IDAS E VOLTAS [23] ~ Recaídas!

Um conto erótico de Sandro
Categoria: Gay
Contém 9393 palavras
Data: 02/01/2024 20:47:41

No dia seguinte pela manhã fomos para Aiuruoca, eram poucas horas de viagem, levei minha mochila, pois não voltaria com Juliano, teria que voltar para casa e enfrentar a situação que nem eu mesmo sabia se tinha solução, se bem que apesar dos problemas que estavam ao meu redor me chateasse, eu estava bem. As duas semanas que passei com Juliano foram ótimas, ele foi um grande amigo e me ajudou num momento muito difícil da minha vida e com certeza ele tinha um lugar especial no meu coração, mas eu ainda não me sentia preparado para começar um novo relacionamento, sabia que com ele as coisas seriam diferentes e se tivesse que acontecer algo entre nós seria como disse a ele mesmo, tinha que ser algo marcante.

Eu tinha uma grande admiração por ele, sabia enfrentar as adversidades da vida sem se entregar a depressão e ao sofrimento. Perdeu os pais com apenas cinco anos de idade e morando com a tia conseguiu conquistar seu espaço mesmo ela tendo dois filhos biológicos. Passou por uma experiência frustrante com Augusto e nem por isso deixou de viver sua vida dignamente, eu o admirava pelo controle que exercia sobre seus sentimentos, era um cara centrado, sabia bem o que queria para sua vida pessoal e profissional, mas o que eu sentia pelo Juliano? Às vezes eu me perguntava, era um grande amigo ou eu já gostava dele e não tinha me dado conta que no fundo o amava e não queria admitir? Porque eu não conseguia me afastar dele mesmo o maltratando em relação ao amor que sentia por mim?

Chegamos à pousada que na verdade era num sitio, o Juliano tinha razão, o passeio seria maravilhoso, o lugar transmitia muita paz e tranquilidade.

- Que lugar lindo!

- Eu pensei onde iniciar o ano novo com você, não estava a fim de festas, fogos, gritaria, então eis esse paraíso, gostou?

- Amei, é lindo.

- Eu gosto muito daqui e tinha certeza que você ia gostar.

- Recém cheguei, mas já adorei.

- Vai gostar mais ainda quando visitarmos uma cachoeira que tem aqui perto.

Fomos bem recebidos na pousada, mesmo sendo final de ano, neste dia tinham poucas pessoas, Tiago e Paula chegariam mais tarde.

Juliano levou duas bicicletas para andarmos, tão logo nos alojamos na pousada, ele me convidou para dar uma volta e eu aceitei. Foi legal e bem cansativo, pois não era uma pista de asfalto, era chão batido, apesar de tudo foi divertido, deu para queimar muitas calorias.

Enquanto andávamos passamos por uma lavoura onde tinha um senhor arando terras com junta de bois, eu já tive esse contato com a terra quando era criança e por um breve momento me lembrei dos meus tempos de infância que minha mãe ia visitar minha tia que morava numa chácara.

Quando visitei o Lucas no sítio não cheguei a ter contato direto com alguém trabalhando na terra, achei muito legal e até parei de andar de bicicleta para olhar o senhor fazendo sua empreitada.

- O que foi, cansou? Perguntou Juliano voltando onde eu estava.

- Não, estou vendo esse senhor trabalhando.

- Você gosta do contato com a terra?

- Amo, até lembrei quando meus pais visitavam minha tia, às vezes eu passava as férias na companhia dela.

- Vamos voltar, daqui a pouco é o almoço.

- E eu estou faminto.

- Comidinha feita no fogão à lenha, que tal?

- Adoro, obrigado por me presentear com esse passeio.

- Não me agradeça, tenho certeza que um dia você vai me levar num lugar bem bonito.

- Anota na agenda, disse rindo.

Fomos para a pousada e logo serviram o almoço, estava divino e muito gostoso. A cozinheira sabia como agradar, não tinha nada demais, porém ela fazia com carinho, a gente sentia isso ao conversar com ela, sempre muito agradável, falava com tanto amor que não tinha como não gostar da comida dela, era tudo muito simples, arroz, feijão, galinha caipira e saladas variadas, dava para escolher a vontade.

No final da tarde Tiago e Paula chegaram e ficaram na mesma pousada em que estávamos, assim que chegou ele veio logo querendo saber como eu estava. Já nem sentia mais nada, até havia esquecido que tinha passado mal, mesmo assim ele e Juliano tiveram uma longa conversa.

Enquanto eles conversavam aproveitei para falar com Paula e saber das novidades.

- Como estão às coisas por lá?

- Você quer saber do Roger ou da Aline?

- O Tiago contou tudo a você?

- Sim, eu acho que você está melhor agora.

- Como assim? Não entendi.

- Você ainda não percebeu como o Juliano te cuida?

- Eu sei, ele não esconde que gosta de mim, mas eu não sei se gosto dele e não quero magoá-lo.

- Isso é importante, mas você tem que seguir sua vida sem o Roger.

- Eu nem perguntei ao Tiago como foi o noivado?

- Acho que você agiu certo, pra que se machucar sem necessidade?

- É mais forte do que eu. Preciso saber e você é a pessoa ideal para me contar já que o Tiago não me responderia.

- Não tem muito que dizer, você tem que olhar para frente e só o tempo lhe dará as respostas que quer hoje.

- Como foi Paula?

- Vou dizer por que gosto muito de você e sei que vai ficar insistindo, mas depois esquece isso e curte a companhia do Juliano que está te fazendo bem.

- Diz logo, estou curioso.

- Os dois pareciam muito felizes, fazendo planos para o bebê e tem mais uma coisa. Acho que você não vai gostar.

- O que?

- Após o casamento eles vão morar em Belo Horizonte, Roger falou com seus pais e Aline já aceitou, inclusive já está fazendo planos de fazer a transferência para trabalhar numa escola na capital.

- Porque isso?

- Roger disse que o pai vai ajudá-lo a montar uma academia e vai fazer faculdade de educação física.

- Não é possível, será que ele nunca vai me deixar em paz?

- Ele está formando uma família com Aline, ela está muito feliz e ele também parecia bem animado, achei que Aline estivesse forçando a barra, mas não foi o que me pareceu.

- Acredita que ele me ligou na noite de natal?

- No dia do noivado?

- Sim, ligou e disse que estava com saudades e quer falar comigo quando voltar.

- Não é possível, não consigo imaginar o que se passa na cabeça dele. O Tiago sabe disso?

- Não, só o Juliano está sabendo.

- Posso saber o que os dois tanto conversam? Questionou Tiago chegando perto de onde estávamos.

- Vocês estavam de segredinhos e nós estávamos colocando os assuntos em dia.

- Fiquei sabendo de algumas novidades, inclusive que até já se matriculou numa academia.

- Pelo visto o papo de vocês rendeu bastante.

- Foi ótimo, disse Juliano sorrindo.

- Ontem acompanhei o Juliano na academia e o pessoal foi muito legal comigo, foi ai que decidi fazer minha matricula para iniciar após a mudança.

- Estou gostando de ver essa coragem, mas depois temos que conversar.

- Acho que até já imagino o que seja.

Tiago olhou para Paula com olhar repreendedor, mas nada mudaria meus planos, demorei a me decidir pela mudança e agora não tinha volta.

À noite um senhor pegou o violão e tocou uma moda de viola. Eu estava adorando aquele clima de interior, não se ouvia um movimento de carro, apenas o som da natureza.

Após o jantar fomos para área de lazer, sentamos em cadeiras de praia e ficamos por muito tempo contemplando a escuridão da noite e o céu estrelado.

Combinamos de no dia seguinte visitar uma das cachoeiras e depois fomos dormir. Tiago e Paula ficaram num quarto de casal e Juliano e eu em quartos de solteiro.

No dia seguinte, seis horas da manhã, Juliano bateu na porta do meu quarto.

- Posso entrar?

- Pode, falei sonolento.

- Vamos ao curral olhar o pessoal tirando leite das vacas?

- Essa hora?

- Tem que ser agora, é o horário que eles tiram leite.

- Ah Juliano, estou com preguiça.

- Vamos, por favor, ele pediu com tanto carinho que não tive como negar.

Finalmente ele me convenceu e fomos. O dia estava clareando e o movimento dos trabalhadores no sítio já era intenso.

Chegamos ao curral e tinha um senhor sentado num banquinho tirando leite da vaca, ele usava as duas mãos com habilidade.

O senhor nos viu e chamou Juliano para experimentar tirar o leite, no início foi engraçado, não saía nada, depois ele deu umas dicas e no final Juliano tirou uma caneca de leite, a qual ele pediu para beber. Não achei que tivesse coragem de tomar o leite sem ferver, mas ele tomou.

Depois foi minha vez de experimentar, no início não saiu nada e o senhor me explicou com toda paciência como tinha que manusear a mama da vaca para sair o leite. Tirei um pouco e cansei, doeu meu braço e parei. No final ele me ofereceu o leite. Assim como Juliano eu também tomei, mas me pareceu estranho e eles ficaram rindo da minha cara de desconfiança.

Após sairmos do curral fomos até uma grande plantação em canteiros, era uma horta orgânica, fiquei encantado sobre o cuidado com as verduras, me chamou atenção à forma como tudo era tratado, inclusive o jeito de aguar as plantas.

- Que linda essa horta!

- Gostou?

- Tudo muito saudável.

- Você nem viu nada ainda, espera para ver quando chegar à cachoeira meu peixinho.

- Pela sua empolgação deve ser linda.

- É sim, eu tenho certeza que você vai gostar.

Ele me deu um abraço, achei que fosse me beijar, mas tinha um senhor cuidando da horta e nos afastamos.

- Vamos voltar, acho que há essa hora Tiago e Paula já acordaram.

Voltamos para a pousada e eles já estavam nos aguardando para tomar café. O café também era simples, mas bem caprichado, pão de queijo feito na hora com um cafezinho quente, também tinha chocolate e leite à vontade.

Logo após o café fomos até a cachoeira, o caminho era por trilhas e algumas partes nós andamos no meio da vegetação, era lindo embora tivesse que andar um pouco.

Finalmente chegamos a uma cachoeira linda, Tiago e Paula logo se empolgaram e já foram entrando na água.

- Que tal? Perguntou Juliano, seu sorriso estava estampado no rosto.

- Isso aqui é mágico.

- Um dia eu quero vir aqui só com você

- Não está gostando da companhia do Tiago e da Paula?

- Estou, mas não é igual quando estamos sozinhos.

- Já deu pra perceber que esse lugar é especial pra você.

- Se eu tivesse dinheiro suficiente queria exercer minha medicina num lugar assim, só fazendo pesquisas em meio a essa natureza, aqui tem muitas plantas que podem ser usadas como medicamentos.

- Eu acho lindo, mas não sei se moraria aqui.

- É uma diferença grande para Belo Horizonte, mas o que eu mais gosto aqui é meditar sobre a vida.

- Como você descobriu essa cidade?

- Eu vim com alguns amigos e me apaixonei por tudo aqui, esse lugar tem uma energia especial.

- Vou me esbaldar nadando nessa água.

Fomos para água, estava fria, mas estava gostosa. Juliano e Tiago sentaram nas pedras, próximo de onde tinha uma queda d’água e ficaram ali.

Aproveitei para nadar um pouco, era uma piscina natural. Nadei, brinquei até cansar, nem percebi que Tiago e Paula já não estavam mais ali. Na pedra estava apenas o Juliano sentado e pensativo, fui até ele e sentei ao seu lado.

- O que houve, ficou triste?

- Estou pensando na vida.

- Coisas boas ou ruins?

- De repente fiquei me perguntando por que as coisas são tão difíceis pra mim?

- Nem sempre as coisas saem como a gente espera.

- Amanhã você vai embora e a minha vida volta a ser a mesma chatice de sempre.

- Não pensei que você tinha essas crises existenciais.

- Às vezes é bom a gente ter, para estar preparado no momento do tombo.

- Quando estiver precisando de um amigo me liga, eu sempre estarei pra você.

- Mudou de opinião ao meu respeito?

- Em poucos dias você me mostrou um Juliano que eu não conhecia.

- Mas não foi o suficiente pra você gostar de mim.

- Eu gosto de você, mas...

- Não me ama, eu já entendi.

- Amanhã vamos fazer um passeio a cavalo.

- Eu adoro, quando fui ao sitio do pai do Lucas, matei a vontade.

- Me fala sofre o Lucas.

Falei pra ele como conheci o Lucas e como ele se tornou um grande amigo e agora íamos dividir o aluguel da mesma casa.

- Ele já conseguiu mais do que eu.

- Até pode ser, mas foi um erro e isso não voltará acontecer novamente.

- Vocês vão ficar aí, gritou Tiago.

- Vamos embora está ficando tarde disse ele triste.

À noite foi o réveillon, gostei demais, diferente de tudo que eu já tinha sentido, poucas pessoas e a tranquilidade daquele lugar. O mesmo senhor que tocou violão no dia anterior se apresentou novamente.

A meia-noite na hora da virada, trocamos abraços e comemoramos com champagne.

- Maninho feliz ano novo! Esse ano será de grandes mudanças, mas uma coisa é certa, estaremos sempre juntos, disse Tiago me abraçando.

- Feliz ano novo e que nossa amizade sempre se renove.

- Feliz ano novo cunhado! Vou torcer muito por você nessa nova etapa que vais começar.

- E eu quero saber quando sai esse casamento?

- Não demora muito, disse Paula me abraçando.

- Acho que também posso dar um abraço de ano novo, disse Juliano de braços abertos.

- Deve.

- Feliz ano novo meu menino, você tem me mostrado muitas coisas novas e tem dado um brilho a mais na minha vida.

- Você também é muito especial pra mim, o abracei e ficamos por um longo tempo abraçado.

- Aconteça o que acontecer, nunca vou te abandonar, eu te amo!

Retribui seu abraço e depois nos juntamos ao Tiago e a Paula que estavam aos beijos comemorando a chegada do ano novo.

No dia seguinte pela manhã fomos fazer a cavalgada, matei a vontade de andar a cavalo e quando retornamos já estávamos cansados.

Almoçamos e após o almoço chegou a hora da despedida, sentiria falta do Juliano, mas eu tinha que voltar para casa.

- Quando eu te vejo novamente?

- Acho que só depois da mudança.

- Tanto tempo assim? Não consigo resistir vou atrás de você na sua casa, disse ele rindo.

- Será bem recebido pode acreditar.

- Disso eu sei.

- Vou sentir saudades da sua companhia, disse ele baixinho.

- Me liga ou fala comigo pelo msn.

- Vou te procurar todo dia com certeza.

- Eu tenho que ir agora.

- Deixa eu te dar um abraço.

- Nem precisa pedir.

Ele veio ao meu encontro, me abraçou forte e depois nos afastamos.

Durante o trajeto para casa foi um tédio, tentei dormir, mas não consegui, fiquei pensando que precisava fazer algo para convencer Aline da burrada que estava cometendo, também tinha que falar com Diego, esse era mais difícil, não sabia nem o dia que ele retornaria das férias.

No dia seguinte fui falar com minha irmã, ela estava de férias e por isso ficava em tempo integral em casa. A primeira coisa que notei em seu dedo foi uma aliança dourada, indicando que o noivado dela com Roger não foi brincadeira.

- Oi Aline, posso falar com você?

- Oi mano, como foi o passeio e a tia, o tio como estão?

- Estão bem e você?

- Estou bem, essa semana tenho médico, acho que ainda é cedo, mas quero ver se já descubro se é menino ou menina.

- Que bom, tomara que esteja tudo certo com seu bebê, mas eu quero falar outra coisa com você.

- Eu também quero falar com você, tenho muitas novidades.

- O Tiago e a Paula já me contaram algumas.

- Então eles devem ter contado que também vou morar em Belo Horizonte.

- É sobre isso que eu quero falar com você.

- Não é incrível, e pensar que eu era contra sair daqui.

- E porque mudou de ideia tão rápido?

- Ah, eu percebi que o Roger estava cometendo uma grande burrada em não se aproximar do pai, falei com dona Vera e ela me aconselhou a convencê-lo aceitar ajuda dele.

- E você aceitou numa boa?

- Nós vamos precisar de ajuda por causa do bebê.

- Eu tenho medo de você se dar mal nessa relação com Roger.

- Porque você diz isso?

- É que o Roger você sabe, ele gosta de relacionar-se com homem também.

- Ele voltou a te procurar?

- Não, porque não permiti, mas isso não o impede de ficar com outro cara.

- Eu sei disso, mas o importante é que ele sempre volte pra casa.

- E você vai aceitar isso?

- Eu aceito, porque lá na rua é apenas uma satisfação pessoal e comigo é tudo que ele procura lá fora e nunca vai encontrar.

- Não pensei que você tinha a mente tão aberta assim?

- As coisas são assim, se você pensa que vai ser prioridade na vida de alguém é um ledo engano.

- Antes de conhecer o Roger você não pensava assim?

Eu era muito sonhadora e tolinha, nossa mente tem que estar propensa a mudanças.

- Estou surpreso, não pensei que ele tivesse tanta influência sobre você.

- No início da minha relação com Roger eu não conseguia entendê-lo, mas depois fomos conversando e percebi que ele tinha razão.

- Penso diferente, mas tudo bem, eu não vou me meter na relação de vocês, já estou em outra.

- O Diego né?

- Ele é muito legal comigo.

- Eu já pedi para o Roger parar de reclamar com ele, os dois são irmãos embora de pais diferentes, mas pertencem à mesma família.

- Você tem razão.

Nem continuei meu assunto com Aline, infelizmente o Roger já tinha feito à cabeça dela e nada mudaria sua opinião.

Decidi tomar um banho e ir para o mercado trabalhar, quando estava quase pronto, meu telefone começou a chamar, a ligação não era de telefone celular, nem conhecia aquele número, pensei no Diego e atendi.

- Alô!

- Estou esperando por você aqui na esquina.

- Quem está falando?

- Sou eu, o Roger, não lembra mais de mim?

- O que você quer, hein?

- Falar com você e não demora.

- Cara, eu nem estou em casa.

- Eu sei que está, acabei de falar com Aline e ela me disse que vocês estavam conversando.

- E você disse a ela que queria falar comigo?

- Estou aguardando e não demora.

- Eu não vou.

- Vem sim, sei que você está louco pra falar comigo.

Eu pensei, vou, não vou, se eu for poderei dizer a ele tudo o que penso, se eu não for vai ser melhor, não queria contato com ele, na verdade preferia que Roger nem existisse mais na minha vida, tinha que esquecer que ainda gostava dele.

Depois de muito pensar, o coração falou mais alto e fui ao encontro dele, encontrei-o numa rua atrás da minha casa, ele estava no carro e me aguardava no veículo que estava estacionado na calçada.

- Oi! Falei com ele ao lado da porta do motorista.

- Faz a volta e entra no carro.

- Não precisa, podemos falar aqui.

- Deixa de ser criança e entra nesse carro.

Entrei, seria chato conversar ali na rua, já não era bem visto pelas pessoas e se me vissem conversando com Roger seria um prato cheio para os fofoqueiros da cidade.

- Está diferente, pelo visto essas férias fizeram bem a você.

- Foram maravilhosas.

- Imagino que você se divertiu muito, disse ele com um sorriso sarcástico.

Roger saiu com o carro em direção a saída da cidade e eu não gostei daquilo.

- Onde você está me levando?

- Num lugar para conversarmos a vontade, disse ele apertando minha perna com sua mão, à primeira coisa que notei foi à aliança brilhando em seu dedo, em seguida o afastei.

- Não quero sair da cidade, gritei com ele.

- Se acalme nós vamos conversar, disse ele ríspido.

- O que temos para conversar pode ser dito aqui no carro, isso que você está fazendo com Aline é uma loucura cara.

- Loucura por quê? O que você sabe da minha vida pra dizer o que é certo ou errado?

- Eu sei que você gosta de homens e não tem coragem de assumir-se.

- Para de falar merda, você não sabe nada da vida.

- Sei o suficiente pra saber que você vai fazer minha irmã sofrer.

- Viu como ela está feliz? Então você pensa que sabe das coisas, mas não sabe.

- O que eu tinha pra dizer já foi dito agora me leva pra casa.

- Você nem ouviu o que tenho a dizer.

- E nem desejo ouvir, não quero me meter na sua relação com Aline.

- Agora você disse uma coisa certa, não deve se meter porque eu não admito.

Tão logo saímos da cidade chegamos num galpão grande que ficava à beira da estrada, ele abriu o portão automático e entrou.

No lugar tinham algumas máquinas agrícolas e toda aparelhagem para uma oficina mecânica, era uma extensão do trabalho dele.

- Desce do carro e vem comigo, vou passar um café para nós, disse mais calmo. Eu também já estava mais tranquilo.

Ele desceu, fechou o portão, foi até o banco de trás do carro e pegou uma sacola com mantimentos.

- Não quero café.

- Não vai me acompanhar? Porque tanta rebeldia?

- Porque você me trouxe aqui?

- Não se faça de desentendido, eu já falei que nós vamos conversar e você vai me ouvir de qualquer jeito.

- Então fala logo, quero voltar pra casa.

- Você gostava tanto da minha companhia, o que aconteceu pra ficar assim?

Ele conversava comigo e fazia o café numa cozinha que tinha nesse galpão. Era equipada com fogão, pia com água encanada, mesa e uma geladeira velha, mas funcionando perfeitamente.

- Aconteceu que conheci o verdadeiro Roger e você não me engana mais.

- Pois eu acho que você não me conhece.

- Conheço o suficiente pra não cair na sua lábia novamente.

- Você tem razão.

- É claro que tenho razão, você não vale nada.

- Eu errei com você.

- Errou e feio, mas aprendi a lição.

- Não era pra ter me afastado de você, fui burro, mas quero corrigir o meu erro.

- Você só pode estar brincando.

- Não é brincadeira, estou falando sério. Agora vamos tomar o nosso café em paz.

- Eu não quero nada.

- Ô meu sacaninha, fiz com tanto carinho, não faz essa desfeita comigo, disse ele aproximando de onde eu estava e tentando me abraçar.

- Não chega perto de mim.

- Só um cafezinho? Disse ele segurando na lateral dos meus braços.

- Já disse que não quero.

- Eu sei que quer, desde aquele final de semana que te vi com o Diego fiquei pensando nessa conversa, mas você fugiu de mim.

- Vou tomar o café pra você me deixar em paz e depois me leva pra casa.

- Está certo, toma o café e depois eu te levo pra casa.

Tomamos o café, era simples, pão francês, margarina, presunto, queijo e café com leite, embora estivesse com raiva dele, o lanche estava gostoso.

- Está mais calmo? Perguntou quando já estávamos terminando o lanche.

- Estou! Agora me leva pra casa.

- Primeiro vamos conversar civilizadamente.

- Não tenho nada pra conversar com você.

- Tem sim e eu já estava louco de saudade.

Ele levantou e ficou de joelhos no chão para ficar da minha altura que estava sentado.

- Para com isso Roger.

Fiquei nervoso pelo jeito que ele estava, levantei da cadeira e fiquei escorado na pia da cozinha, mas ele não ficou satisfeito e veio atrás.

- Me perdoa por eu ter te magoado meu sacaninha.

- Isso é loucura, agora você faz parte da minha família.

- Esquece isso, esses pensamentos só te fazem sofrer.

- É a verdade, você me deixou para ficar com minha irmã.

- Me desculpe, não queria ter terminado com você, estava perdido, indeciso e não sabia o que fazer.

- Foi bom, só assim conheci o verdadeiro Roger.

- Foi péssimo, você transou com Diego e deve ter transado com mais alguém nesses dias que esteve viajando.

- O que eu faço da minha vida não te interessa.

- Você está certo, o que passou ficou no passado e não me interessa saber, mas eu quero você pra mim.

- Ficou louco?

- Estou bem lúcido, vou pra Belo Horizonte com você e ficamos juntos.

- Esqueceu a Aline?

- O lance com sua irmã é diferente, ela vai ser a minha mulher e mãe do meu filho.

- E eu, o seu caso extraconjugal?

- Pare com esses pensamentos ultrapassados, você é livre pra fazer o que bem entender. A única coisa que eu peço é que não se afaste de mim.

- Você continua o mesmo egoísta de sempre, só pensa em si mesmo.

- Não é verdade, eu sofri muito com nossa separação.

- Não consigo pensar igual a você, é demais pra minha cabeça.

Você está magoado, mas eu sei que gosta de mim.

- De que adianta gostar, se você não está nem ai pra mim?

- Sou louco por você, isso não faz diferença?

- Não dá, você está com minha irmã.

- Esquece Aline, ela não está preocupada com isso, pense em si mesmo.

- Quero encontrar alguém que me ame de verdade.

- Eu te amo de verdade, é um sentimento puro, nunca fui de abrir meu coração pra ninguém, mas você é especial meu sacaninha.

- Então fica só comigo, vamos nos assumir, podemos até morar juntos em Belo Horizonte se você quiser.

- Assim não daria certo, o nosso lance é livre e prometo que nunca vai te faltar nada.

- A única coisa que eu quero é amor e isso você não tem por ninguém.

- Isso não existe. Você colocou esses sonhos bobos na cabeça só porque ouve os outros falarem, vai atrás de revistinha, novelinha de televisão, pura idiotice.

- Pode ser, mas é o que eu quero pra mim.

- Você me quer tanto quanto eu.

Ele se aproximou mais um pouco e me prensou contra a pia.

- Não dá e fica longe de mim.

- O que mais quero nesse momento é ter você novamente.

- Não posso.

- Pode sim, eu sei que quer, ele se aproximou rapidamente e me segurou, em seguida colocou meus braços para trás e me envolveu em seu corpo.

O…

- Não me deixa meu sacaninha.

- Eu tenho namorado.

- O Diego?

Ele começou a rir e foi aproximando e me prensando contra a pia, já não tinha mais pra onde me mexer, senti que ele ia me dar um beijo e virei o rosto, mas Roger era mais forte e mesmo assim conseguiu me beijar, jogou toda força do seu corpo contra o móvel, envolveu seus braços em minhas costas e nossos lábios se uniram. A minha razão implorava para tentar impedi-lo, mas eu ainda gostava dele e mesmo contra tudo me entreguei. Sei que alguns vão me julgar por minha atitude, porém, na hora não pensei em nada, apenas matei a saudade que sentia dele, eu o amava mesmo com sua forma de agir.

Roger conduziu o beijo de forma possessiva, eu mal conseguia me mover, apenas cravei minhas unhas em suas costas na tentativa dele me soltar, mas isso foi mais um incentivo para ele que me segurava de um jeito que me fazia perder completamente a razão.

Depois de muito tempo me beijando ele encerrou o beijo, mas não me soltou, pelo contrário colocou minhas pernas entre as suas e aproximou ainda mais me imobilizando completamente.

- Quero você pra mim e não adianta dizer que não quer, suas ações e seu corpo me dizem que querem.

- Eu quero, se isso te deixa satisfeito, mas não é...

Ele não me deixou terminar e me envolveu em um novo beijo, só que dessa vez foi mais calmo, mas intenso.

- É isso que você quer ouvir? Eu te amo.

E voltou a me beijar, sentia sua excitação junto ao meu corpo, seu volume estava explodindo na calça e o meu também, fazia questão que eu percebesse seu estado, roçava seu corpo ao meu, arranhava suas costas para ele perceber que não era tão fácil assim, mas foi inútil, tudo que eu fazia o deixava mais fascinado ainda.

Ele me pegou em seus braços e me levou para umas lonas de saco de estopa que tinham no chão e deitou por cima de mim, toda vez que tentava falar ele me beijava e me ignorava por completo.

Após sentir que já não ofereceria mais reação, pois já estava sem forças, ele se afastou um pouco mais e beijou meu pescoço, meu ombro, levou suas mãos nas bordas da minha camiseta e levantou para tirá-la.

- Não posso fazer isso com minha irmã...

Ele não me deixou terminar de falar e voltou a me beijar, até que conseguiu tirar minha camiseta, daí pra frente aconteceu tudo o que vocês podem imaginar, não pensei em nada na hora apenas me entreguei à paixão que eu ainda sentia por ele.

Fiquei deitado, sem forças e sem coragem de levantar daquela cama improvisada, virei de costas para ele e permaneci inerte apenas analisando o porquê cedi tão facilmente, me senti culpado por me envolver tão intensamente, ele que era noivo da minha irmã e logo seria meu cunhado. Fiquei com vergonha dos meus pais, como ia encará-los e o Tiago com certeza ia ficar muito magoado comigo e Aline? Como seria nossa convivência, não ia conseguir fingir que nada aconteceu.

Estava tão inerte que nem chorar eu conseguia, tinha algo entalado em minha garganta que não me permitia nem ao mesmo falar. Roger ao contrário, envolveu seu corpo ao meu e acabou cochilando.

Fiquei em estado de inércia por algum tempo e tentei levantar, mas ele me segurou, já havia acordado.

- Machuquei você? Ele perguntou preocupado.

Permaneci calado, na verdade fisicamente eu não sentia nada apenas um desconforto, mas psicologicamente estava muito abalado.

- Desculpa se fui um pouco bruto com você, estava louco de saudade e não me controlei.

Não dei conversa pra ele, levantei, catei minha roupa pelo chão e fui num banheiro que tinha no lugar, liguei o chuveiro e aos poucos fui criando coragem para encarar o que vinha pela frente principalmente meus fantasmas internos.

Já de banho tomado retornei para oficina e pensei em voltar pra casa sem ajuda dele, mão não tinha como, era longe pra voltar a pé.

Pensei em ligar para o Tiago me buscar, mas não tive coragem, o que eu ia dizer a ele sobre o meu comportamento? Não tinha desculpas, preferi me calar até ter certeza sobre o que faria pra seguir minha vida.

Depois de algum tempo Roger retornou já de banho tomado e vestido adequadamente, não conseguia encará-lo de frente, era algo estranho, mas eu estava com vergonha dele.

- Roger, me leva pra casa.

- Não quero que você vá assim desse jeito.

- Estou precisando de um tempo pra minha cabeça.

- Você pensa muito nos outros, isso é errado, pense mais em si próprio.

- Não é você que precisa encarar a família, como vou olhar pra cara da Aline?

- Tenho certeza que você vai saber contornar a situação, é inteligente e esperto o suficiente para impor sua vontade.

- Você não entende mesmo, é perda de tempo tentar te explicar as coisas.

Ele nem me deu ouvidos, organizou tudo, pegou a chave do carro e saímos. Já a caminho de casa ele começou agir como se tivéssemos voltado.

- Quando a gente se vê novamente?

- Não tem próxima vez, o que houve foi um erro total.

Não me diga isso nem brincando, não vou aceitar, disse ele gritando que eu até me assustei.

- Problema é seu, não quero esse tipo de vida pra mim.

- Você não pode se afastar de mim.

- Não vamos começar toda essa discussão novamente, o que houve hoje foi um erro.

- Você acha que foi um erro? E vibrar em meus braços foi o quê?

- Você se aproveitou da minha fragilidade.

- Não venha com desculpas você queria também.

- Não quero gerar uma guerra em família, se você não se importa com a sua, eu dou a valor a minha.

- Que família? Eu não tenho nada disso, sou um cara prático e vejo a vida totalmente diferente dessas babaquices.

- Você só pensa em si próprio, o resto não interessa.

- E não interessa mesmo, o que me importa somos nós dois, esquece o que acontece na volta.

- Eu desisto de falar com você, é inútil.

- Depois eu te ligo pra gente conversar.

Nem falei nada, com o Roger não adiantava discutir ele era muito autoritário e ir contra suas ideias era pior.

Ele me deixou no mesmo lugar que me pegou pela manhã. Desci do carro e pensei o que diria quando chegasse a casa? Aline com certeza estaria lá, ela estava de férias, foi então que pensei no Rafael e o procurei na casa dele, dei sorte, o encontrei estava acabando de acordar.

- Nossa, lembrou que os amigos existem, disse ele vindo abrir o portão pra mim.

- Rafael eu preciso da sua ajuda, falei com o choro trancado na garganta.

- Vem, entra e me conta o que aconteceu?

- Tem alguém em casa?

- Minha mãe já saiu, estou sozinho.

- Estou mal e não sei o que fazer?

Comecei a chorar, ele me trouxe um copo de água e sentou ao meu lado, já mais calmo começamos a conversar.

- Me conta o que está acontecendo?

- É o Roger, aconteceu que transamos hoje pela manhã.

Rafael ficou pensativo, não sei se escolhendo as palavras, mas cada segundo que ele permanecia calado pra mim era um martírio.

- Eu não sei muito que dizer, mas não vejo motivos para você estar se punindo desse jeito.

- Não sei o que fazer? O que vou dizer a Aline?

- Nada, a vida é sua, você não deve satisfações a ninguém.

- Você acha que devo ficar calado?

- Eu acho, se você falar, seus pais vão sofrer, o Tiago não vai entender e Aline vai te odiar para o resto da vida.

- Você tem razão é melhor eu ficar calado.

Como você caiu nessa cilada?

- Ele me ligou no dia do noivado dizendo que queria falar comigo quando voltasse da praia.

- E daí?

- Hoje pela manhã ele me ligou e disse que queria falar comigo.

- E você foi Sandro?

- Fui, porque eu acho um erro o que ele está fazendo com Aline.

- E foi por isso mesmo ou você está querendo se enganar.

- Claro que foi por isso mesmo.

- Pois eu acho que você queria esse encontro e o que aconteceu foi apenas consequência.

- Eu quero esquecê-lo, mas o Roger me persegue, ele não aceita.

- Ignore e siga sua vida.

- É o que estou tentando fazer, esses dias que viajei foram ótimos, achei que tinha esquecido tudo, mas hoje ele me ligou e eu não resisti acabei indo ao encontro dele.

- E agora o que você vai fazer?

- Tentar me afastar o máximo dele, não quero problemas em casa.

- E seus pais, aceitaram a relação dele com Aline numa boa?

- Não, eles aceitaram porque Aline se impôs e também pela gravidez dela.

- Ele vai continuar insistindo, você tem que ser firme Sandro e aprender a se impor perante o Roger.

- Eu sei, mas ele exerce um domínio muito forte sobre mim.

- Se você não se impor terá problemas com sua família.

- Eu queria te pedir um favor.

- Se tiver ao meu alcance.

- Vou dizer lá em casa que passei o dia com você, gostaria que confirmasse, caso alguém pergunte.

- Você deu sorte que eu não saí hoje e minha mãe saiu cedo.

- Muito obrigado, fico te devendo uma.

- Não precisa me agradecer, apenas tome cuidado, não quero ver você sofrendo, como estava agora há pouco.

Saí da casa do Rafael e fui pra minha casa, já estava bem melhor e aliviado por ele ter me entendido e me ajudado, era um grande amigo.

Cheguei a casa e a primeira pessoa que avistei assim que abri o portão foi Aline, ela estava olhando da janela do quarto.

Nem entrei em casa, fui direto ao vestiário, coloquei uma sunga e caí na piscina, dei umas quatro voltas e quando parei ela estava sentada na borda da piscina com os pés dentro d’água.

- Oi Aline, nem tinha visto que você está ai? Foi à primeira coisa que me veio à cabeça para dizer a ela.

- Onde você estava que não foi para o mercado?

- Com Rafael.

- Nossa, chegou e foi direto matar a saudade.

- Ele é meu amigo, fazia dias que não o via.

- A amizade de vocês é muito bonita, ele é um grande amigo.

- Sim, por isso vamos morar juntos.

- Você ainda está pensando em ir para Belo Horizonte?

- Já está tudo certo, por quê?

- Eu pensei bem e acho que o seu lugar é aqui.

- Porque você diz isso?

- Você queria sair daqui por causa do Roger, mas como agora nós vamos nos mudar, não tem porque seguir com essa ideia.

- Não quero sair daqui só por causa do Roger e você sabe disso.

- Só por causa desse povo falador? Isso você tira de letra sem precisar sair daqui.

- Eu quero fazer arquitetura e aqui não tem.

- Você pode pensar nisso depois que terminar o ensino médio.

- Aline, já está tudo certo pra minha mudança, já fiz matrícula na escola e no cursinho pré-vestibular.

- Você é muito novo pra passar por tudo isso sozinho e a questão da matrícula ainda tem tempo de cancelar.

- Nem inventa Aline, não vou voltar atrás.

- Não pense que lá você vai encontrar o conforto que tem aqui.

- Eu sei disso, mas não vou desistir agora que já está tudo certo.

- Acho que você vai sofrer a toa.

- Isso é problema meu e não vou desistir de viver minha vida por causa de ninguém.

- Hoje na hora do almoço até comentei com o papai e a mamãe.

- Aline, eu não me meto na sua vida e não quero que você se meta na minha.

- Você ainda é muito novo pra se comandar.

- Eu não faço nada sem comunicar nossos pais e o Tiago.

- O Tiago faz tudo o que você quer e ainda convence o papai, mas ele não percebe que essa mudança só vai te trazer problemas.

- Deve ser porque ele acredita em mim e isso prova que não me comando sozinho.

- Eu não quero discutir com você, sempre nos acertamos, mas eu acho que deveria pensar melhor.

- Não tenho mais o que pensar e já está decidido.

Saí da piscina e fui para o meu quarto, tomei um banho, troquei de roupa e só então a ficha caiu, como pude ficar com Roger? Porque ele tinha tanto poder sobre mim? Comecei a chorar e fiquei com raiva por ser tão fraco e não saber me impor perante ele, o Rafael tinha razão, eu precisava mudar e ser eu mesmo.

Enxuguei minhas lágrimas e decidi que a partir daquele dia seria eu mesmo, nunca mais baixaria a cabeça pra ninguém, nem que pra isso tivesse que magoar algumas pessoas.

Neste dia Juliano me ligou, pensei em não atender, mas eu tinha que deixar de ser alienado e enfrentar a situação, se não queria nada com ele era melhor não enganá-lo.

- Oi Juliano, tudo bem com você?

- Melhor agora que você me atendeu.

- Você tem sido muito legal comigo, mas é como eu te falei não quero te magoar.

- Porque você está me dizendo isso?

- Pra não te dar falsas esperanças, na verdade estou numa fase que não quero compromisso com ninguém.

- Tenho paciência para esperar o seu tempo e não estou te cobrando nada.

- Acho que você não me entendeu.

- Entendi que você está confuso e quer um tempo para si.

- É melhor seguir sua vida e não esperar muita coisa de mim.

- O que fez você mudar de um dia para o outro?

- Prefiro ser sincero com você e não te iludir com falsas esperanças.

- Já entendi, não precisa nem explicar, você foi correndo se encontrar com Roger.

- Desculpe, mas não te devo satisfações do que faço ou deixo de fazer.

- Então fica com ele, você vai viver a vida inteira mendigando o carinho dele.

Ele desligou o telefone na minha cara, ficou magoado e na verdade foi até melhor assim, queria viver minha vida sem dar satisfações a ninguém, na hora foi o único pensamento que me veio à cabeça.

Quando Tiago chegou veio falar comigo que Aline havia comentado com meus pais para adiarem minha mudança para mais um ano.

- Não vou ficar aqui mais um ano, falei ríspido com ele.

- Você sempre viveu aqui, o que está acontecendo contigo?

- Tiago eu já arrumei tudo, casa, escola, cursinho, acertei com Lucas e Rafael de morarmos juntos e agora você vem me dizendo que estão pensando em impedir de seguir meus planos?

- Na verdade o papai e a mamãe não estavam de acordo em você sair agora, foi difícil convencê-los.

- Demorei muito a me decidir por essa mudança, tive que correr contra o tempo, depois que consegui tudo vocês não vão me ajudar?

- Eu não disse que não vou te ajudar, apenas estou te passando à situação, disse ele alterado.

- Engraçado que quando é Aline o papai e a mamãe aceitam tudo e quando é pra mim eles ficam contra, por quê? Qual é a diferença?

- Porque você é muito novo ainda.

- E daí? Tenho 17, mas sei bem o que quero.

- Eu sei disso, falei tudo para o papai.

- Estou farto de ser o bonzinho para os outros e as pessoas não estarem nem ai pra mim.

- Você está sendo muito injusto, nunca deixei de te ajudar.

- E porque agora está me propondo ficar mais um ano?

- Eu vim apenas te comunicar, não disse que estava decidido que não iria, alias me arrependi de ter entrado nesse quarto, você está com um humor insuportável.

- Eu não era nem pra ter vindo pra casa, se soubesse que as coisas seriam assim.

- Se você fizer isso, juro que não te ajudo em mais nada.

- Odeio ser tratado como criança e vocês parecem que adoram isso.

- O que está acontecendo com você?

Fiquei calado, não ia dizer que estava revoltado por tudo que tinha acontecido com Roger pela manhã.

- Fala Sandro, eu quero saber?

- Não está acontecendo nada, fiquei nervoso por vocês tentarem me impedir.

- Eu te conheço e sei que tem algo mais.

- Que besteira Tiago.

- Onde você esteve hoje durante o dia?

- Com Rafael, por quê?

- Você estava com o Rafael mesmo? Pode falar pra mim.

- Estava sim, eu hein, vai duvidar de mim agora.

- Não sei por que, mas tenho a impressão que você está mentindo pra mim.

- Eu nunca menti pra você.

- Por isso eu sempre te ajudei. Não me deixe perder a confiança em você, seja o que for, use sempre a honestidade comigo.

Não estou mentindo.

- É bom mesmo, porque se eu descobrir que você mentiu pra mim, esquece a minha ajuda.

Tiago calou-se e saiu do quarto, estava visivelmente chateado e eu fiquei pensando em tudo o que ele disse, não era possível que meus pais dariam contra depois de tudo acertado.

Enquanto pensava me veio uma certeza, não podia brigar com Tiago, ele era o meu apoio, o único que me entendia e estava tentando me ajudar, não pensei duas vezes e fui atrás dele.

Cheguei à porta do quarto dele e bati.

- Posso entrar?

- Entra!

- Me desculpa, não devia ter te tratado daquele jeito.

- Você não deve desculpas a mim e sim a si mesmo.

- Eu menti.

- Eu percebi! Você não sabe mentir pra mim.

- Hoje eu fiz uma burrada sem tamanho, não queria que você se decepcionasse comigo e comecei a chorar.

- Não fica assim, chorar não vai resolver nada.

- O Roger me ligou pela manhã dizendo que queria falar comigo e eu fui, mas ele tem domínio sobre mim.

- Já imagino o que aconteceu, também cometi esse mesmo erro quando me relacionava com a Viviane.

- Fui fraco e acabei cedendo.

- E porque você estava me escondendo tudo isso?

- Não queria te decepcionar, eu sei que você vai ficar chateado comigo.

- Fiquei chateado sim porque você não teve confiança em mim.

- Foi fraqueza da minha parte, medo de perder seu apoio, me desculpa.

Voltei a chorar, Tiago me abraçou e secou minhas lágrimas.

- Não está certo o que você fez.

- Eu sei, ele vai ser o meu cunhado.

- Não é só por isso, você tem que ter amor próprio, é bonito, não tem necessidade de se rebaixar a tanto, mas eu te entendo, está apaixonado e deixou que a paixão te cegasse.

Eu não quero mais me envolver com ele, aliás, não quero mais me envolver com ninguém.

- Vai entrar para o seminário e virar padre, disse ele rindo e descontraindo.

- Não, vou aproveitar minha vida sem ter compromisso com ninguém, quero ser livre.

- Eu só quero saber se você vai conseguir cumprir essa promessa sem cair na tentação novamente?

- Vou me tornar outra pessoa e não quero mais saber de compromisso com ninguém.

- E o Juliano?

- É um grande amigo.

- Cuidado pra não perder as oportunidades enquanto o tempo passa.

- Do que você está falando?

- Que a vida passa e às vezes cometemos erros irreversíveis.

- Por enquanto não estou interessado nisso, sou novo ainda e vou viver minha juventude.

- É uma escolha sua.

- Obrigado por não me julgar.

- De que adianta eu brigar, dar sermão se o que você fez não vai voltar atrás e apagar tudo.

- Você tem razão.

- Tenho certeza que já se puniu o suficiente para não incorrer no erro.

- Estou me sentindo mal perto da Aline, é difícil encará-la.

- Que isso sirva de lição para não ocorrer novamente.

- Não vai acontecer de novo, sou eu que não quero esse tipo de vida.

E quando estiver sozinho em Belo Horizonte você vai conseguir se livrar investidas do Roger?

- Tenho que aprender a me defender dele.

- Eu confio em você apesar da sua idade.

- Então você vai continuar me ajudando?

- E por acaso eu disse que não continuaria?

- Você falou que o papai e a mamãe estavam contra.

- Falei, mas você não me deixou terminar de falar e já foi tirando conclusões precipitadas.

- Estava nervoso, me perdoa.

- Eu disse ao papai que você já está sofrendo com essa história toda e continuar na cidade do jeito que as pessoas estão te tratando não é adequado.

- Se tivesse que continuar vivendo aqui, eu acho que entraria em depressão.

- Não seja tão dramático assim, o importante é que o papai aceitou e já está resolvido você vai.

Fiquei tão feliz que me joguei em cima do Tiago e o abracei, depois saí do quarto e fui para o meu, porém antes de entrar encontrei Aline no corredor.

- Quero te pedir desculpas, disse ela fazendo um carinho no meu rosto.

- De que?

- Eu não devia ter falado das minhas preocupações para o papai, somos irmãos e eu te amo independente do que houve no passado, não temos culpa do que aconteceu.

- Eu também te amo muito e não quero te magoar.

- Tenho certeza disso.

- Então selamos a paz?

- Nossa família sempre foi unida e continuará sendo.

- Eu só quero viver minha vida em paz.

- Que lindos! – disse minha mãe aproximando de onde estávamos.

Seu pai e eu já conversamos com Aline e agora quero falar para os dois.

- Pode falar mãe.

- Não quero brigas e intrigas entre vocês, os três foram gerados com muito amor e é assim que eu quero vê-los até depois da minha morte.

- Ah mãe não fala isso, disse Aline.

- Não sou eterna minha filha, mas falando sério, não quero desunião em nossa família.

- Nós não vamos brigar, não é mesmo Sandro?

- Não é o que desejo

- Já estamos decididos, você vai estudar fora e nós vamos custear tudo, portanto nunca se esqueça da sua família meu filho.

- Eu sei mãe.

- E você Aline, escolheu o seu caminho, zele por ele, mas nunca esqueça seus laços familiares.

- Eu sei disso mãe e é por isso que Sandro e eu já selamos a paz.

- Então estamos acertados e não se discute mais sobre a mudança do Sandro.

O restante da semana foi tranquilo, Roger me ligou várias vezes, mas eu não atendi ao telefone. Segui minha vida normalmente, pela manhã sempre ia para o mercado acompanhado do Tiago e para voltar pra casa voltava acompanhado do meu pai ou minha mãe.

No sábado, estava trabalhando no mercado, quando repentinamente e de surpresa chegou Diego, sorridente e alegre como sempre, não sabia ao certo se Juliano tinha me falado a verdade, mas eu não conseguia ter raiva dele mesmo que tivesse na companhia de Maurício.

Tão logo ele chegou foi direto onde eu estava e me deu um longo abraço.

- Saudades!

- Eu também estava com saudades, mas você sumiu do mapa.

- Estava precisando de um tempo e você como está?

- O mesmo de sempre, veio passar o final de semana?

- Será que ainda sou bem-vindo?

- Sempre! – disse sorrindo.

Preciso falar com você depois que sairmos daqui.

- Podemos sair agora se quiser?

- Então vamos dar uma volta.

Avisei o Tiago e saímos caminhando a pé pela rua como dois bons amigos, fomos até uma pracinha no centro da cidade e sentamos num banco para conversar.

- Então, me conta as novidades.

- Acho que você já deve estar sabendo.

- Voltou com o Maurício?

- Não dá pra dizer que voltamos porque ele continua casado, mas estamos num clima agradável, por isso eu vim conversar com você pessoalmente, queria ter falado antes da viagem, mas foi tudo tão rápido que não deu tempo pra nada.

- O Juliano me contou, mas eu queria ouvir a sua versão.

- A nossa tentativa de namoro não ia vingar, eu percebi isso naquele fim de semana que vim aqui.

- Muito bonito, ouvi a voz do Roger atrás de nós.

Levei um susto, olhei para trás e ele batia palmas.

- Como vai meu quase maninho? Disse o Diego brincando com ele.

- Guarde sua ironia pra outro, disse ele com semblante sério.

- Qual é meu? Estou na paz disse Diego.

- Quero saber por que você não atende minhas ligações, ele falou direto comigo ignorando Diego.

- Porque não quero, não estou a fim e me deixa em paz.

- Calma ou já esqueceu nosso último encontro?

- Me deixa em paz, quero viver bem com minha família.

- Nunca te proibi de viver com eles, só não se esquece de mim.

- Acontece que não existe lugar pra você entre nós.

- Existe sim e quando eu te ligar vê se atende ao telefone, porque depois vai ser pior.

- Qual é cara está ameaçando ele? Perguntou Diego.

- Não se mete no meu caminho seu pirralho.

- Qual é, vai querer bancar, não tenho medo de você disse o Diego levantando e partindo pra cima dele.

Diego partiu pra cima dele pronto para brigar, Roger o empurrou, mas ele não caiu.

- Vai dar uma de valentão?

- Se você seguir provocando e tratando o Sandro como um objeto de estimação, eu vou enfrentar sim, posso me ferrar, mas não tenho medo.

- Idiota, se acha o machão.

- Idiota é você que não respeita as pessoas, acha que todos têm que estar aos seus pés,

- Olha aqui seu palhaço, Roger partiu pra cima do Diego que também não se intimidou.

- Parem com isso, aqui não é lugar para brigas, gritei e os dois ficaram me olhando sem saber o que dizer, Diego sentou no banco novamente e Roger se acalmou.

- Roger, vá embora, por favor.

- Preciso falar com você.

- Eu não quero falar contigo, não insista ou vou contar para minha família que você anda me perseguindo.

- Você não teria coragem?

- Então experimenta se aproximar de mim mais uma vez.

- Porque tudo isso?

- Cai na real, você é noivo da minha irmã e ela espera um filho seu. Qual é? Está a fim de acabar com minha vida?

- Eu gosto de você.

- Eu sei, mas nunca vai assumir isso pra ninguém.

- Vamos conversar em outro lugar? Disse ele tentando se aproximar.

- Não, eu não quero mais.

- Vai ficar com esse idiota do Diego?

- Esse idiota como você diz é um grande amigo.

- Então porque não fica comigo?

- Tenho sentimentos, quero alguém que não tenha medo de dizer que me ama na frente dos outros e também já cansei de dizer os meus motivos e você não entende, acabou Roger.

- Eu não aceito.

- Tem que aceitar porque eu não quero mais e se continuar insistindo, juro que vou falar com minha família.

- Você ainda vai se arrepender dessa decisão.

Posso me arrepender, mas não dá para continuar assim.

- Depois não reclama de mim.

Ele disse e saiu rumo ao seu carro que estava estacionado do outro lado da praça, a cada passo que ele dava e se distanciava algo em mim se quebrava, não sabia dizer ao certo o que era.

Depois que ele partiu, não consegui conter minhas lágrimas. Sentei ao lado do Diego que apenas me fez um carinho na cabeça com a mão enquanto desabei chorando.

Chorei por muito tempo sentado àquele banco com Diego ao meu lado me apoiando.

- Tudo bem com você?

- Estou bem, mas está doendo muito.

- Entendo, mas você sabe o que é melhor para si, deve ser difícil aceitar essa relação afinal ela é sua irmã.

- Eu não tenho outra escolha e também porque ele se envolveu com ela?

- Difícil entender, né?

- Eu não entendo o Roger.

- O Mauricio é assim também, tem horas que é um amor comigo e em outras não o reconheço.

- Por falar nisso, como vocês estão?

- Ele me disse que vai separar, mas não sei se tem coragem.

- Pode ser que ele esteja falando a verdade ou então te enganando.

- Ele foi maravilhoso comigo nesses dias que passamos juntos.

- Vocês dois são malucos, só não entendo porque mentiu pra mim que estava com a família?

- Eu errei, quis te poupar e deixei pra falar na volta, só espero que você não tenha ficado magoado comigo?

- Não teria como, na verdade nós tentamos, mas não conseguimos, o importante é que ficamos amigos.

- Fiquei com receio da gente se magoar e estragar nossa amizade.

- Não tenho como ficar magoado com você, a nossa química até era boa, mas também era só isso.

- Amigos então? Perguntou Diego me estendendo à mão.

- Amigos.

Trocamos um abraço como dois bons amigos, não teria como ter uma relação com ele, principalmente naquele momento em que ambos estávamos com nossas vidas enroladas.

- O que você pretende fazer agora?

- Quero um tempo pra mim, sem envolvimento com ninguém e você?

- Estou num momento gostoso com Mauricio, na verdade estou meio perdido sem saber o que fazer, disse ele rindo com um misto de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.

Quando precisar de um amigo pode me procurar.

- Você também! Acho que um dia ainda vamos dar belas risadas desse momento que estamos vivendo agora.

- Tomara.

- O que vamos fazer para hoje à noite? Perguntou mudando de assunto.

- Pensei em fazermos um programa divertido na casa de alguém, vamos ligar para o Rafael?

Ligamos para o Rafael e como os pais dele iam sair, combinamos de alugar alguns filmes para assistirmos durante a noite, Diego e eu passamos no mercado e pegamos mantimentos para ele preparar pizzas e também escolhemos refrigerante, ele não queria bebida alcoólica, pois teria que viajar no dia seguinte.

No final da tarde fomos para a casa do Rafael. Ele e Fernanda já haviam alugado os filmes. Assim que chegamos Diego foi para a cozinha preparar as pizzas e logo Lucas chegou.

Com a turma reunida, resolvemos ajudar o Diego para iniciarmos logo a assistir aos filmes, foi divertido, bagunçamos a cozinha e depois tivemos que limpar tudo.

Colocamos alguns colchões na sala e passamos a noite assistindo filmes, alguns até dormiram, mas o importante é que nos divertimos como bons amigos.

No domingo durante o dia fomos pra minha casa tomar banho de piscina e a tarde Diego voltou para Belo Horizonte, enquanto os demais retornaram para suas casas.

Mês de janeiro passou rapidamente sem muitas novidades, minha vida se resumia em ir para o mercado pela manhã na companhia do Tiago e ao meio dia voltava com ele ou com meus pais, à tarde o mesmo ritual de sempre, evitava andar sozinho para não encontrar com Roger.

Depois da nossa conversa na praça ele não me procurou mais, nos víamos quando ele estava acompanhado de Aline em casa, mas eu sempre permanecia à distância, nessas horas passava maior parte do tempo na piscina ou no meu quarto.

O casamento deles estava marcado para o final de fevereiro, antes de iniciar as aulas. Já estava tudo certo, iriam morar num apartamento que o Paulo deu ao Roger de presente.

A cada dia que aproximava a data do casamento, um misto de decepção e tristeza tomava conta de mim, já não sabia mais o que pensar, queria que tudo aquilo acabasse logo e pudesse seguir minha vida conforme tinha escolhido.

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Comentários

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Já li conto de viado burro, mas sem dúvidas esse Sandro é o rei de todos, pqp

Pq sempre a gay passiva é colocada nesse local de ameba em? Credo de vcs. Parei por aqui, pq não quero vomitar

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Eu não seria amigo do Diego tão cedo, deixaria passar um tempo pelo menos.

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Roger é o pior tipo de Pessoa manipulado. Não retiro a culpa de Aline ela é Biscate invejosa e golpista mas o pior de tudo virou marionete na mão do Roger e a mãe dele é outra isso tudo me soa como vingança pelo que Paulo fez e se ele é parente do pai do Sandro logo....... Enfim Diego não jogou sujo com Sandro infelizmente omitiu uma verdade mas ele avisou que amava Murilo e tentou algo com Sandro. Meu caro contosdolukas você deveria levar suas histórias pro Amazon essa daria uma ótima temporada por ser bem envolvente.

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Nossa vc definiu bem a Aline kkkkk e olha que ela nem começou a botar as garras de fora!

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Ainda não percebi tudo isso na Aline... Já notei que ela não parece ser santa nessa história, mas ainda estou na fase das suspeitas...

Inclusive, suspeito que Aline tenha descoberto sobre o relacionamento entre Sandro e Roger e chantageado Roger... Mas por enquanto é apenas uma suspeita, sem fundamentos sólidos.

Pelo que o texto me trouxe até o momento, Aline está como vítima e apaixonada, do tipo que faz tudo para ficar com quem ama, independente de quem vai sofrer com isso, só isso. Apesar das entrelinhas e subjetividades me falarem outras coisas sobre as atitudes de Aline e Roger

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Faz tempo que não comento nada por aqui, mas estou amando acompanhar essa história, o Sandro é muito inocente, me dá raiva as vezes hahahahahhaha mas acredito que faz parte da construção dele, sempre ansioso por mais!

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Ele eh mto bobinho ainda, mas o amadurecimento dele eh mto bonito de se ver! Sou louco pra saber como ele tá nos dias atuais, mas ele sumiu do Forum!

O Rober eh um completo babaca e vai aprontar muito ainda! A história tá no começo ainda kkkk tem mta coisa pra rolar! E mtas lágrimas pra cair tmb hehehe! As vezes eu posto mto pq estou lendo tudo novamente daí quero ler e postar o mais rápido hehehe

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