O filho do Pastor (S02-Capítulo 04-Iuri)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 2513 palavras
Data: 01/02/2024 19:32:23
Assuntos: Gay, irmão, pastor, segredo

‘’Pai ela foi embora” lágrimas escorrem pelo meu rosto, “estou voltando filho” deito na minha cama enquanto espero e choro, meu pai só chega algumas horas depois, peguei no sono e não faço ideia de quanto tempo dormi, “Iuri, estou aqui filho” diz meu pai me puxando para um abraço, ele nunca foi tão carinhoso assim comigo antes, mas não quero pensar nisso agora, tudo que quero é seu afago e que ele me diga que vai ficar tudo bem, que posso ficar com ele, que me perdoe por ter jogado sobre ele toda a culpa.

Quero falar, mas as palavras estão instaladas na minha garganta, não consigo falar nenhuma palavra, porém quando o olho nos olhos vejo que nada precisa ser dito, pois ele sabe o que sinto e sou capaz de sentir em meu peito que também preciso perdoá-lo então em um acordo silencioso, porém verdadeiro selamos nossa paz de uma vez por todas.

“Pai, preciso ir, falei para todos que ia embora, se eu ficar eles vão querer saber o motivo e não vou suportar ter que falar” peço como sendo uma suplica a ele que não me faça encarar meus amigos, que não seja preciso explicar como minha mãe quebrou meu coração em milhares de pedaços, a dor vai ser ainda maior todas as vezes que tiver que abrir a boca para falar que ela me abandonou, “tudo bem, vou falar com sua madrinha e você vai morar com ela por um tempo e terminar os estudos em outra escola, mas vai fazer faculdade e seguir com sua vida, não foi você quem errou Iuri” ele enfatiza nos termos do seu acordo e concordo, vou viver como se ela estivesse morta, porque para mim ela morreu no dia em que foi embora e me deixou para trás como um móvel velho e sem utilidade.

Assim foi me mudei para minha tia e deletei todas as minhas redes sociais, só mandei mensagem para uma pessoa “preciso de um novo começo” Téo entendeu e respeitou minha decisão, depois disso não tive mais noticias nem dele e nem de nenhum deles, passei a ser um cara low profile e sem amigos, não queria ser amigo de ninguém, ter intimidade com pessoas significaria ter que falar sobre minha vida e essa ferida nunca cicatrizou, era impossível para mim voltar ao fatídico dia, minha vontade era de ir para longe, um lugar onde ninguém me conhecesse, um lugar onde ninguém pudesse olhar para mim com pena.

Na universidade meu único amigo era meu pai com quem passei a falar quase que diariamente, ensinei ele a usar o Discord e nos falamos por chamada de vídeo, normalmente na hora do jantar, era como se tivéssemos comendo juntos, ele passou a ser um solteirão convicto, saia com algumas mulheres, mas nunca as levava para casas e nem me apresentou a nenhuma e para falar a verdade nem queria conhecer ninguém com quem ele estivesse dormindo, as historias que me contava sobre suas paqueras já era mais do que suficiente, “estou te falando Iuri, nunca pensei que uma mulher passaria a língua no meu” o interrompo no ápice de meu constrangimento, “pai pelo amor de Deus” ele ria da minha falsa pureza “ah, vai bancar o santo agora Iuri, logo você filho que pega homem e mulher” ele levava muito numa boa minha bissexualidade desde que contei a ele, “ não é isso pai é só que tem coisas que não posso saber sobre o você” falei rindo da naturalidade com que conversávamos, “se eu não falo com você vou falar com quem, meu amigos do trabalho acham que prazer anal é coisa de outro mundo” ele estava saindo com uma mulher mais nova que estava — abrindo — expandindo os horizontes dele.

Fora as conversa constrangedoras ele também me ouvi e me aconselha bastante sempre que preciso, temos uma regra de nunca guardar segredos, por isso que digo que ele se tornou meu melhor e único amigo, na faculdade outras pessoas tentaram se aproximar, tanto mulheres quanto caras, mas nunca demonstrei interesse, até quando quero transar procuro fora do campus, mesmo que de outro curso tenho uma regra de não ficar com ninguém que posso entrar na minha rotina, para mim tanto faz homens ou mulheres só uso para transar e depois pulo fora, deus abençoe o Grindr e o Tinder por isso, não engano ninguém, a pessoa que transa comigo já sabe que não vai passar do casual, só que algumas pessoas têm a falsa ilusão de que vão me mudar, então sempre acabo escutando a mesma coisa “Iuri, você é um babaca, um filho da puta sem coração” enfim ignoro todas as vezes e sigo adiante.

Por sorte a faculdade de direito me deixa bem ocupado, é difícil se manter entre os primeiros da turma o tempo todo então foco cem por cento de minha atenção nos meus estudos para conseguir um bom emprego, meus professores me amam, nunca atraso um trabalho e nem tiro uma nota menor que oito em uma prova, não importa o quanto difícil esteja, sempre busco a melhor nota, como não tenho amigos sou visto como um arrogante metido a besta e os colegas vivem de fazer fanfics sobre o porquê sou assim, o próprio coração gelado, o homem sem alma.

Estava levando minha vida como sempre até que um estágio brotou na minhas pernas e não tive como dizer não, uma promotora fodona que também é sócia de um escritório estava buscando um estagiário e ela é conhecida por pagar bem e por proporcionar o melhor programa de estágio, o problema é que ela é muito exigente e muitos não aguentam ficar com ela e desistem da vaga, por causa disso ela passou um tempo sem abrir novas vagas, mas um belo dia minha professora de direito penal que estudou com essa promotora me veio com a notícia de que tinha me arrumado uma entrevista.

Fiquei em completo desespero e meu pai teve que me acalmar, sabia que tinha chances afinal me preparei para isso, durante a entrevista ela quis saber sobre mim, gostou do que minha professora contou a ela sobre meu comprometimento com o curso, não ter redes sociais foi um ponto muito bom para mim, pois ela preza pela discrição, por fim dizer que tinha total disponibilidade para ela e vontade de aprender foi checkmate, consegui a vaga e fiquei muito feliz.

Na primeira semana fui me ambientando e tendo que pegar o trabalho acumulado já que não tinha ninguém nessa vaga a muito tempo, meu cubículo estava sendo usado de depósito literalmente, fiz hora extra no meu primeiro dia para organizar tudo, por conta disso um dos encarregados do RH veio falar comigo, o nome dele é Davi e só depois fiquei sabendo que ele é filho da minha chefe, mas aparentemente ele trabalha aqui sem nenhuma regalia, é um funcionário como qualquer outro.

Mas por conta de ser filho da minha chefe meio que ele ficou por perto nas minhas primeiras semanas, não pude deixar de reparar em sua beleza, sempre com roupas sociais e bem articulado, cabelo grande e algumas tatuagens escondidas, mas além de minha regra ele é filho da minha chefe, então só me permite contemplar sua beleza em minha mente e logo tratei de tirar qualquer ideia de me relacionar com ele, se eu sou um cara sério e sem amigos Davi é o completo oposto e a cada dia em que o encontrava ele me pareceu obstinado a se tornar meu amigo e olha que tentei me afastar de todo jeito, sempre que me convidava para um happy hour eu dizia está ocupado ou coisa do tipo, mas um dia não teve como fugir, ele precisava de uns documentos que estavam comigo e minha chefe mandou que entregasse a ele, Davi marcou de me encontrar em um bar de um amigo dele, então fui obrigado a ir.

“Você já está fora do expediente toma uma comigo.” ele insistiu, não querendo me indispor com o filho da minha chefe aceitei, Davi é bom com as palavras, e também não me fez perguntas que não queria responder no fim foi divertido sair para beber com ele, outro dia ele me chamou para almoçar e se ofereceu para pagar, meu pai me dá uma ótima mesada, mas almoço de graça é um almoço de graça então aceitei, com um mês de trabalho Davi meio que se tornou um colega, não tínhamos conversas profundas e ele sempre era muito divertido.

Acabou que ele foi a primeira pessoa em anos que ultrapassou minhas muralha anti sociais, parecia até que ele sabia quais eram meus temas sensíveis porque os evitava com perfeição, a conversa sempre se desviava facilmente quando o assunto era passado, para ele minha vida havia começado no dia em que nos conhecemos, nem perguntava sobre sua vida passada e nem ele queria saber da minha, enfim a companhia perfeita que precisava, de vez em quando tinha a sensação de que ele estava dando em cima de mim, mas sou expert em me fazer de doido, então era fácil mudar de assunto e passar batido no flerte.

Um dia enquanto conversávamos durante um intervalo para o café contei que amava sushi, mas que não tinha mais onde comer, porque o lugar que costumo pedir havia fechado, logo ele aproveitou a oportunidade de me convidar para sair com ele, “tem um sushi divino que sempre peço por telefone, você vai amar” ele disse todo animado, pensei mal não vai fazer, amo sushi e estava mesmo procurando por um lugar onde pudesse comprar.

O lugar é mesmo legal, logo que vejo a fachada do lugar gosto de cara, tudo arrumado e muito limpo do jeito que gosto, quando entramos pegamos nossas peças, e estou com água na boca, as peças são grandes e bem feitas, o gosto deve ser divino como Davi falou, estou tão hipnotizado com tudo que levo um tempo para perceber que Davi conhece o cara que nos atende no caixa, ele está tão bem vestido, usa uma blusa social azul clara que tenho certeza ser de marca e é um cara muito bonito, mas não é isso que mais me chama atenção, o que mais me impressiona é que o sujeito é a cara do meu pai quando tinha a idade dele.

“Oi Jonas, quanto tempo?” Davi fala cumprimentando o dono, “O que você quer aqui Davi?” Achei meio ríspido, porém pode ser coisa da minha cabeça, “Calma, vim em paz, só estou mostrando o lugar para o novo estagiário da minha mãe, ele ama sushi e infelizmente seu namorado é o melhor da cidade.” namorado, então o cara é gay, fico pensativo, nunca namorei e nem me imagino namorando e principalmente trabalhar junto com um namorado ou namorada, “sei” Jonas fala desconfiado, “Esse é Iuri, Iuri esse é o Jonas, aliás Jonas é sócio junior do mesmo escritório que trabalha para minha mãe.” sei qual é o escritório que ele está falando, já peguei papéis dos trabalhos conjuntos dos escritórios, inclusive agora lembro que já vi o nome do Jonas em uns dois processos ele escreve muito bem por sinal, “prazer, pensei que sua mãe não aceitava estagiários” ele me cumprimenta e se volta para o Davi novamente que lhe responde “ele é brilhante, o melhor da turma” fico meio sem jeito com o elogio do Davi e um pouco surpreso dele saber sobre meu histórico, mesmo sendo do RH não pensei que ele tivesse pego minha ficha já que minha seleção não foi feita por ele, “esta em qual ano?” Jonas me pergunta e respondo “no terceiro doutor Jonas” ele sorri com minha formalidade mesmo fora do escritório “você é daqui mesmo?” ele pergunta, “não senhor, vim de outro estado para estudar aqui” respondo “Entendi, seja bem vindo, de fato Davi não mentiu, esse é o melhor sushi da cidade” ele fala me dando um sorriso amigável que retribuo e falo “obrigado, pode apostar que volto aqui” ele rir da minha forma empolgada de falar, Jonas parece ser um cara legal, mas claramente tem um problema não resolvido com Davi.

“Sozinho da próxima vez, também não faço questão de cruzar com o seu adorável namorado doutor Jonas.” Davi solta cada palavra com um certo ressentimento velado, pedimos para a viagem então saímos depois de pagar, Davi está disfarçando, porém sei que está incomodado com algo, ele me deu uma carona e no caminho percebi que ele queria falar algo, mas como não tínhamos esse tipo de abertura resolvi ceder e ouvir o que tanto o incomoda, “de onde você conhece o doutor Jonas” percebo que ele se incomoda um pouco por chamá-lo assim, mas não posso evitar a formalidade foi algo que se enraizou em mim na faculdade, ainda mais quando se trata de um advogado tão competente quando o Jonas.

Davi pensa um pouco e por fim fala “já namoramos” já tinha minhas suspeitas sobre Davi afinal ele vem dando em cima de mim, mas mesmo assim finjo está surpreso, “pois é, ficamos juntos na época da escola, mas meu meio irmão se fez de amigo dele e o roubou de mim” agora entendi o seu ressentimento, “não sabia que você tinha irmão” ele mostra um sorriso forçado e responde “meio irmão e é o cara que fez o nosso sushi” nossa ele deve ser muito maduro para ainda comer nesse lugar, “mas já superei, Jonas é idiota de ter caído no papo do Isaac, o cara é um manipulador que gosta de todos aos seus pés, nem me admiraria se ele aparecer com um amante, fingido do jeito que ele é” fiquei pensativo, até hoje nunca esqueci do meu irmão e nem o conheci, já Davi fala do seu com tanto desprezo e rancor, certo que eles tiveram esse lance do namorado roubado, mas isso é meio estranho para mim.

Mas o que realmente está martelando na minha cabeça é que Jonas é muito parecido com meu pai, nossa, meu coração apertou porque isso me trouxe a mente tudo que sofri e a mágoa que tenho de não conhecer meu irmão, meu pai se ofereceu para tentar um contato com minha mãe e pegar o numero do meu irmão, porém ela não quis nem conversa com meu pai, no fim é melhor assim deve existir uma razão para não conhecer ele, vai que ele não é nada do que espero é que pode até me odiar, seu pai é pastor ele deve ser um desses evangélicos radicais.

Não contei nada para o meu pai, não quero deixá-lo preocupado com isso, fora que minha mãe ainda é um assunto muito delicado para ele, se ela quebrou meu coração nem consigo dizer o que ela fez com o dele, a ferida dele é tão real quanto a minha, e sei que ele a odeia por minha causa, meu pai que sempre foi na dele hoje é um leão quando se trata de mim, um pai que nunca tive quando era mais novo, por isso que hoje ele é meu melhor amigo.

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Comentários

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Rafa fantástico, já retomou essa história. Ela é muito boa, padrão 30 dias kkkkkkk. Muito obrigado pela rápida retomada. Nesse capítulo deu a entender que o Jonas pode ser filho do pai do Iuri. Se isso for verdade, a mãe do Jonas é mais cachorra que imaginávamos. Apesar de serem irmãos , mas o Iuri falar que o Jonas é a cara do pai mais novo levanta a.lebre. Isso mostra que o pastor sempre foi Corno kkkkkkkk e que nem filho tem .

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Li esse capítulo três vezes...

Como demorou a ser postado, havia esquecido algumas coisas e esse capítulo começou confuso. Já me situei.

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Olha eu titubeei, e agr não sei se fico do lado do davi ou do isaac🤦🏼‍♂️. SIM, eu lembro da história deles, mas e se, é só uma suposição, mas eeeee se, durante todo esse tempo o davi tivesse razão. E na verdade o Isaac fosse o vilão🤔. Iria causar um alvoroço daqueles😈.

Eu acho q teve alguns pontos cegos na história passada(pelo menos é o q eu acho neste momento), q poderia inclinar a história pra isso.

Kkk só de pensar nisso deu um leve incômodo no lóbulo frontal, deixa eu dormir antes q frite o meu cérebro.

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KK vamos lá, Davi quando se aproximou lá atrás do Isaac,já sabia que eles eram meio irmãos, ficou amigo dele e não falou nada, só foi falar depois de muito tempo, e de uma forma nada boa foi durante uma briga.

Davi brigou atoa com Isaac, acusando ele atoa de ter ficado com o namorado dele da época,sendo que os três eram amigos naquela época, Davi por pura burrice e ciúmes, quebrou um monte de coisa na desse ex, num acesso de loucura. De lá pra cá vive fazendo merda.

Uma das merdas que ele fez e conseguiu depois de embebedar o Jonas, foi ficar com ele, isso foi tipo pra se vingar do Isaac, não é atoa foram 5 anos que os dois ficaram sem se ver. (No caso Jonas e Isaac)

Davi nunca foi de confiança infelizmente, sempre está manipulando as pessoas, não é atoa que nesse capítulo ele já tentou fazer isso.

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* Com o Iuri, nessa fala acusando de o Isaac ter roubado, o Jonas dele é nos sabemos que foi só contrário.

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Eita que ótimo, voltar acompanhar as histórias do Jonas é agora do Iuri juntos.

A história do Jonas foi a minha primeira série de contos que eu li aqui no seu perfil, logo de cara gostei por causa do assunto complexo.

Mais infelizmente Davi já tá manipulando, o Iuri assim como o Jonas já imaginava, mais tomara que os dois, descubram logo que são irmãos.

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Rafa, você é uma máquina!! Já voltou? Hahaha

Muuuuito bom voltar a acompanhar Iuri e Jonas!

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