“Existem mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia” - disse sabiamente William Shakespeare.
Eu só não havia pensado que eu me tonaria uma dessas tais “coisas” a que ele se referia! Preso entre o céu e a terra, eu agora era um capeta a serviço de Nathaniel, o Anjo Fogoso, em busca de melar as armações do inferno em conquistar celebridades para suas hordas através do pecado da luxúria.
Pode até parecer algo sinistro, mas na verdade, após a minha primeira empreitada, quando salvei todos os jovens X-Méin de serem corrompidos por uma diaba que havia possuído o corpo escamoso da Místhica, eu estava bem confiante.
Contudo, minha nova missão era um tanto desafiadora. Seguindo as instruções de Nathaniel, baixei à terra, vim dar nas coordenadas indicadas e me vi dentro de uma sala de cirurgia, onde monitores piscavam luzes coloridas e apitavam angustiadamente.
Porra, eu odeio hospitais - e se você já passou por alguma intervenção no Sistema Único de Saúde sabe bem a razão desta minha ojeriza! Em meio ao cheiro de éter e desinfetante, sob uma luz fria irritante, dois médicos se esforçavam para salvar um paciente.
Eu não os reconheci de início, seus rostos escondidos atrás de máscaras não permitiam ver suas feições e, além do mais, eles só falavam inglês, o que dificultava um pouco - apesar de haver iniciado esta história citando Shakespeare, confesso que entre as mais de sete mil línguas que aprendi durante meu treinamento no inferno o inglês sempre foi a que menos dominei.
Mas missão dada é missão cumprida - e eu tinha que me esforçar para compreender onde eu estava, qual era o contexto e a quem deveria salvar das chamas de Satanás. Sintonizei o canal de tradução instantânea do Google e permaneci ali, invisível e atento, escutando a conversa entre os médicos na tentativa de entender o que estava passando.
- Doutor, o presidente está fibrilando, por favor concentre-se, o sujeito está indo para o beleléu!
- Claro, mas antes vamos botar ordem nessa zorra. Doutora, dá licença, fecha esse decote e sobe as calcinhas que você está me distraindo.
- Afff, é sempre a mesma coisa! Bem na hora da diversão os infelizes começam a morrer! Afinal, doutor, você prefere ficar remexendo nos miolos desse cabra ou fazer um amor gostosinho com esse corpão aqui?
- Dra. Libida, dá um tempo. Temos que cuidar deste descerebrado, ele é o presidente dos EUA! Quanto antes terminarmos e fecharmos o crânio, mais rápido voltamos para o rala e rola.
- Negativo doutor, estávamos no meio de uma coisa. Você estava lambendo minha bunda, cheio de tesão. Faz assim, você termina a operação dele enquanto me come!
- Dra. Libida, como vou fazer uma cirurgia craniana no presidente e foder você ao mesmo tempo? Vai dar merda na certa! O Hospital Princeton-Harvard-Sourbonne não pode cometer mais nenhuma mancada ou será fechado pelas autoridades sanitárias!
- Ora bolas, doutor, você não é o fodão? Não é o summa cum laude da cirurgia neurológica e pegador de todas as bucetas do hospital? Faz seu corre aí!
Perai… Dra. Libida… Hospital Princeton-Harvard-Sourbonne… Médico fodão… Caralho caralhudo, eu estava num episódio de Dr. Ráuse, uma série que nunca consegui assistir devido à minha rejeição absoluta com tudo que se relacione à hospitais!
No caso dos X-Méin eu conhecia bem o roteiro dos filmes e havia sido fácil, mas agora, entre dois médicos de uma série que eu não assisti, como seria possível entender quem era de verdade e quem estava possuído por alguma diaba dos infernos?
Para piorar, o rala e rola entre a tal Dra. Libida e o Dr. Ráuse já estava comendo solto quando eu cheguei, então, como raios eu poderia evitar que alguém pecasse pela luxúria?
Mardita merda, eu devia agir rápido mas não tinha os insumos básicos para saber o que fazer! Decidi escutar mais um pouco, apesar da urgência.
- Ok, deixa comigo, o Dr. Ráuse vai salvar todo mundo, de novo! Libida, debruça aí na mesa que eu te enrabo enquanto mexo nesse cérebro maravilhoso. Isso… Assim… Hum, que delícia, é tão suave…
- Está se deliciando com minha bucetinha Ráuse? É apertadinha como você gosta?
- Libida, eu estava falando desse cérebro, é tão tesudo mexer nessa massa cinzenta!
- Dr. Ráuse, o presidente está agarrando meus peitos! Como é possível?
- Ora Libida, é a minha técnica especial de cirurgia! Não me pergunte como funciona, o cérebro humano ainda é bem desconhecido, mas eu consigo manipular o corpo dos pacientes durante a operação!
- Ai, doutor tesudo, você me comendo e esse velhote desacordado agarrando meus peitos… Aí, estou começando a ter ideias!
- Você quer ver uma coisa engraçada, Libida? Se eu apertar este nódulo aqui do cérebro, olha só o que acontece!
- Caralho doutor! O presidente está tendo uma ereção aos setenta e seis anos durante uma operação de craneana? Isso é um milagre!
- Milagre não, minha cara, é pura ciência!
Essa conversa entre os dois foi muito reveladora. Para mim, o quadro clínico da situação no hospital estava claro: O Dr. Ráuse parecia mais entusiasmado com a cirurgia no cérebro do presidente que em comer a tal Dra. Libida, logo, ele deveria ser a celebridade a ser preservada.
O presidente dos EUA, bem, sejamos sinceros, ele já era conhecido como “O Anticristo” por metade da população mundial, logo, seria a última escolha do inferno para que uma demônia tentasse passar desapercebida.
Quanto à Dra. Libida, esta era claramente uma figurante menos importante da série e ficava tentando distrair o Dr. Ráuse da cirurgia, atentando o cabra, então ela era quem devia estar possuída pela diaba dos infernos!
Agora sim, com a leitura completa da situação, tracei um plano de emergência e pulei dentro do Dr. Ráuse, possuindo seu corpo e tomando as rédeas da situação, esta Dra. Libida estava mais fudida do que imaginava!
- Libida, aproveita aí e dá uma mamada daquelas no velhote enquanto eu termino de operar e de te comer, tudo ao mesmo tempo. Hoje nós vamos entrar nos anais da medicina neural!
- Ôpa doutor, já vamos entrar nos anais? Ráuse, seu cachorro safadão!
- Eu não faço anal, Libida, só curto buceta. Mas se quiser dar a raba, pode sentar aí na trolha do velhote. Aposto que eu consigo manipular o cérebro dele para manter uma erecção durante o tempo que precisar!
- Ôba, essa eu quero ver! Deixa eu encaixar esse negócio aqui… Ufa, Dr.Ráuse! É você que está fazendo ele bombar?
- Isso não sou eu, Libida. Minha teoria é que seja uma memória corporal impressa nas células neurais do presidente. Tipo, você mal encaixou a raba ele começa a foder involuntariamente.
- É, faz sentido, o presidente vive fodendo todo mundo! Porra, que pintão! Tá fazendo um estrago no meu cuzinho! É a maravilha da ciência!
Perfeito, tudo corria às mil maravilhas, eu fiz a diaba desviar a atenção e ela acabou dando a rosca para o presidente, em vez de condenar o Dr. Ráuse por ter comido seu cuzinho.
Ok, para salvar o médico-celebridade eu tive que condenar o presidente dos EUA, mas, convenhamos, o cara já estava destinado ao inferno por conta de sua gestão calamitosa e não era uma enrabadinha numa médica que pesaria para o seu lado, não é verdade?
Acontece que, mesmo tudo correndo bem, eu comecei a questionar a real motivação desta missão. Seria tudo tão óbvio assim?
Digo, eu sei que evitar a condenação do Dr. Ráuse por luxúria daria muitos pontos ao céu na disputa contra o inferno e eu já atingira o meu objetivo, mas, seguindo a célebre frase “Primeiro vamos atingir a meta e depois vamos dobrar a meta”, poderia eu fazer algo mais e ampliar os benefícios da tal missão?
Daí eu tive essa ideia muito louca, peguei no pau do Dr. Ráuse e comecei a bater punheta freneticamente também, apreciando a cena da Dra. Libida bombando com a bunda no cacete do presidente em coma induzido. Meu pau já estava duro mesmo, foi só uma questão de dar um estímulo adicional…
- Ah, Libida, que tesão ver você aí! Não aguento mais segurar, eu vou… AAAHHH!!!!!
- Ai doutor, eu também não aguento, tesão da porra esse pauzão do presidente na minha raba e você assistindo tudo! Faz ele gozar, Ráuse, faz ele gozar dentro de mim, lá no fundão, dentro de mim! AAAHHH!!!! Deliciaaaaa!!!!!
Com a gozada no fundo do cuzinho, a Dra. Libida soltou o maior berro dentro da sala de cirurgia e, desde dentro de sua boca, uma forma azul translúcida como a minha se espremeu para sair: era a diaba dos infernos!
A bicha saiu de lá meio zonza pelo orgasmo, me olhou, soltou meia dúzia de impropriedades por eu ter estragado a sua missão e desapareceu no ar, regressando enfurecida aos domínios de Satanás.
Quando voltei ao purgatório e reencontrei Nathaniel, o Anjo Fogoso estava exultante. Eu não somente havia salvado o Dr. Ráuse do fogo do inferno, como também tinha esporrado diretamente no cérebro do presidente dos EUA.
Isso deixou “O Anticristo” meio abobado e, depois que fechamos seu crânio, o velhote começou a falar um monte de merda, teve suas contas do facebook e do Twiter canceladas e não conseguiu se reeleger - o que veio a salvar a humanidade inteira de uma catástrofe sem precedentes!
Nota: Confira os capítulos ilustrados da “Saga Diabos!” em mrbayoux.wordpress.com
