Um homem feliz - Chacal

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Gay
Contém 1167 palavras
Data: 03/12/2023 15:09:42
Assuntos: Gay

Assim que as coisas acalmaram, saí daquele vale todo sujo mas salvo. Mas e o Marcos, será que foi atingido por algum tiro? Cheguei próximo ao local onde estávamos, uma garrafa intacta e o pano cheio de sangue. Com certeza, um seriamente atingido. Sem corpo, significa que ninguém morreu. Ainda bem!

Me dirigi ao estacionamento do parque e voltei ao hotel. Depois de um longo banho, dormi. Na manhã seguinte, lembrei que precisava voltar para a dona Maria pegar as imagens.

De repente, meu celular toca:

- Alô?

- Gabs, Gabs.

- Amor, onde você está?

- Estou bem, querido. Fiquei a noite toda preocupado com você. O desgraçado queria me matar, lutamos pela arma e ela disparou várias vezes, sendo que um dos disparos atingiu sua perna. Tentei estancar o sangue e saí correndo com a arma até jogar no lago. Não sei se ele morreu, amor. Mas não quis atirar em ninguém. Estou com medo das coisas piorarem.

- Então, não morreu. Porque fui ao local e não encontrei corpo algum. Só sangue.

- Ufa, deve ter ido ao hospital, então.

- Aquele maldito merecia morrer mesmo.

- Ele quer me destruir a todo custo, falou algo como seguir ordens do Chacal.

- Chacal? O que é isso?

-Se for o mesmo Chacal que conheço, é um traficante de drogas e de pessoas que atua em Portugal há muitos anos.

- E o que você tem em comum com ele?

- É…que…

- Fala Marcos, preciso estar preparado para tudo.

- Quando cheguei a Portugal, estava duro, prestes a morar na rua. Ele me ofereceu um trabalho e moradia na Chelas.

- Chelas?

- Uma fama que vem da pobreza, do tráfico de droga e da violência que se viveu durante anos neste bairro. Essa Chelas que quase sempre chega aos jornais com notícias de grandes operações policiais, tiroteios e outras intempéries. E que cultivou em quem estava do lado de fora a ideia de um lugar perigoso – mesmo ali, no centro de Lisboa.

- Meu Deus! E aí?

- Durante um desses trabalhos, fui entregar um carregamento de bebidas no restaurante. O dono não queria pagar pela proteção do Chacal. Entramos em luta corporal e acabei matando o homem. Chacal desde então, diz que devo e a condenação era servir a ele para sempre. Por isso, resolvi sair e mudar de vida. Se não voltar, ele vai me pôr na cadeia para ser obrigado a servi-lo. Este delegado deve ser lacaio dele.

- Marcos, o buraco está cada vez maior. A nossa única esperança nesse momento são as imagens da Maria. Seria um indício de que alguém plantou aquelas coisas na sua casa. No momento, vamos prezar pela sua segurança. Fique aí onde está, escondido. Até que eu monte um conjunto de provas fortes para requerer liberdade provisória.

- Estou ferrado, amor. Não era para ser assim. Sua vida, planos. Um merda como eu não te merece.

- Calma, Marcos. Não surte. Eu te amo e nada mais importa.

- Eu também te amo. De verdade. Quero poder te oferecer algo melhor do que esta merda.

- Assim que tudo isto acabar, você vai me oferecer.

Não só uma semana de sexo sem interrupções, tá?

- Hahahaha sei que você quer me esfolar de tanto amor.

- Você viu o tamanho que ele fica, né?

- Sim, tô aberto até agora.

- Brincadeiras à parte. Quero ter filhos, um cachorro, uma família com você. Ser o seu homem.

- Aí Marcos, assim você me faz chorar.

- Sabe quando a gente sente que encontrou a peça que faltava?! É isso. Por muitos anos, nunca pude ser quem eu sou. Me escondi por trás de um cara safado e vazio. Conversando com você naquele restaurante, entendi que finalmente o amor chegou até mim.

- Vamos vencer esta guerra, Marcos.

- Vamos, juntos. Não importa o que acontecer. Nem que a gente morra.

- Sai fora! Nem casei e já fala em morrer.

- É modo de dizer, baby.

- Agora, vou visitar a Maria.

- Certo, tome cuidado.

- Depois, volto ao Brasil. De lá vou verificando as imagens. Fique escondido, vou te mandar dinheiro.

- Preciso, porque ainda sou procurado pela polícia. Mas tenho alguns amigos pra ajudar.

- Vê se não fica muito perto da Ana, tá?

- Hahahaha ciumenta. Só pra você saber, o meu pau nem sobe pra mulher. Foi só tu passar com essa bunda carnuda e empinada que o menino saiu do controle.

- Hahaha, que vontade de te esconder na minha mala e levar para o Brasil.

- Em breve, vou com você.

- Mudou de ideia?

- Sim, vou pra onde tu estiver.

- Marcos, que lindo isso.

- Quero lua de mel nos lençóis maranhenses.

- Combinado! Te amo.

- Te amo mais.

- Fica bem escondido.

- Ok

Amigos, porque viver o amor é difícil? Quando encontro o meu, o destino resolve brincar com a gente. Mas vamos vencer!

Ao chegar no horário combinado, o cenário é no mínimo curioso. A mangueira que usava para limpar a calçada estava largada no chão e a porta aberta.

Movido pela curiosidade, adentro a casa. Tudo destruído e revirado, os gatos dela estavam escondidos, assustados. Encontrei um corpo caído e ensanguentado na cozinha. Maria foi severamente agredida e balbuciava palavras.

- Dona Maria!

- Aí.. meu….fi

-Calma, vou pedir ajuda. O que aconteceu?

- Cha—cha–

- Chacal?

- Sim

- Droga. Onde está o sistema de segurança?

- No…..quar…gave.

- Espera aí que vou procurar.

O quarto estava muito danificado. Gavetas reviradas. Por algum milagre, encontrei pedaços do sistema. Placas eletrônicas soltas, outras destruídas. Um pequeno objeto se destacava em meio às roupas jogadas.

- Um cartão de memória!

- Provavelmente deve ser da câmera. Parou aí quando alguém tentou quebrar o sistema.

- AAAAAAAAAAAA!

- Maria.

Desço rapidamente.

- Maria?

Procurando pelos sinais vitais. Sem sucesso.

- Não, Maria. Fique comigo. Preciso falar com a sra.

Em vão. Maria acaba de falecer e a ambulância chega ao local com a polícia. Explico para o policial a situação. Muito triste ver o corpo dela saindo coberto por aquela manta metálica. Sento na calçada, chocado com o ocorrido, quando uma voz familiar se aproxima.

- Moço, você é Corinthians, né?

- Levanto a cabeça e vejo aquele garoto.

- Sim. Como você está?

- Bem, sabe porque dona Maria morreu?

- Não.

- Eu vi quando um homem da polícia entrou na casa dela com outros 3 caras.

- Homem da polícia?

- Sim, ele falou pra ela que se chamava Sérgio. Estava mancando muito.

- Meu Deus! Um momento.

Mostrei uma foto de Sérgio e o garoto reconheceu imediatamente.

O caso estava se tornando mais grave ainda. Voltei ao hotel e preparei minhas malas para retornar ao Brasil.

No aeroporto, sinto que sou seguido. Troco de caminho várias vezes até entrar no banheiro.

Um cara alto e forte me acompanha.

Entro na primeira cabine e segurando a porta. Quando percebo que ele entrou, jogo a porta em cima dele. Ele é atingido. Sua arma caiu do bolso esquerdo. Ao sair, questiono:

- Quem é você? Fala!

- Cuidado onde pisa, rapaz! Você nunca estará em paz se estiver por aqui. Vá embora! Esqueça tudo! Chacal se aproxima para te destruir sem vestígios.

Saio correndo em direção ao portão 10 e deixo Portugal.

<(Continua no próximo episódio)>

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