Meu Judoca (Capítulo 19)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 2244 palavras
Data: 12/11/2023 21:03:25
Assuntos: Amigo, Gay, Judô, segredo

Marcelo foi embora já de madrugada, só não dormiu comigo porque é uma regra que ele tem com Ana, dormir para eles já representa muita intimidade, até dentro do poliamor existem regras a final, estou mais leve, transar com Marcelo foi ainda melhor do que estava esperando, estou acabado, deixo para terminar de arrumar minhas coisas amanhã e vou dormir.

Na manhã seguinte acordo com cheiro forte de café, reconheço esse café, minha mãe está em casa, é tão estranho, depois de quase um mês sem ver ela e agora parece que ela nunca se foi, esse cheiro me trás ótimas lembranças, levanto, vou ao banheiro lavar o rosto e sigo para a cozinha, estou só de cueca, normal, sempre fico à vontade estando em casa, ela está lá preparando o café como se nada tivesse acontecido, só que não está sozinha, tem um homem com ela, é incrível como ele se parece com meu pai, tomei um susto e ele assim que me ver faz sua cara de desaprovação.

— Oi Iuri, vai colocar uma roupa filho. — Ela fala comigo como se não tivesse passado um mês fora, e agora em pé olhando para ela me dou conta de que estava sentindo muito a falta dela, esses sentimentos são muito confusos.

— Não ouviu sua mãe, vai por uma roupa. — O homem fala em tom de ordem, isso me ferve o sangue, quem esse cara acha que é.

— Iuri, por favor. — Minha mãe pede mais uma vez, pois conhece meu temperamento, vou para o quarto e voltei com uma roupa e com os documentos que meu pai pediu para entregar a ela.

— Sabia que ele não teria coragem de ficar aqui e me encarar pessoalmente. — O homem fala se sentindo vitorioso.

— Talvez ele pensasse que você tentaria terminar o serviço. — Respondo pois não vou tolerar que esse cara estranho desrespeite meu pai mais ainda.

— Esse moleque é bem mal educado.

— Desculpe, ele só está de mal humor, seja gentil filho.

— Mãe, por que ele está aqui?

— Eu vim para apoiar sua mãe, e para garantir que o canalha do seu pai não fizesse a cabeça dela contra mim de novo.

— Você só pode está brincando né, você quase matou meu pai e agora Deus sabe porque resolveu voltar com minha mãe. — A raiva em mim vai crescendo só que o homem vem em minha direção, fico firme no meu lugar, quando ele levanta a mão para mim eu me preparo para derrubá- lo, mas minha mãe entra no meio.

— Não use o nome de Deus em vam, seu bastardo. — As palavras dele doeram mais do que o tapa, olho para mim mãe em busca de amparo, mas o que recebo é indiferença.

— Iuri vai para o seu quarto, depois conversamos.

Vou para o meu quarto e a palavra reverbera na minha mente, bastardo, é isso eu eu sou um bastardo, um filho fora do casamento, ele me odeia assim como odeia o meu pai, não sei se vou aguentar morar com esse cara, e se meu irmão me ver como um bastardo também, minha respiração começa a acelerar, estou passando mal, meu corpo está tremendo, meu coração está batendo forte, ele quase me agrediu, só agora me dou conta que aquelas mãos quase mataram meu pai, um medo começa a crescer dentro de mim, agradeço por meu pai está seguro, a presença daquele homem é um perigo para ele, me sento minha cabeça está rodando e estou chorando.

A sensação é de que vou morrer, já tinha anos que não sentia uma crise de pânico dessa forma, nem quando descobri os segredos da minha família minha ansiedade atacou dessa forma, não controlo meu corpo, ele não responde me deito na cama me enrolando com o lençol, pego meu telefone, minha vista está embaçada, não consigo digitar meus dedos tremem bastante, ele pode entrar pela porta a qualquer momento e me atacar, como vou me defender, começo a me sentir pequeno, mando mensagem para o Téo, mas o celular dele deve está desligado pois a mensagem não chega, busco nos contatos e vejo Mateus, abro a conversa e ele está online, mando um áudio para ele, minha voz falha, mal consigo pronunciar as palavras, peço ajuda, é só o que consigo responder, ele pergunta onde estou e digito a palavra casa, com muita dificuldade se não fosse o corretor não teria ido.

Tento me acalmar sozinho, perco a noção do tempo quando escuto a campainha de casa, meu telefone começa a tocar, é Mateus, estou um pouco mais calmo consigo dizer que estou indo, quando saio do quarto não vejo minha mãe e nem meu tio, devem está no quarto pegando as coisas dela, aproveito para passar bem rapido e ir abrir a porta para o Mateus, deve está pessimo pois a cara dele de preocupação aumenta quando me ver.

— Me tira daqui. — É só o que consigo dizer.

— Vem. — Mateus me abraça e vou com ele, me sentindo um pouco mais seguro, estou só com uma bermuda de time e uma camiseta, o celular na mão e só, deixo todo o resto para trás.

Ele me coloca no carro, até o cinto me ajuda a colocar porque estou tremendo ainda, só quando o carro se afasta da minha casa é que minha respiração volta ao normal, Mateus segurou minha mão o percurso inteiro até chegarmos na casa dele, ainda bem que o carro dele é automático.

— Tá melhor. — Ele fala quando para o carro na garagem.

— Estou.

— Isso foi uma crise de pânico, né?

— Como você sabe?

— Tive uma quando Sofia deixou Mel comigo a primeira vez e foi embora. — Só agora solto a mão dele e agradeço.

— Obrigado.

— Quer falar sobre o que causou isso. — Contei tudo para ele desde que saí do quarto até o momento em que mandei mensagem.

— Caralho mano, e cadê eles?

— Não sei, deviam estar no quarto arrumando tudo.

— Você já tomou café?

— Não.

— Nem eu, estava saindo da casa do Beto quando vi sua mensagem, ia comer com ele, mas você pediu ajuda sai disparado.

— Obrigado, não queria atrapalhar eu juro.

— Ei calma eu sei, só tenho a te agradecer, não sei o que você falou com Beto ontem, mas ele me ligou e me chamou para conversar.

— Vocês se entenderam?

— Estamos no caminho para isso, eu dormi com ele, só que não rolou nada, mesmo assim foi bom.

Entramos, ele me serve café e comemos juntos, ele, Bel e eu, Mel está com os avós.

— Bel não só conseguiu o cartão do papai, como também que eles fossem para a casa da tia Lucia, resumindo a casa está liberada para a festa.

— O que posso fazer se sou a preferida. — Diz cantando vitória, sinto um pouco de inveja deles por terem pais tão fodas, os meus são acidente de trem.

— Ah massa, vou precisar mesmo dessa festa. — Digo.

— Beto veio, confirmou comigo ontem. — Mateus fala isso com um sorriso largo no rosto.

— Graças a deus, as coisas estão se acertando, e a tal Ana e o Marcelo vem?

— Téo é mesmo um fofoqueiro né. — Digo e todos riem.

— É só um amigo, e Ana é namorada dele.

— Casal moderno. — Mateus fala.

— E gostosos. — Completo e rimos de novo, me sinto bem mais leve.

Ainda não estou pronto para ir para casa, então ajudo Mateus e Bel com os preparativos da festa, Téo tem umas coisas para resolver então só pode vir ajudar mais tarde, Beto não quis vir, parece que também tinha algo para resolver, mas pelo que parece ele virar para festa o que já é muita coisa, minha nova vida não vai ser fácil, mas estou me agarrando na minha última esperança que é o Jonas, se ele for como o pai dele então minha vida vai ser um inferno, minha mãe aceitou que aquele homem me chamasse de bastardo, estou incrédulo com isso ainda.

Durante o almoço Téo se junta a gente, nunca vi ele passar tanto tempo ficando com a mesma pessoa, acho que ele realmente gosta de Bel, mas não me meto porque se tratando do Téo, tudo pode mudar com o vento, tudo ficou perfeito para a noite, quase todos os que foram convidados confirmaram presença, pelo menos vou embora sabendo que algumas pessoas aqui vão sentir minha falta, se tudo der errado lá vou ter para onde ir, mas não posso ficar sem tentar pelo menos, algo no meu coração me dizia que Jonas era diferente do pai dele, ele precisava ser.

Antes que a festa começasse fui em casa, mas minha mãe não estava, e como sai desorientado não peguei minha chave — droga — Ela deve ter isso se despedir das amigas e apresentar o novo namorado é a cara dela fazer isso, o jeito é voltar como Mateus e ele me emprestar uma roupa,, por sorte ele tem algumas coisas que servem em mim.

Não quero beber muito, porque não quero mais confusão quando chegar em casa, então fico só na cerveja mesmo, pego uma garrafa e vou falar com algumas pessoas que acabaram de chegar, a media que a festa anda as pessoas vão chegando e por incrível que pareça estou me divertindo, Ana infelizmente não conseguiu vir, ela teve um imprevisto mas, mandou milhões de mensagens me desejando toda a sorte do mundo e perguntando se dava tempo da gente se ver antes de eu viajar, falei para ela que ia depender da hora em que minha mãe quisesse ir, mas acho que só iriamos na segunda porque ela não tinha comprado as passagens ainda.

Tem algumas pessoas que não conheço mas Bel trata de me apresentar a todo mundo, no meio das apresentações tem um cara que me chama muito atenção, ele é preto, mais ou menos da minha altura, uma barba grande, cabelo curto, olhos profundos, ta usando uma camisa polo preta e um jeans, um sorriso largo e um perfume desse que não se acha fácil, tudo nele me chama atenção.

— Bel quem é o carinha ali falando com Mateus?

— Ah o André, nosso primo dono da pizzaria que a gente comeu naquele dia.

— Ele é bem bonito né.

— Ele é um gostoso, minha família tem o sangue bom né, pode dizer. — Bel é a pessoa mais engraçada que conheço.

— Ele é interessante, mas parece hetero. — Falo.

— Amigo assim, ele não é cem porcento hetero não, mas não ele não pega muito homens não, o pai dele é meio chato com isso, ai ele para evitar estresse só pega no sigilo, mas eu só vejo ele pegando mulher, quem descobriu que ele pegava homem foi o Teteu nunca festa que eles foram.

— Será que tenho chance?

— Claro que tem, tem chance até comigo se quiser amigo. — Estou rindo.

— Você está com o Téo.

— Eu e a torcida do Flamengo né Iuri, somos só sexo e tó otima assim, vem deixa eu apresentar vocês.

Ela nos apresenta e o cara tem uma voz rouca, bonita, um olhar que parece ver além de você, puxo assunto com ele e começamos a trocar uma ideia, ele é bem fechado como Bel disse, mas vou falando da pizzaria, do judô que ele parece curtir também, mesmo não praticando, falamos um pouco sobre os planos para o futuro, ele parece querer me conhecer, deve está me sondando para ver se vale a pena se permitir, ele me pergunta o que quero fazer de faculdade e respondo direito, Marcelo cursa direito e pelo que ele me falou curti bastante a ideia de ser advogado, proteger aqueles que não tem grana, ser uma defensor público a ideia parece boa, isso desarma o André e nossa conversa parte pro outro nivel, estamos falando sobre relacionamentos, ele já namorou umas minas, mas nunca namorou um cara, quando falo para ele que prefiro lances casuais ele abre um sorriso, e que sorriso lindo ele tem.

A conversa com André se desenrola de tal forma que nem percebo a hora passar, nada de beijo ainda, mas o papo está tão bom, ele está me contando sobre como foi abrir a pizzaria quando vejo Beto chegando, assim que ele me ver, vejo sua expressão se fechando, ele e Mateus seguem para dentro da casa, não acredito que ele vai ter outra crise de ciúmes por me ver conversando com o André, mesmo depois da nossa conversa ele vai continuar por esse caminho, preciso fazer algo, peço licença um instante para o André e vou atrás deles.

Beto, não pode descontar no Mateus a raiva que ele sente de mim, Téo está do meu lado, ele percebeu o clima também, quando estamos chegando no quarto escuto a voz exaltada do Beto.

— Você foi correndo na hora que ele chamou!

— Beto já te falei ele estava precisando de ajuda. — Mateus se explica com calma.

— Ah sei qual era a ajuda, por isso que ele está usando suas roupas, usando seu perfume, você também deu banho nele? — Vou entrar no quarto, mas Téo me segura, pela cara dele percebo que a coisa vai ficar pior se eu entrar.

— Beto pelo amor de deus, eu estou com você, o Iuri teve um problema, a gente saiu da casa dele e ele não pegou as coisas dele, por isso emprestei as coisas para ele. — Eles ficam em silêncio, Téo e eu nos afastamos para sair de lá, só que antes de sair escuto Mateus perguntar algo para o Beto.

— Beto seja sincero, você está com ciúmes de quem, meu ou dele?

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Comentários

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Beto está errado sim. Todos estão sendo sinceros com ele. E Iuri tentou primeiro falar com Teo e não conseguiu. Só depois pediu ajuda a Matheus.

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Hahahhahah qm fala o qr, escuta o q não qr hahahhahahahhahahha

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cara o Beto tá ficando intragável. o mais errado da história é ele de ficar com os dois ao mesmo tempo escondido do outro e os caras aceitaram de boa. Agora ele que fazer ceninha? Tá precisando tomar um gelo da turma

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Há! Finalmente Mateus fez a pergunta que importa

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