Ficamos no quarto conversando, rindo e brincando uma com a outra. Eu amava as gargalhadas que ela dava quando eu fazia alguma gracinha.
Ela me contou como conheceu May e de como gostava dela, que era sua melhor amiga. Me contou um pouco sobre sua infância, e nessa parte as nossas histórias eram parecidas: tivemos infâncias pobres e sofremos muito com tudo que vem junto dessa situação. A conversa estava boa até que eu perguntei sobre a prima dela.
Nessa hora, ela mudou o semblante. Eu disse que, se não quisesse falar dela, estava tudo bem. Então, ela contou que o problema não era falar sobre a prima, mas sim porque May não gostava dela. Ela ficava em uma situação muito ruim porque May era sua melhor amiga e sua prima era a única pessoa da família com quem ela tinha contato, e as duas se davam bem.
Ju: May não gosta mesmo dela, porque perguntei quem era a prima para May e ela só disse que era uma ex, mas não queria falar sobre o assunto. Eu respeitei.
Paola: Sim, elas tiveram um namoro há muito tempo, eram adolescentes ainda. Eu nem conhecia a May, mas sei que ela gostava muito da prima, e ela não levou a sério, acabou traindo a May. Minha prima não gosta de falar disso porque sabe que está errada; tipo, ela se arrependeu e até tentou se desculpar com a May há uns meses, mas May nem quis ouvir, saiu andando e deixou minha prima falando sozinha. May é gente boa, mas não perdoa traição; ela guarda rancor da pessoa pelo resto da vida.
Ju: Para ser sincera, eu entendo a May. Dói demais ser traído; só quem já passou por isso sabe.
Paola: Eu procuro não julgar nenhuma das duas, porque minha prima era muito nova, não tinha juízo, mas ela mudou muito. Também entendo que May não queira papo com ela. Só que eu fico sem saber o que fazer, gosto das duas.
Ju: Olha, acho que você não precisa fazer nada. Deixa como está. Não tenta fazer elas se acertarem, porque provavelmente May não vai gostar. No mais, acho que May não se importaria de você falar com sua prima; pelo que conheço dela nesse pouco tempo, ela não deixaria de ser sua amiga por causa disso.
Paola: Tomara que não, porque a amizade dela é muito importante para mim.
O dia foi passando e decidimos preparar nosso jantar. Mais uma vez, dividimos as tarefas, fizemos a comida, jantamos e arrumamos tudo. Aí descobri que Paola era viciada em sorvete, porque mais uma vez veio com um pote para a gente comer. Não reclamei, já que também adoro sorvete.
Tomamos o sorvete ali na cozinha mesmo. Depois, ela foi me mostrar todo o apartamento. Era enorme e muito bonito. Quando entramos na sala de TV, eu não quis sair; nossa, era muito bonito o lugar, a TV era enorme. Ela viu que gostei e perguntou se eu queria ver um filme. Aceitei, e ela colocou o filme "Livrando a Cara" para a gente ver. Eu amo esse filme! Nos deitamos no carpete entre algumas almofadas, e a gente ficou bem pertinho.
Dava para sentir o perfume dela; nossa, era ótimo. Sinceramente, eu queria muito beijá-la ali, mas meu medo de magoá-la de alguma forma me fez não tentar nada. Eu via ela me olhando de canto de olho; eu sei que ela esperava que eu tomasse alguma atitude, mas não o fiz. Eu sabia que ela era muito tímida e não tentaria nada.
Bom, o filme acabou, fizemos alguns comentários a respeito e saímos. Vi que ela estava com uma carinha um pouco triste; aquilo me cortou o coração. Acho que ela esperava que a gente ficasse, mas não ficamos. Queria poder explicar para ela, mas não sabia como.
Pedi para ela me levar em casa porque já era noite. Ela concordou e descemos até o carro. Durante o caminho, ela mal falou comigo. Tentei conversar, mas ela não rendeu assunto, então não insisti e fiquei quieta também.
Quando chegamos na porta da lanchonete, eu chamei ela para entrar, mas ela não quis. Agradeci pelo dia incrível, dei um abraço nela e um beijo no seu rosto e desci. Ela deu tchau e se foi.
Entrei e fui direto para o meu quarto e liguei para Rebeca. Ela me atendeu e eu contei para ela o que tinha acontecido. Ela me perguntou o que eu sentia por Paola, e eu disse que não sabia; e eu realmente não sabia.
Rebeca falou que, se estivesse no meu lugar, teria falado tudo para Paola. Eu disse que tinha até pensado nisso, mas não tive coragem. Conversamos mais um pouco e depois fui à lanchonete. Conversei com meu tio e disse a ele que queria contar para uma amiga sobre o Marcos, que ela era de confiança. Falei para ele falar com Marcos e explicar quem eu era e que só falaria com autorização dele.
Meu tio falou que falaria com ele, sim, e perguntou por que eu estava com a carinha triste. Aí expliquei a situação e ele disse que eu devia falar com Paola, assim como Rebeca sugeriu.
Fui dormir, ou tentar, pelo menos; demorei um pouco. Paola não saía da minha cabeça, e eu realmente não sabia o que fazer.
Na segunda, não fui à aula. Paola também não iria, a gente já tinha combinado de só ir na outra segunda. Fiquei na lanchonete o tempo todo. Era umas duas horas quando May apareceu e veio falar comigo.
May: Posso falar com você lá no seu quarto por uns minutos? É rápido.
Eu só avisei meu tio e entramos.
May: Aconteceu alguma coisa entre você e a Paola ontem?
Ju: Não, passamos o dia juntas, conversamos pra caramba, fizemos comida juntas, comemos, vimos um filme, contei minha vida para ela e ela me contou a dela, e pronto. Mas por quê?
May: Liguei para ela agora há pouco, chamei ela pra vir aqui e ela não quis. Aí perguntei como tinha sido o encontro de vocês e ela disse que foi legal, mas que tinha desistido de você. Aí perguntei o porquê e ela disse que não queria falar sobre aquilo no momento. Disse que a gente se falava depois e desligou, mas eu notei que ela estava com voz de choro quando me atendeu. Aí achei que tinha acontecido alguma coisa.
Ju: Acho que o motivo é esse: não aconteceu nada e acho que ela estava esperando que acontecesse.
May: Entendi. Poxa, sinto muito pela minha amiga, mas se você não gosta dela além de amizade, você agiu bem, e ela está mais que certa em partir para outra e te esquecer.
Ju: É, você tem razão.
Ela me agradeceu por eu ter falado com ela e voltamos para a lanchonete. Conversamos e ela disse que Estefânia estava vindo passar a semana com ela e me convidou para ir à boate na terça à noite, que ela ia organizar uma festa lá de novo. Eu falei que, se desse, eu iria, mas estava precisando descansar.
Ela se foi e eu fui trabalhar. O dia passou, a noite também. Marcos disse que eu podia contar para Paola sobre ele porque a conhecia e ela era uma boa garota. Disse que podia contar pra May também, já que elas eram minhas amigas e provavelmente uma hora ou outra iria vê-lo ali.
Na terça à tarde, May mandou mensagem perguntando se eu iria à festa. Eu disse que não, que estava cansada e, provavelmente, se eu fosse, estragaria a noite da Paola. Aí May disse que Paola não iria, que já tinha avisado.
Aí falei que iria pensar. Eu não tinha tirado Paola da cabeça; eu com certeza sentia algo por ela, mas não sabia o que era direito. Na verdade, acho que era só uma atração; ela era muito gata e gente boa, deve ser só isso.
Era quase nove da noite quando Estefânia me liga e praticamente me obriga a ir para a festa para ficar com ela, já que May ficava mais resolvendo problemas do que perto dela durante a festa. Aí resolvi ir. Às 22h, Estefânia apareceu no carro da May para me buscar. Logo que chegamos, seguimos direto pro camarote. Como eu não estava muito animada, preferi ir para lá mesmo; era mais tranquilo, dava para eu e Estefânia conversar e eu não queria dançar.
May logo apareceu e veio sentar com a gente. Tinha mais algumas pessoas ali, mas não conhecia ninguém. Bebi umas cervejas e conversei com as meninas. Logo May saiu de novo para resolver mais problemas. Estefânia tinha um bom papo e a gente se dava bem. Colocamos o papo em dia, falamos mal das amigas da May, fora a Paola, claro.
May voltou e disse que Paola resolveu aparecer, mas que falou com ela rapidinho porque tinha vindo com a prima. Eu já estava na terceira cerveja, então tive que ir ao banheiro. Quando voltei, vi Paola de longe; ela estava linda. Deu vontade de ir até ela, mas ela parecia estar se divertindo com a prima, então achei melhor não ir lá atrapalhar. Quando fui saindo, vi que chegou uma morena perto delas e a prima da Paola apresentou as duas e saiu de perto. Eu não sei por que, mas não gostei daquilo.
Achei melhor voltar pro camarote. Sentei e fiquei de papo com a Estefânia, mas a cena que vi não saía da minha cabeça. Aí chamei Estefânia para a gente ir até a janela do camarote; ela aceitou e ficamos ali olhando tudo lá de cima. Eu fui procurando por Paola, vi ela dançando com a morena, e aquilo me incomodou muito. Logo May apareceu e Estefânia chamou para voltar pra mesa. Eu disse que logo iria.
A morena com certeza estava afim da Paola; ela sempre dava um jeito de se esfregar nela, passar a mão no corpo dela, falar no ouvido e Paola rindo. Pelo jeito, estava gostando, né?
Aquilo me deixou com raiva.
May chegou perto de mim e eu nem percebi.
May: O que você está vendo aí que está te irritando? Você está com uma cara que dá medo.
Ju: Que susto, menina! Não é nada, não.
May olhou em direção de onde eu estava olhando.
May: Ju, o que está acontecendo? Paola tem andado muito triste; você vê ela e fica de cara feia.
Ju: Paola triste?! Ela está toda feliz se esfregando naquela oferecida.
May: Kkkkkkk Ju, você está com ciúmes? É por isso que está com essa cara?
Ju: Acho que sim. Nem tenho esse direito, né?
May: Não, você não tem, mas poderia ter, né?
Ju: Como assim?
May: Paola é apaixonada por você. Se você estivesse com ela, teria direito de ter ciúmes.
Ju: Acho que é um pouco tarde.
May: Olha, a Paola não desistiu porque deixou de gostar de você. Ela desistiu porque acha que não tem chance alguma com você. Na cabeça dela, você só quer a amizade dela.
Ju: O que eu faço, May?
May: Se você sente algo por ela além de amizade e vê a chance de ter um futuro com ela, vai lá buscar ela, ou vai deixar aquela morena conseguir o que quer?
Ju: Ah, ela não vai conseguir o que quer de jeito nenhum.
Saí dali disposta a buscar a loirinha. Quando olhei, elas não estavam mais na pista de dança; vi que estavam sentadas em uma mesa. Paola parecia procurar alguém no meio do povo. A morena fazia carinho nas mãos dela. Fui me aproximando e Paola me viu; ela puxou as mãos dela na hora e a morena ficou sem entender. Paola falou alguma coisa pra ela, se levantou e veio na minha direção.
Paola: Oi.
Ju: Oi! Te vi e você parecia estar procurando alguém.
Paola: Estava procurando minha prima; ela sumiu.
Ju: Poxa, que pena. Achei que estava procurando o amor da sua vida, por isso vim te procurar. Mas se era sua prima, deixa pra lá; eu não a vi.
Paola: Ju, não brinca com isso, por favor. Pra você pode ser uma brincadeira boba, mas isso não tem graça pra mim.
Ju: Eu sei que não tem graça; nem era pra ser engraçado. Eu não estou brincando, Paola; eu falei sério.
Paola: Jura?
Ju: Juro. Eu sei que você gosta de mim faz um tempo.
Paola: Quem te falou isso?
Ju: Isso importa?
Paola: Um pouco.
Ju: Quem falou mentiu?
Paola: Não...
Ju: Então, vamos pro camarote. De lá dá pra ver melhor e a gente acha sua prima.
Paola: Eu não sei, Ju; acho melhor não.
Vi que ela estava cheia de dúvidas, então resolvi deixar bem claro pra ela. Levei a mão até seu queixo e levantei seu rosto até seu olhar ficar no meu. Fui me aproximando aos poucos e disse no seu ouvido:
Ju: Eu também gosto de você.
Fui com minha boca até seus lábios e a beijei. Nossa, como seus lábios eram macios! Ela logo retribuiu o beijo, um beijo calmo, sereno, com muito carinho. Ela me abraçou forte e disse no meu ouvido:
Paola: Eu esperei tanto tempo por isso, Ju. Vou com você aonde você quiser, tá?
Ju: Desculpe ter demorado tanto, mas as coisas acontecem no momento certo e acho que esse é o momento da gente ficar juntas.
Segurei sua mão e fui levando ela pro camarote. Nem vi onde a morena foi parar. Quando começamos a subir as escadas, ela me puxa e fala:
Paola: Quem te contou, foi Rebeca ou May?
Ju: Na verdade, as duas.
Paola: Filhas da puta!
Ju: Ei, May me contou por um bom motivo, e Rebeca é minha melhor amiga; ela me contaria de qualquer jeito, mas ela só me confirmou depois que eu descobri. Mas, por favor, não briga com a May antes de eu te explicar tudo o que houve, ok?
Paola: Tá bom.
Ju: Promete?
Paola: Prometo sim.
A gente subiu e quase caímos de volta pelas escadas com o pulo que a May deu em cima de nós. Kkkk.
May: Eu vi tudo de camarote, literalmente! Kkkkk. Estou muito feliz por vocês; eu rezei tanto pra isso acontecer.
Estefânia: É verdade; eu sou prova disso e não vou mentir que até ajudei ela a rezar. Kkkkk. Vocês são duas lindas e desejo toda felicidade do mundo a vocês.
Paola: Gente, muito obrigada, mas a gente acabou de trocar um beijo, só isso. Até parece que nós casamos.
Ju: Por mim, pode ser um casamento; não ligo, pelo menos um namoro tem que ser.
Paola: Sério que você quer namorar comigo?
Ju: Claro, eu sou uma garota séria, viu?
Paola: Sei, eu sei do seu passado; esqueceu?
Ju: Com você é diferente, e você sabe. Se você está falando de Rebeca, você sabe que nunca existiu nada além de amizade entre nós.
Paola: Desculpe, não quis bancar a ciumenta. E se você realmente quiser, eu quero sim namorar com você.
May: Gente, que pedido de namoro mais estranho! Kkkkk.
Estefânia: Você me pediu com a mão amarrada na cama, amor.
Ju: Como é que é?
May: Estefânia!!!
Paola: Kkkkkkkkkkk.
Ju: É você com essa cara de santa! Kkkkk.
May: Vão se foder, vocês todos! Kkkkk.
Sentamos e ficamos ali de zoeira pra cima de May, que só xingava a gente. Paola sentou no meu colo. Eu estava namorando de novo, justo com a patricinha. Quem diria que eu me apaixonaria tão rápido de novo e justo por ela?
Tínhamos até esquecido da prima da Paola quando ela mandou mensagem perguntando onde estava. Paola respondeu e disse que ia descer e ficar de frente à entrada do camarote. Ela me chamou para ir com ela e, claro, que fui.
Logo a prima dela apareceu e, quando me viu, abriu um sorriso.
Prima: Pelo jeito, as coisas deram certo, né?
Paola: Sim! Onde você se meteu?
Prima: Fui dar uma volta e deixei você de boa com a outra lá. Ela estava afim de você; como você disse que tinha desistido da Ju, eu só tentei ajudar.
Paola: Tudo bem, Suzy, mas não faz isso de novo, não. A sua amiga lá é meio sem noção, nada contra, mas não sou do tipo que cai em cantada barata, e as dela chegam a ser até engraçadas de tão sem noção.
Suzy: Desculpe, prima; foi mal mesmo. Mas aí, não vai me apresentar sua ficante?
Paola: Minha namorada.
Suzy: Sério mesmo?
Paola: Sim, essa é minha namorada, Ana Júlia.
Eu cumprimentei a prima dela, que foi muito simpática comigo. Conversamos um pouco e ela disse que ia embora. Perguntou se Paola iria ficar ou iria com ela. Paola disse que ela podia ir e que ficaria um pouco mais, e que ligaria para ela no outro dia. Elas se despediram e voltamos pro camarote. Sentamos e bebemos mais umas cervejas. Eu disse que para mim estava bom, porque sou fraca pra beber. Paola bebeu mais uma e falou que a gente podia chamar um Uber e ir pro apartamento da irmã dela. Eu disse que não podia porque tinha que trabalhar no outro dia cedo, mas que a gente podia ir pro meu humilde quartinho.
Aí ela disse que podia ir; o problema era para ela ir pra casa depois. Aí eu disse que dava um jeito, ou eu pegava o carro do meu tio ou ela ficaria lá até mais tarde e May levaria ela.
Ela concordou. Aí a gente foi se despedir de Estefânia e May, que teriam que ficar até fechar. Nos despedimos e Paola pediu um Uber. Saímos e logo o carro chegou. Passei o endereço e seguimos até minha casa. Paola pagou o Uber porque eu não tinha nem um centavo no bolso. Se ela não tivesse dinheiro, eu teria que acordar meu tio.
Entramos e, assim que passamos para dentro do meu quarto, a gente já foi se pegando. Até chegarmos à cama, Paola só tinha uma calcinha cobrindo o corpo. Eu tirei minha roupa e ela ficou me olhando com uma cara de quem estava com muito desejo. Quando fiquei totalmente nua, me deitei por cima dela, fui beijando sua boca, chupando sua língua, desci para seu pescoço e ela gemia baixinho, e aquilo me deixava mais louca de desejo ainda.
Desci chupando seus seios e levei minha mão para o meio de suas pernas. Quando coloquei a mão dentro da sua calcinha, ela segurou e disse:
Paola: Desculpa, eu não consigo.
Eu não estava entendendo nada; como assim ela não consegue fazer amor comigo?!
Continua...