IDAS E VOLTAS [45] ~ E a dor de perder o grande amor

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 5396 palavras
Data: 06/01/2024 20:11:18

O dia já estava quase amanhecendo quando cheguei. Na rodoviária mal abracei o Tiago que assim como eu estava caindo de sono. Já no meu quarto olhei tudo ao redor e notei que deixaram tudo exatamente como deixei, estava com saudades, tomei um banho e me atirei na cama.

Acordei por volta do meio-dia, desci e encontrei só a empregada em casa, fiz um lanche e fui até o mercado. Já na porta encontro meu pai conversando com alguns clientes. Fui ao encontro dele e dei um abração.

- Filho, como é bom te ver por aqui, estava com saudades.

- Eu também pai, cadê o Tiago?

- Está no almoxarifado resolvendo um problema que deu numa entrega.

- Vamos lá falar com ele, mal tive tempo de abraça-lo quando cheguei.

- Vai à frente filho, vou resolver algumas coisas e depois te encontro lá.

O almoxarifado ficava ao fundo do mercado. Ao me dirigir até lá encontrei a Fernanda etiquetando mercadoria, cheguei por trás e brinquei com ela.

- Precisa de ajuda?

- Sandro...

Ela largou o etiquetador e veio me dar um abraço.

- Saudades... O Rafa veio com você?

- Não.

Ela ficou desapontada, mas logo mudou de assunto.

- Tudo certo pra hoje à noite?

- Estou indeciso, não sei se vou me sentir bem.

- Ah vamos?

- Não apela que sou fraco.

- Espero você as 22:00 na minha casa.

- Posso saber o que vocês estão combinando?

- Oi Paula, ela quer me levar num baile, acredita?

- Acredito sim. Dá um abraço aqui cunhado. (nos abraçamos)

- E os preparativos para o casamento?

- Quase tudo pronto.

- Também falta menos de dois meses.

- O tempo passa rápido e você o que faz perdido por aqui?

- Vim matar a saudade, estou indo atrás do Tiago.

- Ele está no almoxarifado.

- O papai já havia me falado.

Depois de atravessar todo o Mercado, cheguei ao deposito que ficava na parte dos fundos. A frente do mercado ficava para uma rua e o depósito ficava de frente para outra rua, mas de dentro do mercado tinha acesso ao almoxarifado.

Cheguei onde o Tiago estava e ele conversava com seu Jair o senhor que era responsável pelo recebimento de mercadorias e outro cara que não conhecia.

- Demorou, mas te encontrei.

- Estou acertando algumas entregas com o Renato e você moleque o que faz perdido por aqui?

Cumprimentei seu Jair que já era funcionário há tempos e de longe cumprimentei o Renato que não era do meu convívio.

- Vim matar a saudade

- Tua vaga está aberta, quer voltar?

- Nem em sonho.

Seu Jair caiu na risada e o Renato ficou me secando de cima a baixo, era só o que me faltava. Fiquei analisando o Renato, ele tinha no máximo uns 23 anos, da minha altura, cabelo escuro encaracolado, mas curtinho, um charme e eu na maior carência, que foda. Logo depois chegou o meu pai e aproveitei pra desviar minha atenção daquela tentação, fui conversar com ele do outro lado do depósito.

- Filho, você sabe da sua irmã?

- Não pai, eu não procurei por ela.

- E como você está?

- Levando a vida como dá.

- Você está triste, o que está acontecendo?

- Alguns problemas que estou enfrentando, mas nada que o senhor deva se preocupar.

- Não gosto de ver você triste assim.

- Era saudade de vocês, vou melhorar.

- Eu vi a Fernanda comemorando que você vai sair com ela?

- Ela me convidou pra ir num baile.

- Tome cuidado meu filho, tem gente nessa cidade que não vale nada.

- Não vai me acontecer nada, fica tranquilo pai.

Meia hora antes do combinado eu fui pra casa da Fernanda, toquei a campainha e logo ela veio me atender.

- Finalmente você aceitou meu convite, meus primos vão conosco.

- Ainda bem, porque não vou ficar muito tempo no baile.

- Relaxa! Eles são bem legais, vem comigo que vou apresentá-los.

Quando entramos na cozinha onde eles estavam conversando com a mãe da Fernanda levei um susto.

- Sandro essa é Estela minha prima.

- Oi Estela prazer em te conhecer.

- A Fernanda nos falou tanto de você que finalmente tenho o prazer em te conhecer.

- Esse é meu primo Renato, eu acho que vocês já se conhecem.

Fiquei tão nervoso que minhas pernas tremiam, não era possível que aquele cara fosse primo da Fernanda.

- Nos conhecemos hoje pela manhã.

- É verdade.

- Ficou surpreso?

- De certa forma fiquei, sempre visitei a Fernanda e nunca te vi por aqui.

- Meus tios mudaram aqui pra cidade faz pouco tempo, por isso você não o conhecia.

- Você está trabalhando com meu irmão?

- Diretamente não, eu trabalho fazendo frete, sou autônomo.

- É legal ser seu próprio chefe.

- Tem vantagens e desvantagens, mas a melhor sensação é a de liberdade.

Ele deu uma risadinha e ficou me encarando, fingi que não vi e fui cumprimentar a mãe da Fernanda.

- Sandro você veio de carro?

- Vim, por que Fernanda?

- Se pegarmos a carona com o Renato teremos que ir de caminhão.

- Vocês podem vir comigo, mas não sei se vou ficar até o final.

- Qual é Sandro, nem saiu e já está pensando em voltar pra casa?

- Ah Fernanda, eu já te falei meus motivos.

- Não se preocupe Sandro, a Fernanda já falou conosco e você não ficará sozinho.

- Vocês estão me tratando como um garotinho desprotegido e você deve ter a namorada pra dar atenção.

Engraçado que soltei a indireta sobre a namorada do cara e todos se olharam de forma estranha, mas ninguém falou nada até que Fernanda interferiu.

- O importante é nos divertir e vamos com você já que está de carro é mais confortável.

- Beleza então, vamos nessa.

- Se quiser eu posso dirigir.

- Obrigado Renato, mas eu gosto de praticar, tenho pouco tempo de carteira e é bom pra não ficar esquecer.

Fomos com o meu carro que na verdade era do meu pai que peguei emprestado. Na saída Renato fez questão de sentar ao meu lado e as meninas ficaram atrás. No inicio pensei que fosse apenas impressão minha, mas ele estava me cantando direto.

Não era possível que ele não tinha receio do falatório das pessoas na cidade, se continuasse naquela melação pro meu lado no dia seguinte ele estaria na boca do povo e eu na carência que estava até que curti as investidas dele, mas me fingi de bobo.

Chegamos ao baile e tinha muita gente, o pessoal da cidade gostava de incentivar esse tipo de festa. Logo na entrada fiquei nervoso, ainda tinha trauma daquela gente e a fila de acesso demorou um pouco a se dispersar.

Já dentro do salão tinha a sensação que todos me olhavam, mas era impressão minha, pois a musica já embalava o ambiente e as pessoas estavam mais a fim de se divertir do que se preocupar com minha vida.

Logo de chegada encontramos os pais da Estela e do Renato conversando com alguns amigos, os cumprimentamos e fomos pra perto da pista de dança.

Ficamos olhando o movimento das pessoas até que chegou um carinha e tirou Estela pra dançar, Fernanda ficou conosco, mas não demorou muito e algumas amigas a chamaram para o grupo e eu fiquei sozinho com Renato.

Fiquei desconcertado pela situação, não sabia como agir, nem ao menos o que falar com ele que ao contrário se aproximou e puxou assunto comigo.

- A Fernanda me falou que vocês são amigos desde a infância.

- Crescemos e brincamos juntos.

- Ela me falou e disse outras coisas também.

- Espero que tenham sido coisas boas.

- Disse que é o melhor amigo dela. Ela gosta muito de você,

- E eu dela.

Novamente silêncio da minha parte e ele na volta tentando encaixar um assunto que desse onde queria chegar.

- Você é bem conhecido aqui na cidade.

- Aonde você quer chegar?

- Na verdade desde que fiquei sabendo de você, do Roger e o que aconteceu entre vocês, fiquei louco de vontade em te conhecer melhor.

- A Fernanda falou sobre o Roger e eu pra você?

- Não, isso eu descobri sozinho quando comentei com alguns amigos que ia trabalhar pra sua família.

- É contagioso, acho melhor não se aproximar de mim, falei rindo.

- Isso me atrai.

- Não brinca?

- Eu sempre tive tesão em te conhecer desde que fiquei sabendo sobre você e principalmente quando vi uma foto sua na sala do Tiago.

- Obsessão?

- Curiosidade.

- Acho que você se equivocou, não sou esse tipo de pessoa.

- Entre quatro paredes ninguém vale nada.

- É mesmo?

- Uma aventura ou outra vale a pena.

Não tive nem o que dizer. Apenas me calei e ele seguiu com aquele joguinho.

Aqui está muito tumultuado, vamos dar uma volta.

- Não sei se devo, vamos nos perder das meninas.

- Meus pais estão aqui, qualquer coisa elas se viram com eles.

Olhei pra ele e fiquei pensando, vou ou não vou.

- Quer saber, dane-se.

- Tenho certeza que você não vai se arrepender.

- Tomara que não, disse rindo e seguindo ele no meio das pessoas.

Já no carro uma duvida cruel, era minha razão apelando para o bom senso, será que devo fazer isso? Mais alguns segundos pensando e a resposta foi instantânea, estou sozinho, solteiro e desimpedido.

- Pra onde vamos?

- Pra minha casa, meus pais só vão chegar quando o baile acabar.

Ele me indicou o caminho que não era muito distante da casa do meu pai. Entramos na casa e subimos as escadas que davam acesso aos quartos. Ele entrou num quarto que deduzi fosse dele, já tirando a roupa e se jogando na cama de braços abertos.

- E aí, vem ou não vem?

Fiquei estático a observá-lo, não era fácil me entregar daquela forma, mas eu estava carente e meu corpo necessitava daquele momento. Foda-se a vida é minha e faço dela o que bem entender e sem pensar em mais nada tirei a roupa e me joguei em cima dele.

Começamos a nos beijar e ele diz baixinho próximo ao meu ouvido.

- Desde que me falaram de você fiquei curioso, já esperava por esse momento e vou dizer, valeu a pena porque você é um tesão.

Voltei a beijá-lo antes que me arrependesse, ele ficou apertando minha bunda com as mãos e logo entrei no pique.

Invertemos de posição e ele ficou por cima de mim de joelhos na cama, pôs a camisinha e com um sorriso safado foi lubrificando minha entrada e começa a me penetrar, senti um pouco de dor, mas depois foi uma loucura. Ele foi muito carinhoso comigo e com certeza já tinha tido outras experiências, pois sabia muito bem o que fazer e como fazer.

Transamos duas vezes naquela noite, foi gostoso, não estava arrependido do que fiz, ainda fiquei mais um pouco abraçado a ele, depois fui até o banheiro me limpei e saí. No caminho de volta fiquei preocupado com Fernanda e liguei pra ela que não atendeu ao telefone. Resolvi voltar ao baile que já estava acabando.

Sandro, onde você estava? Fiquei preocupada.

- Fui levar o Renato em casa.

- O que houve com ele?

- Disse que não estava se sentindo bem e eu vim te buscar.

- Vou avisar a Estela pra ir com a tia e já volto.

Já a caminho de casa ela me bombardeou de perguntas querendo saber o meu paradeiro.

- Você estava com o Renato?

- Estava com ele, mas depois me pediu pra levá-lo pra casa então o levei.

- Eu queria tanto conversar com você com mais calma, dorme na minha casa.

- Prefiro dormir na minha cama, porque você não dorme lá em casa?

- Não avisei minha mãe.

- Liga pra ela.

- Não tenho roupa de dormir.

- Então vamos passar na sua casa, você pega roupa e avisa sua mãe.

Passamos na casa dela e não demoramos fomos pra minha. Chegamos e subimos para o meu quarto.

- Você se importa de dormir aqui ou prefere dormir no quarto que era de Aline?

- Coloca um colchãozinho no chão que eu quero ficar aqui.

- Então vamos fazer assim, você dorme na minha cama e eu durmo no colchão.

- Não quero te tirar do conforto, eu durmo no chão. Na verdade preciso conversar com você sobre o Rafael.

- Vou arrumar o colchão e você dorme na minha cama.

- Posso tomar um banho no seu banheiro?

- Claro, lá tem toalha.

Quando ela retornou do banho, já tinha arrumado o colchão.

- Tem certeza que não quer dormir na sua cama?

- Tenho, fique a vontade e agora sou eu que vou tomar um banho.

Fui para o chuveiro e só então pensei na loucura que cometi. Arrependido eu não estava, mas estava com uma sensação de vazio. Terminei o banho e tratei de afastar aqueles pensamentos da minha cabeça.

Quando retornei ao quarto, Fernanda já estava deitada na minha cama.

- Deita que eu preciso conversar com você.

- Não sei se consigo te ajudar, mas vamos lá, o que você precisa saber?

- Ele não fala mais em mim?

- Fala bastante como um bom amigo, ele tem muito carinho por ti.

- Só isso?

- O Rafael está gostando da Letícia. No inicio quando ele me disse eu duvidei, mas depois que passei a ver os dois juntos, não tive mais duvidas.

- E o que ele dizia sentir por mim, foi tudo pelo ralo assim, do nada?

- Ele sofreu muito quando se deu conta que ia te magoar.

- Como pode Sandro, o Rafa dizia que me amava.

- Eu acho que ele acabou confundindo a amizade de vocês e quando conheceu a Letícia se deu conta que ia te fazer sofrer e por isso tratou em terminar pra não te magoar mais do que já estava magoando.

- Está difícil viver com essa realidade, não sei o que fazer, ela começou a chorar.

- Não fica assim, também estou na mesma situação que você, mas estou tentando levar minha vida.

- O Juliano foi tão bacana comigo naquela noite, fiquei triste em saber que vocês terminaram.

- Terminamos e eu nem sei ao certo qual o motivo.

- Como assim, ele não te deu nenhuma explicação?

- Disse que eu não demonstrava amor e foi bem nos dias em que o Roger se separou de Aline, não sei se ele não confundiu as coisas.

- Ele é tão inseguro assim?

- Sempre foi, mas eu tenho minha parcela de culpa, na verdade deixei a desejar com ele.

- E você acha que o Roger vai mesmo se separar de Aline?

- Não sei, ele mudou bastante e, mas tem uns amigos que não vou com a cara deles.

- Eu acho que você está apaixonado pelo Juliano.

É possível a gente deixar de amar uma pessoa que sempre sonhou?

- É o caso do Rafa, mas por quê?

- Por nada não, vamos dormir, estou cansado, a noite passada dormi mal.

- Não sei como você consegue dormir em ônibus, é por isso que eu odeio viajar.

- Você não pretende voltar a estudar?

- Não me sinto bem longe de casa.

- E o dia que você casar, como vai ser?

- Aí é diferente, mas acho que vou ficar solteira o resto da vida.

- Duvido. Você é linda e logo acha alguém interessante.

- Quem eu quero não me quer.

- Vou te apresentar um amigo meu, vai que rola.

- Ah, deixa de ser chato, Sandro.

- É sério, ele é uma pessoa formidável, já sofreu muito na vida e merece ser feliz.

- Você não está querendo me arranjar um velho?

- Um pouquinho mais velho que você, mas não é muita coisa.

- Ele é bonito pelo menos?

- Não é um modelo capa de revista, mas ele é bonito e têm uns 28 anos de idade.

- Acho que vou continuar solteira, não estou procurando um pai.

Caímos na risada, conversamos mais um pouco e depois fomos dormir.

Acordamos no meio da tarde, depois fiquei conversando com o Tiago e o papai até a hora de retornar pra Belo Horizonte.

No dia seguinte foi complicado acordar para ir ao colégio, cheguei tarde. Quando fui dormir era mais de duas da manhã, agora eu entendia as reclamações do Rafael quando viajava todos os finais de semana.

Assim que cheguei à aula lembrei que precisaria enfrentar o idiota do João Pedro, só em pensar nesse encontro já ficava tenso.

Pela manhã ele foi à minha classe e confirmou que a tarde estaria me esperando para seguirmos com o trabalho.

Ao meio dia saí do colégio e logo um carro aproximou de onde eu estava, era o Roger.

- Quer uma carona?

- Não, muito obrigado.

- Qual é, vai dar uma de difícil, coisa que nunca foi.

- Pelo menos minhas burradas nunca prejudicaram ninguém.

- O que você quer que eu faça pra merecer o teu perdão.

- Eu já perdoei, mas isso não significa que possa existir algo entre nós novamente.

- Que menino malvado, aceita minha carona.

- O que você veio fazer aqui?

- O que você acha? Vim te ver.

- Não precisava se dar esse trabalho.

- O importante é que eu vim e vou te levar pra casa.

- Roger eu moro a dez minutos de casa, eu não vou.

- Deixa de ser infantil.

- Eu, infantil?

- Infantil sim, está com medo de entrar no meu carro.

- Medo de você?

- Medo do que possa acontecer entre a gente igual no passado.

- Falou uma coisa certa, foi no passado.

- Vai, entra no carro, vou levar uma multa.

- Problema é seu.

Saí andando e nem dei bola pra ele que ainda insistiu e depois foi embora

Quanto mais aproximava o horário de ir à casa do João Pedro, mais meu coração apertava, eu só pensava se nosso encontro seria como no primeiro dia, se fosse como o segundo até que valeria a pena, pois entramos mudo e saímos calado, tratamos apenas do conteúdo do trabalho.

Durante o caminho muni-me de coragem e fui até a casa dele, bati na porta e tive uma surpresa, foi à mãe dele que me atendeu.

- Boa tarde.

- Boa tarde senhora, eu vim fazer um trabalho escolar com o João Pedro.

- Eu me lembro de você no hospital, entre, por favor.

- O João está em casa?

- Está sim, eu te acompanho até o quarto.

Enquanto seguíamos até o quarto, ela foi me perguntando sobre o colégio, como ele estava se comportando, se ainda continuava com a mesma turma de amigos. Fiquei totalmente sem graça diante do interrogatório, eu não tinha intimidade com o João Pedro a ponto de me meter na vida dele.

Entramos no quarto e lá estava ele deitado na cama só de bermuda parecia que tinha esquecido nosso compromisso.

- Filho, seu colega chegou.

Ele me olhou como se me analisasse e levantou da cama.

- Pode deixar mãe, ele já sabe o que fazer.

- Filho eu vou ao banco pagar umas contas e depois vou dar uma passadinha na empresa.

- Vai tranquila, mãe.

Ela saiu, mas em seguida voltou e abriu a porta novamente.

- Vou deixar um lanche pra você e seu amigo lá na cozinha.

- Vai mãe e nos deixa trabalhar, que saco!

Ele foi grosso ao tratar a mãe, fiquei assustado e ao mesmo tempo com pena dela que só quis ser gentil.

Ela se calou e saiu do quarto, eu não disse nada, mas pensei que cara grosso, não sabe valorizar a mãe que tem. Já eu daria tudo pra ter a minha ao meu lado e não tinha.

Peguei o material e começamos a trabalhar no bendito trabalho. No início ele me ajudou e depois ficou mexendo no computador enquanto eu digitava.

Apesar da contrariado por vê-lo sem fazer nada, não dei muita importância, pois ele já tinha feito boa parte do trabalho quando cheguei. Embora não tenha gostado deixei passar, mas achei estranho quando de repente João começou a gemer, seu rosto estava vermelho, ofegante, me assustei, pois ele tinha passado quase um mês no hospital, levantei rapidamente e fui ver o que estava acontecendo.

Não pude acreditar no que vi, João estava se masturbando. Ao ver minha cara de espanto ele começou a rir e seguiu mexendo no pau como se a minha presença não significasse nada.

Fiquei sem reação, não sabia nem o que dizer.

- O que foi?

- O que significa isso?

- Eu sei que é disso que você gosta.

- Eu posso até gostar, mas não sou um profano.

- Aposto que está louco pra dar uma chupadinha.

- Você só pode estar maluco, não te dei liberdade pra me tratar desse jeito.

- Cala a boca seu viadinho, eu sei que você gosta de um pau fincado na bunda, todos gostam!

Ele levantou da cadeira colocou o pau pra dentro da bermuda e veio para o meu lado tentando me segurar.

- Sai de perto de mim seu doido.

- Você pensa que não vi o jeito que me olhou?

- João Vitor, para com isso, sua mãe pode entrar aqui, o que ela vai pensar de tudo isso?

- Ela não volta tão cedo e você bem que podia me dar essa bundinha.

Ele tentou me agarrar, tentei me esquivar, mas não tinha mais pra onde recuar estava contra a parede, então joguei com as armas que tinha.

- Sabe quando isso vai acontecer?

- Logo.

- Nunca. E sabe por quê?

- Porque mesmo sem querer você está excitado.

- Ficou doido?

- Olha só... Ele jogou o corpo sobre o meu e tentou apertar meu pau por cima da calça, mas eu dei uma joelhada no saco dele e ele saiu se contorcendo de dor por um bom tempo, cheguei a ficar preocupado.

- Desgraçado eu acabo com você.

- Sonha, porque eu nunca vou ceder pra um idiota como você.

- Se eu quisesse já tinha te comido a força.

- Você é um lixo que precisa valorizar as pessoas.

- Aquele dia no colégio você gostou do meu beijo.

- Você só pode ter se drogado ou algo parecido.

Ele veio pra cima de mim tentando me agarrar novamente.

- Hoje estou bem sóbrio e escreve bem, vou acabar com essa marra viado imbecil.

- Me solta, você está me machucando.

- Vou te arrombar e você ainda vai pedir mais.

- Espera pra ver.

- E não vai demorar muito tempo.

- Vê se cresce João, detesto gente assim.

- Você ainda vai dobrar a língua, mas agora não podemos brigar, vamos lanchar, senão minha mãe arranca meu pescoço.

- Ué, resolveu me tratar bem?

- Vou te provar que não sou tão lixo como pensa.

- Eu me equivoquei você não é lixo, é bipolar.

Ele me olhou com desdenho e saiu em direção à cozinha.

A mãe dele deixou o lanche coberto por um pano de prato sobre a mesa. Fiquei olhando pra ele pra ver se não ia lavar as mãos já que a pouco estava se masturbando no quarto.

- O que foi, está me achando bonito?

- Você não se esqueceu de nada?

- Não?

- Não vai lavar as mãos?

Ele caiu numa risada debochada e deu uma coçadinha no pau por cima da bermuda.

- Está achando que meu pau está sujo?

- Eu não preciso ficar aqui pra ser humilhado, o lanche pode ficar pra outro dia.

- Calma, não precisa ficar estressadinho, eu estava brincando com você seu bobo.

- Detesto brincadeira de mau gosto.

- Está achando que sou sujo?

- Não sei e nem me interessa.

- Fica ai que eu já volto, se você não fizer esse lanche minha mãe me mata.

Ele foi até o banheiro lavou as mãos e depois voltou na maior cara de pau. Nem parecia o mesmo João Pedro, suas atitudes me deixavam confuso, nunca vi pessoa mais inconstante.

- Vamos comer senão você perde o horário.

A mãe dele deixou um prato com torta fria e sanduiche numa bandeja, enquanto lanchávamos fiquei pensando, esse jogo com o João Pedro está ficando perigoso demais e eu quero me acertar com Juliano, não quero confusão para o meu lado, vou dar um jeito de terminar o trabalho que já estava quase no fim e assim me livrava dele.

- Eu acho que o trabalho está quase concluído.

- Sinal que nossa dupla deu certo.

- Agora é só juntar as partes e finalizar, não precisamos nos reunir novamente,

- Nós temos que nos reunir mais uma vez, eu preciso de nota e você também.

- Eu posso montar as partes e depois te passo.

- Qual é, está querendo se livrar de mim?

- Pra ser sincero estou, porque você não me respeita e não vejo necessidade de vir aqui mais uma vez.

- Mais você vem, senão vou falar pra professora que cada um fez a sua parte.

- Isso é mentira, o trabalho está praticamente pronto.

- Na semana que vem eu te espero pra terminarmos.

- E porque não pode nessa semana? Hoje recém é segunda-feira.

- Eu não posso.

- Porque não pode?

- Deixa de ser enxerido e querer se meter na minha vida.

- Grosso!

- Pense o que quiser sou dono da minha vida e nela sou eu que mando.

- Posso te fazer uma pergunta.

- Quer saber o tamanho do meu pau?

- Você só pensa em putaria, que coisa mais idiota. Estou falando sério, cara.

- E você não entende o que é uma brincadeira?

- Brincadeira tem hora e limite.

- Estressadinho! Pensa bem antes de perguntar se não arrebento tua cara.

- Quero saber o te levou a ficar um mês hospitalizado?

- Invasão de privacidade, sem resposta.

- Aquele dia que você me pegou a força no colégio estava drogado e depois só apareceu hospitalizado, o que aconteceu?

- Não te devo explicações da minha vida.

- Eu acho que o teu compromisso pra essa semana é droga

Ele veio pra cima de mim furioso e me segurou pela blusa.

- Idiota é você e agora sou eu que quero você longe daqui, vai embora.

- Deixa eu te ajudar.

- Vai, antes que eu quebre tua cara.

Saí da casa dele pra não contrariá-lo, mas eu tinha certeza que o compromisso dele era algo relacionado às drogas.

Na academia foi tudo tranquilo, sempre o mesmo movimento de entra e sai de pessoas, mas sem o Juliano tudo era diferente, estava com saudade dele, sentia falta das nossas conversas, do carinho, companheirismo, enfim eu estava mal sem ele.

Depois que saí da academia fiquei com vontade de procurá-lo e ao mesmo tempo tinha receio de saber o que realmente estava acontecendo, e se ele tivesse alguém? Não, Juliano me amava e jamais faria isso comigo, mas ele se afastou e nem minhas mensagens respondeu.

Cheguei na republica e deitei na minha cama pensando nele, porque eu não o procurava, era medo ou receio de saber o que não queria? Que raiva de mim mesmo!

- Está pensando nos números da megassena?

- Oi Rafael.

- Distração nesse corpo é pouco, o que houve?

- Estou pensando no que leva uma pessoa a se afastar de outra sem nenhuma explicação.

- Um novo amor.

- Será?

- Estou brincando, mas muitas ações dos seres humanos não têm lógicas.

- Se não fosse o Juliano eu até compreenderia tua teoria.

- Por acaso ele é diferente das outras pessoas?

- Eu acho.

- Cuidado pra não se decepcionar, não existe ninguém perfeito, as pessoas cometem erros inclusive você.

- Depois dessa eu não sei nem o que dizer.

- Melhor nem dizer nada, disse ele rindo.

- Você deveria estudar filosofia.

- Eu fora, isso é pra louco.

- Odonto combina mais com você mesmo.

- Posso te perguntar uma coisa pessoal, minha?

- Se eu souber, fique a vontade.

- Como a Nanda está reagindo nossa separação?

- Sofrendo, mas por que a pergunta, está arrependido?

- Não quero que ela sofra.

- Toda separação trás sofrimento.

- Eu sei, vou dormir estou cansado.

Naquela noite decidi ir atrás do Juliano, estava com saudade dele, fui injusto, logo ele que sempre esteve ao meu lado, principalmente quando minha mãe estava doente e fora isso sentia muita falta dele.

Pensei em procurá-lo durante a semana, mas pensei melhor, nossa conversa tinha que ser num dia que estivéssemos de folga de nossos afazeres. Sábado pela manhã seria perfeito.

A semana passou sem muitas novidades a não ser o fato de estar com Juliano em meus pensamentos. O Pedro continuava afastado, nem dei muita importância pra ele e os meninos estavam na correria de provas na faculdade.

No sábado pela manhã tomei um banho e caprichei no visual. Peguei a caixa de bombons que havia comprado na viagem a Brotas e fui até o apartamento dele.

No caminho fui ensaiando tudo que ia dizer a ele, ia pedir perdão pela forma fria que sempre o tratei. Era dele que eu gostava e era com ele que queria ficar. Cheguei ao prédio e enquanto o porteiro ligava pra avisar que eu estava subindo, fui direto para o elevador, pois já tinha algumas pessoas esperando. Aproveitei e entrei.

Enquanto o elevador subia, meu coração parecia sair pela boca, estava nervoso, mas confiante. Toda vez que vinha um pensamento negativo, tratava afastá-lo. Juliano não ia me rejeitar, ele era diferente e me amava.

Meio que no automático, assim que abriu a porta do elevador saí caminhando rumo ao apartamento, toquei a campainha e logo ele veio atender.

Estava com jeito de quem tinha acabado de sair da cama, os cabelos ainda estavam bagunçados e os olhos inchados. Tive vontade de abraçá-lo e beijá-lo ali mesmo no corredor, mas me contive, o assunto que tínhamos a tratar era sério.

- Oi

- Oi

- Resolvi te fazer uma surpresa, você sumiu.

- Você podia ter me ligado antes de vir.

- Desculpa você estava dormindo?

- Estava sim, cheguei tarde ontem à noite.

- Sua sobrinha ainda está com você?

- Não, a Rosane já saiu do hospital.

- Legal, e como ela está?

- Bem, se recuperando.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, ele parado na porta e eu no corredor com o presente na mão.

- Posso entrar?

- Eu estava dormindo, mas entra um pouco.

- Eu te trouxe um presente de páscoa.

- Pra mim?

- Achei semelhante aos bombons que você me trouxe do Canadá, espero que goste.

- Obrigado, mas não vejo porque receber esse presente.

- Desde a doença da minha mãe e depois da morte dela você se tornou a pessoa mais importante da minha vida.

- Eu nunca te cobrei nada.

- Eu sei, mas além da amizade você me deu amor e isso não tem como esquecer.

Ele pegou o pacote com o presente e não disse nada, apenas me ouvia, era como se ele estivesse distante ou pensando em alguma coisa.

- Neste tempo que ficamos afastados eu pensei muito na gente, te mandei mensagens, mas você não me deu retorno.

- Meu celular não tava pegando na praia.

- Eu sei que você está querendo dar um tempo, mas e depois, porque não me respondeu?

- Porque nós terminamos e insistir no erro seria pior.

- Eu vim aqui pra gente conversar, estamos cometendo um equivoco, não estou com o Roger como você pensou que fosse acontecer.

- Hoje não dá.

- Esperei a semana inteira por essa conversa, se você quiser descansar eu espero, não tem problema.

- Você não está me entendendo, eu não posso e também não tenho como aceitar o teu presente, me desculpe.

- Porque não?

Silêncio da parte dele.

Em cima do sofá tinha uma pasta dessas de executivo que não era dele. Eu o conhecia, ele era organizado e jamais deixaria algo seu fora do lugar.

De quem é essa pasta?

Mais uma vez ele ficou calado e essa foi à deixa pra eu perder o controle.

- De quem é?

- Para com isso, Sandro.

- Eu quero saber quem está nesse apartamento além de você?

- Nós terminamos não te devo explicações sobre a minha vida.

Se você não falar eu descubro, fiquei descontrolado e tentei invadir o corredor que dava acesso ao quarto, nem parei pra pensar se estava certo ou errado, só queria descobrir se era o Augusto que estava com ele.

Ele tentou me impedir, dei um empurrão que se desequilibrou e quase caiu. Ainda tentei passar, mas me dei conta que estava bancando o ridículo e saí chorando rumo ao elevador.

Ele veio atrás de mim, tentando me segurar.

- Sandro, espera as coisas não podem ser assim.

Comecei a chorar e o elevador não vinha, ele se aproximou e dessa vez não pensei duas vezes, dei outro empurrão mais forte que o fez cair no corredor.

Descontrolado nem esperei o elevador e desci pela escada. Eu tinha certeza que era o Augusto que estava no apartamento, justo àquele cara que só o trouxe sofrimento e o pior de tudo que ele ainda teve coragem de mentir pra mim dizendo que fazia parte de seu passado.

Na portaria, tentei disfarçar para que o porteiro não visse chorando e saí andando pela rua sem direção. A pior dor era ser traído pela segunda vez.

Parei numa praça tentando me acalmar, sentei num banco tentando entender porque as pessoas não me valorizavam, será que eu era tão desprezível que não merecia respeito? Isso não era justo.

Já mais calmo cheguei à conclusão que chorar não ia resolver meus problemas, voltei pra republica decidido a mudar. A partir daquele dia seria outra pessoa.

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Comentários

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Posso estar errado, mas não acho que seja o Augusto com o Juliano, a fila anda.

E pra ser sincero, eu não gostava do Juliano, muito possessivo. Sandro precisa de alguém que confie nele, mesmo tendo muitas chances dele ficar com Roger

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