabéns e obrigado!

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Muito bom, no aguardo do próximo... Espero que seja logo kkkkk

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