Bernardo [73] ~ Quer namorar cmg?

Um conto erótico de Bernardo
Categoria: Gay
Contém 2155 palavras
Data: 06/12/2023 16:49:14
Assuntos: Gay, Início, Sexo, Traição

O que uma pessoa honrada faria naquela situação? Entrava na festa e encarava tudo e todos? Pensei mil vezes em correr dali, deixar que as pessoas tivessem que lidar com Rafael e eu apareceria só no dia seguinte. Era a opção mais confortável, sem dúvida, mas era a mais correta? Se na primeira dificuldade eu escolhesse não ajudar Rafael por medo da opinião dos outros, o que seria de nós?

Eu fiz o que deveria ser feito. Me levantei dali de onde estava, do lado de fora do portão da casa de Pedro, sequei meu rosto, suspirei fundo e entrei novamente na festa. Tentei evitar encarar alguém, mas era difícil quando todo mundo te encarava. No centro de tudo, Rafael “conversava” com Alice:

_Ficou muito claro, Alice! É só ele! Eu não posso ficar com mais ninguém!

_Tá, Rafa, vamos entrar pra você beber alguma coisa quente._ ela respondia tentando convencê-lo a entrar na casa.

Em volta, todos assistiam comentando baixo sobre o ridículo da situação. Alguns balançavam a cabeça negativamente, desaprovando o que Rafael estava fazendo (com Carolina, principalmente). Outros, a maioria, apenas riam do ridículo da situação. Não me notaram logo de cara, à medida que eu ia caminhando em direção a Rafael, eu ouvia as pessoas comentando sobre mim.

Era tudo tão surreal, parecia que nem era eu que estava vivendo aquilo. Eu não sei como explicar. O fato é que, por causa disso, nem consegui associar de imediato a opinião dos outros. O que eles estavam pensando de mim? Surpresa? Raiva? Nojo? Graça? Não sei, só fui refletir sobre aquilo mais tarde. Tudo o que eu pensava no momento era em tirar Rafael daquela situação.

_Rafael..._ falei chegando por trás dele e tocando em seu ombro.

Ele se virou rapidamente e abriu um sorriso tão grande ao me ver, que eu juro que me emocionaria se a situação fosse outra.

_Bernardo! Você viu? Eu to livre, agora! Quer namorar comigo?!

Muita gente riu quando ele falou aquilo, o que só me fez corar ainda mais.

_Venha pra dentro, Rafael._ falei puxando ele pra dentro da casa.

_Mas a festa...

_Você já se divertiu demais. Precisa de um banho gelado.

_Leva ele pro meu quarto._ falou Pedro quando passamos por ele.

Lógico que houve muito mais comentários maldosos por eu estar levando Rafael para quarto, mas tentei não pensar neles. Primeiro eu tinha que cuidar de Rafael, depois analisar friamente as implicações daquela noite.

Ao chegar ao quarto de Pedro, tomei o cuidado de trancar a porta para evitar a entrada de algum curioso. Sempre aparece alguém se fingindo de prestativo apenas para se inteirar das fofocas.

_Você quer namorar comigo, Bernardo?_ perguntou Rafael me encarando.

Era tudo o que eu queria ouvir, mas não naquele momento, não daquele jeito.

_A gente conversa sobre isso amanhã, Rafa.

_Por que? Você vai me rejeitar?_ ele perguntou com os olhos ameaçando se encherem de lágrimas novamente.

_Não, não vou te rejeitar, Rafa.

_Namora comigo, então!

Vendo que eu precisava fazer ele colaborar, eu resolvi aceitar. Não que eu estivesse levando aquele pedido de namoro a sério.

_Ok, Rafa, eu aceito seu pedido de namoro.

_Eu te amo!_ ele falou em agarrando num beijo.

Não foi o melhor dos beijos, dada toda a situação em volta, mas eu mentiria se dissesse que não gostei. O beijo de Rafael era sempre bom, em qualquer ocasião. Mas eu não podia deixar aquilo evoluir daquela forma. Se fosse pra fazer qualquer coisa, faríamos direito e não seria naquela noite.

_Tira a roupa, Rafa._ pedi quando me afastei do seu beijo.

Ele sorriu safado, lendo segundas intenções nas minhas palavras. Sempre me olhando e sorrindo, ele começou a tirar a camisa e a calça sensualmente. Devo admitir que para alguém que estava tão bêbado quanto ele estava, ele estava até indo muito bem no seu strip-tease. O corpo de Rafael estava bonito. Ele ganhou massa no peitoral e nos braços. Nada muito bombado, mas seus músculos estavam mais bem desenhados. As suas pernas continuavam tão roliças e peludas quanto eu me lembrava, e como eu sentia saudade daquela visão... Meu pau começou a dar sinal de vida, mas tentei me concentrar na minha tarefa. Entrei no banheiro de Pedro e o chamei.

_Vem tomar um banho, Rafa.

Ele correu pra dentro do banheiro e me agarrou por trás enquanto beijava a minha nuca. Mesmo eu estando de calça jeans ainda, eu pude sentir seu volume roçar em mim.

_Ainda não, Rafa.

Com alguma dificuldade, me desvencilhei dele e o empurrei pra dentro do box.

_Me dá sua cueca._ pedi.

Novamente com um sorriso maldoso, ele abaixou a cueca me encarando. Reuni todas as minhas forças para não olhar pro seu pau, que já estava duro apontando pra mim. Eu tentava não pensar naquilo. Liguei o chuveiro no frio e pedi que ele entrasse.

_Falta você tirar a roupa._ ele falou.

_Já vou. Entra primeiro.

Ele entrou e tomou um choque com a água fria.

_Tá frio!

_Eu sei...

Voltei pro quarto e catei suas roupas, que ele tinha jogado pelo chão ao longo do strip-tease. Quando voltei pra dentro do banheiro, ele já estava bem grogue e desorientado, sinal de que a água fria estava fazendo efeito. Eu mesmo tomei a iniciativa de desligar a água, enxugá-lo e colocar sua cueca novamente. Ele estava bem mole nos meus braços, quase caindo, então não tive muitos problemas com investidas dele. O coloquei na cama de Pedro e acho que, antes mesmo eu cobri-lo, ele já estava dormindo. Acariciei seu rosto e seu cabelo bem devagar, aproveitando que eu poderia olhá-lo o quanto quisesse. E como eu sentia falta de olhá-lo... De tocá-lo... De sentir o calor da sua pele...

Finalmente me rendendo ao cansaço daquele dia, me sentei ao pé da cama. Só então consegui colocar a cabeça no lugar e entender sobre as implicações de tudo o que aconteceu aquela noite.

Todos sabiam. Todos os nossos colegas agora sabiam que eu era gay e que tinha um caso com Rafa. Talvez eles já desconfiassem pelas fotos que eu tirava com Ricardo ou por raramente me verem na companhia de uma menina que não fosse Alice, sendo a única exceção o meu “período hétero” com Pedro após eu terminar com Rafael. Se antes era algo velado, agora estava escancarado, todos podiam comentar livremente sobre a minha sexualidade. Por mais que eu tivesse adotado o discurso do “foda-se”, era pesado saber que as pessoas começariam a falar mal de você pelas costas. E não era qualquer pessoa, eram pessoas que conviviam comigo a dois anos e meio e que conviveriam por mais dois anos e meio. Eu posso não falar de cada um deles aqui como falo de Alice, Pedro e Rafael, mas eles também foram importantes para mim, ainda que em menor magnitude. Como seria nossa relação? Será que me tratariam como trataram Eric, com marginalidade? Eu não sei se estava pronto para ser alvo de piadas.

Por mais que eu não quisesse culpá-lo, era impossível dizer que aquilo tudo não era culpa de Rafael. Tinha que ter sido daquele jeito? Precisava de todo aquele espetáculo? No meu planejamento, primeiro a gente ficava junto, depois ia contando aos nossos colegas aos poucos, começando pelos mais próximos. Saiu tudo ao contrário.

E Carolina? Não é segredo que nunca fui seu maior fã, ainda mais nas últimas semanas, mas nem de longe era merecia aquela humilhação. Ela foi a grande vítima da noite. E tinha mais. Carolina sempre fui a garota perfeita: linda, simpática, prestativa, carismática... E Rafael, e eu por extensão, tínhamos pisado na garota que todos amavam. Não tinha dúvidas de que lado as pessoas ficariam quando fossem forçadas a escolher.

E por último, mas não menos importante, tinha Ricardo. Ele foi embora e não queria falar comigo por um tempo. Ele disse que um dia me ligava, mas eu comecei a acreditar que ele falou só por falar. Aquele tinha sido nosso fim? Estávamos reduzidos agora a dois semidesconhecidos que só trocariam mensagens de “parabéns” nos seus respectivos aniversários? Não chorei pelos outros e pelo medo das incertezas do futuro, mas chorei muito por Ricardo aquela noite. Eu ficava relembrando cada pequeno momento nosso juntos e chorava mais pensando no quanto aquela realidade estava distante agora. Ricardo fora embora...

Lá fora, eu ouvia a festa se estender noite adentro. As pessoas pareciam ter esquecido do ocorrido. Ou talvez estivessem comentando sobre tal. Eu não sei, só sei que passei a noite chorando por Ricardo enquanto Rafael dormia profundamente ao meu lado. Alice veio duas vezes ao quarto: uma para perguntar se eu queria participar do “parabéns” e outra para me trazer um pedaço de bolo depois que eu respondi que não. Ela tentou me animar falando que Pedro fez questão que o segundo pedaço fosse pra mim (o primeiro foi dela, claro), e que falou isso em alto e bom tom para que todos ouvissem. Agradeci e comi o bolo apenas para não parecer indelicado. Devia passar das três da manhã quando ouvi as vozes baixando até desaparecer. Eu já tinha parado de chorar, mas ainda estava na mesma posição.

_Como ele está?_ perguntou Pedro se referindo a Rafael.

Por mais que eu não quisesse culpá-lo, era impossível dizer que aquilo tudo não era culpa de Rafael. Tinha que ter sido daquele jeito? Precisava de todo aquele espetáculo? No meu planejamento, primeiro a gente ficava junto, depois ia contando aos nossos colegas aos poucos, começando pelos mais próximos. Saiu tudo ao contrário.

E Carolina? Não é segredo que nunca fui seu maior fã, ainda mais nas últimas semanas, mas nem de longe era merecia aquela humilhação. Ela foi a grande vítima da noite. E tinha mais. Carolina sempre fui a garota perfeita: linda, simpática, prestativa, carismática... E Rafael, e eu por extensão, tínhamos pisado na garota que todos amavam. Não tinha dúvidas de que lado as pessoas ficariam quando fossem forçadas a escolher.

E por último, mas não menos importante, tinha Ricardo. Ele foi embora e não queria falar comigo por um tempo. Ele disse que um dia me ligava, mas eu comecei a acreditar que ele falou só por falar. Aquele tinha sido nosso fim? Estávamos reduzidos agora a dois semidesconhecidos que só trocariam mensagens de “parabéns” nos seus respectivos aniversários? Não chorei pelos outros e pelo medo das incertezas do futuro, mas chorei muito por Ricardo aquela noite. Eu ficava relembrando cada pequeno momento nosso juntos e chorava mais pensando no quanto aquela realidade estava distante agora. Ricardo fora embora...

Lá fora, eu ouvia a festa se estender noite adentro. As pessoas pareciam ter esquecido do ocorrido. Ou talvez estivessem comentando sobre tal. Eu não sei, só sei que passei a noite chorando por Ricardo enquanto Rafael dormia profundamente ao meu lado. Alice veio duas vezes ao quarto: uma para perguntar se eu queria participar do “parabéns” e outra para me trazer um pedaço de bolo depois que eu respondi que não. Ela tentou me animar falando que Pedro fez questão que o segundo pedaço fosse pra mim (o primeiro foi dela, claro), e que falou isso em alto e bom tom para que todos ouvissem. Agradeci e comi o bolo apenas para não parecer indelicado. Devia passar das três da manhã quando ouvi as vozes baixando até desaparecer. Eu já tinha parado de chorar, mas ainda estava na mesma posição.

_Como ele está?_ perguntou Pedro se referindo a Rafael.

_Me diz que foi um pesadelo._ ele falou pra mim _Me diz que eu não fiz o que eu acho que fiz ontem à noite.

Suspirei fundo e voltei a fechar os olhos.

_Sinto muito, Rafa...

_Meu Deus!

Sua voz tinha um desespero contido, o que me penalizou. Por mais que eu soubesse que a culpa de tudo era dele, que ele não deveria ter bebido o tanto que bebeu, era impossível não me sensibilizar com seu sofrimento. Fiz por ele a única coisa que podia fazer no momento: ainda embaixo dos lençóis, peguei na sua mão e a segurei. Ele a apertou forte. Rafael voltou a se deitar ao meu lado.

_O que vai ser de nós?_ ele perguntou.

_Não sei...

_Você vai estar do meu lado?

_Sempre.

Ele demorou alguns segundos antes de fazer a grande pergunta:

_Bernardo...

_Oi?

_Quer namorar comigo?

_Sim._ respondi com toda a certeza do mundo.

Ainda estávamos de olhos fechados e mãos dadas um ao lado do outro na cama de Pedro. Rafael pulou sobre mim e me forçou a abrir os olhos e encarar seu sorriso iluminado. O que veio a seguir foi um beijo de verdade, sem que álcool estivesse por trás dele. O primeiro beijo do nosso namoro. E eu o abracei forte. Eu era seu namorado. Acontecesse o que acontecesse, estávamos juntos agora e iríamos enfrentar o mundo de mãos dadas.

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Comentários

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Será que vem ai um arrependimento por ter escolhido o Rafael, já não começou do melhor jeito e ainda ficou chorando pelo Ricardo.

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Ma ra vi lha ! Uuuuuuuuh! Finalmente!

Alguém tem que ser feliz! Que venha o mundo! Consertar o que for possível, desculpar-se pelos equívocos e pedir perdão a quem foi magoado e seguir em frente.

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