O filho do Pastor (S02-Capítulo 03-Jonas)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 2366 palavras
Data: 21/12/2023 20:07:40
Última revisão: 22/12/2023 09:22:07

Tomo meu café da manhã com Isaac, ele está feliz por ter amanhecido o dia gozando dentro de mim e posso dizer que também estou feliz de ter um homem tão gostoso e que me apoia como ele, conversamos um pouco sobre nossos planos, sai antes dele porque tenho uma reunião, o trabalho hoje vai ser a coisa mais chata do mundo.

Tive três reuniões pela manhã, um dos sócios da empresa que estou defendendo roubou quatro bilhões em mercadoria e agora a empresa está tentando não fechar as portas, enquanto negocia com os funcionários que estão entrando na justiça para receber as contas tudo certo antes que a empresa abre falência, meu trabalho é encontrar uma forma para que a empresa não quebre, talvez conseguir mais tempo nos contratos com os bancos, estou lendo o contrato do seguro em busca de uma breja que possamos explorar.

Almocei na minha mesa, quando estou trabalhando em algo difícil fico meio que obcecado, afinal quero manter meu bom nome, perto da minha hora de sair Ricardo o estagiário veio até minha mesa, com mais uma papelada para mim.

— O doutor Giovani pediu para o senhor ir até a sala dele e também me pediu para lhe entregar esses documentos.

— Ah, logo hoje que tenho uma reunião com o orientador do mestrado. — Às vezes ficava impossível conciliar tudo.

— Ele parecia bravo.

— Ótimo, estou indo, obrigado Ricardo.

— Quer que eu fique doutor?

— Não Ricardo, pode ir, bom descanso. — Ele sempre era solicito, aprecio isso em um estagiário.

Doutor Giovani estava puto, o caso que levei para o fórum mais cedo teve informações sigilosas vazadas, agora estavam entrando com um recurso para derrubar o acordo que tínhamos firmado, em termos leigos alguém havia me fodido com força e não foi de um jeito bom, só três pessoas do escritório tiveram acesso aos documentos, Doutor Giovani, Ricardo e eu, tirar o meu da reta seria colocar um alvo enorme na carreira do Ricardo, que nem havia começado ainda.

— Me explica isso Jonas.

— Doutor Giovani não sei como isso vazou, eu levei pessoalmente para o fórum, o Juiz assinou, depois arquivei tudo como tem que ser.

— Então o estagiário pode ter feito espionagem para nossos adversários. — Exatamente como pensei ele automaticamente estava levando a acusação para o Ricardo, doutor Giovani é um homem poderoso no ramo, ele podia queimar uma pessoa com poucas ligações.

— Me deixa falar com ele, antes de tomarmos uma decisão por favor. — Pedi.

— Resolva isso, ou você vai ser responsabilizado. — Ele foi bem enfático.

— Sim senhor. — Sai da sala dele com minha adrenalina a mil.

Tenho tempo de empresa suficiente para que o doutor Giovani acredite que não cometeria um erro tão leviano como esse, mas não fazer nada implicaria no fim da carreira do Ricardo, tinha certeza que ele não tinha vazado nada, sou bom em julgar caráter, pelo menos fiquei bom depois que deixei de ser ingênuo, liguei para o Isaac avisando que chegaria bem mais tarde e fui revisar toda a peça do acordo, para buscar meios de defendê-lo e evitar que ele fosse revogado, passei a noite toda lendo e relendo documentos, fiz ligações, marquei uma reunião para bem cedo com a outra parte a fim de manter o acordo, esperava que meus argumentos dessem certo.

Quando cheguei o Sushi já estava fechado, passava das uma da manhã, Isaac estava me esperando para me dar um banho e me fazer uma massagem, como fiquei no escritório acabei pedindo meu jantar e ele pediu para o entregador deixar para mim, uma comidinha especial que havia preparado.

— Não mereço você.

— Claro que merece. — Ele responde.

— Não faço ideia de como isso vazou amor.

— É tão grave assim?

— Basicamente a chave do nosso argumento, é o segredinho que a empresa teve que esconder por acordo ser aprovado, agora já era, o acordo vai cair por terra e se formos a julgamento o caso vai se arrastar. — Falei preocupado.

— Você vai resolver amor. — Ele disse me dando um beijo no pescoço.

— Acredito que consigo manter o acordo, pelo menos tenho que me manter confiante, mas o emprego do Ricardo está em jogo, mesmo que consiga reverter a situação o caso é que informações importantes foram vazadas, vamos ter que investigar.

— Não existe uma equipe de T.I. que possa ver isso? — Isaac perguntou.

— Eles verificaram e não havia cópias ou e-mails saindo do escritório, mas a informação foi passada, pois já está nos papéis da outra parte, sabendo o que procurar foi questão de segundos até Rebeca Marinho descobrir a verdade.

— Essa Rebeca é boa?

— Ela é a melhor advogada do ramo que conheço, ela é brutal, mas uma boa pessoa, estou apostando que ela vai ouvir a voz da razão amanhã.

— E se tiver sido mesmo o Ricardo?

— Ai eu mesmo vou quebrar todos os ossos do corpo dele, porque coloquei o meu na reta por ele hoje.

— Por que fez isso?

— Ciúmes agora Isaac. — Falei rindo dele.

— Claro que não, só que o seu só pode ficar na minha reta.

— Pode deixar que a sua reta é a única que me interessa ta bom. — Beijo ele.

Dormimos, estava tão cansado e tinha que acordar bem cedo, no dia seguinte meu marido lindo me acordou com café na cama, depois tomei um banho, vesti meu melhor terno e parti para o escritório da doutora Rebeca, encontrei com o Ricardo na recepção, achei que seria melhor uma primeira conversa só entre advogados, os clientes só iriam piorar a situação, achei que seria uma boa chance de aprendizado para o Ricardo.

— Doutor Jonas tem certeza de que vai dar certo?

— Claro que sim, não luto para perder Ricardo. — Falei confiante.

— Não fui eu. — Ele falou com uma voz penosa, nem deve ter pregado o olho, eu no lugar dele também não teria dormido, a situação dele seria grave ou não, dependendo do resultado dessa reunião.

Precisa e exata como um relógio suiço Rebeca apareceu na recepção me chamando, ele era uma mulher linda de quarenta anos, elegante e implacável, dona do próprio escritório, loira e pálida, ela era chamada pelos homens como iceberg, por ser solteira e por destruir seus adversários — você pode não achar, mas no direito a gente tem senso de humor — ela me cumprimentou e fomos para a sala de reuniões.

— Como vai o sushi doutor Jonas? — Ela me perguntou amigavelmente, enquanto íamos para a sala.

— Ótimo, Isaac sabe como manter tudo funcionando. — Ela já tinha sido minha professora no primeiro ano de mestrado, a mulher era realmente brilhante.

— Que maravilha, depois quero conhecer.

— Só me avisar que reservo até uma mesa. — Falei e ele riu.

— Agradeço. — Como sempre muito educada.

— Bem então doutora Rebeca, tenho aqui uma nova proposta, mas de antemão já aviso que é o máximo que meu cliente está disposto a mudar da oferta anterior, até porque a senhora bem deve saber que não teremos muito a ganhar levando isso adiante com algo tão insubstancial e de baixa relevância.

— Se fosse de fato insignificante não estaríamos tendo essa conversa, não é estimado colega. — Ela é mesmo boa.

— Considere essa conversa como uma cortesia de colegas de profissão, afinal poderíamos postergar ainda mais a reunião de negociação, e caso esse caso vá a julgamento posso garantir que tenho todos os elementos para provar o ponto do meu cliente.

— Jonas. — Ela fala quebrando um pouco o decoro e beijando a tela do notebook dela. — Sabe que posso arrumar vários motivos diferentes de dar dor de cabeça para o seu cliente, veio até mim com isso porque sabe disso, também sei que você fará de tudo para deixar essa ação se arrastar em julgamento.

— Então o que me diz Rebeca?

— Aceito sua proposta.

— Aceita? Assim tão fácil? — Fiquei surpreso.

— Conheço seu trabalho, tenho certeza que esse documento é uma ótima forma de apagar o incêndio que começou com aquele vazamento, mas o motivo não é esse.

— O que é então, poderia me falar?

— Bem , a informação veio a mim de uma forma nem um pouco legal, não vou infringir as regras para ganhar um caso, nunca precisei disso, não vai ser hoje que vou começar.

— Então, a senhora sabe quem vazou?

— Sim, a pessoa me mandou um e-mail. — Ela disse.

— Não vai me contar não é?

— Não poderia, afinal seria quebrar um acordo de confidencialidade.

— Agradeço sua disposição para resolver isso sem mais alardes. — Falo desistindo da ideia dela me contar, conheço Rebeca o suficiente para saber que nem no arrebatamento seria possível arrancar essa informação dela, mas uma coisa ficou clara para mim, não foi o Ricardo.

— Obrigado por se antecipar, isso me ajudará a encerrar esse caso de uma vez. — Ela fala.

— Acredite não é um dos meus casais favoritos também.

No fim do dia recebo o novo acordo já aprovado e protocolado, claro que tive que abrir mão do meu bônus nesse caso, porém era isso ou ter uma dor de cabeça enorme e dinheiro nenhum compra minha paz, uma parte do problema estava resolvida, entretanto me restava descobrir como a informação tinha vazado, queria ficar no escritório trabalhando de novo, mas tive que ir para a faculdade para ter minha reunião com meu orientador.

— Jonas tenho boas novas para você. — Ele disse animado?

— O que?

— Vai poder defender seu trabalho, podemos marcar a sua defesa.

— Sério, achei que não ia passar ainda no comitê de ética.

— Seu trabalho está perfeito, vai poder defender antes do final do seu prazo. — Faltavam sete meses para fechar meus dois anos de mestrado.

— Fico feliz.

— Já escolhi sua banca, a doutora Rebeca vai concordar em participar.

— Ah ótimo, gosto dela, inclusive encontrei com ela hoje. — Contei a ele sobre a reunião, mas sem entrar em detalhes.

Fui até a cantina da faculdade comprar um refrigerante, estava com sede, na fila para pagar vejo Iuri, ele estava com o terno e uma mochila, me lembrou muito a mim mesmo no início da faculdade, vivia bem vestido e com minha mochila para cima e para baixo, quando ele me vê estou rindo feito um idiota nostálgico.

— Doutor Jonas. — Ele me chama.

— Só Jonas. — Falo me aproximando dele. — Está tendo aula hoje?

— Já tive, só os primeiros horários hoje é o senhor, quer dizer e você?

— Vim marcar minha defesa do mestrado. — Falei, era natural conversar com ele, como se já nos conhecemos. — O que você tem aí nas mãos?

— Nada, só um artigo para aula de direito tributário, estou dando uma última conferida.

— Também imprimia todos os meus trabalhos para ler antes de entregar, nunca me dei com o tablet, se quiser posso dar uma olhada, essa área é bem fresca na minha mente, eu quem fico encarregado dessa parte no sushi.

— Não quero incomodar. — Ele fala tudo sem jeito.

— Incomoda, você me compra uma lata de coca e estamos quites.

— Pode ser então. — Iuri foi comprar o lanche dele e meu refri, enquanto fui para uma mesa ler o artigo dele.

Fiquei lendo o artigo dele por um tempo, enquanto isso ele ficou comendo o lanche dele e me observando o tempo todo, quando me dei conta estava comendo as batatinhas que ele tinha comprado, mas ele nem se importou, aquela cena era estranha e familiar ao mesmo tempo, alguns alunos passavam pela gente em completo espanto, pelo que ouvi ninguém nem chegava perto dele na faculdade, de repente ele estava dividindo um lanche com um desconhecido, era mesmo de se admirar.

— Marquei e fiz algumas observações, mas tenho que dizer que seu trabalho está ótimo, completo e objetivo do jeito que gosto de ler, minhas observações são mais nas formas de escrever alguns termos, às vezes seu texto tem que ser confuso para ser relevante, quando mais difícil de ler maior a nota. — Nós dois rimos, pois essa é uma verdade da vida acadêmica.

— Muito obrigado Doutor Jonas. — Encarei ele o repreendendo. — Quer dizer Jonas, desculpe, não sou acostumado a.

— Ter amigos. — Falei e ele concordou com a cabeça aceitando os fatos. — Vem vamos jantar.

— Já comi obrigado.

— Eu comi metade do seu lanche para dizer o mínimo, vem vou te pagar uma barca.

— Não vou dizer não para sushi. — Ele responde sorrindo.

— Sua sorte é que conheço o dono de Sushi aqui perto que é ótimo e num preço acessível para mim.

Vamos juntos para o sushi, ele fala sobre as mazelas da faculdade e compartilho com ele as minhas mazelas no mestrado para mostrar para ele que a vida acadêmica só piora, Iuri quer uma carreira na defensoria pública, achei bem válido as razões dele, nunca pensei em defensoria publica, meu objetivo é dar aula, estão estou fazendo de tudo para poder está dentro de uma sala de aula.

Ele estava muito feliz com o curso, realmente lembra muito a mim mesmo no meu tempo de faculdade, quando chegamos ele foi para um mesa e fui dar um beijo no meu marido lindo e perfeito.

— Temos visita.

— Quem?

— O Iuri.

— O Davi está ai? — Ele perguntou revirando os olhos.

— Não, Iuri veio comigo, encontrei com ele na faculdade. — Contei sobre a minha defesa e sobre ter ajudado ele com artigo.

— Tá bom, levo já algo para vocês.

— Te amo.

— Te amo mais. — Ele me beija e vou para o salão esperar junto com o Iuri.

— É muita sorte ter casado com um sushiman.

— Nem me fala, eu amor ele sushi.

— Também adoro, desde o primeiro ano de faculdade me apaixonei. — Disse ele.

— E sua família de onde é? — Ele ficou sério do nada.

— Minha mãe morreu. — Ele fala.

— Desculpe, meus pêsames. — Falei.

— Tranquilo, nem cheguei a conhecer ela. — Ele disse. — Somos só eu e meu pai, ele é legal.

— Sorte a sua. — Acabo soltando seu querer, ele me deixa mesmo à vontade.

— Seu pai é vivo?

— Infelizmente sim, mas não falo com ele.

— Problemas com família, quem não tem. — Ele fala e nós dois rimos.

Conversamos mais sobre a faculdade e a vocação de advogado, até que Isaac venha com uma barca, acho que foi impressão minha, porém não pareceu que Iuri tivesse ido com a cara do Isaac, mas como Isaac só deixou a comida disse um oi e voltou para a cozinha achei que pudesse ser realmente só algo da minha cabeça.

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Comentários

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Eu estava com saudades do meu Rafa e dos comentários aqui, que são um capítulo a parte. Sinto-me em casa. Parece que conheço todos da sala do meu apartamento. Sei até, às vezes, o que vai ser comentado. São estilos muito particulares.

Acho que Davi teve participação no vazamento das informações. Ele estava no Fórum quando Jonas teve audiência com o juiz. Pode ser "neura" minha. Seria uma forma de atingir Isaac indiretamente (prejudicando Jonas).

Sobre Jonas e Iuri, já já esses irmãos se unirão.

Rafinha, manda logo a continuação (no seu tempo, claro).

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Valeu, peço que de uma lida também no conto de passagem é um conto curtinho, mas bem divertido.

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Quer dizer então que vc sabe até o que vai ser comentado, Paulinho? Hehehe

Eu não sei, mas adoro os palpites seus e do KyreD 😉

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Gente já falei isso aqui, mas como tem gente nova vale falar de novo, eu não consigo ler mensagens então não me mandem mensagem, falem nos comentários

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Como sempre, muito bom. Ricardo Rodrigo, é um bom nome composto. rs.

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Rafa acaba logo com nossa ansiedade vai! Hahaha. Mas sei que isso vai se arrastar até Iuri e Jonas se descobrirem, né? E a gente vai continuar acompanhando hahaha

PS: tem uma mistura de nomes do estagiário, Rodrigo/Ricardo!

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🤦🏼‍♂️🤦🏼‍♂️🤦🏼‍♂️🤦🏼‍♂️ odeio desencontros, mas o capítulo está ótimo, está ficando cada vez melhor como autor Rafa🧐.

😑 Ainda não consigo enxergar qm vazou as informações, e pela forma q Rebeca falou, parece ser coisa de hacker.

Pode ser só perseguição com o davi, mas qual a probabilidade de Davi, ter conhecimento em ciber segurança?

Será q existe um personagem novo à ser mostrado?

Qm me garante q não foi Ricardo?

Acho q Rafa está indo pelo caminho dos mistérios...

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Adoro seu lado investigativo, cara! Haha me divirto 😉

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Às vezes chamo isso de paranoia🤣🤣, fico muito afobado qnd chega um conto

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Mais um capítulo é infelizmente, ficou algumas pontas soltas, pelo menos os irmãos se deram bem, tomara que troquem números de celulares, para depois terem uma conversa mais franca.

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