Tive que inventar uma desculpa para ir embora, minha mãe estava mentindo de novo, não sabia o que fazer, algo em mim queria gritar com ela e confrontá la, talvez até falar com meu pai o pastor, porém nada parecia ser o certo a fazer, resolvi dar tempo ao tempo, tentei falar com Isaac, mas ele não atendeu e não estava online, não sabia mais para quem ligar, precisava falar com alguém ou explodiria.
Isaac tinha sumido de novo e tive medo dele está se drogando de novo, as coisas na casa dele não estavam fáceis, porém ele não se abria comigo, fiquei sabendo recentemente que ele e o pai não tinham uma boa relação desde que ele havia descoberto as traições do pai, ele me contou que quando estava muito mau acabava recorrendo a maconha como uma forma de aliviar a tensão, foi aí que me dei conta que os estresse que estava em mim por causa do retorno da minha mãe pode ter afetado ele também, não teve como não pensar em mim com mais um peso, me perguntei se estava jogando minha carga para ele também, e tive medo de está sendo mais um problema para Isaac, afinal nossa relação era proibida, isso por si só já era o suficiente para estressa qualquer um.
Na igreja ninguém poderia sonhar com nosso lance e para piorar isso era algo que afetaria a todos nós, tipo nossos pais seriam arrastados para o escândalo e falatório caso alguém descobrisse, entretanto mesmo estando com ele a pouco tempo já era o suficiente para gostar muito dele, pensar que estava fazendo mal foi assustador ao mesmo tempo que cruel para mim, mil coisas passavam em minha mente, tentei falar com Davi que me atendeu prontamente, disse a ele que precisava de ajuda e assim como da ultima vez ele foi me encontrar e me levou para uma sorveteria onde poderíamos conversar sobre tudo, com Davi me sentia à vontade para falar, ele era um ótimo ouvinte tinha esperança que ele fosse me dar uma luz sobre tudo o que estava acontecendo.
Contei a ele tudo o que tinha acontecido e sobre me sentir um peso para Isaac, ele me escutou com paciência e não me interrompeu nenhuma vez, só quando terminei foi que ele me encarou e começou a dizer.
— Bem sobre sua mãe, podemos montar uma tocaia lá e descobrir quem é, caso queira posso te ajudar, sobre Isaac, eu acho melhor não me meter. — Senti que ele queria me contar algo a mais.
— Davi, por favor, preciso entender o que está acontecendo.
— Jonas, Isaac usa maconha sempre que se sente mal com algo, tinha um tempo que ele não fumava, e agora ele voltou a fumar com frequência, o que posso dizer, tem algo acontecendo que está fazendo ele ter essas vontades de novo.
— Acha que pode ter haver comigo. — Ele não precisou falar nada para que eu entendesse que estava certo em minhas deduções.
— Um namoro gay é muito difícil principalmente vocês sendo da igreja, vai ver isso está sendo demais para ele.
— Não quero fazer mal a ele. — Meu choro veio sem permissão.
— Conhecendo ele como conheço ele vai fugir de uma conversa seria com você como fez comigo por todo esse tempo, Isaac é complicado e fica um tanto pior quando está chapado.
— O que quer dizer? — Tive medo da resposta.
— Quero dizer que ele vai começar a sumir, no começo por algumas horas, depois por dias, até vocês não terem mais contato.
— Ele não faria isso, não comigo. — Uma tristeza grande foi tomando conta de mim.
— Se você pressionar so vai agilizar o processo. — Davi tinha muita segurança em suas palavras.
Ele me deixou em casa, desliguei meu celular e fui dormir cedo pensando em tudo que havíamos conversado, temia que Isaac fosse sumir da minha vida, mas se fosse para o bem dele não iria insistir, queria o melhor para ele, não ficamos juntos tanto tempo assim, iria superar e seguir em frente apenas levando nossas boas lembranças, mesmo que curtas elas ainda eram inesquecíveis.
Na manhã seguinte acordei cedo e fui para a escola, assim que saí de casa o vi me esperando para irmos juntos.
— Desculpa não ter te atendido ontem, tava ajudando minha mãe. — Ele parecia diferente, seus olhos indicavam que ele tinha usado. — Tentei te ligar, mas estava desligado.
— Desliguei meu celular, precisava pensar um pouco.
— Tá tudo bem.
— Tá sim, falei com minha mãe. — Queria contar tudo, mas fiquei com medo de sobrecarregalo com meus problemas mais ainda.
Queria perguntar sobre ele ter usado, mas até nisso fiquei com receio, tentei ser o mais natural possível e acredito que por ele está chapado não percebeu que estava estranho com ele, nos despedimos e cada um foi em direção da sua sala quando chegamos no colégio, no intervalo ele me chamou para de trás da quadra no nosso cantinho e fui, Isaac aparentava estar melhor, comia uma maçã e falava sobre sua apresentação num trabalho antes do intervalo, nos beijamos como se nada tivesse acontecido, queria que tudo fosse assim sempre, conversas banais e ele todo carinhoso comigo.
— Jonas tem certeza que está tudo certo. — Falou quebrando meu raciocínio.
— Está sim.
— Então porque parece que você não está aqui?
— Desculpa é coisa minha, não quero te preocupar.
— Como assim não quer me preocupar, eu me preocupo com você, gosto de ti guri.
— Só não quero ser um dos motivos de você usar drogas. — Falei sem pensar.
— Como é que é? — Droga ele ficou puto. — Espera o que você está me dizendo.
— Não foi o que eu quis dizer, Isaac é que você estava sem usar e agora está usando direto, até usou hoje antes da aula.
— Jonas, eu não uso por sua causa, caralho quem te disse isso, foi o Davi não foi, te falei que ele era um traíra.
— Não fala assim dele. — Davi não tinha nada haver com nossa conversa.
— Ah agora vai defender ele, ele te joga contra mim e a culpa é minha.
— Ele não me jogou contra ninguém, só que quando precisei de você foi ele quem me atendeu e socorreu. — Me arrependi assim que falei, mas pela cara do Isaac já era tarde. — Desculpa, não queria ter dito isso.
— Será que não.
Isaac saiu sem falar mais nada e nem olhou para trás, quis ir atrás dele, mas dentro da escola era arriscado demais, ele parecia alterado tentar falar com ele agora só iria piorar a situação, minha vida estava virando de cabeça para baixo, quando voltei para sala Davi veio me consolar, quando a aula acabou fui atrás do Isaac, Davi me acompanhou, assim que o vimos na porta da escola ele olhou para mim e para o Davi e simplesmente deu as costas e foi embora, quis ir atrás dele de novo, porém meu amigo disse que era melhor dar tempo para ele.
— Lembra quanto mais pressionar pior vai ser.
Davi me deixou em casa, tentei falar com Isaac pelo celular, mas o celular dele estava desligado, tive medo dele estar usando drogas e fui na casa dele, quando cheguei perto ouvi uma gritaria, parecia que seus pais estavam brigando, quando chamei na porta sua mãe apareceu e disse que ele não estava em casa, ela fechou a porta logo, mas ainda sim deu para ver que a casa parecia meio revirada.
Issac não estava na igreja e nem em lugar nenhum, pedi para Davi verificar onde ele ia para usar e depois de um tempo Davi me disse que ele também não estava lá, mas que deveria dar um tempo que ele apareceria uma hora ou outra e que esses sumiços eram normais e tinha o assunto da minha mãe que nos precisávamos resolver, Davi estava sendo um grande amigo, me apoiando e me ouvindo em tudo o que estava acontecendo, Isaac estava perdendo a chance de ter um grande irmão, esperava que um dia ele pudesse perdoar Davi por ter mentido para ele.
A ideia do meu amigo era montar uma tocaia na pousada que minha mãe estava hospedada, na primeira tarde não deu em nada infelizmente, no dia seguinte Isaac faltou a escola, ele me mandou uma mensagem falando que estava bem, só que tinha que resolver uma coisas com a mãe dele, sabia que ele ainda estava puto comigo, mas não iria conseguir resolver nada com raiva.
No dia seguinte Isaac faltou de novo, mas quando estava saindo da escola encontrei com ele na porta me esperando, só de olhar para o Davi ele ficava com uma cara péssima.
— Não pode ficar faltando aula Isaac, talvez seja melhor buscar ajuda.
— Porra Jonas não sou a droga de um viciado, mas pelo jeito Davi te envenenou memso né?
— Não diga isso. — Defender meu amigo só piorou o humor do Isaac.
— Jonas, eu vou viajar.
— Viajar? Pra onde, porque?
— Não posso contar agora, mas você tem que acreditar em mim.
— Não sei se consigo, sei que nossa relação é difícil, mas você tem que falar comigo.
— Jonas. — Ele desistiu, só balançou a cabeça e saiu com raiva, pela terceira vez quis ir atrás dele, mas deixe ele ir.
A semana passou se arrastando, nem sempre conseguia ir ficar de tocaia, mas Davi esteve lá todas as tardes, o prazo de minha mãe estava perto do fim e nada de descobrirmos, Isaac estava sem celular, não sabia para onde ele tinha ido, mas esperava que ele estivesse bem, então todo dia deixava uma mensagem me desculpando e explicando tudo que estava acontecendo, sabia que o melhor era ter falar com ele sobre isso pessoalmente, mas agora não dava mais, então só me restava esperar que ele lesse minhas mensagens e que quisesse conversar quando voltasse.
No sábado, menti para meu pai sobre ter um trabalho em grupo para fazer e fui pra tocaia juntos com Davi, minha mãe estava falando comigo por mensagens esses dias e nem desconfiava que estava sendo vigiada.
— Seu tio não é, não tem como não ter visto ele ainda. — Constatou Davi.
— Então minha mãe tem um amante. — Era tão ruim quando meu tio ter vindo escondido.
— Cara pode ter sido um lance de uma noite só, ela não sai e nem recebe visitas, passamos todas as tardes aqui dessa semana. — Davi podia ter razão.
— É possível.
— Podemos tentar outra abordagem. — Ele disse maquiando um plano.
— Qual?
— Vai lá e tenta ver o celular dela, quando ela estiver distraída, ou ver se encontra outra pista no quarto.
— Como faço isso?
— Vai lá, vai no quarto dela e eu dou um jeito de tirá-la do quarto por um tempo.
— Você acha que isso vai dar certo?
— Vamos tentar.
