Adolescentes em ação [07] ~ Início

Um conto erótico de Lucas
Categoria: Gay
Contém 4297 palavras
Data: 27/11/2023 16:36:03
Assuntos: Gay, Início, Sexo, Traição

Estava em situação de total desespero. Chorava, mas já nem isso conseguia mais fazer, pois me faltava o ar. Respirava pela boca. Estava ofegante. O ar ia acabar e eu iria desmaiar. A tristeza era enorme. Queria morrer também. Alguém me coloca em seus braços e alisa meu rosto me confortando.

- Lucas, acorda cara. Ta tudo bem. Você deve ter tido um pesadelo. – dizia Marcos, todo carinhoso e preocupado.

Abri os olhos. Olhei para Marcos que me direcionou um leve sorriso de conforto. Eu ainda estava assustado com o sonho terrível que tivera, e confesso que estava meio perdido entre o que era sonho e o que era realidade. Ergo um pouco meu corpo da cama para observar a estante na parede oposta. Fico aliviado. O taco de basebol está no mesmo local em que fora colocado anos antes, quando o trouxemos como lembrança de nossa viagem à Disney. Agora eu tinha certeza: tivera um pesadelo. Foi horrível.

Contei ao Marcos o que havia sonhado.

- Será que é algum aviso, Marcos ?

- Bobagem, gato. Ninguém pode prever futuro. Nem através de sonho e nem de forma nenhuma.

- Ah...Mas me deu medo. Na realidade estou com medo. Não quero perder meu irmão.

- Para de bobagem. Não é porque você sonhou isso que o Rafa vai morrer. Um dia até vai, como todos nós. Mas com certeza ele estará bem velhinho quando isso ocorrer.

E Marcos continuou a me acalmar e explicar.

- Me diga uma coisa. Se fosse assim como você está pensando, que, sonhando com a morte de uma pessoa é sinal de que ela morrerá, porquê então quando sonhamos que ganhamos na mega sena isto não nos acontece?

- Verdade, Marcos. Tem razão.

- Você se divertiu muito hoje com seu irmão que tanto você ama. Enquanto seu consciente registrava seu amor pelo Rafa, seu subconsciente, paralelamente, registrava o medo que você tem em perdê-lo. Este seu subconsciente a se manifestar na hora de seu sono e fez com que tivesse este pesadelo.

Não disse nada e continuei a ouvi-lo, pois tudo que me dizia parecia fazer sentido.

- Pois é, cara. A lembrança de que um dia realmente perderemos nossos entes queridos é que nos deixa preocupados. Pois, temos plena consciência de que, um dia, esta perda ocorrerá. Mas, quando ela acontecerá jamais saberemos. E por mais que nos preparemos para ela, a morte de alguém que amamos, nunca estaremos preparados.

Marcos continuou a falar.

Explicou-me sobre a morte.

Disse que esta é que dava graça e razão ao viver. Que se não houvesse morte, nossas vidas seriam um castigo de Deus.

- Porquê, Lucas, eu iria a escola segunda-feira para estudar, se eu jamais fosse morrer? Eu teria todo tempo do mundo para estudar. Porquê então que teria de ser na segunda-feira?- e explicava- O que nos dá motivação de vida é exatamente o tempo que temos em razão dos objetivos que queremos alcançar. Se eu tenho todo o tempo do mundo para conseguir alguma coisa, com certeza eu acabarei não a realizando.

- Como assim, Marcos?

- Vou te dar um exemplo. Quando um professor da sua escola lhe dá um dever de casa para entregar na manhã seguinte, e um amigo seu liga e te chama para ir ao cinema naquela tarde. Que você responde?

- Que não poderei ir, pois tenho de fazer um trabalho para entregar no dia seguinte.

- E se o trabalho fosse para ser entregue daqui a 6 meses?

- Daí eu aceitaria o convite e iria com ele para o cinema naquela mesma tarde.

- Pensa agora... O trabalho só será entregue daqui a seis meses; você foi ao cinema com ele... No dia seguinte ele te chama para jogar futebol, você vai ?

- Sim, pois ainda dará muito tempo pra se fazer o trabalho.

Marcos continuou.

- E no outro dia ele te chama para uma festa...

- Eu vou.

E a cada dia aparece um convite novo...

- Eu vou aceitando – disse rindo.

- Então, Lucas... Seu professor lhe deu seis meses de prazo para que você pudesse fazer um excelente trabalho, pois ele julgou que era necessário um este tempo para que o trabalho fosse realizado de maneira correta. Mas, você achou que tinha tempo de sobra. Sabe o que iria acontecer?- perguntou dando-me a resposta- Você iria acabar deixando pra fazer o trabalho na semana de sua entrega ou na véspera, e notaria que não tinha mais condição de realizá-lo.

- Isso é verdade, pois já me aconteceu – afirmei.

- Não sei se consegui lhe demonstrar o que eu gostaria. Mas, espero que tenha percebido que o tempo em excesso nos desvia de nossos objetivos. A morte faz nos lembrar que nosso tempo é curto e por isso devemos então correr atrás daquilo que desejamos. Compreende? A morte é algo bom.

- Mas então não devo ficar triste se meu irmão ou alguém que amo morrer. É isso que você quer dizer?

- Não, Lucas. Todos nós ficamos tristes quando perdemos alguém que amamos. E devemos chorar muito por isso. E para essa dor não existe remédio.

- Ahh ta...

- A mensagem que quero lhe passar é apenas esta: A morte virá para todos. Não sabemos e ninguém sabe quando. Por isso devemos sempre não deixar para depois aquilo que podemos fazer hoje. Devemos viver intensamente cada dia de nossa vida. E nunca cansarmos de demonstrar o nosso amor para aqueles que amamos.

Fiquei admirado ao ouvi-lo. Como um rapaz de xvii anos poderia dizer palavras tão sábias?

- Marcos, como você sabe de tudo isso?

- Sei lá, cara. – desconversou.

- Sei lá nada... Conte aí...

- Isso é segredo – riu.

- Você e seus segredos..Sr.”mistério”. – nós dois rimos.

Fiquei alguns segundos, pensando naquela mensagem que Marcos me passou “Nunca cansarmos de demonstrar o nosso amor para aqueles que amamos”.

- Marcos, você é sensacional. Não sei onde você estava escondido este tempo todo em que eu não te conhecia...

- Em Campinas, já te disse. Rrsrsrsr

Dei-lhe um beijo na boca.

- Obrigado, Marcos.

Levantei-me. Peguei meu travesseiro.

- Aonde você vai?

- Seguir suas palavras. Dorme ai. Lá pelas dez horas venho te acordar.

Fui para o quarto de Rafinha, que serenamente continuava a dormir. Cutuquei o RB, que agora já não estava mais dormindo agarradinho ao meu irmão.

- “R”, você se importa se eu dormir aqui? Continue a dormir lá no meu quarto. Pode ser, gato?

Ele todo sonolento e sem saber o que estava acontecendo respondeu que sim, mas me perguntou se havia acontecido alguma coisa.

- Sim. Coisas sempre acontecem. Mas, não aconteceu nada de ruim. Amanhã eu te explico. Obrigado, “R”. Fico te devendo essa. – Beijei seu rosto antes que saísse.

Ajeitei meu travesseiro ao lado do de Rafinha, que dormia virado para seu lado esquerdo. Dei um beijo em seu rosto lisinho e o abracei de conchinha. Ele meio que acordado, meio que dormindo, abriu os olhos e disse “ é você, Uquinha? Ta tudo bem?”

- Ta tudo bem sim, maninho. Durma que já já o Vinny ta aqui.

- O Vinny vem hoje?

- Vem sim, eu não te contei?

- Não.

- Ele ligou a tarde avisando. Chega agora de manhã.

- Mas, aconteceu alguma coisa? Cadê o RB?

- Não aconteceu nada, bobo – disse com um sorriso – mandei seu namorado dormir na minha cama.

- Ele é meu amigo e não meu namorado.

- Eu sei...To brincando.

- Mas, Uca...ta tudo bem mesmo? Você quer me falar alguma coisa?

- Rafa, nunca tudo esteve tão bem como hoje. E quero te falar uma coisa sim. Algo que eu sempre falo, mas que quero agora repetir. Eu te amo, meu maninho querido e sempre estarei ao seu lado.

- Eu sei disso e também te amo muito, Uquinha – sorriu e continuou – Mas, porquê você está me dizendo isso agora.

- Porque me deu vontade... E nunca devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. Devemos viver intensamente cada momento de nossas vidas e... “Nunca cansarmos de demonstrar o nosso amor para aqueles que amamos”.

- Nossa, Uca!!! Que bonito isso que você me disse. Eu nem sabia que você sabia filosofia – Isso é filosofia, né? – Disse o Rafa com uma face de admiração e alegria.

- Pois é Rafinha...Nem eu sabia.

E dormi abraçado ao meu irmão. Que sono delicioso.

Enquanto isso...No meu quarto.

RB se ajeita e deita-se no lugar onde eu estava deitado.

Marcos olha para ele e cinicamente pergunta:

- Oi, qual é seu nome? Vem sempre aqui?

- Meu nome é Bond... Bom-de-Rola.. Não venho sempre não. Só apareço quando tem algum cuzinho para ser enrabado. Tem algum aí?

- Moleque...nem sonhe em virar esta rola de jumento pra minha bunda. Vira prá lá e dorme, sr “ aberração da natureza”. Rsrsrsrsr

- Mas você não vai dar nem uma chupadinha para eu dormir?

- Não...só chupo pica com cobertura de musse de limão. Tem aí? – perguntou e já respondeu – Não tem.

Os dois caíram na risada e dormiram.

Acordei por volta das dez horas da manhã com o telefone tocando. Estava bobo de sono.

- Alô?

- Lucas...

- Fala, Vinny. Já ta chegando?

- Não. Tive que resolver algumas coisas e vou me atrasar um pouco. To levando uma carninha para assarmos. Preparem as coisas que lá pelas 14 horas eu estarei aí.

- Ok. Estamos no aguardo.

- Beijo

- Beijo

Embora eu gostasse muito de meu primo, a notícia de seu atraso me agradou. Estava super cansado em conseqüência da noite anterior, da qual me lembrava de cada detalhe. E cada vez que os lembrava me surpreendia com o que fui capaz de fazer. Não me arrependia de nada do que havia feito, ao contrário, estava bastante feliz. Vi que havia me descoberto como uma nova pessoa. Notei que eu havia nascido novamente. O Lucas “pegador” de meninas, com certeza, não existia mais. Ficar com o Marcos, transar com ele, beijá-lo, me fez ver que o “meu negócio” é com macho e não “muié”. Brinquei comigo mesmo em pensamento: “eu quero é rola”. E ri sozinho

A transa com o RB foi boa. Na realidade dizer que foi boa é uma tremenda injustiça, foi excelente. Mas transar com Marcos envolveu mais sentimento e menos “carne”. Principalmente o”segundo tempo”, quando transamos em meu quarto.

Definitivamente o Lucas heterossexual havia morrido e em seu lugar nascera um novo Lucas, gay.

- É Lucas – disse a mim mesmo – você nasceu duas vezes. Na sua primeira vida o “senhor” foi muito feliz. Que será que lhe espera agora?

Pensei em dormir mais um pouco, as mudei de idéia. Acordei os meninos. Demos uma limpeza geral na bagunça. Coloquei o lençol sujo de meu quarto na máquina de lavar e procurei desfazer qualquer vestígio de “foda” que pudesse existir pela casa.

O Rafa foi até a padaria e trouxera alguns pães.

- Trouxe da “Menino de Ouro”?

- Lógico... o melhor pão do ABC.

- Trouxe para o churrasco também?

- Sim.

- Legal...

Sentamos os quatro á mesa da cozinha para tomarmos o nosso café da manhã. Coloquei alguns frios à mesa, Marcos fez o café e o “R” preparou um suco natural, que ficou com uma cor meio esverdeada. Rafinha, com suas palhaçadas de sempre, fazia com que todos nós déssemos risada a toda hora.

- Marcola – disse ele – passa esse suco de taturana aí...

- Hã?!!? – disse Marcos não entendendo nada – Taturana? Que taturana?

- Esse suco verde aí não é taturana? – disse o Rafa rindo.

- Que taturana o que, Moleque... Fiz um suco caprichado de abacaxi com hortelã e você fica me zuando...- reclamou RB.

- Desculpa “querida”, eu não quis ofender você – falou em tom de zombaria, levantando-se e dando um beijo de estalar na bochecha do RB – Seu suco ta uma “delícia” – falou isso fazendo uma careta vista só por mim e pelo Marcos. Vou tomar um copão. Veja só. – tomou um gole de suco olhou para o RB e disse –“totoso”- de repente, tal qual a algum personagem de desenho animado, fingiu engasgar-se e passou a emitir sons com a boca como se fosse vomitar – “Argh..Uahrg..Bluarg..” – depois colocou a duas mãos no pescoço e começou a encenar um sufocamento...Dobrou os joelhos como se estivesse caindo e esticava o braço direito em nossa direção nos “pedindo socorro”. Por último colocou a mão no coração e caiu “morto” no chão.

O Rafa é muito engraçado. Mesmo que suas piadas não tenham tanta graça, mas seu rosto e seu modo de falar já inspiram vontade de rir.

-Vai toma no seu cu, seu palhaço de circo de periferia – xingou RB ao mesmo tempo que também dava muita risada – Também eu ia fazer o molho pro churrasco e não vou mais.

-Não, “R”. Foi apenas uma brincadeirinha me desculpa, por favor. Perdão, eu lhe imploro. – ajoelhava-se nos pés do RB e segurava sua mãos enquanto dizia estas palavras com mais ironia e deboche.

-Some daqui.

O Rafa era mesmo um palhaço sem correção.

- RB e Marcos, vocês ficarão para o “churras”, né? – perguntei a ambos.

- Claro que vão – quem respondeu foi o Rafa – O “R” veio prá passar o fds mesmo, e o Marcos também vai ficar aqui conosco sim. Afinal o papai e a mamãe só retornam amanhã...e a casa é nossa – disse “ a casa é nossa”, com uma voz cheia de malícia, dando uma risadinha sacana e esfregando as mãos, como aqueles vilões de histórias em quadrinhos.

- Pervertido – RB xingou-o.

Caímos na risada mais uma vez.

- Então, carinhas...

- Fale, Marcos – eu disse.

- É o seguinte... Eu poso ficar sim, mas tenho que ir em casa avisar meus pais que está tudo bem e que ficarei aqui com vocês. Vamos lá comigo, Lucas? Assim aproveito e pego o violão.

- Veja , RB, ele só chama o Lucas...

E o RB e o Rafa juntos fazem um som com a boca – Hummm - e cara de quem diz “sei o que vão aprontar”.

- Parem os dois de frescura. Só iremos eu e o Marcos mesmo. Fiquem ai e façam os preparativos para o “churras” enquanto vamos até a casa do Marcos. RB, faça o molhinho de churrasco que você me disse que sabe fazer. O que você. precisar tem na geladeira. Rafinha, arrume o carvão na churrasqueira.

- Sim sahib – era o palhaço da Rafa, com as palmas das mãos encostadas uma na outra e abaixando a cabeça, em sinal de concordância, fazendo-se parecer um serviçal indiano.

-Este palhaço não tem jeito mesmo. Vamos, Marcos.

O Marcos morava bem pertinho de casa. Entramos, ele me apresentou sua mãe, uma senhora muito simpática e bonita. Uns quarenta e cinco anos. Loira.

- Prazer, Zezé - disse ela.

- Prazer, Lucas. A senhora é muito bonita.

- Não xaveque minha mãe, Lucas. Rsrsr.

- Obrigado. Você é um menino muito gentil.

- Não é gentileza, é verdade.

- Vai ganhar um beijo só por causa disso – disse ela e me beijou.

- E seu filhote querido, não ganha nada?

- Vem cá ciumento – beijou-o também.

Fomos até o quarto do Marcos. Um quarto muito bonito também, onde se destacava uma estante com muitos livros.

- São na sua grande maioria de meus pais. Mas como gosto muito de ler, trouxe eles para cá.

Tinha livros de todos os gêneros e tamanhos. Quanto mais conhecia Marcos, mais eu o admirava. Como um moleque de anos poderia ler tanto. Ainda mais livros alguns livros que pareciam ser tão chatos.

Em uma parte da estante estavam colocados livros somente de filosofia..

- Cara, até estes você já leu?

- Não todos, mas quase todos.

- Mas...Filosofia...que coisa chata. Desculpe-me em dizer.

- Chata não. Muito interessante e ajuda muito a nos conhecermos e a entendermos o mundo. A escola é que deixou a filosofia chata e faz com que todo aluno tenha horror a esta disciplina. Mas, se você conhecer os pensamentos dos diversos filósofos, notará que filosofia é muito “da hora”.

- E você passou a gostar porquê ?

- Meus pais, adoram filosofia e transmitiram este gosto para mim.

Lembrei-me de Marcos me explicando sobre a morte quando acordei do pesadelo que tivera naquela madrugada. Entendi de onde vinha tanto conhecimento e sabedoria.

- Você não lê livros que contam histórias? De amor, aventura, guerra...

- Leio sim, leio de tudo. Gosto de livros de suspense, da Agatha Christi, os livros da série Sherlock Holmes. Gosto de livros que contam histórias de amor. Leio de tudo.

Vi um livro em seu criado mudo e perguntei – Este é o livro que você está lendo atualmente?

- Não. Eu já o terminei. Lembra-se quando me perguntou qual o último livro que eu havia lido?

- E que você não quis me dizer qual era...

- Agora já posso. E você entenderá o porquê de eu não ter te respondido qual o livro que eu terminara de ler.

Colocou o livro em minhas mãos.

- “ O Terceiro Travesseiro” ? Sobre o que?

- Sobre o Amor... Um amor de dois rapazes de nossa idade mais ou menos... Que se descobrem apaixonados e a partir daí têm de enfrentar todo tipo de obstáculo e preconceito.

- Nossa!!! É um livro gay?

- Se você prefere chamar assim, que o chame. Eu acho que é um livro de amor.

- E você gostou de lê-lo.

- Muito. Inclusive um dos personagens tem o meu nome, Marcos. Esse livro mexeu muito comigo e me repensar a minha vida. Foi ele que me deu coragem para “investir” em você.

- E seus pais sabem que você tem este livro aqui?

- Sim. Minha mãe quem o comprou para mim...

- Como assim, sua mãe comprou este livro pra você por qual razão?

- Pelo fato de ser um bom livro; pelo fato de falar sobre adolescentes e seus problemas; mas...creio que o principal motivo foi por se tratar de uma temática gay.

- Mas ela sabe que você “curti”?

- Acho que sim.

- Você contou alguma coisa ou deu algum furo para ela descobrir? Você tem o maior jeito de macho pegador.

- Tenho certeza que nunca dei fora nenhum e sei que não tenho trejeitos. Mas, tenho certeza que ela sabe. Mas ela nunca me falará nada se eu não tocar no assunto.

Futuramente eu ouviria muitas e muitas vezes a famosa frase que os gays usam para responder quando lhe perguntam se suas mães sabem a respeito de suas sexualidades: “a mãe sempre sabe”.

A mãe de Marcos bate na porta de seu quarto. Ele abre e ela toda sorridente – descobri de quem Marcos herdará aquele sorriso lindo que possuía - diz que vai a feira.

- Mãe. Vou estar na casa do Lucas, ok? E vou dormir lá hoje outra vez, só voltarei amanhã.

- Mas de novo? Vocês acabaram de se conhecer. E os pais de Lucas que pensarão?

- Sem problemas dona Zezé. Eles estão comemorando aniversário de casamento e só retornarão amanhã, da praia. E nós, eu e meu irmão, que insistimos para que o Marcos ficasse em casa.

- Ta bem meninos. Mas vejam se não incendeiam a casa enquanto seus pais estiverem fora, Lucas... Tudo bem? – e riu.

Antes de sair, olhando para o livro em minhas mãos, ela disse:

- É um bom livro este, Lucas. Vai lê-lo?

Fiquei vermelho e engasguei prá responder.

- Só estava dando uma olhadinha.

- Empreste o livro prá ele, Marcos – ela disse isso com o sorriso de sempre e completou com uma frase que gelou minha espinha – Tenho certeza que você irá gostar Lucas.

A mãe de Marcos saiu e ficamos sozinhos na casa.

- Entendeu agora, Lucas o que eu estava querendo te dizer? Parece que ela sabe tudo sobre minha vida íntima. Mas não fala nada diretamente. Não me cobra. Não me investiga. Mas, sutilmente, procura demonstrar prá mim, que sabe de “tudo”... Parece estar a todo tempo dando oportunidade para que eu me sente e converse com ela a respeito de minha sexualidade.

- E pareceu que ela sabe de mim, também... Eu gelei quando ela disse “tenho certeza de que irá gostar”. Mas... Por que você ainda não contou prá sua mãe seu respeito? Você me parece ser uma pessoa ta segura e decidida.

- Também sempre me julguei seguro e decidido, entretanto, quanto a esta questão não me sinto assim. Tenho medo de magoá-la, e a meu pai também.

- Mas você acha que eles não entenderiam? Eles te expulsariam de casa te bateriam ou fariam qualquer outra coisa deste tipo?

- De forma alguma. Tenho certeza que me dariam todo o apoio. Mas, no meu íntimo, sei que eles ficariam tristes.

- Por saberem que você não se casará e terá filhos?

- Não. Este tipo de tristeza é minha. Quem gostaria de um dia ter filhos, sou eu mesmo, mas, a partir de ontem, quando “ficamos”, tive a certeza que jamais me casarei com uma mulher e terei filhos.

- É, mas poderá adotar um. Mas, porquê seus pais ficariam tristes então.

- Por saberem que eu irei sofrer com a discriminação. A sociedade é intolerante e reprime todos aqueles que julga não possuírem o padrão que chamado de “normal”. E para a sociedade, nós gays, somos aberrações, pervertidos, “sem-vergonhas”...- Fez uma pausa e me perguntou – E você, Lucas, irá contar para os seus pais a seu respeito?

- Cara, faz 24 horas que me descobri gay. Gostei do que me descobri. Mas, preciso ainda entender bem o que realmente eu sou, para depois poder contar aos meus pais. Porém, tenho certeza que terei o apoio deles...Estava pensando, Marcos... Se seus pais ficarão tristes por saberem que “o filho” dele vai sofrer sendo gay, imagine os meus pais quando souberem que “os filhos” deles sofrerão. Esqueceu- se do Rafinha?

- Pois é...Mas, pelo menos um terá sempre o apoio do outro.

- Isso é verdade. Será mais fácil para nós dois juntos enfrentarmos qualquer barra de preconceito e discriminação. – Marcos, saiba que uma coisa é certa: o Rafinha, se tiver certeza de que é isso que ele quer, e não é o tipo de carinha que se esconderá no armário não. E o cara que bancar o besta e “zuar” com ele, levará muita porrada, pois ele não leva desaforo prá casa.

- Eu já te disse ontem....O Rafinha tem muita certeza do que quer sim..Pelo menos, para mim, isso ficou bem evidente ontem.

- Concordo com você.

Demos uma risadinha maliciosa. Marcos me perguntou:

- Você quer levar o livro?

- Quero sim. Antes de sua mãe sugerir, eu já iria pedi-lo emprestado, se é que você não se importa em emprestar.

- Não. “De boa”, pode levar...Mas, já aviso, tem algumas passagens um pouco pesadas.

- Pesada como? Não entendi.

- Você entenderá.

Marcos pegou o violão que levaria animar o churrasco que faríamos mais tarde.

- Antes de irmos, quero que ouça algo.

Sentou-se em sua cama e pediu que eu sentasse na cadeira do computador. Tocou uma música que eu nuca ouvira antes. Muito melodiosa. Romântica. Lembro-me apenas de parte da letra. Começava assim...”Segredo eu quis te fazer, quisera todo amor esconder...”; mas do refrão me lembro bem – “Ninguém esconde amor. Ninguém proíbe o amor. O amor está no ar. Em tudo que passar. É só olhar no olhar. Pro amor chegar”...

- Que lindo, Marcos!

- Gostou?

- Muito. Você quem compôs?

- Quem me dera tivesse sido eu...rsrs

- Mas, nunca ouvi esta música na minha vida. E é tão linda. Como se chama? Qual banda a gravou?

- Rsrsrsrsrsrs. – Marcos riu muito – Você nunca ouviu porque ela é muito antiga. É uma música Americana que foi grava da por um cara chamado Jhonny Matts. A música se chama “ Love is in the air”. E no Brasil foi gravada por um cantor chamado Agostinho dos Santos.

- Nossa! Nunca ouvi falar desse cara...

- Ele morreu há muitos anos num acidente de avião em que morreu Lila Diniz também...

- Leila de que?

- Leila de nada, Mané...rsrs. É Leila Diniz. Mas não vou ficar te contando quem foi ela. Sobre ela você. procura no Google

- Só mais uma coisinha...

- Fale.

- E como você conhece está música e sabe essas coisas sobre Agostinho e Jhonny “sei lá o que”.

- Meu pai e minha mãe adoram cantar. Por isso aprendi violão...Por influência deles. Aprendi esta e dezenas de outras canções com eles. E posso te dizer uma coisa, Lucas: as música antigas são bem melhores que as atuais. Hoje, eu mesmo, com a internet, pesquiso sobre canções antigas e cantores de outras épocas. Mas gosto também, de bandas atuais, como o J.Quest, por exemplo.

- Legal, cara. Eu também toco e o Rafa também, mas sempre tocamos coisas mais atuais, apesar de termos feito “Fundação”.

- Que é isso?

- Fundação das Artes é uma escola de artes que temos aqui na nossa região. Aprendi música lá...Mas, cara, adorei essa música que você tocou. Qualquer hora você me ensina?

- Lógico que sim... Que bom. Queria te agradar mesmo.

- E agradou. – Fui até a porta do quarto, e a abri. Observei se estávamos sozinhos, mesmo, na casa. Vi que sim. Voltei e abracei o Marcos e beijei-o na boca. Ele empurrou-me para sua cama e deitou-se sobre mim, sem descolar sua boca da minha.

Senti seu pau crescer.

- Pronto. Ta bom demais. Vamos lá prá casa antes que aqueles dois aprontem alguma.

- Não dá pra ficarmos mais um pouquinho? – Disse todo meloso.

- Não, tarado. Kuksauskausaku

E lá na minha casa...

Rafinha enfia uma colher no liquidificador e experimenta o molho a pedido de “RB”.

- Veadooo!!! – Gritou Rafinha num tom de espanto e admiração.

- Que foi?

- Que delícia!!! Que você colocou nesse negócio?

- Veado é o marido da sua mãe- riu. E é só pra dizer se ta bom ou não, a receita é segredo.

- Ta ótimo. A senhora cozinha muito bem mesmo. – E deu risada

- Quem é senhora? – RB agarrou o saco de Rafinha e o segurava, como se fosse esmagar suas bolas – Fala quem é senhora, agora...

- Calma , “R”, não destrua “aquilo” que você vai usar mais tarde.- disse Rafinha se contorcendo todo e encolhendo-se.

- Nada disso. Hoje quem dá é você. – Retrucou Rb.

- Ai ai ai... É hoje que vou montar na anaconda...”tadinho” do meu cuzinho.

- E não adianta reclamar, não. – Soltou o saco de Rafinha e se beijaram na boca.

CONTINUA…

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