Memórias de um adolescente

Um conto erótico de Antunes
Categoria: Heterossexual
Contém 6171 palavras
Data: 26/08/2023 12:42:53
Última revisão: 17/09/2023 13:12:46

Abri a janela do meu quarto, eu dormia no segundo andar, a vista era bela, ao longe a Serra do Curral, imponente, majestosa como uma onda congelada em ferro e ouro.

Fazia frio, era o começo de julho, o céu limpo, sem nuvens, um azul incrível, naqueles tempos as temperaturas na cidade eram muito mais baixas. Até os tuberculosos vinham para se curar, claro, para quem não tinha condições financeiras para ir a cidades mais conhecidas.

Eu tinha meus dezesseis anos, a guerra na Europa estava parada, já há alguns meses, ninguém estava muito preocupado com aquilo, e eu estava de férias.

Porém, a dor que eu sentia não me deixa em paz, meu pênis estava inchado, vermelho, doia principalmente na hora de urinar. Naqueles tempos um problema como o meu não era um assunto que se falasse abertamente.

O que começou com um leve incômodo alguns dias antes, foi ficando cada vez mais doloroso. Acabei tendo que chamar meu pai no quarto e confessar.

- Dói quando eu faço xixi.

Ele olhou desconfiado, coçou os bigodes finos, e fez uma pergunta desconfortável.

- Você andou saindo com quem não devia Antunes?

Minhas orelhas queimaram como se tivessem jogado gasolina. Senti encolher, se eu pudesse me derretia e sumia entre os tacos de madeira da casa.

- Não senhor Osvaldo.

Eu sempre chamei meu pai de senhor, mesmo depois de casado e com filhos.

- Começou do nada. Só que agora está assim, vermelho. Incomoda bastante e dói.

- Geralmente isso acontece com quem acaba se envolvendo com mulheres da vida. Meretrizes é como chamam, mas cá entre nós, o termo certo é puta. Vai aprendendo, se é que já não sabe.

- Não senhor, eu nunca fui num, num...

Eu nem sabia o nome para dizer a verdade. O velho riu meio sem jeito, puxou o pente do bolso interno do terno de casimira e passou penteando os cabelos untados em brilhantina Royal.

- Bordel, também conhecido como zona do meretrício. Mas nunca fale esses termos na frente de uma mulher de família, principalmente a sua mãe e sua irmã.

Penteou os bigodes finos e guardou o pente no mesmo bolso.

- Nunca fui não senhor.

- Sei. Não minta para mim Antunes, você sabe quais são as consequências. Sentiu na pele nem faz tanto tempo.

Só de lembrar da vara de marmelo me veio um calafrio na espinha. Eu já estava pra lá de arrependido de ter chamado papai.

- Eu não estou mentindo papai, senhor Osvaldo. Juro por Nossa Senhora do Carmo.

O velho me encarou com os olhos fuzilando, as mãos enfiadas nos bolsos das calças. Ele quase gritando.

- Não ponha os santos na estória Antunes. Ainda mais a santa que a sua mãe é devota. Tenha pelo menos alguma dignidade, honre as calças que o senhor veste.

- Sim senhor. Perdão.

Ele ajeitou o nó da gravata e limpou a lapela da terno.

- Muito bem, não trate desse assunto com ninguém. Principalmente com a sua irmã. Dorothéa não tem idade para saber essas coisas.

- Sim senhor.

- Vou me inteirar de onde podemos encontrar um médico que possa examinar você. Não são muitos, as mulheres é que normalmente transmitem esse tipo de doença, essas que eu comentei. Ganham a vida às nossas custas e ainda por cima nos criam esse tipo de inconveniente.

- Mas eu não... tá certo, sim senhor.

- Bico calado. Separa as roupas e passe a tomar banho no quartinho lá no quintal.

- Lá papai? Não tem aquecedor a gás, e estamos no inverno.

- Dê-se por satisfeito que nessa casa ainda temos essa opção!

Ele estava ficando zangado de novo, eu nem conseguia encarar o homem. Seu Osvaldo caminhou na direção da porta, pegou o chapéu de feltro que estava pendurado no encosto da cadeira, ficou alisando a aba entre seus dedos como gostava.

- Lava com água e sabão e depois use creolina. Tem uma na dispensa. Cuide-se.

Abriu a porta e saiu. Ficamos dias sem nos falar, a dor cada vez mais forte, mesmo com os conselhos de meu pai. Minha mãe pelo jeito desconfiara do que estava acontecendo, parecia mais envergonhada do que eu. Ela me estudava sem abrir a boca.

Não sei o que o velho disse a ela, só sei que a situação era cada vez mais desconfortável e dolorida. Eu nem conseguia dormir. Até que um dia, quase uma semana depois, ouvi os dois conversando na sala.

- Ele está cada vez mais magro Osvaldo. Você precisar levar o garoto a um médico antes que ele acabe parando num hospital!

- Eu sei das minhas obrigações Salete, não precisa me cobrar, o problema é que para a doença dele não tem tantos médicos que saibam como curar, ainda mais um garoto.

- E o que é a doença dele?

- Coisas de homem Salete. Não se meta que não é assunto seu. Hoje à tarde eu resolvo tudo. Filinto ficou de me passar o telefone de um médico e pelo jeito esqueceu.

Na noite daquele mesmo dia seu Osvaldo foi ao meu quarto e avisou.

- Amanhã vamos a um médico para avaliar o seu caso. Um urologista, um tal de doutor Leoni Giroud, pelo jeito estrangeiro. Saímos oito e meia de casa.

- Sim senhor.

- Doendo ainda?

- Muito, mesmo com a creolina.

- Infelizmente isso acontece, doenças venéreas são um preço a pagar por ter relações com mulheres impróprias. Da próxima vez o senhor me consulte ao invés de ficar de caso com as empregadinhas da rua.

- Mas, eu...

- Não tem mais Antunes, comporte-se e bico fechado.

- Sim senhor.

No dia seguinte, tomamos um café com leite e uma broa que mamãe sempre fazia no fogão a lenha. Ah! Se há uma coisa de que eu sinto falta são os aromas daqueles tempos, o perfume do leite fervido se misturando com o café torrado e moído na hora, o gosto da uma broa quentinha preparada por dona Salete.

As pessoas de hoje nem fazem ideia do que se perdeu com toda essa modernidade. A vida nas casas daquela época girava entorno do fogão a lenha, a cozinha era o ponto de encontro, hoje nem a sala da TV. Até isso se foi. É uma pena.

Só não era melhor naquele dia por causa da dor que eu sentia. Coçava e eu não podia coçar. Aquilo me deixava mais irritado, ainda mais com seu Osvaldo do meu lado, se eu estava incomodado ele estava pra lá de nervoso.

Saimos à pé da rua do Chumbo em direção à avenida. Naqueles tempos boa parte das ruas era de terra batida, outras com calçamento de pedra, mesmo nas avenidas. Uma caminhada razoável pra alguém que tinha um problema como o meu.

Era a epoca dos bondes, chegamos no ponto da pareda deles na avenida Afonso Pena. Entramos no primeiro que passou, todos desciam em direção ao centro da cidade mesmo. Fomos sentados, o cobrador passou apressado caminhando do lado de fora no estribo do bonde cobrando a passagem, muita gente tentava viajar sem pagar.

Eu me distrai lendo as propagandas da época, antiquadas e famosas: Emulsão Scott, Rhum Creosotado, Lybiol para lavagens íntimas. Lembrei de mim, mas aquilo era para mulheres. Senti umas pontadas na cabeça do pênis. Pareciam agulhas quentes sendo enfiadas.

Respirei fundo e fechei os olhos tentando me acalmar, o saculejar do bonde, o cheiro de óleo queimado, o som de um sino que o motorneiro de tempos em tempos tocava. Comecei a ter náuseas.

Achei que ia vomitar, para minha sorte olhei de lado e alguém levantou o jornal lendo a capa, lembro até hoje: A Alemanha invade os Países Baixos. A guerra ia recomeçar foi o que eu pensei na hora, me distrai com as fotos.

Daí à pouco começamos a atravessar a alameda dos Ficos. Era um dos cartões postais da cidade, uma pena que uns vinte anos depois, do dia pra noite, derrubaram tudo. Hoje ninguém consegue imaginar como era passar dentro daquele túnel de folhas e troncos.

Não demorou quase nada o bonde circulou a praça do Pirulito e estacionou, como outros que ali estavam.

- É aqui. Vamos filho.

Seu Osvaldo nem me esperou, desceu colocando o chapéu, e saiu apressado pelo meio da rua. O incômodo para caminhar me fazia andar mais devagar.

- Vamos menino, vamos!

Para minha sorte a distância não era grande até um prédio na esquina, perto do hotel Financial. Entramos num corredor com pouca luz, comprido e não muito largo. Muitos edifícios comerciais não tinham porteiros naqueles tempos. Nem foi preciso chamar o elevador, acensorista estava lendo uma revista sentado numa cadeirinha dentro elevador.

- Bom dia. O quinto andar por favor.

- Bom dia.

Um sujeito magricela, com cara de poucos amigos, nem nos olhou, só apertou o botão e girou uma pequena manivela. A porta gradeada se fechou pouco depois a porta de madeira. E a geringonça comecou a guinchar, dava uns estralos enquanto subia devagar. Não parecia muito seguro.

- É no quinto que atende o doutor Leoni Giroud, pois não?

O homem encolhido na cadeirinha, vestindo um uniforme azul escuro, me olhou com um sorriso estranho no rosto. Balançou a cabeça e pronunciou um sim quase inaudível. Voltou a me encarar, duas vezes, com aquele sorriso de quem se diverte com os problemas dos outros.

Minhas orelhas voltaram a queimar. Saímos do elevador, depois do último tranco, pelo jeito nem o elevador queria saber de mim. Andamos por um corredor estreito, o piso com umas lajotas pretas e brancas formando desenhos geométricos sem muito sentido.

- Vem logo Antunes, anda! Eu ainda preciso ir para o escritório.

Papai abriu a porta onde estava escrito num vidro fosco: Dra Leoni Almeida Giroud - Urologista. Lembro como se fosse hoje, haviam umas cadeiras encostadas numa parede bege, uma moça atrás de um pequeno balcão de madeira escura.

- Bom dia! Eu sou doutor Osvaldo, marquei uma consulta com o doutor Leoni. É pro meu filho, Antunes.

- Ah, sim! Acho que lembro do senhor, é o caso de urgência?

- Correto.

- A doutora já lhe atender. Pode aguardar.

Sentamos, meu pai estupefato, parecia só compreender alguma coisa ali, naquele momento. Ele ajeitou a gravata, raspou a garganta, a mão que segurava o chapéu tremia.

Quando ele ia falar, a porta do consultório se abriu. Uma mulher num vestido florido saiu acompanhada de uma garota de cabelos cacheados, a menina devia ter a minha idade, parecia tão envergonhada quanto eu.

Parada na porta ficou uma moça vestida num jaleco branco por cima de um vestido marrom. Uma mulher linda, olhos verdes, cabelos castanhos até os ombros, a pele amorenada.

- Até mais Alice, nos vemos semana que vem.

Da porta a garota ergueu a mão e balançou os dedos. Nós nos levantamos, meu pai visivelmente perturbado.

- Bom, bom dia, doutora. Acho que houve um terrível engano, meu filho precisa de uma consulta com 'um' urologista. Acho que me deram o nome errado. Leoni é a senhora?

- Bom dia! Sim, sou eu.

- Urologista!?

O homem ficou vermelho, não sei se de raiva ou vergonha, ambas talvez. Ela sorriu como se fosse a coisa mais natural, nem mudou o tom suave da voz, a doutora tinha um sotaque francês não muito carregado.

- Normalmente atendo mulheres, mas de vez em quando aparecem alguns homens. Qual o seu nome garoto?

- Antunes.

Minha voz quase não saiu, ela tinha um sorriso doce, um jeito de quem sabia lidar com pessoas. Só de olhar para ela até a minha dor diminuiu.

- Sua secretária devia ter me avisado.

- Mas eu falei, talvez o senhor não tenha entendido. O senhor estava muito apressado, sempre repetindo que era urgente.

- Mesmo assim!

Papai bufava, eu conhecia aquele olhar. Ele até suava, as mãos nervosas alisando a aba do chapéu.

- Vamos entrar senhor Osvaldo, por favor fique calmo, tudo será esclarecido é só mal entendido.

- Doutor Osvaldo. Eu sou advogado.

- Doutor Osvaldo, desculpe, por favor entrem.

Ela voltou a exibir o sorriso cativante. Meu pai torceu o pescoço ajeitando a gravata, tentando se controlar. Raspou a garganta e entrou no consultório.

Sentamos, quer dizer eles sentaram eu fiquei de pé. Havia uma aliança na mão esquerda da médica.

- Sua secretária deveria ter me avisado que a senhora não era quem eu pensava.

- E quem o senhor pensa que eu sou?

- Leoni, doutora. Achei que fosse um homem. Não devo ser o primeiro que faz essa confusão?

- Não, com certeza não. Semana passada atendi um cliente que cometeu o mesmo engano, mas eu o atendi sem problema algum. O senhor desculpe Berenice, ela ainda é uma novata e mesmo eu não estou acostumada com essa resistência dos homens brasileiros a serem atendidos por mulheres.

- De onde a senhora veio que não conhece os nossos costumes?

- Sou filha de brasileiros, mas eu estava na França até o início do ano. Eu e meu marido resolvemos nos mudar por causa da guerra.

- Seu marido é francês? O sobrenome, Giroud?

- Sim, casamos, ano passado.

- E porque resolveram sair? A França não foi atacada.

- Ainda, será, em breve. Pode apostar.

- Que falta de confiança nos próprios militares, afinal os franceses derrotaram os alemães na Grande Guerra.

- Bom, não é minha especialidade, mas meu marido acredita se os franceses tem as melhores armas de guerra, são os alemães que tem os melhores generais. Fora que eu tenho ascendência cigana e nesse caso é melhor não ficar na frente dos nazistas.

- Que eu saiba eles não se dão com os judeus.

- Eles não se dão com todos que são diferentes deles.

- Bom, não importa. O problema é que a senhora é uma mulher e eu não posso admitir que uma médica toque as partes íntimas do meu filho. Absurdo! Imagine o que as pessoas irão dizer, o seu marido por exemplo?

- Phillipe não se importa, franceses, eu atendia muito mais homens lá do que atendo no Brasil.

- Por que não é uma atitude correta, a senhora deveria saber.

- Me desculpe doutor Osvaldo, eu nasci no Brasil, mas faz muito tempo que estou fora. É novidade até para mim e além do mais da para perceber que seu filho está desconfortável.

Desconfortável era uma palavra educada, eu estava com dores, latejava e eu sentia cólicas, suava.

- Pois é, perdemos tempo. Agora vamos ter que procurar um outro médico que possa atendê-lo.

Ela me olhou com os olhos brilhantes, dava para ver que me estudava.

- Se o senhor quiser eu posso fazer uma avaliação, já que os senhores estão aqui?

- Não será preciso doutora, acredito que o assunto seja mais constrangedor do que preocupante.

Seu Osvaldo foi se levantando, foi até o cabideiro e pegou o chapéu.

- Constrangedor porque?

Ele olhou a médica com certo ar de superioridade, abriu um sorriso e falou.

- Doutora o problema aqui, é óbvio, trata-se de uma doença venérea.

- O senhor é médico, já examinou seu filho?

- A idade doutora, está claro que o garoto aprontou alguma com uma... a senhora sabe.

A médica voltou a me olhar fundo, seus olhos verdes eram hipnotizantes, a boca carnuda, a pele amorenada.

- Não existem só doenças venéreas doutor Osvaldo. Outros problemas podem provocar inflamações nas vias urinárias. Dependendo do caso pode levar a uma infecção urinária ou coisa pior.

Meu velho tinha acabado de colocar o chapéu na cabeça, mas o que ela falou o deixou desconcertado, pelo jeito ele não tinha pensado naquilo.

- As doenças que o senhor tanto teme. Talvez no futuro seja mais fácil de tratar, dizem que os ingleses acabaram de descobrir um medicamento que vai revolucionar a medicina.

- Que descoberta?

- Um antibacteriano extremamente eficiente, infelizmente a guerra vai nos atrapalhar, e no caso do seu filho não dá para espera, mas o senhor é quem sabe?

Ela se levantou apoiando os dedos na mesa de jacarandá. Seu Osvaldo olhou para mim e depois encarou a médica. Tirou o relógio do bolso do colete examinou e voltou a falar.

- O exame é rápido? A senhora precisa, ver, pegar...

Ela balançou a cabeça num sim sem tirar os olhos do pai.

- Mas eu não vou sair daqui doutora, eu não vou deixar senhora sozinha com o Antunes.

- Mas eu não estou pedindo para o senhor sair, eu só quero examinar o seu filho. Sente muita dor Antunes?

- Muita, cada dia mais.

Os dois se encararam, meu pai avaliando a oferta. A doutora pelo jeito se divertindo com as nossas vergonhas. Seu Osvaldo recolocou o chapéu no cabideiro, a médica entendeu a mensagem.

- Deita na maca e desabotoa as suas calças Antunes. Não precisa de encabular, você não é o primeiro homem que eu trato.

Subi uma escadinha de dois degraus, me estiquei e deitei. Foi um alívio, doia demais. A doutora apareceu colocando umas luvas amarelas e grossas. Depois foi até a mesa e pegou um espelho redondo que ajeitou na cabeça. Um cheiro de álcool ou coisa parecida me invadiu as narinas.

A médica desinibida enfiou a mão dentro da minha cueca e puxou o meu pinto para fora. Uma luz forte veio do tal espelho, ela me examinou virando o pênis de um lado para outro. O velho foi se aproximando, entre curioso e ressabiado.

- E então doutora?

Ela olhou meu pai debaixo para cima, abriu um sorriso e falou naquele sotaque diferente, meio sensual.

- Não se trata de uma doença venérea doutor Osvaldo. Pode ficar tranquilo, não tem nenhum tipo de cancro, nem corrimentos.

Papai respirou aliviado.

- Mas isso não está bom, uma inflamação muito forte. Dói aqui Antunes.

- Muito.

- E o que a senhora imagina que seja?

- Vai ser preciso uma postectomia, uma peridural será suficiente.

A doutora movia meu pênis de um lado para o outro como se fosse uma coisa importante, parecia encantada com ele.

- Postecmia?

- Postectomia, é o tipo de operação, uma circuncisão.

- Fimose!?

- Exatamente.

- Só isso?

- Só, mas como o senhor pode observar o inchaço é muito grande, mas acho que ainda dá para fazer a operação no consultório com anestesia local.

- E a senhora acha que precisa? Não é melhor num hospital?

- Quem tem que achar é o seu Antunes aqui. Será que você aguenta esperar mais alguns dias, querido?

- Dói muito.

Eu estava constrangido, afinal meu pênis continuava entre os dedos da médica. Seu Osvaldo tirou novamente o relógio do bolso.

- Demora?

- Meia hora, talvez uma, vai depender da anestesia. A operação em si é simples.

- Então, então faça.

- Mas o senhor precisa pelo menos colocar uma máscara, não pode ficar assim.

Eu completamente nu da cintura para baixo. Eles de máscaras, ela de luvas. Doutora Leoni até assobiava. Meu pai suava, tinha um lenço na mão e de tempos em tempos secava a testa e a nuca. Ela percebeu a angústia do homem enquanto se ajeitava num banquinho giratório com assento de couro.

- Algum problema doutor Osvaldo? Muitas pessoas não suportam ver sangue.

Papai fuzilou a mulher com os olhos, só não soltou um palavrão por que não era o estilo dele, ainda mais naqueles tempos.

- Por favor, vamos logo com isso doutora. Eu tenho um compromisso importante no meu escritório.

- Puxe a cadeira então e sente, se o senhor sentir alguma tonteira tem pelo menos onde se escorar. Eu não vou poder ajudá-lo quando começar.

A médica puxou um a mesinha de rodinhas para perto dela, uma série de instrumentos numa baixela, ela pegou uma garrafa de metal com um bico na ponta e jogou um líquido encima dos instrumentos, o cheiro de álcool subiu e na sequência ela acendeu fogo naquilo. Meu coração começou a bater mais forte, minha boca secou, senti uma dor estômago.

Apesar do fogo nos instrumentos, a sala parecia um gelo. A médica começou montar uma seringa, enorne, enroscou a agulha na ponta. Nunca vi uma agulha tão grande na minha vida, tudo era grande naqueles tempos. Puxou o embolo e encheu o vidro com um líquido incolor, nem era tanto considerando o tamanho troço.

- Onde a senhora vai aplicar essa injeção doutora?

Pra quê papai foi fazer aquela pergunta, era óbvio que era em mim, mas o pior foi a resposta. Ela passou a mão puxando a pele toda e exibindo a cabeça do pinto, o meu. Aquilo vermelho e quente e ela dando uma aula de medicina.

- Eu preciso anestesiar o nervo peniano doutor. Aqui, nesse ponto, onde os homens tem a sua zona erógena. O que seria correspondente ao clitóris feminino.

O velho quase subiu pelas paredes.

- A senhora não precisa falar essas coisas na frente do garoto, doutora! Pode deixar que na hora certa ele saberá.

- Ah, desculpe. E eu achei que ele já soubesse. Que idade você tem Antunes?

- Dezesseeeeiiisssss!

Ela rindo olhando para meu pênis e num ato pura maldade enfiou aquela ponta metálica e comprida bem na cabeça do pau. Era como se milhares de agulhas estivessem me furando o corpo inteiro, ao mesmo tempo. O pênis firmemente preso na mão da doutora e para completar ela empurrou o embolo, bem devagar, uma eternidade.

- Pronto, pronto, pronto. Viu não doeu nada. Agora é só a gente esperar.

Eu nem conseguia falar, mal respirava. Eu devia estar branco igual o jaleco da médica. Papai tinha os olhos esbugalhados e o lenço ele passava na testa.

A médica aproveitou para me examinar, a pele dos sacos, do pênis. Às vezes esfregando o polegar na cabeça do pinto, no ponto onde foi a picada da agulha.

- Doutora, a senhora precisa fazer isso? A senhora não acha que pode provocar reações, digamos indesejadas?

- Eu não posso cortar seu filho sem ter certeza de que ele está devidamente anestesiado seu Osvaldo. Demorou muito para o senhor trazê-lo no consultório. Dependendo vai ser preciso outra aplicação.

- Mais!?

- Aiiii!

- Calma Antunes, calma seu Osvaldo. Não se assustem, vai dar tudo certo.

Eu queria rezar o Pai Nosso, mas acabava misturando com a Ave Maria. Pensei em fazer uma promessa para Senhora da Boa Viagem, se me livrasse daquilo eu prometia não me masturbar por um mês. Achei pouco, talvez dois, três meses?

- É, não pegou.

Fechei os olhos sentindo como se tivessem me sentenciado à morte. Entreguei minha alma a Deus, se era me matar que fosse rápido e de preferência indolor. Ouvi os barulhos da médica mexendo nos instrumentos encima da tal mesinha. Imaginei a doutora com um sorriso maldoso, puxando o embolo da seringa. Era só pra me torturar, foi o que eu pensei. Papai me deu uns tapas meu ombro, o jeito dele de dizer que era para eu me acalmar.

- Seja forte menino. Homem não chora.

- Sim senhoooor!

A picada foi como um ferrão de uma abelha. Meus olhos marejados, eu fazendo um esforço para não gritar. Se eu ia morrer que pelo menos papai tivesse orgulho de mim.

- Uuufff! Uuufff!!

Deu pra sentir agulha saindo de mim. Eu suava frio, até a luz do consultório me incomodava.

- Pronto, viu? Não doeu nada, não é Antunes?

Se pudesse eu esganava aquela médica. Víbora assassina e cínica. Devia ter ficado na Europa, nunca mais eu voltava naquele consultório. Ela ia ver o que era bom pra tosse.

- Mais uns minutinhos e a gente tira. É só cortar esse excesso de pele aqui ó! Depois é dar uns pontinhos e tudo acaba.

Abri os olhos e lá estava a médica com o dedo em riste mostrando pra papai o meu pinto. Ele debruçado sobre mim examinando o que a outra apontava como se fosse uma verruga, um cravo.

Eu e ele nos olhamos, parecia que aquilo tudo tinha virado um sonho. Eu já não sabia se ele que estava encabulado mesmo ou se era eu estava entendendo assim.

Encarei o teto, sentindo a queimação na região, as dores se misturando com a pressão das mãos da doutora Leoni. Respirei fundo e fui relaxando, o toque gostoso de alguém te alisando o pau. A dor foi sumindo, o prazer também passou. Eu já não sentia mais nada, nem parecia que tinha corpo.

Olhei pra baixo e a médica incendiando novamente as ferramentas encima da mesinha. Dava pra ver as chamas se mexendo ao fundo. Pensei naquela coisa quente me cortando. O que é que eu tinha feito a Cristo para mercer tamanha punição?

- Não olha, Antunes. Não olha! Relaxa. E o senhor doutor Osvaldo, tem certeza que não quer ficar lá fora? O senhor não me parece bem.

E não estava mesmo. O homem parecia uma estátua, o lenço no pescoço, os olhos de um assustado.

- Não? Então senta, senta e relaxa. Eu não vou poder ajudar o senhor se tiver um treco.

Rezei, nem sei pra que santo. Eu só queria sumir dali, eu só queria a minha mãe, dona Salete, achei que eu nunca mais ia voltar a vê-la. Por que é que eu não comi mais daquela broa? O cheiro do café, o perfume do leite.

A médica começou a assobiar. Deu pra ouvir, pelo menos eu acho que ouvi, ela cortando a pele, a faca minúscula devia estar quente pra burro, mas eu não sentia nada. Olhei pra baixo e vive sangue escorrendo nos dedos da doutora. Parecia que jorrava, que ela tinha decepado a cabeça do meu pênis.

- Não olha pra cá Antunes! Olha pro seu pai, querido.

Seu Osvaldo raspou a garganta, todo empertigado, sentado na ponta da cadeira, olhava na direção da médica, tão assustado quanto eu. Um silêncio seculpral tomou conta do ambiente. Um cheiro forte de clorofórmio, eu não sabia dizer nem de onde vinha aquele cheiro.

Me lembro que coloquei a mão na testa, com a boca aberta puxando o ar. Foi quando eu comecei a sentir uns puxões na minha cintura.

- Tá quase acabando. Agora é só costurar. Sua mãe gosta de costurar Antunes?

- Gosta, acho que gosta.

- Eu também, é uma distração. Ainda mais aqui no consultório. O melhor da minha profissão, é um vício.

Ela riu de si mesma, eu e papai não conseguíamos nem nos mexer, quanto mais pensar pra falar.

- Muito bem, agora é só limpar tudo isso aqui. Deixa eu te vestir, e o senhor já está liberado. Pode voltar para casa.

Leoni, foi jogar numa lixeira um monte de gaze manchadas de vermelho, tirou a máscara, as luvas, lavou as mãos numa pia. Enquanto papai me ajudava a sentar na maca.

- Pode descer, não vai ter mais problema. Só não vai poder fazer nenhum esforço nos próximos dias. Vai ter que ficar de cama.

Senti que vida voltava, uma alegria com aquela notícia.

- E tem que ter muito cuidado com a limpeza, muita compressa com agua fria, muita mesmo. Vou receitar uns remédios pra dor.

- Melhoral doutora?

- Melhoral não serve pra nada. Vou fazer a receita e senhor compre ainda hoje. Ele vai ter que tomar de seis em seis horas até terça-feira.

- Sim senhora. E, quanto é que fica?

- Depois o senhor acerta as contas. Antunes vai ter que voltar para tirar os pontos mesmo. Dez dias, aí vocês voltam aqui. Enquanto isso cuidado pra não infeccionar, nada de masturbação viu Antunes. E lave bem lavadinho, muita água e sabão, mas com todo cuidado.

- Sim senhora, sim senhora.

Eu só olhava pros sapatos da médica.

- Melhor o senhor pegar um táxi doutor Osvaldo.

- Táxi! A senhora sabe o preço?

- O senhor quer voltar aqui com uma inflamação pior do que a ele estava? Um bonde é o pior transporte que o senhor pode usar depois de uma operação.

O velho não gostou muito, mas foi assim que foi. O primeiro táxi da minha vida. A melhor semana também, por muitos anos. Nunca fui tão paparicado, a ponto de Dorothéa perguntar pra mãe que doença era aquela. Se ela também podia ter aquilo?

Numa sexta-feira, na semana seguinte, lá fomos eu e meu pai de novo para o consultório da médica.

- Quinto, por favor.

O ascensorista nos olhou meio intrigado. Ninguém deu bola pra ele e o sujeito ficou me olhando meio de lado, enquanto o elevador guinchava fazendo uma força danada pra subir.

No corredor o velho me avisou.

- Hoje não vou entrar. É só os pontos mesmo e o meu santo não bateu com o dessa médica.

- Sim senhor.

Ele abriu porta e nós entramos.

- Bom dia. A doutora Leoni?

- Seu Osvaldo? Bom dia! Só um minuto que ela atende os senhores, está com uma paciente agora.

Demorou mais do que isso, pelo menos uns vinte minutos até a porta abrir e uma mulher muito elegante sair. Tomou um susto quando nos viu sentados. Parecia que tinha visto um fantasma, dois, pra dizer a verdade.

Fez um leve aceno com a cabeça, deu um sorriso para a Berenice e saiu apressada batendo a porta.

- Bom dia doutor Osvaldo. Bom dia Antunes! Tudo bem com você?

- Tudo, tudo bem! Bom dia!

Foi só então que eu percebi que quem falou fui eu e não papai. Ele com as pernas cruzadas ajeitando a gravata.

- Então vem cá. Deixa eu te examinar.

Ela fez um gesto com os dedos, um riso cativante no rosto. Eu me ergui, o velho continuou sentado, fui na direção da médica.

Ela com as mãos enfiadas nos bolsos do jaleco branco, um riso estampado no rosto. Os dois se encarando, ela e papai. Passei pela porta e a doutora me fez um cafune na cabeça.

- Sobe na maca Antunes. Um minutinho doutor Osvaldo, assim que terminar eu chamo o senhor.

Ele fez um gesto de concordância com a cabeça. Ela fechou a porta.

- Muito bem. Então conta, tudo tranquilo? Como está passando você, sentiu dor?

- Nos primeiros dias. Depois foi diminuindo.

- Que bom. Então deixa eu examinar. Se estiver tudo certo eu tiro os seus pontos agora.

Só então eu percebi que teria que ficar nu outra vez na frente daquela mulher. A única mulher que me tinha visto pelado além de mamãe.

- É para deitar?

- Não, nem precisa. Desabotoa a calça e desce a cueca.

Encabulei, afinal eu agora tinha um novo pinto. Parecia uma coisa diferente, eu ainda estava me acostumando com ele. Era como se eu tivesse me tornado uma outra pessoa, um adulto.

Desabotoei e desci tudo até os sapatos, sentei sentindo o frio da maca. Afastei as pernas observando a médica pegar um pequeno pote de metal com alguns instrumentos e colocar do meu lado, junto com uma toalha pequena. Lavou as mãos com álcool e começou.

Ficou na minha frente, e pegou a cabeça do pênis numa pinça com o indicador e o polegar. Puxou pra frente, pro lado, pra cima.

- Chega um pouquinho pra trás Antunes. Você está me fazendo sombra.

Aquela voz doce, o cheiro de um perfume adocicado. Apoiei os braços na maca e me inclinei para trás.

- Perfeito, ficou ótimo. Os pontos já estão secos, sem inflamação, nenhum inchaço. Muito bom.

A gente se encarou. Leoni com um sorriso diferente. Olhar profundo como se mergulhasse dentro de mim. Aqueles olhos verdes me penetrando, invadindo a minha mente. Nenhuma mulher tinha me olhado assim, eu fui ficando hipnotizado.

Ela olhou pra baixo e segurou uma tesourinha com a ponta fina e curvada de lado. Apertou meu pau com firmeza, espremeu a cabeça pra fora e voltou a me melhor nos olhos, entre orgulhosa e sedutora.

- Ficou perfeito Antunes. As mulheres vão gostar, os homens ficam mais interessantes assim com a cabeça do pênis todo à mostra.

A voz doce, mas ela sussurrava, como se contasse um segredo. Senti como se uma energia, uma descarga elétrica nos prendesse. Leoni olhou para baixo e começou a picotar os pontos. Com a ponta dos dedos ela puxou um fio do meu corpo. Tirou e me mostrou, depois jogou no pote prateado.

- Muito cuidado agora, nessas próximas semanas. Cuidado com a masturbação, a pele ainda está muito sensível.

- Sim senhora.

- Tem que ter muito cuidado para não machucar.

Senti seu polegar me alisando a cabeça do pau, quase no ponto onde ela deu as injeções. O polegar girando bem no alto da cabeça e eu comecei a sentir que o sangue começava a correr, a inchar o meu cacete. Meu corpo começou a vibrar. Eu não conseguia controlar.

A cabeça do pau foi ficando roxa e brilhante. A doutora passou a me fazer carinhos nos sacos. Eu não inaginava que que pudesse ser tão excitante.

- Aaaaiiiihh!

Leoni riu e colocou um dedo nos lábios pedindo silêncio. Era o nosso segredo. O meu tratamento final.

- Deixa eu ver Antunes se está tudo perfeito mesmo. Ejacula pra mim, eu quero ver a cor do seu esperma.

Fui me inclinando até dar com a cabeça na parede. O pau duro nos dedos da médica. A masturbação foi ganhando força, tantos dias sem me tocar, meus hormônios estavam explodindo ainda mais com as carícias da mão da doutora.

Meu coração disparado, a respiração ficando curta, um monte de sensações novas, o corpo inteiro vibrando e eu ali com medo de papai abrir a droga porta a qualquer momento. Tudo era muito excitante, novo e o melhor escondido.

- Já fez amor com alguém? Já fornicou com alguma mulher?

- Não, nãoooo!

- Não deixe de usar preservativo, não goze numa mulher antes de se casar, viu?. Mesmo que ela seja uma prostituta.

- Umaaah puta?

- Seja lá quem for. Aquela que logo vai abrir as pernas pra você. Eu sei que você vai gostar. Só não deixa de atenção, fazer um carinho nelas. Todas também precisam como você. Não está bom assim, é desse jeito que você gosta ?

- Sim! Aaaahhh! Doutora...

Com uma das mãos ela me tampou a boca, com a outra a masturbação ficou insana, a dor da operação se misturando com o prazer do sexo.

- Tá na hora, Antunes. Deixa sair, mostra pra mim. Eu quero ver o seu esperma menino.

A encarada ficou ainda mais funda, era como se ela se derramasse dentro de mim. Uma intimidade tão forte. Leoni riu me vendo tremer. Tive um arrepio na espinha, meu pau começou a pulsar, sair de controle. Os jatos jorraram altos, quentes, bem na frente bem da doutora Leoni. Molhei sua mão e o meu pau.

Um alívio! O coração batendo forte e o medo do que nós fizemos vindo nos meus pensamentos.

- Ótimo! Agora você está curado, você deixou de ser um menino.

Rindo ela mostrou a palma da mão melada no meu orgasmo. Um cheiro forte e aquilo escorrendo entre os dedos da médica.

Puxou a toalha que estava do lado pote e me entregou.

- Se limpa e veste.

Foi quando ouvimos uma batida na porta.

- Pois não?

Ela se virou ficando de costas, a mão melada na minha porra ela escondeu atrás das costas.

- Pode entrar.

Papai apareceu numa fresta. Eu terminei de me limpar e me vestir. O susto estampado no meu rosto, não sei como o velho não percebeu.

- Doutora eu tenho um compromisso. Ainda vai demorar muito?

- Não, não. Nós já acabamos. Tudo perfeito com o Antunes. Já tirei os pontos.

Discretamente estendi a toalha até a mão escondida da medica. Encostei e ela puxou, secou os dedos como pode.

- Seu filho está perfeito seu Osvaldo. Completamente curado, tudo funcionando como devia.

Nem parecia que ela tinha acabado de me punhetar.

- E quanto ficou doutora?

Displicente ela foi na direção da mesa. Sentou, ajeitando a cadeira e abrindo a gaveta, com um sinal com o braço ela apontou a cadeira e papai sentou.

- Deixa eu ver? Só um minuto.

- A senhora aceita cheque?

- Sim, sim.

Leoni colocou uns óculos. Ficou mais velha, mais séria, pegou um lápis e ficou escrevendo num caderno pautado. Pelo jeito fazia umas contas de cabeça.

- Quinhentos e trinta doutor.

- Quinhentos? Tudo isso?

- É o preço da tabela. O mais caro foi a anestesia. Eu nem estou cobrando a retirada dos pontos de hoje.

Papai puxou um talão e a caneta tinteiro, molhou a ponta num pote de tinta que estava na mesa e foi escrevendo, enquanto Leoni me olhava com os olhos faiscando, a toalha amarrotada jogada ao lado do caderno.

- Pronto. Veja se está tudo certo.

Ela leu o valor com a cara séria. Pegou o mata borrão e secou o excesso de tinta.

- A senhora entra com ele na terça-feira, por favor?

- Terça? Tá, pode ser. Vou anotar aqui, bom para terça, pra Berenice não se confundir.

- Obrigado doutora, obrigado.

- Não tem de quê doutor Osvaldo. Seu filho agora está novo em folha.

- Com certeza.

O velho ria de orelha a orelha. Me olhou todo orgulhoso. Os dois foram se levantando e andando na direção da porta. Se despediram dando as mãos.

- E o senhor doutor Osvaldo? Quantos anos o senhor tem?

- Eu? Quarenta e oito, por que?

- Daqui à pouco o senhor precisa fazer um exame de próstata doutor.

As orelhas de papai ficaram vermelhas, ele encarou os sapatos, raspando a garganta.

- Câncer de próstata é tão grave como de útero, o senhor não sabia?

- Não, não, sinceramente não.

- Pois saiba. É muito, mas muito importante um exame de toque de tempos em tempos. Ainda mais na sua idade.

Achei que ele fosse mandar a mulher à merda. Mas pelo jeito ele ficou sem voz. Puxou a mão e me chamou movendo a cabeça, todo sem jeito. Pôs o chapéu e saiu pisando forte para fora do consultório.

- Qualquer coisa me procure doutor Osvaldo. Beijos Antunes, se precisar me liga.

Nunca mais vi a doutora.

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