Acordamos meio tarde, o sono estava tão bom que não deu para evitar, Alisson aproveitou a cozinha para preparar algo para comermos, depois de comer tomei um banho rápido escovei os dentes e fiquei esperando ele se arrumar, aproveitei para conferir meu celular, Rayssa havia me mandado uma mensagem falando que tenho que me preparar que em casa a batalha vai ser intensa, minha mãe continua bem puta da vida comigo e para piorar Rayanne é quem está colocando pilha, nem sabia que minha irmã mais velha era tão homofobia.
Ele me deixou pilotar a moto até a saída da cidade, de lá em diante ele teve que assumir, pois poderia ter fiscalização na estrada, queria ter ido a praia, mas Alisson tem uns trabalhos que precisa terminar, se tivéssemos ido ele chegaria muito cansado em casa, então preferimos voltar cedo, chegamos quase duas horas em casa, tomamos um banho juntos, aproveitei para namorar bem muito de baixo do chuveiro, depois ele foi pro computador trabalhar e eu fui dormir um pouco.
Acordei com um cheiro bom, era quase quatro da tarde, Alisson havia comprado umas coisas para o café da tarde e feito café do jeitinho que gosto, não resisti e fui para cozinha estragando a surpresa, ele queria levar café na cama para mim, fofo, sentei com ele para comer, Alisson me parece mais animado, pergunto o que ele tem para está tão sorridente.
— As coisas estão boas, só isso, descobri que dava para pegar ainda trinta por cento de reembolso da viagem, tinha uma cláusula que não tinha lido antes, também finalmente recebi um retorno do cerimonialista de onde iriamos dar a festa e a dona do buffet resolveu dar o reembolso porque conseguiu agendar outro evento para o dia marcado.
— A que coisa boa.
— Sim, no final meu prejuízo foi menor do que o esperado. — Ele fala.
— Fico feliz por você.
— Foi melhor assim, não queria me casar e se tivesse esperado mais tempo o divorcio teria sido bem mais doloroso eu acho. — Ele fala pensativo.
— Ela e seu irmão estão juntos agora?
— Aparentemente sim, nem sei se vai durar e quer saber eles se merecem, espero que se casem e sejam felizes. — Ele fala e o beijo por ser uma pessoa tão evoluída, diferente de mim.
— Tá pensando em perdoar o Anderson? — Pergunto com cautela.
— Não, eu queria, mas toda vez que penso nisso me sinto mal, eles me enganaram, por que não foram honestos comigo, se eles se gostavam desde antes, não consigo entender o motivo de terem me feito de trouxa, de terem rido de mim esse tempo todo.
— Você nunca desconfiou?
— Nem tinha como, mas acho que o fato de está acomodado com o que tínhamos me cego, consigo entender o porquê dela ter feito isso, já não dava atenção a ela como antes, não que isso justifique, porém o Anderson ele é meu irmão, o cara me traiu debaixo do meu nariz, isso nunca vou ser capaz de entender.
Alisson volta a trabalhar e vou procurar algo para assistir, vejo uns episódios da segunda temporada de “Tensei Shitara Slime Datta Ken” que ainda não tinha assistido, estou vendo no celular mesmo já que ele está usando o computador, uma mensagem chega e vejo a Mônica me chamando para comer pastel a noite em um lugar novo que abriu na cidade, acho interessante as fotos do insta que ela me manda, não sei que Alisson vai se importar se eu for então achei melhor falar com ele.
— Amor, Mônica está me chamando para jantar pastel em um lugar novo que abriu.
— Que bom, melhor que você faz algo com ela antes de ir. — Ele fala com sua atenção no computador, não vou reclamar porque é trabalho.
— Você se importa?
— De forma alguma Renan, nem poderia, por mais que eu ame ter você só para mim vai ser bom você sair um pouco. — Agora ele olha para mim com um sorriso lindo.
— Já falei que eu te amo? — Sento no colo dele o beijo.
— Não o suficiente. — Ele brinca devolvendo meu beijo. — Não vou sair, isso aqui está mais amarrado do que pensei, então pode levar a moto. — Ele diz.
— Está falando sério? — Estou surpreso.
— Não tem fiscalização aqui dentro e o pessoal conhece minha moto então está tranquilo. — Ele fala me beijando de novo e voltando para o trabalho.
— Tudo bem, vou deixar você trabalhar, te amo.
— Te amo mais. — Ele responde.
Confirmo com Mônica e até me ofereço para buscá-la, já que vou está de moto, ela fica toda animada com a carona então combinamos a hora e os detalhes, vou me arrumar e vejo no maps o endereço dela, já que nunca fui até a casa dela e não sei andar aqui no interior, se Alisson confiou de me deixar sair com a moto sem ele é que realmente estou pilotando bem, foi bem fácil aprender na verdade, deve ser um dom natural.
Na hora marcada paro a moto na frente da casa da Mônica, as vizinhas na calçada já começam a pôr reparo e cochichar entre si, minha amiga nem dá confiança, e ainda para provocar sobe na moto e se agarra em mim, estamos rindo das fofoqueiras, Mônica tem um estilo gótico emo que se destaca com toda certeza, não tem muitas pessoas que aderiram essa moda por aqui, então a acho muito corajosa de ser quem ela é sem se importar com o que as pessoas acham.
Chegamos no lugar e realmente é como nas fotos é bem instagramavel como diz ela, depois de fazermos nossos pedidos ela me fez tirar umas fotos suas em todos os lugares possíveis, é meio estranho ver ela toda de preto e com um sorriso de patricinha nas fotos, pensei que os góticos não rissem para fotos.
— Sou uma gótica feliz por em breve comer um pastel de 45cm.
— Faz sentido.
— Então, qual é a da moto?
— Alisson disse para vir nela, ele está trabalhando nos freela dele, provavelmente não queria ter que parar para me deixar e buscar.
— Esperto ele, e ainda vai ganhar uma janta do maridinho quando chegar em casa. — Ela fala tirando uma comigo, porque fiz um pedido para levar para ele.
— Para garota. — Falo meio sem jeito.
— Se bem que Alisson tem uma cara de que vai querer mais do que só o pastel.
— Sério, você não tem jeito né. — Falo rindo da forma que ela falou.
— Que foi? Estou feliz que pelo menos um de nós está transando com macho gostoso.
— Você não se importa mesmo de eu estar com um cara?
— Renan no máximo sinto inveja porque você pegou o maior partido da cidade praticamente, Alisson é um gostoso, educado, com um bom emprego e fiel.
— Agora que você falou, não tinha parado para pensar nisso.
— Amigo, se você não fosse bi, teria virado no momento em que ele lhe arrochou pela primeira vez.
— Tá você vai me deixar sem jeito assim.
— Só tô te zoando relaxa.
— Você terminou mesmo seu namoro?
— Amigo as coisas lá na casa dele estão bizarras de mais e nunca pensei que ele fosse ser tão homofobico, ele ainda quer dar uma surra no John, fora alguns nomes daquela lista que ainda estão procurando por ele, meu palpite é que essa hora ele já esteja na capital ou em outro estado se ele for esperto.
— Loucura isso né, dele ter fugido assim. — Falei.
— Nem me fale, loucura mesmo.
— Ah, mas você quer saber o que é loucura de verdade?
— Claro que quero. — Ela fala caindo mais seu corpo sobre a mesa.
— Anderson está junto com a Carolina agora. — Sussurro para que só ela escute.
— Amigo estou passada, não creio que esse cara não para de surpreender.
— Nem sei o que aconteceu, só sei que eles estão ficando.
— Amigo do céu, o que o diabo uniu ninguém separa. — Ela fala rindo.
Só que a risada dela não dura muito tempo, quando vejo Anderson chegando na pastelaria com a própria Carolina, engulo em seco, ele está usando a moto do pai dele, já que a dele foi vendida, assim que eles desceram da moto ambos avistaram a moto do Alisson, não que seja uma moto discreta, já que ela é uma NXR Bros 2018 azul com preto — sei o nome porque ele me disse outra vez — percebo os olhos de águia da Carolina procurando por ele, Anderson finge não dar muita importância, porém sei que ele também está procurando pelo irmão.
Ele é o primeiro a nos ver, depois Carolina nos avista também, por um segundo penso que eles vão vir encher nosso saco, mas pelo jeito não querem discutir também, vão os dois para outra mesa, Mônica não consegue conter o riso, já eu estou um pouco tenso, olho para ela que não entendi muito bem o motivo de meu nervosismo.
— Amigo eles pensam que o Alisson está aqui, então vão ficar bancando o casal feliz a toa, por isso estou rindo. — Finalmente entendo o motivo da felicidade dela.
— Você é uma garota maquiavélica. — Falo rindo do ponto levantado por ela.
— Eu não armei nada, só estou curtindo.
— E o que acontece quando eles perceberem que Alisson não está?
— Vamos ter que esperar para descobrir, mas pelo que eu conheço do seu cunhado ele vai dar um verdadeiro piti achando que você pegou a moto do irmão dele para traí-lo comigo. — Ela fala e até que faz sentido.
— Não duvido que ele tente fazer isso, o que é meio ridículo até, não sou como ele.
— Amigo, para essa gente todos são iguais a eles é assim que é infelizmente.
E Mônica não poderia está mais certo, quando vejo meu celular tocando e é o Alisson, peço licensa a ela e atendo afinal pode ser importante ou ele pode está precisando da moto para fazer alguma coisa.
— Oi amor. — Falo.
— Amor está tudo bem? — Ele pergunta.
— Está sim, por que?
— Carolina mandou uma foto sua na pastelaria com a Mônica para mim pelo insta, ela fez uma conta nova só para isso e ainda me chamou de corno.
— Nossa bem que a Mônica falou que eles iriam fazer isso, vem cá ela pensa que eu pegaria sua moto escondido e viria trair você com um garota no meio de todo mundo?
— Não sei mais o que se passa na cabeça desse povo não amor, só liguei porque fiquei preocupado que ela pudesse ter ido fazer confusão ai com você.
— Não, ela e o Anderson estão sentados na mesa deles, tanto que nem vi eles tirando foto.
— Não te falei. — Mônica fala.
— Loucura. — Digo.
— Tá, se eles fizerem algo me liga tá bom.
— Pode deixar que sei me cuidar amor, te amo viu, já estamos comendo aqui vou já para casa.
— Sem pressa, estou terminando aqui ainda, também te amo se cuida. — Alisson encerra a ligação.
Mônica é debochada então o que ela pode fazer para alfinetar ela vai e faz, esta rindo, tirando foto e estou me divertindo com as palhaçadas dela, Mônica foi um achado nessas férias assim como o Alisson é alguém daqui que pretendo manter em minha vida, comemos e peguei o pedido do Alisson, depois pagamos a conta e saímos, Anderson só faltou engasgar quando me viu subindo na moto do Alisson e dando o capacete para a Mônica, acredito que eles pensaram mesmo que Alisson iria aparecer, espero que eles não tenham ficado esse tempo todo esperando em vão, seria meio triste.
Deixei minha amiga e fui para casa, contei para o Alisson tudo o que aconteceu e até ele achou engraçado, também gostou de eu ter lembrado dele e trago sua janta, o pastel desse lugar é mesmo divino, meu amor teve que trabalhar até tarde, fiz companhia a ele até onde deu, mas quando o sono bateu tive que ir dormir, umas duas e meia senti ele deitando na cama e me abraçando e assim acabou meu vigésimo oitavo dia, atualizei minha lista de coisas que nunca fiz na vida com o item andar de moto sozinho.
