IDAS E VOLTAS [38] ~ Brigas

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 6187 palavras
Data: 06/01/2024 11:49:38

CONTINUANDO…

- Não vou procurar por ele.

- Vou confiar em você, disse ele me entregando o telefone.

- Vamos almoçar, estou louco de fome e também não quero me estressar com você por causa do Roger.

- Você tem razão, não vale a pena... Vamos almoçar!

Almoçamos no restaurante, depois ele me deixou em casa, conversamos todo o trajeto e não tocamos mais no assunto Roger.

- Já estou me sentindo carente, nós podíamos passar a tarde juntos.

- Eu prefiro assim, cada um curtindo seu espaço e quando a saudade aperta nos encontramos e saciamos nossa vontade.

- Já que você está me dispensando vou pra casa estudar, mas vou te ligar.

- Você vai à academia amanhã?

- Claro que sim, amanhã eu não perco por nada, é sua estreia.

- Que bobagem, eu apenas vou trabalhar na recepção.

- É o começo de uma nova jornada na sua vida e eu quero estar presente.

- Essa nossa lua de mel está tão gostosa que até me assusta.

- Tomara que dure eternamente.

- Eterno, é algo muito distante, prefiro viver o hoje pra não dar o passo maior que a perna.

- Desde que seja ao meu lado, o resto não importa, disse ele estacionando o carro em frente a republica.

- Você vai chegar?

- Acho que não, você está querendo curtir a galera, vou respeitar o seu espaço.

- Gostei de ver, você realmente mudou muito.

- Não vou dizer que é fácil, mas estou me esforçando.

- Se cuida então, a gente se vê amanhã e mais tarde eu te ligo.

- Já que eu não posso te dar um beijo, vai o meu sinal, beijo na boca.

- Beijo!

Nem bem entrei em casa e o Pedro brincou comigo.

- E aí meu, chegou para o final de semana?

- Sem zoeira, tudo bem com você?

- Eu estou ótimo e você pelo visto está melhor que eu.

- Depende.

- Você está com uma carinha feliz e pelo visto se divertiu bastante.

- Digamos que estou experimentando coisas novas na minha vida e tem me feito muito bem.

- Que bom, se esta te fazendo bem tem mais é que investir.

A conversa com Pedro soou muito estranha, será que ele sabia alguma coisa da minha relação com Juliano ou sobre minha sexualidade? Tratei em mudar de assunto, pois ainda era cedo para ele saber quem eu era realmente.

- Tem alguém em casa?

- Giovane saiu com a Laura, Lucas ainda não voltou pra casa, Marcelo saiu com a namorada e o Rafael está com uma garota no quarto.

- A Fernanda?

- Não, é aquela moça da pizzaria

- Vou falar com ele, o Rafael não pode fazer isso com a Fernanda.

- Sandro, eu posso te dar um conselho?

- Que conselho?

- Você já tentou ajudá-lo, fez sua parte, agora o deixe tomar a atitude que quiser.

- A Letícia é minha amiga e o Rafael não quer nada com ela.

- Isso é ele que vai decidir. Não se mete, senão vocês vão acabar brigando.

- Pior que você tem razão e a Fernanda também não facilita.

- Trouxa é ela, fica fazendo joguinho bobo e vai acabar perdendo o cara.

- Namoro a distância é bem complicado dar certo, sempre vai existir alguma coisa entre eles.

- A Fernanda é muito ligada à família.

- É, mas vai ter um momento que ela vai ter que escolher ou a família ou o cara que ama isso se o Rafael resolver esperar, o que acho pouco provável.

- O Rafael só vai magoar a Letícia.

- A Letícia não é tão inocente, ela conhece a Fernanda e sabe que os dois se amam. Se mesmo assim, se envolver com o cara é porque está assumindo os riscos de uma relação fracassada.

- Posso te fazer uma pergunta, você não é obrigado a me responder.

- Não grila Sandro, você pode perguntar o que quiser.

- Você tem visto minha irmã?

- Vejo Aline todo dia na faculdade.

- Ela se afastou da família depois que casou com Roger.

- Que barra, hein?

- Depois que mamãe faleceu minha família não foi mais a mesma.

- Apesar de ter sido um baque, você parece estar reagindo bem.

Estou tentando, mas não é fácil. Por falar nisso vou ligar para o Tiago e avisá-lo do show.

- É bom ele vir mais cedo para irmos todos juntos.

- Você se importa se eu fizer uma ligação para o meu irmão?

- Essa casa também é sua, fique a vontade.

Peguei o telefone e liguei para o meu irmão.

- Você me ligando em pleno domingo, que milagre é esse?

- Saudades e também um lembrete.

- Você está com Juliano?

- Estou em casa e estou ligando pra avisar do show do Jorge e Mateus, não vai esquecer.

- Você conseguiu os ingressos?

- O Lucas conseguiu pra mim e cadê o papai?

- Trabalhamos até meio dia e agora saímos para dar uma volta pela cidade.

- Manda um beijo pra ele.

- Fala com ele, vou te passar o telefone.

- Valeu mano.

- Filho, como você está?

- Estou bem pai, com muitas saudades e o senhor?

- Estou bem filho e também estou com muita saudade, quando você vem?

- Não sei ainda, mas o senhor vem com o Tiago no próximo final de semana.

- O Tiago vai pra Belo Horizonte?

- Vem pai e eu estou louco de saudade do senhor, não vai pra casa do Tio sem falar comigo.

- Também estou com muita saudade de você meu filho e nem precisa me pedir uma coisa dessas, vocês sempre vêm em primeiro lugar na minha vida. Vou devolver o telefone para o Tiago que ele está impaciente aqui.

- Beijo pai!

- Beijo meu filho e se cuida.

Oi mano! Deu para matar a saudade do velho?

- Quando você vir, trás ele para falar comigo.

- E você acha que ele me deixaria fazer outra coisa diferente disso?

- Com certeza, não!

- Agora ele não fala noutra coisa, senão na viagem.

- Mano, eu preciso te perguntar uma coisa.

- Diga.

- A Aline tem falado com vocês?

- Desde a festa que não a vejo.

- Ela não foi ver o papai?

- Não apareceu mais e nem ligou.

- Nunca imaginei que ela fosse nos abandonar desse jeito.

- Porque você perguntou por ela?

- É uma afronta o que ela faz com papai e eu não vou permitir isso.

- Estava pensando em procurá-la quando fosse aí.

- Já notou que somos sempre nós que a procuramos?

- Ela deve estar bem senão já tinha nos procurado.

- Talvez você tenha razão, preciso desligar agora, manda um beijo pra Paula.

- Obrigado e se cuida maninho, amanhã é o grande dia.

- Estou ansioso pra começar a trabalhar de uma vez.

- Vai dar tudo certo, beijo mano!

- Beijo!

Depois que desliguei o telefone e fui para o meu quarto deixar minha mochila. Entrei e dei de cara com Rafael e Letícia mexendo no note dele.

- Sandro? – Disse ele assustado

- Desculpe a invasão, mas eu precisava deixar minhas coisas no lugar.

- Oi Sandro, tudo bem com você? – disse Letícia, vindo ao meu encontro me cumprimentar.

- Tudo bem e você?

- Estava ajudando o Rafael a fazer um trabalho.

- Legal! Tudo bem com você Rafael?

- Estou bem, aproveitei o domingo para estudar.

- Fiquem à vontade, vou assistir a um filme com o Pedro.

Saí do quarto, voltei pra sala e sentei com Pedro para assistir o filme.

- Que filme é esse Pedrão?

- Ghost do outro lado da vida, você gosta?

- Até pouco tempo eu detestava, mas depois que perdi minha mãe passei a valorizar essas coisas.

- Então senta aí e vamos olhar.

Olhamos um pouco do filme e escutamos uma discussão vinda da frente da casa.

- Parece que tem alguém discutindo, disse o Pedro.

- A voz é parecida com a do Marcelo.

- Então é ele e a namorada brigando.

- Assim? Na frente da casa, o que os vizinhos não vão pensar?

- Eles já estão acostumados a discutir em qualquer lugar, não sei como Marcelo suporta as chatices da Carla.

A discussão seguiu por longos minutos até que Marcelo entrou pela porta e ela veio correndo atrás dele. Foram para o quarto, mas algo me chamou atenção porque a ouvi dizer claramente.

- Quero que você saia daqui.

- Você é louca saia do meu quarto, era a voz do Marcelo.

- Se você não sair daqui eu juro que quebro tudo dentro dessa casa.

- Será que você pode parar de falar asneiras? Os meninos estão em casa, para de escândalo.

- Não estou nem ai pra esse bando de idiotas.

- Mais respeito com meus amigos, você já está me cansando Carla, não aguento mais sua neurose.

- Já falei pra você o que penso e não duvide da minha capacidade.

- Sai daqui, vai embora, ele abriu a porta do quarto e pediu para ela se retirar.

Pedro foi até ela e a ajeitou a sair, a essas alturas Rafael e Letícia já estavam na sala para ver o que estava acontecendo.

- Galera, desculpa aí, eu vou levar a Carla em casa, disse Pedro tentando acalmá-la.

- Eu não vou sair sem terminar tudo que tenho a dizer ao Marcelo.

- Outra hora vocês conversam, agora ele está nervoso e brigar é pior.

Antes de sair ela me olhou com uma fisionomia estranha e saiu com Pedro sem falar mais nada. Marcelo trancou-se no quarto provavelmente louco de vergonha.

O que aconteceu? Perguntou Rafael.

- Eu não sei, eles estavam discutindo na frente da casa, de repente entraram e começaram esse bate-boca no quarto.

- Vou levar a Letícia em casa e depois podemos conversar se você quiser.

- Por mim tudo bem.

- Tchau Sandro, se cuida, disse ela.

- Juízo viu, falei baixinho e ela sorriu.

Eles saíram e deitei no sofá assistindo ao filme, enquanto isso, Marcelo permaneceu o tempo todo encerrado no quarto, tinha quase certeza que eles brigavam por causa de alguma coisa que ocorreu na casa. Resolvi seguir os conselhos do Pedro e não me meter na vida dos outros.

Podemos conversar, disse Rafael sentando ao meu lado no sofá.

- Você não me deve explicações.

- Eu sei, mas quero conversar com você.

- Levou a Letícia na casa dela?

- Levei, por quê?

- Você não presta mesmo.

- É sobre isso que eu quero falar com você.

- Não estou te julgando, falei brincando com você.

- Cansei de reclamar, a Fernanda sabe o que sinto por ela, mas também não vou ficar rastejando atrás dela.

- Porque que todo homem age assim?

- Ué, você é homem e não pensa assim.

- É, acho que preciso rever meus conceitos.

Ele sorriu e depois deitou na cama pensando longe.

- Eeeee... Aposto que fez besteira

- Até que não, mas resolvi deixar rolar o lance com a Letícia.

- Cuidado para não magoar as pessoas.

- Não estou magoando ninguém, só não quero parar minha vida por quem não me valoriza.

- Você está magoado Rafael e um homem ressentido é capaz de fazer loucuras, pense bem antes de agir.

- Obrigado por me ouvir, você é o irmão que eu nunca tive.

- Mesmo não concordando com algumas atitudes suas, você pode contar comigo.

- Vamos tomar um sorvete?

- Não tenho nada para fazer, vamos lá.

Fomos à sorveteria, estava lotado naquele horário. Ele me contou que fazia tempo que vinha rolando um clima com a Letícia, mas que não evoluiu por causa da Fernanda.

Rafael também me perguntou sobre meu sumiço na noite anterior, contei a ele sobre meu envolvimento com Juliano.

Depois do sorvete voltamos pra casa, à galera já tinha retornado. Não vi mais o Marcelo, estava encerrado no quarto, Pedro já tinha retornado após levar a Carla pra casa, Giovane também já havia chegado e o Lucas estava na cozinha preparando algo para comermos.

- E aí Pedrão, conseguiu acalmar a fera? – brinquei com ele.

- Ela é neurótica, tenho pena do meu primo com uma mulher dessas.

- Ele ainda está no quarto, acho que ficou com vergonha.

- Deixe-o quieto, deve estar analisando a vergonha que passou.

Enquanto Lucas preparou macarrão para jantarmos, Pedro e eu arrumamos a mesa, jantamos e depois o Giovane lavou a louça. O único que não estava presente entre nós foi o Marcelo que dormiu sem comer nada.

No dia seguinte acordei tarde, perdi o horário e acabei entrando atrasado no colégio, mas não fui o único, tive a infelicidade de encontrar o João Pedro a caminho da sala, ele estava encostado numa parede fumando um cigarro forte, fiquei com medo não sabia o que era, e se fosse droga? Minha mãe sempre me falou que este era um caminho sem volta.

Tão logo passei por ele, senti uma mão forte no meu ombro, em seguida um empurrão que bati com a cabeça devido ao impacto com a parede.

- Está com medo viadinho?

- Você está fedendo com esse cigarro.

- O que você disse?

Ele me segurou e aproximou bem próximo ao meu rosto e começou a falar, sua voz estava estranha e os olhos meio avermelhados, a primeira coisa que me veio à mente foi imaginar se ele tivesse uma arma naquela hora, mas ele fez algo pior, me prensou com força contra a parede e me beijou, com fome, com sede, fiquei nauseado com tudo aquilo, tentei empurrá-lo, mas ele tinha uma força além do normal. De onde estávamos ninguém conseguiria nos ver se não passasse por ali naquele momento, pois ficava atrás de uma parede que dava acesso ao corredor que dava acesso a sala.

Achei que fosse passar mal, ele estava me machucando a medida que tentava me desvencilhar de seus braços, até que se afastou e desferiu um tapa no meu rosto e me empurrou a ponto de cair no chão.

Levantei-me rapidamente e fui ao banheiro, só tinha vontade de chorar, mas resisti ao choro. Deixei o tempo passar, tinha que aprender a me defender e agir com cautela.

Lavei meu rosto e mais calmo pensei em falar com a direção, cheguei a me dirigir até lá, mas desisti antes de entrar na sala. Lembrei-me da história que Adriana tinha me contado e resolvi pensar melhor antes de agir.

Decidi entrar na aula, tinha que passar pelo mesmo lugar que ele me atacou. Peguei uma caneta caso ele me atacasse novamente para me defender, mas ele já não estava mais no mesmo lugar, fiquei aliviado e fui pra aula.

Entrei na sala e acabei ouvindo o sermão da professora sobre o atraso, reparei que o João Pedro não estava na sala, agradeci aos céus, não queria encontrá-lo tão cedo na minha frente.

Nem bem sentei e já veio o Christian me interrogar o porquê do meu atraso.

- O que houve meu, você nunca se atrasou tanto assim?

- Acordei tarde.

- E essa marca no seu rosto? Andou brigando?

- Sem querer bati na porta de casa, está muito feio?

- Horrível, mas não parece batido de porta, isso está parecendo um tapão no rosto.

- Não enche Christian, já te falei o que houve.

- Bom, se você insiste, mas oh, está inchando.

- Droga, o que eu vou fazer com isso?

- Não sei, vamos prestar atenção na aula que hoje a professora não está muito bem.

No intervalo, Adriana veio falar comigo longe do Christian, assim que viu meu rosto ela me olhou assustada.

- É o que estou imaginando?

- Depende.

- Não brinca Sandro, isso está me parecendo coisa do João Pedro.

- Nos encontramos antes da entrada do corredor que dá acesso a sala.

- Você tem que denunciá-lo Sandro.

- Cheguei a ir à sala da direção, mas lembrei da nossa conversa e desisti.

- Ficar calado é pior.

- E o que vai adiantar eu denunciá-lo, como você disse o pai dele dará um jeitinho de safa-lo.

- E o que você pretende fazer?

- Não sei, preciso pensar. O pior é esse inchaço no rosto.

- Ele te bateu dentro da escola?

- Deixa que resolvo esse problema, senão vai sobrar pra você e o Christian.

Não quis contar a ela o que aconteceu. Revelar seria o mesmo que me assumir para toda a escola e isso eu ainda não estava preparado.

A professora ficou preocupada e me encaminhou para a sala de enfermagem, lá eles me deram um remédio para dor e um saquinho com gelo para aplicar sobre o inchaço, me perguntaram o que tinha acontecido e eu menti que me machuquei sem querer com um colega da republica, recebi um sermão que não era para ter ido à aula e depois me liberaram.

Não avistei mais o João Pedro, era difícil entender o que se passava pela cabeça daquele cara, se medo, revolta, abandono ou dependência das drogas, bem que se ele me desse uma oportunidade tentaria ajudá-lo, mas como, se ele era um estúpido.

Ao chegar a casa Lucas veio me interrogar para saber o que tinha acontecido.

- O que houve com você? Foi atropelado ou atacado por um chupa-cabra?

- Ah não brinca Lucas!

- Menino, o que houve no teu rosto?

- Vai adiantar se eu te contar?

- É claro que vai, né Sandro!

- Briguei com um colega.

- Como? Ele perguntou sem acreditar no que disse.

- Briguei com um colega, foi isso, o que tem demais?

- Não sou tão ingênuo como pensa e você não é cara de sair por ai brigando.

Você tem razão, eu fui atacado por um colega.

- Em que sentido? Cara você tem 18 anos, por acaso não sabe se defender ainda?

- Tem um cara na sala que desconfia que eu seja gay, já tínhamos nos encontrado algumas vezes e ele sempre veio com indiretas.

- É uma gangue?

- Não sei Lucas, achei que ele estava drogado, mas também não posso definir em que grau se encontrava.

- Isso pode ser perigoso.

- Algo me intrigou, não sei se foi sob o efeito de drogas, achei estranho que ele me beijou antes de me agredir.

- Não sei nem o que pensar, mas o que você fez?

- Nada.

- Porque não o denunciou à escola?

- Porque fiquei sabendo de outra história dele e também é filho de um policial.

- Humm... Que rolo você se meteu, hein amigo?

- Tenho que pensar bem no que fazer, o cara é protegido.

- O que ele aprontou?

- Uma colega me contou que ele estuprou uma garota e ficou por isso mesmo.

- E essa história é verdadeira?

- Acho que sim, ela me falou com tanta convicção e o que ganharia inventando uma mentira?

- Me dá o nome dele que vou tentar descobrir mais sobre esse cara.

- Como? Por acaso você é detetive?

- É claro que não, mas tenho uns amigos que são da área.

Passei os dados do João Pedro para ele, a amizade do Lucas com Bruno ia além de limites que eu desconhecia.

- Acho que fez bem em não denunciá-lo por enquanto, precisamos saber com quem você está lidando.

- Às vezes eu tenho pena dele, me parece um cara carente de atenção.

- Ah não Sandro, não começa com esse sentimento paternalista.

- Eu não consigo ser egoísta a ponto de pensar somente no meu próprio umbigo.

Estávamos almoçando quando a campainha tocou, Lucas saiu para atender, era o Diego com algumas marmitas para complementar nosso almoço.

- Tem lugar pra mais um, disse ele assim que entrou na sala.

- Nossa casa é pobre, mas para os amigos sempre tem um lugarzinho.

- Saí da aula e me deu uma vontade de dividir o almoço com vocês, aí tive a ideia de trazer um incremento a mais.

- Fez muito bem, disse Lucas.

- Nada mais justo que dividir o almoço com os amigos.

- Já estou quase me candidatando a morar aqui, disse ele rindo.

- Se quiser podemos pensar em aumentar as vagas, disse Lucas brincando.

- Por enquanto não, estou com outros planos em mente, mas o que houve no seu rosto, Sandro?

- Achei que fosse passar despercebido.

- Impossível! Você está parecendo uma bolacha recheada com esse rosto inchado

- Tem um cara na escola que anda perseguindo o Sandro, só não sabemos ainda que tipo de perseguição.

- Ah Sandro, porque você não me falou nada?

- Eu ainda acho que é mais um desesperado querendo chamar atenção.

- Mas essas coisas não podem ser assim.

Talvez você o conheça através do Paulo, esse cara é filho de policial.

- O direito penal não é nossa especialidade, mas posso dar uma sondada.

- Então faça isso, também vou pedir a uns amigos do Bruno.

- Vamos esquecer um pouco de mim, você disse que viria aqui para conversarmos que precisava me contar algo, o Lucas por acaso pode assistir nossa conversa?

- Claro que sim, ainda guardo boas recordações de tempos atrás.

- Se quiser podemos fazer esse tempo voltar.

- Lucas, quer parar de ser oferecido?

- Oferecido nada, o bofe está aí sendo rejeitado pelo Mauricio, apenas acho um desperdício.

Diego acabou caindo na risada junto com Lucas e no final virou palhaçada dos dois.

- O que está acontecendo com você, Diego?

- O clima lá em casa está péssimo.

- Por isso você disse que estava se candidatando a morar na republica?

- Sim, mas foi mais em tom de brincadeira com vocês.

- E porque não vem? Se quiser posso dividir minha cama com você.

- Lucas!

- É sério, pensa que não posso dividir minha cama com um amigo? Agora, se rolar algo mais, aí é lucro.

Diego caiu na risada novamente.

- Me sinto bem aqui, é bom estar nesse clima descontraído, vocês até conseguiram a façanha de me fazer sorrir.

- Agradeça ao Lucas que é o palhaço da casa.

- Agora falando sério disse o Lucas, porque você não dá um tempo em casa até os velhos se acalmarem?

- É o que estou pensando e até já me inscrevi.

- E o que você está pensando em fazer?

- Vou embora de Belo Horizonte.

- E pra onde você vai? Perguntou Lucas.

- Vou fazer um intercambio, pretendo me especializar em direito internacional.

- Estados Unidos? Perguntou novamente Lucas.

- Inglaterra.

- Quanto tempo? Questionou Lucas.

- Não sei ainda, mas talvez eu nem volte.

A notícia me cortou o coração, não queria perder meu amigo, fiquei triste e logo ele percebeu.

- Hei Sandro, porque ficou tão calado?

- Não quero que você fique longe da gente.

- Essa viagem é um sonho que estava adormecido, pensei em fazer com Mauricio, mas ele escolheu outro caminho.

- E por isso você está indo embora, não vai nem lutar pelo cara que ama?

- Nós sabemos que é uma luta desigual, quando o outro não quer, não adianta insistir.

- Mesmo assim desistir é sinal de fraqueza.

- E você por acaso está lutando pelo Roger?

- Não, estou bem com Juliano e é com ele que eu quero ficar.

- Eu já sou diferente, prefiro buscar amparo em desafios pra minha carreira.

- O dia que você deixar de amar o Mauricio, saiba que estou na fila disse Lucas brincando com ele.

- Podemos tentar disse o Diego, você me ensina a fórmula mágica e nos casamos.

- No nosso caso, casamento não dá certo.

- Também acho e tenho certeza que você ainda vai conquistar o Bruno.

- Pra isso acontecer é mais fácil nascer água em pedra.

- Pra você ver como não é impossível e os dois caíram na risada.

- Quando você vai?

- Se der tudo certo pretendo ir em julho.

- Vou sentir um vazio sem você por perto.

- Ficarei longe fisicamente, mas levo você e os outros amigos no coração, não pensem que vão se livrar de mim assim tão fácil.

- Ainda bem, porque eu não gostaria de perder o contato com você.

Diego ainda ficou com Lucas quando saí para o trabalho. Não sei se era impressão minha, mas tive a nítida impressão que estava rolando um clima de sacanagem entre eles.

Saí e deixei os dois sozinhos e com certeza iam aprontar.

Cheguei à academia tinha poucas pessoas naquele horário. Nem bem entrei e Breno veio falar comigo, já no primeiro dia senti que teria muito a aprender com ele.

- Boa tarde Sandro!

- Boa tarde!

- O que houve no rosto?

- Um pequeno acidente.

- Tem que cuidar esses acidentes, já imaginou o que os clientes vão pensar de um funcionário que no primeiro dia de trabalho aparece com o rosto marcado.

- Peço desculpas pelo incidente, vou tentar que não ocorra mais.

- É bom porque muitos podem interpretar que você seja uma pessoa violenta e gosta de se meter em brigas.

- Você tem razão.

- Pega mal para o estabelecimento, temos um nome a zelar e a participação do funcionário é essencial.

- Estou disposto a contribuir no que for necessário.

- Hoje não tem condições de você ficar, então vamos fazer assim: vá pra casa tratar esse inchaço e amanhã você começa.

- Breno me desculpa, mas eu não tive culpa no que aconteceu.

- O que acontece na sua vida pessoal da academia pra fora não me interessa, mas aqui dentro eu tenho um nome a zelar.

- Desculpe, mas eu vim disposto a começar, me preparei pra isso.

- Sandro... Amanhã.

- Está certo e obrigado por me entender.

- Cuide-se direitinho que amanhã seu rosto estará melhor.

Saí da academia querendo matar o João Pedro por atrapalhar minha vida, lembrei-me do Juliano que não ia me encontrar na academia e liguei pra ele.

- Oi, espera um pouco.

- Pronto amor, pode falar.

- Estava na aula.

- O professor não gosta que fique falando no telefone durante a aula.

- Com toda razão.

- Porque você está me ligando neste horário?

- Fui à academia, mas o Breno me pediu para começar amanhã.

- Por quê? Estava tudo certo para você começar.

- Aconteceu um incidente comigo.

- O que aconteceu?

- Briguei com aquele colega que eu te falei do primeiro dia de aula, ele me deu um tapa no rosto e inchou.

- O Cara te agrediu hoje pela manhã e você vem me contar somente agora?

- Não foi nada demais, achei que não precisava fazer alarme por tão pouco.

- O nosso trato era você me contar tudo que acontecesse.

- E eu estou contando.

- Depois que todos já sabem? Não sei se você lembra isso, mas sou seu namorado.

- O que eu menos preciso agora é ouvir sermão, já basta o que ouvi do Breno.

- Depois da aula vou passar ai na republica.

- Não precisa, você vai se atrasar para a academia.

- Estou pouco me importando com academia, quero ver como você está.

- Não precisa toda essa preocupação, eu estou bem.

- Me aguarda às 17h15min, agora preciso desligar e voltar pra aula.

Ele desligou o telefone e nem me deixou argumentar, mas nem adiantaria tentar convencê-lo do contrário.

Quando retornei a republica encontrei Diego e Lucas, tinham tomado banho há pouco, os cabelos ainda estavam molhados.

- O que você está fazendo aqui? Perguntou Lucas assustado.

- Deu tudo errado, o Breno não me aceitou pra trabalhar com meu rosto desse jeito.

- Galera, eu tenho que ir agora, disse Diego.

- Achei que você já estava longe, o provoquei e os dois caíram na risada.

- Nós aproveitamos à tarde para matar a saudade de velhos tempos.

- Vocês não prestam.

- Aposto que se você não tivesse compromisso, dividiria a brincadeira conosco.

- Estou em outra e vocês se arriscaram, o Marcelo poderia ter chegado.

- Ele tinha aula, pensa que não averiguei antes, disse Lucas.

- Então vocês já tinham esse encontro em mente?

- Não foi bem assim, mas já que deu certo porque não tentar. O que você acha? Disse Lucas.

- Acho que se os dois se sentem bem nessa situação, tem mais é que aproveitarem.

- Tenho que voltar, disse Diego soltando um longo suspiro como se o retorno pra casa fosse algo desgastante.

- Não some e também pensa bem sobre essa viagem.

- Fica tranquilo.

- Não vou dizer mais nada pra não interferir na sua decisão, mas saiba que aprendi e gosto muito de você.

- Eu sei e agora me deixa ir senão você vai acabar me fazendo desistir dos meus planos.

Trocamos um longo abraço e depois ele se despediu do Lucas e saiu.

Depois que Diego foi embora o Lucas saiu para encontrar seus amigos e eu aproveitei para estudar enquanto esperava por Juliano. Neste intervalo Marcelo chegou, ele mal me cumprimentou e foi para o quarto o achei muito estranho. Não demorou muito tempo e saiu novamente sem falar comigo.

Fiquei desconfiado que tivesse intriga da Carla por trás de tudo, ele sempre me tratou bem, era alegre e do nada mudou comigo.

Juliano chegou ao final da tarde conforme havia dito, achei que ele fosse chegar numa boa, mas já veio me acusando.

- Oh Sandro, como é que você fica assim e não me conta nada?

- Você ficaria chateado como está agora.

- E como você quer que eu me sinta? Falou alterado quase gritando.

- Eu não tive culpa e se você veio aqui pra me acusar pode ir embora.

Ele ficou mais calmo e mudou o tom da conversa.

- O que você está colocando nesse machucado?

- Coloquei gelo quando fui atendido na escola e depois não coloquei nada.

- Tem que deixar com gelo senão amanhã vai continuar inchado.

- De novo? É chato ficar segurando o gelo.

- Vamos lá pra casa que eu cuido de você e amanhã estará bom.

- Estou a fim de ficar aqui e amanhã já vai estar melhor.

- Deixa de ser criança e vamos lá pra casa, isso precisa ser tratado.

- Tem certeza que se eu for vai melhorar?

- É claro que sim, lá você vai se forçar a cuidar disso aí.

- Então vou pegar minhas coisas e deixar um bilhete para os meninos.

- Faça isso é para o seu bem.

- Você chegou tão brabo que nem me deu um beijo.

- Estou chateado com você.

- E quer me levar pra sua casa?

- Quero, vai se arrumar, precisamos tratar isso logo, senão o Breno vai pirar com você.

Ele foi muito cruel comigo, nem me deixou explicar.

- O Breno é assim, já vai se acostumando.

- Não gostei muito da maneira como ele me tratou.

- Para de ser infantil e encara os problemas de frente, você não teve culpa pelo que aconteceu, mas deveria ter tomado uma atitude, porém não fez nada.

- O que você queria que eu fizesse, tenho medo do cara.

- Se você o denunciasse da próxima vez ele pensaria duas vezes antes de te agredir.

- Pra você é fácil, essas coisas não acontecem contigo.

- É claro, enquanto você bancar o menininho indefeso isso sempre vai acontecer com você.

- E o que você quer que eu faça?

- Tem que se impor Sandro.

- Ah... Quer saber de uma coisa, não vou mais pra sua casa.

- O que está acontecendo com você? Vai bancar o garoto mimado e birrento, cuidado... Essa fase já passou.

- Você é um idiota se pensa que vai comandar minha vida.

- E você mal agradecido, fica ai com suas manhas, agora sou eu que não quero você lá em casa.

Ele saiu, estava com tanta raiva que na hora não dei importância pra atitude dele.

Peguei uma compressa de gelo, deitei no sofá, liguei a tv e fiquei ali pensando o quanto tinha sido injusto com Juliano.

Levantei e fui tomar banho para depois ir a casa dele e resolver aquele mal entendido. Sai do banheiro enrolado numa toalha e dei de cara com Marcelo, a porta do quarto dele estava aberta, assim que me viu me olhou de cima a baixo como se me analisasse.

- Porque você está me olhando? Perguntei receoso.

- Nada não, você vai sair?

- Sim, vou à casa do meu primo Juliano.

- Ah... O que houve no rosto?

- Uma briga na escola.

- Isso acontece agora me dá licença vou estudar.

- Claro... Bom estudo.

- Obrigado!

Ele fechou a porta do quarto e dessa vez foi mais educado, até falou comigo, mas era estranho vê-lo me tratando de forma tão fria, nem parecia o mesmo cara de antes.

Peguei um ônibus e fui até o apartamento do Juliano, chegando lá o porteiro me anunciou e liberou minha entrada. Do corredor ouvi vozes e pensei em voltar, mas eu tinha ido lá para me desculpar e também seria uma visita rápida.

Toquei a campainha e ele veio me atender.

- Oi, ouvi vozes do corredor, está com visitas?

- Minha irmã e uma amiga dela.

- Não quero atrapalhar, volto outra hora.

- Elas não vão demorar você pode ficar.

Entrei e ele me apresentou como primo para a outra garota. A irmã dele já me conhecia, neste dia ela estava com a filha, uma gracinha estava brincando com uma boneca no tapete da sala.

Fiquei perdido entre elas, na verdade totalmente estranho apesar de Rosane ser irmã do Juliano achei esquisito ela estar acompanhada de uma garota para visitá-lo. Elas não demoraram muito porque ele disse que precisava estudar e logo saíram.

Mudou de opinião e resolveu sair de casa?

- E você? Disse que não me queria aqui.

- Foi coisa de momento. A verdade é que não consigo ficar longe de você por muito tempo.

- Me desculpe você tinha razão, às vezes eu sou um pouco infantil mesmo.

- É infantil e mesmo assim continuo amando.

Fui ao encontro dele o abracei e trocamos um beijo.

- Você não tem que estudar?

- Tenho, mas também posso cuidar de você, não quero que o Breno te mande embora sem ao menos ver seu trabalho.

- Será que ele faria isso?

- Faria, pode acreditar e também precisamos tomar uma providencia quanto a sua segurança.

- O que você fez?

- Por enquanto nada, não vou me meter na sua vida sem o seu aval.

- Eu acho que não corro nenhum perigo, esses ataques do João Pedro é só porque ele quer mostrar quem tem poder na escola e a partir do momento que ninguém der ouvidos a ele tudo se acalma.

- Você tem certeza? Eu posso falar com a tia Joana ela é professora e pode conversar com a diretora sem delatar o colega se você quiser.

- Me deixa cuidar desse problema, preciso aprender a tomar decisões e resolver meus problemas por conta própria.

- Eu te entendo, sei como é esse orgulho que temos e se precisar de ajuda não fique sofrendo calado, conte comigo e me mantenha informado.

- Enquanto você estuda vou ficar deitado no sofá assistindo tv e tratando meu rosto.

Não comentei com ele sobre o beijo, era algo desnecessário, pois só traria brigas e confusões e não queria me afastar dele.

Nesta noite dormi na casa dele, Juliano me fez focar no tratamento do meu rosto e por isso fiquei agradecido, pois no dia seguinte já estava bem melhor.

Pela manhã ele me levou a republica a tempo de trocar de roupa, pegar meu material e ir para o colégio. Neste dia fui mais cedo e não avistei o João Pedro, ele sempre chegava mais tarde ou atrasado.

Naquela manhã ele não apareceu na aula, fiquei aliviado e a tarde consegui chegar no trabalho com o rosto bem melhor que no dia anterior.

Cheguei e o Breno já veio ao meu encontro, gelei só de imaginar o que ele ia falar ou se me dispensaria como Juliano comentou.

- Boa tarde Sandro.

- Boa tarde, será que hoje eu posso começar?

- Pode começar sim, não falei que hoje você estaria melhor.

- Você tinha razão, obrigado! Mais ou menos já sei meu trabalho, mas preciso saber qual é a rotina.

- Bem observado, faço questão de eu mesmo te ensinar e quero que faça exatamente como vou explicar. Não esqueça que o seu atendimento é a porta de entrada da academia, então em primeiro lugar tratar bem os clientes, seja sempre educado.

Naquela tarde, ele ficou o tempo todo ao meu lado explicando como eram preenchidas as fichas dos alunos no computador, o sistema de cobrança, marcação de reavaliações, desempenho de cada aluno, enfim tudo ficava armazenado. Gostei do trabalho e também pude constatar que o Breno era um cara rigoroso, mas também era um sujeito bacana principalmente quando fazíamos as atividades como ele desejava.

- Quando você não entender me chama que eu venho te ajudar, não faça coisas erradas porque podemos ter consequências graves. Não esqueça que estamos lidando com a saúde das pessoas.

- Pode ficar tranquilo, vou ter o máximo de cuidado.

- Eu li seu currículo e gostei muito, apenas cuida para não acontecer imprevistos como o de ontem.

- Vou tentar, não sou de brigas e ontem aconteceu porque fui atacado por um colega na escola, mas que agora não vem ao caso.

- Isso mesmo Sandro, seus problemas particulares ficam da porta da academia pra fora.

O tempo passou e eu nem vi de tão empolgado que fiquei no trabalho. O Breno me deixou bem à vontade para executar o serviço embora estivesse sempre por perto observando tudo.

Teve um momento que chegou um cliente para dar informações sobre preço e funcionamento da academia, confesso que fiquei nervoso embora já tivesse experiência. A presença do Breno me intimidou um pouco, mas foi tranquilo. O cara saiu sem fazer a matrícula, porém logo depois retornou com os documentos e o dinheiro pra pagar a primeira mensalidade.

Fiquei feliz da vida era a minha primeira conquista, percebi que o Breno ficou contente embora não demonstrasse, ele agia assim era seu jeito.

Tudo estava indo muito bem quando entrou na academia Juliano acompanhado por Augusto, eles conversavam distraídos parecia que discutiam algum assunto, não pude dar muita atenção, pois o Breno estava ao meu lado de olho no meu trabalho.

Tão logo entraram se dirigiram a recepção, cumprimentaram a mim e ao Breno e depois foram para os aparelhos.

Quando terminou meu horário de expediente, encontrei com Juliano assim que saí da academia.

- Quer uma carona até a república?

- Fica contramão pra você.

- É perigoso pegar ônibus essa hora.

- Tenho que me acostumar essa será minha rotina daqui pra frente.

- Aceita?

- Aceito, mas antes a gente podia passar na sua casa.

- Gostou da hospedagem da noite passada?

- Da noite passada não, por isso quero voltar pra resolver algo que temos pendente.

- Então vamos, estou curioso pra saber o que é.

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