O Príncipe e o Plebeu - Capítulo 21: Decisão e Reinício de Vidas

Um conto erótico de Seven RJ
Categoria: Homossexual
Contém 1599 palavras
Data: 21/02/2024 17:09:26
Assuntos: Gay, Homossexual

- Para Davi, chega! - disse João Paulo, sem argumentos. - Vamos esfriar a cabeça e conversar com calma. - pediu João.

- Você sempre faz essa cara e vem com esse papo. João, chega disso. Eu não sei o que fazer, estou me sentindo perdido, sem saber o que pensar, não tenho com quem conversar, não tenho ideia de nada. - disse Davi, chorando.

- Davi, vamos superar isso, você vai entender, nós nos amamos! Eu estava ansioso e isso me desestabilizou! Vamos ficar juntos, existe amor e somos iguais! - disse João, tremendo de nervoso e medo de perder o namorado.

- Não somos iguais, João. Você é um príncipe e eu sou um plebeu e não vai ser por isso que eu tenho que me submeter a você. A única coisa que temos em comum é que somos homens negros, mais nada. Vidas diferentes, experiências diferentes, famílias diferentes, tudo diferente. Você gosta de lugares caros, badalação, amigos descolados e eu não. Você acha que tudo gira em seu entorno e eu, não! Você acha que eu tenho que aceitar isso tudo, e eu NÃO!

- Me perdoe, vamos morar juntos, vamos morar no apartamento de Copacabana que você tanto gosta!

- Eu gosto, e você, não. É assim, tudo é assim. Eu sempre abro mão e quando faço o que você não quer, você fica com outro. Relevei o dia das taças, que você fez sexo na cama que a gente fazia! Relevei ter a surpresa de presenciar um cara cuspindo seu esperma quase nos meus pés e você ainda gritando e tratando ele mal por isso! EU RELEVEI ISSO TUDO! Você tem noção? Você relevaria? Não satisfeito, você pega um famosinho da internet e trepa com ele na mesma cama! Ele estava tão à vontade que tirou fotos tranquilamente e isso prova que não era a primeira vez aqui, João! PORRA! Não dá mais, não aguento mais nossas diferenças e principalmente seu comportamento. - Davi estava quase descontrolado.

- Eu amo você como nunca amei ninguém! EU AMO VOCÊ!

- Eu sei que você me ama, mas não posso mais. Sou muito novo para passar por isso, sou muito novo para viver uma relação assim. Se tem sido dessa maneira é porque não estamos fazendo bem um ao outro, não é mais uma relação saudável. - Davi disse sentando e cobrindo o rosto com as mãos. - Não dá João…

- É que você não teve experiências com homens, é assim mesmo, depois fica tudo bem. - disse João piorando as coisas.

- Fica tudo bem? Então eu tenho que passar a fazer a mesma coisa? Ou vamos abrir o relacionamento? E como vai ser, vai ser a três?

- Claro que não. Não é assim, por favor, Davi!

- Você quer que eu seja promíscuo como você, é isso? - perguntou Davi em tom desafiador.

- Não me ofenda, não sou promíscuo, eu sou livre, você não está entendendo. Foi só por sexo, não traí meu sentimento por você, Davi. - João estava começando a cair em si.

- Você é livre, mas se prende a mim e me prende a você… como pode ser livre assim? - perguntou Davi, enxugando suas lágrimas.

- Não me prendo a você, eu amo você, é diferente. - disse João Paulo, aceitando que não tinha mais chances. - Amo ao ponto de deixar você partir, não posso te prender a mim… nem ao meu modo de vida… só acredite que nunca amei nem nunca vou amar alguém como amo você.

- Eu me entreguei a você, João, e não me arrependo, só que não dá mais. Não quero nem pensar se você não se preveniu em suas aventuras, João, espero que tenha tido o mínimo de consideração comigo. - disse Davi, não acreditando nas próprias palavras que dirigia ao homem amado.

- Jamais faria isso com você, tenha certeza…

- Quanto a voltar a amar, não é minha prioridade agora, mas quando tiver que ser, espero que eu ame alguém da mesma maneira ou mais… agora eu não penso nisso, estou devastado, estou mal, estou vazio… eu não tenho raiva de você, mas não vou conseguir me submeter a isso. Não dá. Só de imaginar o que aconteceu aqui. Fiquei imaginando aquele cara que chupou você no carro, se você tinha chupado ele, se ele era melhor do que eu… depois imaginei quem seria a pessoa tão especial capaz de fazer você beber três garrafas de espumante! O papo devia ser muito bom e sedutor e ter durado horas. Isso arrasou minha autoestima, saber que você procurava outros e tinha momentos especiais ou igual aos nossos. E agora, esse Nick. Jovem, lindo, filho de família rica, igual a você. Descolado, animado, cheio de seguidores, e… quem sou eu, João? Quem sou eu? Sou uma conquista? Sou uma aposta com o Lucas, que você tinha que ter aquele rapaz da Lapa?

- Você não foi, você é o amor da minha vida, Davi. Eu entendo você. Nunca quis te diminuir, eles nunca serão melhores do que você em nada, tenha certeza. Respeito eles como pessoas, mas foram descartáveis, foram para uso momentâneo, foi isso.

- A maneira como você coloca… parece tão simples… - disse Davi, quase revoltado.

- E é. Entendo você e não me entendo. Você está acima de tudo isso…

- Pessoas descartáveis, de uso momentâneo… o que é isso, João?

- É isso, meu amor, e eles estavam cientes e queriam e fui útil, também, descartável, o que seja… é assim que funciona, sei lá… Não vou insistir, também estou destruído por dentro. Tenha certeza de que você é o melhor cara que eu já conheci. Peço desculpas e não quero te fazer mais sofrer, quero que você comece a esquecer isso o mais rápido possível, a partir de agora. - disse João sentando ao lado do rapaz e abraçando-o.

Ambos choraram muito. Davi tinha entendido João, sabia que ele o amava, mas que as aventuras faziam parte da natureza humana dele, mas não queria conviver mais com aquilo.

- É a sua natureza, João, eu entendo, mas não posso aceitar… Só me dá um tempo, facilite as coisas, por favor, não insista, me deixa curar minhas feridas. Eu vou pedir demissão, vamos evitar mal-estar ou expectativas, sei lá. Tudo me lembra você, tenho que voltar para minha vida. Vou tentar a agência que queria me contratar… vai ficar tudo bem e não quero que interceda em nada, vai ser melhor assim. - disse Davi, soluçando e sentindo um aperto no peito.

João ficou calado. Sentia a dor de Davi e a sua, mas precisava tomar decisões e resolver as coisas para que nada fosse prejudicado, principalmente a carreira de Davi. Respirou fundo e juntou cada fiapo de força e de equilíbrio que tinha dentro de si, e falou:

- Meu amor, eu já soube das novidades da empresa. Você não vai pedir demissão, já tinha falado disso, se fosse necessário, eu sairia da empresa. Mas, vão te apresentar duas opções imperdíveis e você pode escolher a melhor.

- João, não consigo, preciso sair de tudo isso, voltar para minha vida, foi um sonho… chega.

- Espera. Minha mãe abriu uma agência de publicidade, outra empresa. Já era um plano. Apareceram clientes interessados e que queriam que ela fizesse a publicidade. O jeito de fazer acontecer foi abrir uma agência que vai atender à nossa empresa e outros clientes. Já tem três grandes clientes, contando com a gente, isso é genial. E você vai fazer parte disso, já está combinado, é só você dizer que sim. - disse João.

Davi enxugou os olhos. A cabeça estava acelerada e o peito também. Não sabia se tinha entendido direito.

- João, você não aceita, né? Eu não vou continuar, não tem a ver. Preciso de um tempo.

- Davi, você é um profissional excelente. Quando se atinge esse nível, não tem jeito, você tem que se render às coisas boas, fazer parte delas, afinal está no caminho certo. Não misture as coisas. Quem está falando agora é o João Paulo Ajala Walker, o dono da empresa.

- Eu? Profissional excelente? Nem sei como vai ser daqui para frente. - disse Davi, visivelmente triste.

- Seu caminho está traçado, você é muito acima da média e vai ser o melhor e vai ter que se adaptar. As opções que falei são: ou você continua no escritório em Ipanema, que funcionará como uma filial da agência no Brasil, ou você vai para Nova York, que é o que a minha mãe espera e é o que vai ser melhor. Se a gente ficasse juntos, eu pediria para você ficar, mas não esconderia que ir para Nova York seria a melhor opção e eu iria junto, claro. Mas, agora, você escolhe sozinho. Minha mãe está vindo para o Brasil, ela quer conversar com você.

- A Anaya quer conversar comigo? - perguntou Davi, surpreso.

- Claro, Davi, é um projeto grande, a agência já foi aberta. Não misture as coisas, sua vida profissional continua. - disse João dando um abraço em Davi. Ambos voltaram a chorar. João por perceber que tinha perdido Davi e Davi por se sentir sozinho, ainda mais agora perante ao novo desafio.

- Você era meu ponto de equilíbrio, meu elo com a realidade, Davi. Você quase me salvou de mim, mas eu não consegui, me desculpe por tudo.

- Você era meu porto seguro, era onde eu me sentia protegido, João. Como eu faço agora?

- Você vai estar bem, o trabalho vai ajudar muito. Amanhã a gente acerta tudo. Vamos dormir, ou tentar dormir. - disse João.

- Eu vou para a minha casa.

- Não! Dorme no quarto de hóspedes, toma um banho, vou pedir o jantar e levo para você. Use o banheiro de lá, tem toalha, tem tudo o que você precisa. Amanhã vai ser o reinício das nossas vidas.

CONTINUA

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