Meu Judoca (Capítulo 14)

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 2344 palavras
Data: 31/10/2023 18:02:59
Assuntos: Amigo, Gay, Judô, segredo

Não existia uma forma fácil de contar para o Iuri sobre meu namoro com Mateus, no fim só me resta esperar que Iuri e eu possamos continuar sendo apenas amigos, um tempo atrás certamente teria me submetido a um relacionamento com Iuri, mas depois de conhecer o Mateus algo dentro de mim mudou.

Tenho que dar um tempo para o Iuri, infelizmente ele tem muita coisa para processar, o que me ocorre é se devo ou não contar para o Mateus sobre o que rolou com Iuri, tipo ele não tem como descobrir e nem fizemos nada de errado, não sei por que essas coisas ficam vindo na minha cabeça, deve estar sobrecarregado ou só cansado, tive que pensar em muita coisa esse dias, mas além de pensar sobre minha relação com Iuri também tenho que pensar em como vou dizer para minha mãe que sou gay e que tenho um namorado, acredito que o melhor seja contar de uma vez, não é justo deixar o Mateus no armário ainda mais quando a família dele tem sido tão incrível comigo, ligo pro Téo ele vai me ajudar com certeza.

— Téo quero falar com minha mãe hoje. — Falo de uma vez.

— Tem certeza Beto?

— Tenho, ela vai saber de uma hora ou outra então melhor contar logo eu acho.

— Beleza, quer falar com ela antes ou depois do Judô? — Meu amigo já sabe que estou contando isso para ele porque quero ele aqui comigo quando for contar, a gente sempre sabe o que o outro quer pedir antes de pedir.

— Acho melhor antes, marquei de sair com o Mateus depois, e também queria te pedir outro favor.

— Tem haver com o Iuri? — Ele acerta de novo.

— Contei para ele e meio que ele ficou estranho, fala com ele por favor, preciso saber que ele vai ficar bem, ele tá já está bem mal por causa da mãe e tudo mais.

— Tranquilo vou marcar algo com ele hoje depois do treino.

— Valeu.

Na hora que minha mãe chegou do trabalho Téo apareceu com a Tia, pela cara dela de curiosa ele não tinha contado nada ainda, as duas percebendo que queríamos contar algo ficaram toda animadas e ansiosas, essa é uma das cenas mais estranhas para mim, nunca tinha pensado muito sobre minha sexualidade e nem tenho tanta certeza se sou mesmo gay ou bisexual, mas mesmo assim sinto que quero falar com elas, minha família é a coisa mais importante da minha vida.

— Mãe, Tia, eu tenho que contar algo, não sei o que vão pensar, mas preciso falar.

— Você é gay. — A Tia fala.

— O que? — Falo em choque.

— Não era isso que você ia dizer. — Minha mãe fala surpresa.

— Espera, vocês já sabiam, Téo você contou. — Olho recriminando ele.

— Não, claro que não. — Ele não consegue parar de gargalhar.

— Filho, por favor, tenho que fazer o jantar, pensei que era algo importante, ou uma novidade. — Minha mãe fala levantando do sofá.

— Querido sabemos disso desde que você era mais novo. — A mãe do Téo completa.

— Como assim? — Ainda estou em choque.

— Você e o Téo nunca nos enganaram. — Minha mãe fala.

— O que sou hetero mãe. — Téo chamava minha mãe de mãe também.

— Claro que é querido, Marta vai jantar com a gente. — Minha mãe fala fazendo pouco caso.

— Foi melhor do que eu pensei. — Falo caindo no sofá.

— Sou hetero, ó as ideias das coroas. — Téo fala todo ofendido.

Já tinha um tempo que não comíamos todos juntos foi até divertido, depois do jantar Téo e eu seguimos para o treino, Téo ficou mesmo bolado por nossas mães acharem que ele também beijava rapazes, claro tirei sarro dele o quanto pude no caminho pro treino, como falei Téo sempre foi meio preconceituoso, era engraçado ver ele todo emburrado, poucas coisas deixavam ele chateado, mas a cara que ele fazia era ótimo.

— O torneio é no próximo fim de semana, hoje já é sexta, esse fim de semana acho que vou treinar. — Téo falou mudando de assunto.

— Você deveria descansar já vai ter a semana.

— Você não entende, vencer é meu lema. — Não insisto, Téo sempre teve hiperfoco no judô.

— Falou com Iuri? — Pergunto.

— Falei sim, ele vai para o treino hoje, mas pelo jeito o cara está arrasado.

Fico pensativo, ele descobriu que o pai dele não o queria, isso deve ter um peso gigante na cabeça dele, nem consigo imaginar o que seria de mim se descobrisse que minha mãe pensou em aborto, quero fazer algo por ele, mas sei que isso cruzaria uma linha perigosa, estou muito satisfeito com o Mateus, porém vou mentir se tisser que ainda me sinto atraido pelo Iuri, ele exerce uma força de atração sobre mim, ele ainda é um gostoso que transa maravilhosamente bem.

Quando chegamos vejo Mateus se aquecendo com Iuri, ele parece bem, deve está segurando as pontas, o treino hoje é mais solo, faço par com Mateus o que nos tira risadas por conta de lembranças, sério quero transar com meu namorado usando kimono, de vez em quando me pego olhando para o Iuri e vejo ele me encarando algumas vezes também, mas nada fora do normal, quando a primeira parte do treino acaba o sensei nos coloca para treinar a luta que no judô chamamos de Randori.

Essa é minha primeira luta sem orientação, meu adversário é um faixa azul, estou cem por cento focado, consigo encaixar um golpe e quase sem pensar muito levo o cara ao chão, só depois me dou conta que venci, parece surreal, mas Téo tem razão eu levo jeito para a coisa e outra verdade incontestável é que eu gosto.

A próxima luta é do Téo com outro faixa preta, assim que a luta começa o cara vai ao chão, o movimento do Téo foi tão rapido e preciso que nem entendi como ele fez a entrada na base do adversario, meu amigo é mesmo foda, um ninja quase, depois vem uma luta do Iuri contra o Mateus, essa fico bem atento, os dois são muito bons, a luta começa equilibrada, com nenhum dos dois abrindo sua guarda, Mateus é bom em estourar a pegada do Iuri em seu kimono, a concentração dos dois é de dar inveja, é como se eles estivesse levando isso bem a sério, cada movimento feito com cuidado e atenção, Iuri quase consegue derrubar o Mateus, mas no fim ele consegue evitar o golpe, até Téo está empolgado com essa luta, os dois estão dando o máximo, Iuri arrisca mais uma vez, mas Mateus aproveita monta uma emboscada, Iuri se da conta do movimento do Mateus, mas já é tarde e por um vacilo pequeno Mateus leva a melhor e o derruba.

Iuri soca o tatame, o sensei encerra o embate percebendo uma certa animosidade, acabo percebendo que Mateus também não está com uma cara boa, ambos se complementam e se afastam, as lutas continuam, ainda luto mais um vez, Mateus enfrenta o Téo, mas mesmo perdendo sua reação é bem mais amigável do que quando lutou com Iuri, algo está errado, e sei que logo vou saber o que é.

Quando o treino acaba, Iuri e Téo vamo emboras juntos, Iuri não fala comigo só um aceno de longe, achei isso estranho, sigo com meu namorado calado até o carro dele, Mateus está puto com algo, mas não conta o que é, ele entra no carro enquanto continuo em pé na calçada, ele baixa o vidro.

— Entra Beto. — Ele fala com sua voz séria.

— Ah você fala. — Respondo cruzando os braços, gosto dele, mas não a ponto de aceitar seus abusos.

— Entra Roberto.

— Enquanto você não me explicar o que você tem eu não posso fazer nada Mateus. — Respondo.

Mateus bate na direção com raiva, fica olhando para frente em silêncio, ele estava puto com algo e não faço ideia com o que seja, ele tá puto com o treino ou com algo que Amanda tenha feito, realmente não sei, eu até contei para minha mãe sobre a gente, hoje deveria ser um dia de alegria e não de briga.

Ele liga o carro e fala mais uma vez “entra”, arrumo minha mochila nas costas e começo a caminhar na direção de casa, Mateus pensa que vai bater boca comigo ele está enganado, não sou a ex dele, não faço barraco, deixo ele sozinho, agora quem está puto sou eu com o comportamento aleatório dele, percebendo que não vou brigar, ele desliga o carro e desce vindo atrás de mim.

— Beto espera, pra onde você está indo. — Ele pergunta com a voz mais serena.

— Para casa Theus, você está todo puto com algo que não faço ideia e quer descontar em mim. — Falo olhando para ele.

— Você não sabe. — Ele fala olhando nos meus olhos.

— Não sei, se você não me falar vou continuar sem saber, Mateus.

— Você estava ficando com o Iuri enquanto estávamos ficando, vocês ainda estão ficando? — Ele pergunta e me pego em choque, como ele soube.

— Como você soube?

— Então é verdade. — Ele coloca as mãos na cabeça.

— Mateus eu fiquei com Iuri, mas quando a gente começou a namorar eu disse a ele que não dava mais para gente ficar porque estou com você. — Falei firme olhando para ele.

— Devo te agradecer. — Ele fala sendo um estupido.

— O que você está dizendo Mateus, você tinha a Amanda.

— A gente terminou antes de começar a ficar com você, terminei com ela por você.

— Não, você terminou com ela porque vocês não estavam mais dando certo, não me venha com essa só porque você está chateado e com ciúmes.

— Claro que estou com ciumes. — Ele fala com raiva.

— Mateus, estou com você, aceitei seu pedido de namoro e encerrei meu lance com ele, antes disso não tinha nada sério nem com você e nem com ele. — Argumento me defendendo.

— Ah, então agora vocês são só amigos? — Ele fala me encarando.

— Sim. — Encaro ele de volta.

— Não quero que você seja amigo dele. — Mateus fala desviando o olhar do meu.

— Claro que não, Mateus, não sei por que você está com ciúmes, mas eu estou com você.

— Então me fala que não sente nada por ele, fala olhando nos meus olhos Roberto. — Ele me encara e por um segundo fico sem ter uma resposta, não quero mentir, mas a verdade machucaria ele, porém meu silêncio fala por si só.

— Por que eu deveria confiar em você. — Mateus fala com os olhos marejados.

— Porque contei para minha mãe sobre você, porque eu disse sim para você, porque eu fiquei maluco por você desde a primeira vez que subi em você na porra do treino, porque com você eu vejo que posso ter tudo que sempre quis. — Agora é ele quem está sem palavras.

— Beto, desculpa. — Ele vem me abraçar, mas o impeço.

— Boa noite Mateus. — Dou as costas para ele e volto para casa a pé, ele me pede para esperar, mas não escuto ele e segui meu caminho chorando e puto.

Quando chego em casa ele está escorado com o carro na frente do meu prédio, vou até onde ele está, estou puto dele ter desconfiado de mim, não sou a ex dele, esse babaca tem que se ligar que sou doido por ele, chorei o caminho todo por que achei que tinha perdido ele, acho que me dei conta agora de que gosto mesmo de está com ele.

— Desculpa, você tem razão sou um idiota.

— Você é mesmo.

— É que quando Iuri me contou e ainda exigiu que eu cuidasse de você fiquei pirado.

— Iuri é um cara legal, eu fiquei com ele sim, não vou mentir para você, mas se eu quisesse ficar com ele não teria dito sim para você Theus, não sei o que te aconteceu para que você ficasse assim tão desconfiado, mas eu escolhi você e isso deveria bastar. — Falei.

— Me perdoa. — Ele pede todo manhoso.

— Preciso pensar Mateus e acho que você também.

— Vamos pro nosso encontro. — Ele segura minha mão dando um beijo nela, por mais que queira me atirar em cima dele, tento ser forte.

— A gente remarca, hoje não tenho mais clima de sair. — Falo mais abraço ele.

— Me deixa dormir com você.

— Hoje não, preciso dormir sozinho.

— Vai me desculpar? — Ele pede desolado.

— Nunca mais faça isso de novo, ou você confia em mim ou não confia. — Falo o mais sério que consigo.

— Entendi. — Ele me beija de novo e nos despedimos.

Entro em casa tomo um banho e vou direto para cama pensando em tudo que aconteceu, de todas as coisas que pensei que aconteceriam essa noite uma briga com Mateus não passou nem perto, gosto dele, mas fiquei puto com ele acha que eu o trairia, Iuri se assumiu para o Mateus, ele disse que não queria que ninguém soubesse sobre ele, mas acabou falando com o Mateus, o que isso significa, minha cabeça está a mil de novo, isso é uma droga, me enrolo no meu cobertor está frio essa noite, deveria ter aceitado dormir com ele hoje, pego no sono e para variar sonho com a luta do Iuri com o Mateus.

Não sei que horas são, só que é madrugada, sinto o peso da perna e do braço gigante do Téo me abraçando, ele está bêbado, — o Téo está bêbado — o mundo vai acabar ele nunca bebe e ele está na minha cama, a gente não brigou o que significa que ele fez merda, desde criança somos o porto seguro um do outro, sempre que um de nós faz merda a primeira pessoa a quem a gente recorrer somos nós, lembro que uma vez quando tínhamos seis anos e o Téo quebrou uma taça cara da mãe dele, quando a mãe dele descobriu ele estava no meu ap dormindo agarrado comigo assim como está agora, rir faço carinho no cabelo dele, Téo é como um irmão mas novo mesmo sendo mais velho.

Ele pegou no sono e achei melhor deixar ele dormir, seja lá o que ele fez está seguro agora, amanhã ele certamente vai me contar o que rolou.

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Comentários

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Capítulo agitado! Achei boa a atitude de Iuri pedir pra Matheus cuidar bem do Beto. Lindinho o ciúme de Matheus. A postura de Beto foi madura, falando sobre confiança. E o ponto alto do capítulo foi a pseudorrevelação de que Beto é gay para a mãe dela e a do Téo.

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É pro Iuri contar pro Mateus, que ele estava ficando com o Beto significa que ele quer o bem do Beto, e manter amizade com todos, mais foi ótima essa briga Beto colocou o Mateus no seu devido lugar, assim como todos relacionamentos devem ser o confia ou não confia, Téo bêbado significa que fez merda de novo.

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Certeza que a merda que o Téo fez foi ter ficado com o Iuri, certeza. Tô doido pelo próximo capítulo, porta logo kkkkkkkk

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Todo esse problema com o Theus e Iuri se deu porque vc não disse a verdade para eles e nem para si mesmo. Como esses relatos são tão vicerais e te empolgam de uma forma. Continua logo

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muito bom este conto... espero que tenha um final... alguns bons contos simplesmente param. O clube da brotheragem foi um dos que parou...

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Vai ter, posso até demorar um pouco mais encerrei todos os meus contos aqui

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Rafa, você mata a gente de curiosidade!! Hahaha

E vou te falar, gostei das atitudes do Beto, tem que se valorizar mesmo. E eu morro de rir com a cabeça dele que tá sempre a mil hahaha

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