Doce Vingança 18.

Um conto erótico de Lukinha e Id@
Categoria: Heterossexual
Contém 4218 palavras
Data: 13/07/2023 17:28:20

Vincenzo, se tocando para a realidade de suas ações, entendeu e achou melhor dar um passo atrás. Anastásia estava visivelmente alterada, o encarando com raiva. Ele, novamente, tentou se explicar:

– Eu já disse que não me lembro bem do que aconteceu. Tanto eu, quanto Natasha, fomos drogados. Para mim, era com você que eu estava. Eu a via nitidamente na minha frente.

Ela não estava convencida:

– Se colocar na minha lugar. Inverter história. O que você pensar ao receber vídeo tão explícita? Nós acabar de ser traídas e você fazer esse? Conhecer sua pai, seu mãe e eu avisar, essa descuido nau ser tolerável, parecer desculpa.

Vincenzo entendeu o ponto de vista dela, sabia que Anastásia tinha total razão em suas reclamações. Precisava recomeçar, tentar desarmá-la, achar uma maneira de fazer com que ela entendesse. Caminhou até o frigobar, respirou fundo, abriu uma garrafa de água e deu um gole demorado, pensando no que dizer.

Enquanto isto, de braços cruzados, na defensiva, ela esperava a reação dele, que enfim caminhou em sua direção, dizendo:

– Você tem razão, não tenho como explicar o que aconteceu. Vacilei, fui ingênuo, menosprezei a inteligência e o sadismo do meu pai, mas eu juro a você que tudo aquilo só aconteceu porque eu estava fora de mim, impossibilitado de tomar decisões racionais. – Se sentindo derrotado, ele se sentou na cama – Se você quiser, se me der a chance, podemos fazer um exame e eu provo a você que eu realmente estava drogado, que não fiz aquilo de caso pensado, para me aproveitar da situação.

Aquelas palavras abalaram a convicção de Anastásia. No fundo, ela queria muito acreditar no caráter do amado, mas em seu interior, uma briga era travada, a traição anterior tinha deixado cicatrizes. Ela não sabia o que dizer.

Seu conflito interno foi interrompido pelo toque do celular de Vincenzo. Ele silenciou rapidamente o aparelho, mas precisando de tempo para pensar, Anastásia disse:

– Nau atender telefone?

Ele sabia suas prioridades:

– Não! Nada fora desse quarto importa no momento, só você.

Mesmo se sentindo lisonjeada, tentada a ceder, ela se manteve firme:

– Eu querer acreditar, querer muita, mas me sentir mal, ver vídeo me machucar demais …

Vincenzo não sabia mais o que dizer e em uma atitude inesperada, pegou as chaves do carro e já ia saindo. Ao abrir a porta do quarto, disse:

– Vou fazer esse bendito exame e provar a você que não menti. Nada disso tem sentido se terminar com o nosso relacionamento. Acho que está na hora de a gente repensar essa vingança. Você é mais importante para mim do que aqueles dois.

Anastásia, vendo a convicção com que ele falava, a atitude decidida em se provar honesto, o puxou de volta para dentro do quarto:

– Espera! Eu também nau querer perder você.

Ela o abraçou forte, apertado, se sentia protegida em seus braços. Ele retribuiu com a mesma intensidade, querendo deixar claro seus sentimentos:

– Eu jamais trairia a sua confiança de forma tão cruel. Não pense que eu estou bem com o que aconteceu. Até com a Natasha eu me desculpei, pois ela também se sentiu mal com tudo isso. – Ele levantou o rosto dela, olhando fundo nos seus olhos. – Me desculpa por ter feito você sofrer. Eu daria tudo para voltar no tempo e acertar as coisas.

Anastásia, como sempre fazia, buscou novamente abrigo em seu peito, escondendo o rosto, sentindo o cheiro dele, que tanto a acalmava. Vincenzo voltou a falar:

– Se você quiser, podemos acabar com tudo isso. Você pode apenas dizer que vai voltar para a Rússia e eu, na verdade, não sou ninguém para ele. Ele não se importa comigo, acha que já me tirou da jogada. Podemos apenas desistir e seguir nossa vida.

Ela queria muito aceitar aquela sugestão, mas sabia que não era mais uma opção. Foi honesta:

– Sua pai nau parar mais. Ele querer eu, nau vai desistir. Nós precisar seguir em frente.

Ele tentou insistir:

– Podemos simplesmente sumir do radar dele, esquecer tudo isso e viver em paz longe daqui.

Decidida, ela o surpreendeu:

– Nau! Eles precisar pagar, nossa morte nau significar nada pra eles. Uma dia de volta naquele casa ser suficiente para saber quanta os dois ser sórdidos. Usar nossos mortes para ganhar simpatia. Isso não ser justo, precisam de liçau.

Anastásia pediu que ele se sentasse e começou, com calma e inteligência, sem intenção de manipulá-lo, a contar o que pretendia mudar nos planos de vingança. Ela era honesta e assertiva, detalhando suas ideias e intenções de forma brilhante, não dando a ele espaço para questionamentos ou dúvidas. Contrariado, achando tudo aquilo muito perigoso, ele discordou:

– Eu entendo, mas é arriscado demais. Veja o que aconteceu comigo ao subestimá-lo. Um erro, por menor que seja, é o suficiente para ele virar o jogo. E ainda tem a vadia sonsa da Mila …

Falando de forma mais clara, ela foi direta:

– Eu sempre aceitar seus ideias, me fazer parceira, ser sua vez de confiar em mim, apoiar eu. Saber o que fazer, me preparar para esse.

Usando sua arma principal, a sedução, ela se sentou de pernas abertas no colo dele, não só para convencê-lo, pois também estava com saudade. Dando vários beijinhos no seu rosto, ela pedia:

– Confiar em mim, par favor. Você nau poder me proteger de tuda. Eu assumir a risco quando aceitar participar.

Anastásia se esfregava no colo dele, sentindo sua ereção ganhando potência, beijava o pescoço, mordiscava o lóbulo da orelha:

– Eu ter clareza na que precisa fazer, saber como atingir as duas, você precisar confiar em mim.

As carícias estavam tão gostosas, que Vincenzo se rendeu, girando o corpo e jogando Anastásia sobre a cama, se enfiando entre suas pernas, abrindo seu roupão e, admirado, descobrindo que ela não usava nada por baixo, exclamou:

– Nossa! Você já estava pronta, né?

Ela se fez de desentendida:

– Nau entender. Estar pronta?

Ele não perdeu mais tempo, beijando sua boca apaixonadamente, descendo pelo pescoço, apalpando um dos seios e mordiscando o biquinho do outro, arrancando gemidos manhosos dela:

– Que saudade eu estar … Как я люблю тебя, ублюдок. (Como eu te amo, seu safado).

Ele se demorou, beijando e sugando cada seio, voltando a beijar sua boca, iniciando uma massagem carinhosa e delicada no clitóris, fazendo os gemidos delas aumentarem de intensidade:

– Это трусость ... Я не могу сопротивляться … (Assim é covardia ... Eu não resisto).

Ele desceu, brincando com a língua por sua barriga, beijando tudo ao seu alcance, penetrando a xoxota com os dedos, iniciando uma masturbação lenta, prazerosa, com o polegar no clitóris:

– Как мне быть вдали от тебя … (Como eu vou conseguir ficar longe de você).

Anastásia estremeceu quando a língua dele encontrou seu grelo. Os movimentos circulares, a sucção prazerosa, os dedos massageando seu ponto “G”. Ela precisava senti-lo dentro dela, e sem pensar duas vezes, o empurrou sobre a cama, montando rapidamente sobre ele, segurando e apontando a cabeça da pica para a entrada da buceta.

Anastásia deixou o peso do corpo fazer seu trabalho, sentindo o pau abrindo caminho, a preenchendo completamente. Começou a se movimentar devagar, para frente e para trás, cravando as unhas no peito dele, fazendo ele urrar de dor e prazer:

– Caralho, mulher! Isso dói …

Ela queria castigá-lo de alguma forma, mas também, já estava pronta para perdoar. Mesmo assim, ele merecia sofrer um pouco. Subindo e descendo, quicando na rola, ela o provocava:

– Você merecer, agora aguentar …

Ele se levantou e a abraçou forte, ajustando o ângulo das estocadas, voltando a sugar os seios, sentindo naquele momento, junto com o abraço caloroso, as unhas cravadas, arranhando e machucando suas costas. Aguentou sem reclamar.

Anastásia rebolava, se esfregando em seu colo, sentindo a pica socando fundo e a língua em seus seios, complementando perfeitamente o momento. Se beijavam, ela mordia os lábios dele, voltava a castigá-lo com as unhas, rebolava mais forte, era abraçada com mais força, sentia as mãos dele segurando firme sua bunda, forçava mais o corpo contra ele, ajustava o ângulo e deixava o clitóris roçar, aproveitando o vai e vem …

Vincenzo se dedicava, mas deixando que ela comandasse as ações, reagindo ao que ela fazia e sentindo que ela se entregava completamente:

– Итак ... Это не прекращается ... Я почти ... сильнее ... как вкусно … (Assim ... Não para ... estou quase ... mais forte ... que delícia …).

Em êxtase completo, ela chegava a quase convulsionar no colo dele, se tremendo inteira, o abraçando e cravando as unhas com força em suas costas:

– Боже мой ... это слишком ... как вкусно ... как хорошо … (Ai, meu Deus ... isso é demais ... que delícia ... como é bom …).

Sentindo que ela relaxava, entregue ao orgasmo, ele continuou estocando, aproveitando para fazer com que ela se deitasse, se posicionando por trás, penetrando de ladinho. Voltou a abraçá-la, beijando seu pescoço e costas, socando carinhosamente, um vai e vem cadenciado, calmo, fazendo amor com sua mulher. Não pôde continuar a acariciar e estimular o grelo, pois a sensibilidade pós-gozo estava alta.

Continuou estocando, socando carinhosamente, mas com movimentos longos, fazendo Anastásia logo recuperar o ritmo e voltar a ser mais ativa:

– Не останавливайся, я снова кончу ... вот так, засунь в эту киску, засунь ... трахни меня, любовь моя … (Não para, vou gozar de novo ... assim, mete nessa buceta, mete ... me fode, meu amor …).

Não demorou para sentir os espasmos que tomavam conta dela novamente e, aproveitando o momento, gozaram juntos, abraçados, se beijando com intensidade e paixão. Não queriam se desgrudar.

Ficaram na cama por quase meia hora, apenas curtindo estar juntos, sabendo que assim que se levantassem, a realidade voltaria com tudo. Por mais que concordassem, que estivessem preparados para uma separação, não queriam sair dali.

Novamente, o celular de Vincenzo tocou e como Anastásia estava mais próxima, instintivamente, ela o pegou. Estranhou o nome que apareceu na tela e perguntou a Vincenzo:

– Achar que essa parte já estar terminada. Por que ele ligar?

Vincenzo também estranhou aquela ligação. O que será que o técnico, que ele não via ou falava há tempos, poderia querer com ele? O serviço estava pago. De qualquer forma, atendeu e colocou no viva-voz.

– Bom dia! Eu sei que deve estar curioso, mas precisamos nos encontrar com urgência. É muito importante, diria até perigoso.

Anastásia olhava assustada para ele. O técnico voltou a falar:

– Pessoalmente seria complicado, você poderia aceitar uma chamada por vídeo?

Vincenzo concordou e eles desligaram. Segundos depois, o telefone voltava a tocar. Rapidamente, ainda nua, Anastásia saiu do raio de visão. Mantendo o aparelho focalizado apenas em seu rosto, Vincenzo aceitou a chamada. Sem rodeios, o técnico disse:

– Não tenho como não ser direto, seu pai tem as gravações do sistema, ele as salvou para poder mandar analisar. Por sorte, eu sou o único que faz esse tipo de serviço de forma clandestina. Vou ser honesto, eu preciso ser ressarcido aqui. Está interessado em pagar pelo meu silêncio?

Sem opções, Vincenzo preferiu não barganhar:

– E quanto isso vai me custar?

O técnico, o lembrando do que estava em jogo, pediu alto:

– Não é só a sua vingança que está em risco aqui, minha credibilidade também. Como esse é um serviço que fiz por amizade ao nosso amigo detetive, e os dois pedidos são conflitantes, eu quero cento e cinquenta mil para continuar do seu lado.

Sem ter o que fazer, sabendo que estava nas mãos dele, Vincenzo concordou:

– Eu aceito, mas preciso de alguns dias para levantar o dinheiro.

Com o acordo fechado, o técnico deu a ele cinco dias para o pagamento, mas o que deixou Vincenzo desconfortável, foi perceber a quantidade de variáveis que ele não havia previsto para as situações. Depois de Anastásia e suas mudanças de rota, agora tinha que lidar com mais essa mudança nos planos.

Enquanto Anastásia o encarava, ele pensava em como faria para aceitar as condições e mudanças impostas por ela e ainda conseguir protegê-la. Pediu que ela explicasse novamente, passo a passo, o que pretendia. Ele apenas queria analisar melhor o novo cenário e se preparar, tentar se antecipar a cada possível complicação que pudesse surgir. De repente, uma ideia simples lhe veio à cabeça, e ao explicá-la, Anastásia aceitou prontamente, com um sorriso no rosto.

Os dois não queriam se despedir, mas sabiam que precisavam. Enrolaram o máximo que conseguiram, fizeram amor novamente, voltaram a enrolar mais um pouco, e finalmente, encontraram a força necessária para se desgrudar e seguir adiante.

Anastásia arrumou suas coisas e voltou para a mansão. Vincenzo fechou a conta do hotel e foi ao encontro de Mirian e Bá. Explicou a elas a nova etapa do plano que ele e Anastásia concordaram em seguir. Tendo a concordância das duas também, precisava agora da ajuda de Lícia.

{…}

Hélio, perdido em pensamentos no escritório de sua holding, não conseguia pensar em outra coisa, a não ser seus planos em relação a Anastasia. Ainda aéreo, atendeu a ligação de sua secretária:

– Estou com a senhorita Lícia na linha, ela diz que é importante. Posso repassar a ligação?

Mesmo confuso, sem entender, Hélio aceitou e atendeu:

– Srta. Lícia, que surpresa. Em que posso ajudá-la?

Ela foi direta:

– Achei melhor informar ao senhor que hoje recebi uma ligação do médico da Sra. Bárbara. Na verdade, era o Antônio o contato de emergência, mas eles ligaram aqui para empresa, ainda não sabiam …

Preocupado, Hélio foi grosseiro:

– E o que diabos ele queria?

Lícia conseguiu seu objetivo:

– O último check-up não foi muito bom, eles acham que ela não está em condições de morar sozinha.

Aquela notícia pegou Hélio de surpresa. Por mais que estivessem brigados, ele jamais deixaria Bá desamparada, muito menos sozinha na velhice. Agradeceu a Lícia pela informação e desligou. Pegou as chaves do carro e resolveu visitá-la.

Não demorou a chegar até o apartamento em que ela morava. Como era proprietário de diversos imóveis naquele prédio, entrou direto, sem precisar ser anunciado pela portaria. Bateu na porta da Bá e sorriu amigavelmente quando ela atendeu, surpresa:

– Você por aqui? A que devo a honra da visita?

Por mais que tentasse parecer brava, ela estava feliz por vê-lo. Ele não enrolou:

– Não podemos continuar assim, Bá. Eu sei que está brava comigo, mas está na hora de você voltar para casa, deixar eu cuidar de você. Nós somos família, sempre fomos.

Ela resistiu:

– E por que você acha que eu preciso ser cuidada?

Ele chegou mais perto, tentando abraçá-la:

– Eu já sei dos seus exames, sei que não está em condições de ficar aqui sozinha. – Vendo que ela afastou, tentou se impor. – Arrume suas coisas, vamos voltar.

Bá conhecia aquele jeito, sabia que precisava ir com ele, mas ainda se manteve firme:

– Não! Eu tenho uma vida, sabia? Coisas a resolver, lugares para visitar …

Ele cansou de discutir, precisou ser mais direto:

– Eu vou à Europa na próxima semana, quando voltar, venho buscá-la de vez, fique pronta.

Ele a beijou no rosto e saiu sem deixar que ela respondesse. Assim que ele se foi, ela pegou o telefone e informou a Vincenzo que tudo tinha corrido conforme o planejado.

Tudo agora dependeria de Anastasia e de sua estratégia que Vincenzo ainda não concordava inteiramente. Se tudo desse certo, se as coisas funcionassem, os próximos meses definiriam a vida de todos eles, para o bem ou para o mal. A única coisa que ainda deixava Vincenzo apreensivo, era o fato de ter que passar tanto tempo longe de Anastasia, apenas acompanhando tudo o que acontecesse pelo sistema de monitoramento da mansão.

{…}

Assim que chegou na mansão, Anastasia começou a atuar. A primeira coisa a fazer, era mostrar a todos o quanto era diferente de Yelena. Anastasia preferia roupas simples, shortinhos e blusas, tops e saias, chinelos, cabelos presos num rabo de cavalo … o completo oposto da sempre elegante Yelena, e suas roupas de grifes famosas.

Aproveitou o resto da semana para se exibir na piscina, sempre em biquínis pequenos e sensuais, tendo Mila como companheira e deixando Hélio alucinado de tesão, se masturbando no escritório e descontando em Mila quando tinha a chance. Tudo em seus trejeitos era pensado para mexer com Hélio, para seduzir, se exibindo e fingindo não entender as indiretas dele.

Na sexta-feira à noite, durante o jantar, um dia antes da partida para a Rússia, começou a perguntar sobre a irmã e a pressionar Hélio. Ela falava despretensiosamente, como se estivesse apenas curiosa:

– Como funcionam as leis brasileiras? Minha irmã não teve filhos com você, e na Rússia, quando isso acontece, os pais são herdeiros da filha. Aqui também é assim? Yelena não deixou nenhum bem para a nossa mãe, nada que possa ajudá-la?

Hélio era inteligente e usou a situação a seu favor:

– Como nós nos casamos com separação total de bens e ficamos muito pouco tempo juntos, ela não teve tempo para juntar um patrimônio próprio …

Anastasia sabia que ele estava mentindo, que o casamento tinha sido realizado em Las Vegas e sequer foi regularizado no Brasil, mas fingiu entender e Hélio, voltando a falar, começou sua manipulação:

– O único patrimônio de Yelena era uma clínica de estética, mas ela está tão mal das pernas com a ausência dela, que eu pensei em fechá-la. – E fez sua jogada. – Você me disse que é administradora, quem sabe, se tiver interesse em continuar no Brasil, em ajudar sua família, eu poderia deixar que você a administrasse.

Anastácia continuou a jogar com a situação, fazendo com que Hélio tivesse que se explicar:

– E você pode fechar uma empresa que era da Yelena?

– Era da Yelena, mas estava oficialmente em meu nome. A burocracia era muito grande para que a empresa ficasse no nome de Yelena, então eu abri no meu nome. Por este motivo eu poderia fechá-la.

– Se eu entendi o que você falou, era da Yelena, mas não era.

Anastasia estava preparada, e assim como Vincenzo, ia tentar reaver o que era seu por direito:

– Não acho que valha a pena. Ser empregada aqui ou na Rússia, daria no mesmo. Mas lá eu estaria perto da minha família, protegida, feliz …

Hélio estava apenas começando:

– Como era de Yelena, mesmo que não oficialmente, eu não me importaria em dá-la a você, para que você pudesse usá-la para cuidar da sua família. Minha saudosa esposa ficaria feliz com isso. – E completou: – Se você aceitar, eu peço para os meus advogados prepararem toda a documentação para que ela possa ser sua. Em seu nome.

Ela precisava ir com calma:

– Você está brincando comigo, só pode …

Hélio a encarou:

– Falo sério. Aquele é o trabalho de Yelena, o esforço dela, nada mais justo que continuar com sua família. – Ele foi além. – Quem sabe, você não traz suas irmãs e sua mãe para cá, poderiam trabalhar juntas.

Pensativa, Anastasia achou melhor segurar seu ímpeto. Hélio aproveitou para continuar:

– Sei que parece uma proposta em cima da hora, e como vamos para a Rússia amanhã, por que não conversa com suas irmãs? Não decidem juntas?

Hélio percebeu que aquela proposta abalou profundamente Anastasia e também ofereceu a ela, novamente, o carro que supostamente era de Yelena. Mas ela, outra vez, o recusou, tentando demonstrar que não tinha interesses financeiros.

Resolveu que era hora de deixá-la em paz, deixar que a ideia se infiltrasse e ganhasse espaço em sua mente. Ele pediu licença e saiu, dizendo que iria se recolher, que estava cansado. Antes de deixá-las a sós, disse:

– Descansem bem, será uma longa viagem e eu quero as duas bem-dispostas.

Mila, que até o momento apenas se mantinha calada, comendo, estranhou:

– Eu vou também?

Hélio, sorrindo, informou:

– Foi um pedido da Anastasia a sua presença. Ela me disse que você é a única amiga que ela tem aqui e que gostaria de lhe mostrar o país dela.

Anastasia, sorrindo para ela, se levantou e a abraçou carinhosamente:

– É muito frio nessa época do ano, mas é lindo. Uma viagem para você nunca mais esquecer. Vamos arrumar sua mala?

Daquele momento em diante e por quase três meses, os eventos seguiram em ritmo acelerado. A viagem para a Rússia foi perfeita. Depois de visitar a família de Anastácia, entregar as cinzas de Yelena e doar uma boa quantia em dinheiro, dizendo ser da conta bancária de esposa falecida, Hélio esticou a visita e foram para São Petersburgo, onde ficaram quase uma semana, e ao final da viagem, Anastasia aceitou administrar a clínica da falecida irmã, prometendo às outras, que as traria para o Brasil em breve.

Usando a falsa ida a negócios para a Europa, Hélio aproveitou para visitar Paris na volta da Rússia, levando Anastasia para um tour gastronômico repleto de romantismo. Três noites e os três melhores restaurantes: L’atelier Joel Robuchon, Maison de La Truffe e encerrando no Chez Savy.

Seguindo o que havia planejado, Anastasia começou a dar mais abertura para as investidas dele. Próximos a torre Eiffel, na última noite, enquanto caminhavam, chegou a deixar que ele a abraçasse, virando o rosto no segundo derradeiro, quando ele tentou beijá-la.

Na volta ao Brasil, agora tendo Bá de volta a mansão, se sentia mais protegida, amparada. Assumiu novamente sua clínica, mas dessa vez, com Mila ao seu lado nas primeiras semanas, até que ela estivesse totalmente ambientada ao negócio. As funcionárias não acreditavam na semelhança entre as irmãs. Anastasia teve que dar o seu melhor no fingimento, pois dominava aquilo como ninguém. Era difícil para ela não arregaçar as mangas e trabalhar quando via algo sendo feito da forma errada. Começou também, para disfarçar, a refazer seus cursos de estética.

Para manter o ar de boa moça, séria, começou a frequentar a igreja mais próxima, sempre aos domingos de manhã. Conseguindo, de vez em quando, arrastar Hélio e Mila junto consigo. Bá era companhia constante e quando estavam a sós, as duas conversavam e trocavam informações sobre Vincenzo e Mirian.

Aos finais de semana, judiava de Hélio com seus biquínis sexys, pequenos, deixando que ele se aproximasse, mas sempre o cortando no final. Aos poucos, ia dando mais espaço, ficando mais próxima, deixando-o pensar que estava tendo sucesso na tentativa de seduzi-la. Para alimentar as esperanças dele, usava Mila. Era para ela que Anastasia o elogiava, dizia que ele era um homem muito bonito, que dificilmente ele ficaria solteiro por muito tempo …

Cansada de tudo aquilo, no final do terceiro mês, de saco cheio daquela casa e dos olhares raivosos da Bá, Mila desabafou, sendo direta até demais com Anastasia:

– Você acha que ele vai esperar eternamente? Você ainda não entendeu o que ele quer?

Anastasia fingiu não entender:

– O que você quer dizer? Ele é meu cunhado, está apenas cuidando de mim.

Mila, irritada, soltou os cachorros:

– Para! Você não é idiota, já percebeu a intenção dele. Você tirou a sorte grande, aproveita. Um homem desse só aparece uma vez na vida.

Anastasia se divertia, mas precisava manter a seriedade:

– Quem você acha que eu sou? Ele era marido da minha irmã …

Mila se cansou:

– E quem melhor do que você para cuidar dele? Tenho certeza de que a sua irmã está feliz por você.

Precisando jogar o jogo, Anastasia fingiu estar pensativa. Mila a encarava, esperando uma resposta. Ela demorou a vir:

– Você tem certeza mesmo? Eu achei que ele estava apenas sendo gentil ...

Mila foi direta:

– Foi apenas gentileza ele tentar beijar você em Paris …

Como Mila era apenas uma marionete das vontades de Hélio, Anastasia sabia que aquela conversa era uma forma de Hélio pressionar, que Mila agia a mando dele. Naquela mesma tarde, mandou uma mensagem para Vincenzo, que logo foi lida e respondida. Era hora de acelerar as coisas.

Sutilmente, induziu Hélio a convidá-la para sair, só os dois. Usando um dos vestidos mais caros de Yelena, estilo maxi dress, branco perolado, e um salto baixo, mais confortável, estava deslumbrante. A maquiagem leve, destacava os olhos.

Durante o jantar, enquanto conversavam, Anastasia reparava nas diferenças entre quando conheceu Hélio como Yelena e agora. Daquela vez, tudo o que ele pensava era em sexo, em possui-la, mas agora, ele parecia honesto, interessado verdadeiramente nela. Por mais que tentasse se policiar, sabendo que ele era um manipulador profissional, acreditava nas palavras honestas dele, em suas histórias, que ela já conhecia, e que eram contadas da forma correta. Ele respeitava o momento e quando se insinuava, fazia com delicadeza, demonstrando um sentimento genuíno de quem estava realmente interessado numa relação verdadeira. Com a ajuda da religião, de sua suposta fé católica, que conseguia fazer Hélio entender que uma relação com ela, deveria seguir os ritos tradicionais.

Após o jantar, acabou aceitando, já em casa, uma última taça de vinho para fechar a noite. Deixando que ele ganhasse terreno, se mostrou solícita às investidas dele. Enquanto conversavam, na cozinha, degustando o premiado Miolo Sesmarias, um tinto encorpado, Hélio se aproximava de forma perigosa, achando que Anastasia começava também a se encantar por ele. Ela manteve a postura, encostada ao balcão, sem fugir, o encarando, enquanto o rosto dele se aproximava, sempre a elogiando:

– Foi uma ótima noite, com a companhia perfeita. Espero que tenha achado o mesmo.

Para encorajá-lo, ela olhava para a boca dele, passando a mão no cabelo por duas ou três vezes. Entendendo os sinais, ele se sentiu confiante e deu o último passo, a tomando nos braços e finalmente a beijando.

Foram poucos segundos, sem língua, mas que para Hélio, pareceu uma eternidade. Fingindo-se assustada, o empurrando, ela saiu praticamente correndo dali:

– Me desculpe, eu ainda não estou pronta para isso…

Continua.

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Comentários

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É pelo visto, Anastácia/Yelena está conseguindo o que queria, já tem a empresa no nome da irmã, agora só falta o bote certo.

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As mulheres...sempre dissimulada e manipuladoras...que série boa

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Obrigado a todos pela leitura.

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Tô só esperando os próximos capítulos! Sem pressão, só pra deixar registrado mesmo!

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Avassalador! Muito bom Lukinha/IdA! ⭐⭐⭐💯

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Caro Cigarra, muito grata por estar acompanhando.

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A vingança agora e em dut frentes,mas e muito perigoso p Anastasia,pois conhecendo Helio pode comprovar as coisas,mas agora ela tem uma parceira Ba , agora e só ir minguando deixá-lo louco e dar o golpe final, adorei

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Bianca, ela está colocando em prática um plano diferente do que eles haviam combinado. Vamos esperar que funcione !!!

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Vcs estão prontos pra escreverem uma novela uma peça de teatro.

Muito bem contado esse conto.

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Os Oliver, muito grata pelo elogio.

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Meu problema é que não vejo a hora do final mas quando acaba fico chorando pelos cantos porque acabou.

Acho que sempre é assim quando vemos ou lemos uma boa história.

Parabéns duplinha do barulho.

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Mard, muito grata por nos acompanhar e elogiar. É este tipo de comentário que nos estimula a continuar e fazer um trabalho cada vez melhor.

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Caro Marcelo, acho que todos nós ficamos excitados quando estamos lendo algo que gostamos e, quando acaba, sentimos falta.

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Mard, a vingança vai acontecer. Mas, você está correto em perceber que os sentimentos da Yelena começaram a ficar turvos.

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Estamos preparando. Deve ser postado na segunda feira. Sem falta !!!!

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Bom demais, essa acelerada no tempo, foi crucial...muito bem pensada...

vcs dois são muito bons... parabéns

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Neto, meu querido. Que bom que você está gostando. Já estava na hora de dar uma acelerada. O história está chegando ao fim.

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Com a passagem de tempo acredito que o desfecho da vingança está próximo. Muito top!!! 👏🏻👏🏻👏🏻

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EITAAAAAAA!!! Eu já estava com saudades das frases excitantes da Yelena em russo. Me repetindo novamente , obrigado pela leitura e parabéns ... ... ... Lukinha e Id@.

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Zequinha, muito grata pelo seu comentário. Nós também estamos muito empolgados com a história.

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Ta doido cada vez mais complicado muitas emoções pela frente

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O "clima" vai esquentar, daqui para frente.

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Pra mim seria perfeito sem as passagens de sexo! Kkkk sei que é um conto erótico, mas a trama está anos luz do sexo! Parabéns à dupla! Excepcional!

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Muito grata, Militar. Também acho que, às vezes, incluir a parte sexual, atrapalha o andamento da história. Mas ...

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Êêê lasqueira!

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